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Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Farmacologia UCXVI Tratamento do Transtorno Bipolar Transtorno bipolar I: Os critérios do DSM-5 para transtorno bipolar I requerem a presença de um período distinto de humor anormal de pelo menos uma semana – uma síndrome em que um conjunto completo de sintomas de mania (estado de humor elevado, expansivo ou irritável) corre durante o curso do transtorno. Transtorno bipolar II: são caracterizados por episódios depressivos e hipomaníacos durante o curso do transtorno, mas os episódios de sintomas maníaco- símiles não satisfazem por completo os critérios diagnósticos para uma síndrome maníaca completa. O tratamento de pacientes com transtornos do humor deve ser direcionado para vários objetivos: Segurança do paciente o O lítio é um medicamente disponível no SUS e tem alto risco de toxidade (dosar) Reavaliação sempre: ajustes de dose Plano de tratamento que trate não apenas os sintomas imediatos, mas também vise ao bem- estar futuro do paciente e redução de fatores estressores – recaída o Muito abandono terapêutico Há tratamentos “específicos” para episódios maníacos e para depressivos. Contudo, os transtornos do humor são crônicos, e o psiquiatra deve informar o paciente e a família sobre as estratégias do tratamento – visar manutenção mesmo na ausência de sintomas. O tratamento farmacológico dos transtornos bipolares é dividido em fases aguda e de manutenção. Também envolve a formulação de estratégias diferentes para o paciente que está vivenciando mania ou hipomania ou depressão. O lítio (manutenção) e sua combinação com antidepressivos, antipsicóticos e benzodiazepínicos tem sido a principal abordagem à doença, mas anticonvulsivantes estabilizadores do humor (fases maníacas agudas) – carbamazepina, valproato e lamotrigina (manutenção) – foram adicionados mais recentemente, bem como uma série de antipsicóticos atípicos, a maioria deles é aprovada para o tratamento de mania aguda No transtorno bipolar tipo I: não utilizar antidepressivos (contraindicado – exacerba o TB) No transtorno bipolar tipo II: pode-se utilizar antidepressivos Sintomas depressivos predominantes O erro clínico mais comum que leva a uma tentativa malsucedida de um medicamento antidepressivo é o uso de uma dosagem muito baixa por um tempo muito curto. A menos que eventos adversos impeçam, a dosagem de um antidepressivo deve ser elevada ao nível máximo recomendado e mantida nesse nível por pelo menos 4 ou 5 semanas antes que a tentativa seja considerada infrutífera. De modo alternativo, se um paciente estiver melhorando clinicamente com uma dosagem baixa do medicamento, essa dosagem não deve ser aumentada a menos que a melhora clínica pare antes de o benefício máximo ser obtido. Tratamento de mania aguda Os agentes podem ser usados de forma isolada ou em combinação para diminuir a exaltação do paciente. É mais aconselhável tratar pacientes com mania grave no hospital, onde a dosagem agressiva é possível e uma resposta adequada pode ser obtida em alguns dias ou semanas. A adesão ao tratamento é difícil porque indivíduos com mania frequentemente não têm um entendimento de sua doença e se recusam a tomar medicamentos. Visto o julgamento comprometido, impulsividade e agressividade podem colocar em risco o paciente ou outras pessoas. Muitos pacientes na fase maníaca são medicados para proteger a si e aos outros contra danos. 1° LINHA: já entra com LÍTIO Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Pode ser associado com outros fármacos que rebaixam o SNC Principais: antipsicóticos e anticonvulsivantes; benzodiazepínicos podem ser utilizados de forma injetável, durante um surto Estabilizadores do humor clássico FASE AGUDA: Valproato (ácido valproico) é indicado apenas para mania aguda, embora a maioria dos especialistas concorde que ele também tem efeitos profiláticos. Dose de ácido valproico são 750 a 2.500 mg por dia, alcançando níveis sanguíneos entre 50 e 120 g/mL. Bloqueia os canais de sódio → potencializam GABA Diminui a excitabilidade neuronal Não é efetivo para manutenção (há poucos anos era utilizado nesta fase) Antipsicóticos atípicos e típicos: demonstram efeitos antimaníacos. Os antipsicóticos atípicos estão menos sujeitos a potencial pós-sináptico excitatório e discinesia tardia. Alguns pacientes requerem tratamento de manutenção com um medicamento antipsicótico – observar perfil de tolerância e efeitos adversos. *Carbamazepina e oxcarbazepina – tratamento de primeira linha para mania aguda. Suas doses típicas para tratar mania aguda variam entre 600 e 1.800 mg por dia associadas com níveis sanguíneos entre 4 e 12 g/mL. É um bloqueador de canais de sódio Benzodiazepínicos (clonazepam e outros) – BDZ de alta potência são usados na mania aguda para tratamento adjuvante de agitação maníaca aguda, insônia, agressividade e disforia, bem como de pânico. A segurança e o perfil de efeito colateral benigno desses agentes os tornam adjuvantes ideais ao lítio, à carbamazepina ou ao valproato. Potencializa o GABA → depressão do SNC → baixa excitabilidade neuronal FASE DE MANUTENÇÃO: A lamotrigina (anticonvulsivante) foi aprovada como estabilizador do humor (200mg/dia) para prevenção de recidiva tanto da mania quanto da depressão, para tratamento da depressão bipolar. A lamotrigina não tem propriedades antimaníacas agudas, mas ajuda a prevenir a recidiva de episódios maníacos. Parece ter propriedades antidepressivas agudas e profiláticas superiores, comparadas com propriedades antimaníacas. É bem tolerada, exceto por sua propensão a causar erupções cutâneas (exantemas, prurido). A lamotrigina reduz a liberação do neurotransmissor excitatório, o glutamato, particularmente quando excessiva na depressão bipolar. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina O carbonato de lítio é considerado o protótipo do “estabilizador do humor”. O sal libera o cátion assim que chega à corrente sanguínea – importante pois é cofator para algumas enzimas, pode ser obtido por dieta (algumas pessoas têm deficiência) Sua ação antimaníaca é lenta, ele geralmente é suplementado nas fases iniciais do tratamento por antipsicóticos atípicos, anticonvulsivantes estabilizadores de humor ou benzodiazepínicos de alta potência. O lítio está bem estabelecido na prevenção do suicídio em pacientes com transtornos do humor. É também usado para tratar episódios depressivos no transtorno bipolar, como agente potencializador de antidepressivos na depressão unipolar. Os níveis terapêuticos do lítio estão entre 0,6 e 1,2 mEq/L o BAIXA MARGEM DE SEGURANÇA: Toxicidade em 1,4-1,5mEq/L Após a administração oral – rápido e completamente absorvido, sem interferência da alimentação. Pico plasmático: 1 a 1,5 hora. O lítio não se liga a proteínas nem sofre metabolismo. Excretado inalterado por filtração glomerular. Pequena quantidade é eliminada no suor e nas fezes. Lítio é filtrado pelos glomérulos renais, e boa parte dele é reabsorvida nos túbulos proximais, sobretudo por competição com o sódio. Quando o equilíbrio de sódio é negativo (diarreia, vômitos, diuréticos) o clearance de lítio cai, levando a risco de intoxicação. Lítio: cinética de primeira ordem em 80% dos pacientes; portanto, à medida que a dose aumenta ou diminui, o estado de equilíbrio se eleva ou se reduz proporcionalmente. o NÃO SE ACUMULA/DEPOSITA OU SEJA: Li troca com o Na → onde sai e entre sódio, sai e entra lítio (facilmente entra nas células, sai pelos rins). Exceção: GRANDE PROBLEMA. As bombas de transporte de recaptação do sódio no néfron jogam o lítio para fora; entretanto, qualquer medicamento que interfere na excreção do sódio fará acúmulo de lítio Anti diuréticos (TTO HAS) → bloqueiam a recaptação do sódio → acumula lítio Diuréticos→ aumentam a recaptação do sódio → diminui quantidade e eficácia do lítio o Cafeína é uma substância que aumenta diurese Mecanismos de ação: atua em diversos locais de transdução de sinais, além de canais iônicos e receptores. Ações em sistemas de segundo mensageiro, na expressão gênica e na regulação da proteinoquinase C (PCK). O lítio inibe a enzima inositol monofosfatase; a modulação das proteínas G; regulação da expressão gênica para fatores de crescimento e plasticidade neuronal por meio de interação com cascatas de transdução de sinais. Resumo: o Lítio modula a neurotransmissão atuando como moderador das concentrações de AMP cíclico e limitando as de monofosfato inositol (MI) e PKC. Essas regulações modificam a transcrição gênica nas células, produzindo a estabilização do humor em longo prazo. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Efeitos adversos: sintomas gastrintestinais, como dispepsia, náuseas, vômitos e diarreia, bem como ganho de peso, queda de cabelos, acne, tremor, sedação, prejuízo da cognição e falta de coordenação motora. São também observados efeitos adversos a longo prazo sobre a tireoide e o rim. O lítio apresenta uma janela terapêutica estreita, o que exige o monitoramento de seus níveis plasmáticos. Manifestações da intoxicação: disartria, tremores, fasciculações e espasmos musculares, sintomas gastrintestinais, ataxia, letargia ou excitação, bradicardia, delirium, anúria, convulsão, dificuldade respiratória, hipotensão, miose Uso de AINEs por vários dias: por conta da inibição da PGE2 → aumenta vasoconstrição → filtra menos → acumula lítio Desidratação (vômitos, diarreia) → naquele dia não tomar lítio → aumento da concentração de lítio no sangue pela diminuição da volemia Início da litioterapia: verificar sobretudo a função renal e tireoidiana, afastar gravidez e avaliar hábitos dietéticos do paciente. Recomenda-se a dose inicial de 300 mg 2 ou 3 vezes ao dia em adolescentes e adultos sadios. O nível plasmático deve ser avaliado a cada 3 a 4 dias. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina O lítio demonstra ser efetivo nos episódios maníacos e na manutenção das remissões, particularmente dos episódios maníacos e talvez, em menor grau, dos episódios depressivos. Princípios no tratamento de transtornos bipolares: Manter o foco duplo no tratamento: (1) curto prazo agudo e (2) profilaxia. Mapear a doença retrospectiva e prospectivamente. Mania como emergência médica: primeiro, tratar; bioquímica mais tarde Acumular valproato e lítio; titular lamotrigina lentamente. A combinação cuidadosa do tratamento pode diminuir efeitos adversos. Acrescentar, em vez de substituir, no paciente resistente a tratamento. Manter o lítio no regime por seus efeitos antissuicídio e neuroprotetores. Diminuir o lítio lentamente, na medida do possível. Educar o paciente e a família sobre a doença e a relação risco-benefício dos tratamentos agudo e profilático Fornecer estatísticas de recaída sem lítio. Avaliar adesão e possibilidade de suicídio regularmente. Desenvolver um sistema de alerta precoce para identificação e tratamento de sintomas emergentes. Fazer consultas regulares; monitorar curso e efeitos adversos. Desenvolver práticas de emergência para o caso de ressurgimento de mania. Indagar sobre abuso de álcool e de substâncias - tratar. Psicoterapia focalizada; usar medicalização da doença. Se o tratamento for bem-sucedido, ser conservador ao fazer mudanças, manter o curso e continuar a farmacoprofilaxia de dose total na ausência de efeitos colaterais. Se a resposta ao tratamento for inadequada, ser agressivo na busca por alternativas mais eficazes.
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