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Fundamentos Neuroftalmológicos Neuropatias e neurites ópticas • Papiledema Papiledema bilateral causado por hipertensão intracraniana. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Papiledema – É um edema ou inchaço da papila óptica, causado por um aumento da pressão intracraniana, hipertensão maligna ou trombose da veia central da retina. Quando há aumento da pressão intracraniana ocorre certa compressão dos axônios, interrompendo o fluxo axoplasmático ou uma redução na perfusão do nervo ótico, provocando assim o edema na papila. – Pode ser agudo ou crônico, geralmente bilateral. Os sinais mais característicos são hiperemia do disco óptico, congestão vascular, elevação e palidez do disco, margem difusa, cálice ou escavação obliterada, veias dilatadas, ingurgitadas e tortuosas, perda de pulsação venosa, hemorragias subrretinianas ou em chama de vela, exsudatos duros e algodonosos. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Papiledema – Nos casos de Papiledema, a acuidade visual é normal, geralmente. O ponto cego pode aumentar no campo visual, e pode ocorrer diplopia. – A suspeita diagnóstica é feita por meio da Oftalmoscopia direta ou indireta. O diagnóstico pode ser confirmado com uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética. – No diagnóstico diferencial há que se considerar a neurite óptica e pseudopapiledema, dentre outras patologias. Embora os sinais possam ser os mesmos, no caso da neurite óptica a acuidade visual encontra-se diminuída e no caso de pseudopapiledema, não há hemorragias nem exsudatos, o campo visual é normal com um ponto cego normal e pressão intracraniana normal. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Papiledema – O tratamento no caso do Papiledema visa resolver a causa subjacente, a redução da pressão intracraniana. Diante de uma suspeita, o paciente deve ser encaminhado a Oftalmologista. – Importante: o termo Papiledema não deve ser usado apenas como sinônimo de edema de papila. Pois, os outros tipos de edema de papila devem ser qualificados de acordo com a etiologia: edema de papila da neurite óptica, edema de papila da neuropatia óptica, edema de papila isquêmica etc. – Desde 1908, o termo Papiledema é reservado apenas para o edema de papila secundário a hipertensão intracraniana. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Neurite óptica Neurite Óptica (Neurorretinite) em olho esquerdo. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Neurite óptica – A Neurite Óptica, também conhecida como Papilite, é um distúrbio inflamatório, desmielinizante ou degenerativo do nervo óptico. Pode ser hereditária ou adquirida, aguda ou crônica, e pode ter causas variadas: infecciosa, viral, parasitária, metabólica, nutricional e idiopática. Pode estar associada a várias doenças como esclerose múltipla, diabetes, tuberculose, sífilis, doenças respiratórias infecciosas virais, AIDS etc.; também pode ocorrer em casos de abuso de cigarro e álcool, em distúrbios menstruais e na gravidez. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Neurite óptica – A Neurite Óptica pode envolver a porção anterior da papila (Papilite), a porção posterior da papila (Neurite Retrobulbar) e também a retina (Neuroretinite), sendo esta forma mais rara. – Os principais sintomas de Neurite Óptica são: perda visual aguda e progressiva, dor orbitária ou ocular, nictalopia e/ou amaurosis fugax (cegueira transitória), fosfenos (fotopsia), perda da visão colorida (principalmente o vermelho que pode aparecer dessaturado), perda de campo visual. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Neurite óptica Neurite Óptica (Neurorretinite) revelando exsudatos duros e estrela macular. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Neurite óptica – Os sinais clínicos são muito semelhantes aos do Papiledema, sendo necessário fazer um diagnóstico diferencial com análise dos sintomas e da história clínica. O disco apresenta opacidade e hiperemia, tumefação óptica, vasos dilatados e tortuosos, edema de papila, margem do disco indefinida ou difusa, pequenas hemorragias, ausência de pulsação venosa, exsudatos duros e algodonosos, estrela macular (quanto atinge a retina e mácula). Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Neurite óptica – A suspeita diagnóstica se dá por meio da oftalmoscopia direta e do teste de acuidade visual com correção, a qual pode estar diminuída. O reflexo pupilar fotomotor também podem indicar alterações. – Sua confirmação pode ser realizada por meio de campimetria que pode revelar escotoma central, centrocecal, arqueado. A angiografia fluoresceínica pode ser decisiva. – O tratamento da Neurite Óptica se dá por meio de corticosteroides, não obstante o tratamento de qualquer doença subjacente. O paciente com suspeita de Neurite Óptica pode ser encaminhado ao Oftalmologista e ao Neurologista. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Coloboma de disco – O Coloboma de Disco é uma malformação congênita do disco óptico, hereditária autossômica dominante, que pode ser causado por um fechamento incompleto da fissura fetal do nervo óptico, ou pode ser produzida pela ação de drogas ou agentes infecciosos. Pode estar associado a coloboma coriorretiniano, displasia retiniana, e pode ser papilar ou peripapilar. – Os principais sinais são: atrofia do nervo óptico, escavação muito grande, maior de 2 dd de largura e 25 D de profundidade, esbranquiçada ou amarelada, bem demarcada, geralmente localizada na parte inferior, atrofia do Epitélio Pigmentário da retina (EPR), borda neurorretiniana muito fina, tecido glial no centro do disco. O principal sintoma de Coloboma de Disco é acuidade visual diminuída, pior que 20/200. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Coloboma de disco – A suspeita diagnóstica envolve a fundoscopia e a campimetria, a qual pode revelar escotoma central ou no quadrante superior. Não há tratamento. Coloboma de disco Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Hipoplasia do nervo óptico – A Hipoplasia do Nervo Óptico (HNO) é uma anomalia congênita do disco óptico, não progressiva, em que o nervo óptico não foi desenvolvido adequadamente. É causada por uma falha nos axônios das células ganglionares. É uma das anomalias mais frequentes da cabeça do nervo óptico. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Hipoplasia do nervo óptico – O principal sinal clínico é a presença de um “anel duplo”, um contorno circular, formado pela lâmina crivosa, ao redor do nervo óptico, que não foi preenchido pelas fibras nervosas. O disco é pálido, pequeno, cheio. Há uma pigmentação anormal concêntrica da coroide que caracteriza o “anel duplo”. O anel interno é amarelo esbranquiçado e o anel externo é despigmentado representando a junção entre a esclerótica e a lâmina crivosa. Pode haver também uma falha no desenvolvimento do padrão normal da arcada dos vasos, sendo mais lineares ao saírem de um nervo óptico pequeno. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Hipoplasia do nervo óptico Hipoplasia do Nervo Óptico. A seta branca indica o nervo óptico. A seta preta indica o sinal de “anel duplo”. Prof. Me. Wellington Sales Silva Neuropatias e neurites ópticas • Hipoplasia do nervo óptico – Dentre os principais sintomas destaca-se a redução da acuidade visual, ocasionalmente acompanham nistagmo e estrabismo. A visão cromática pode permanecer inalterada. Um defeito pupilar aferente pode ser percebido. A HNO pode estar associada a outros distúrbios oculares, como microftalmia, aniridia e albinismo. – Uma ressonância magnética pode revelar o diagnóstico. Há menos axônios do que o normal, e a mielina se encontra quase ausente. – Emcasos mais leves, uma terapia para ambliopia pode fazer melhorar a acuidade visual do paciente. Em casos suspeitos, os pacientes devem ser encaminhados ao Oftalmologista. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Lesões na via óptica – As lesões ao longo da via óptica podem ser localizadas com grande precisão pelos efeitos que produzem nos campos visuais. Tais alterações campimétricas podem ser divididas em: alterações pré-quiasmáticas, quiasmáticas e retroquiasmáticas. – Lesões anteriores ao quiasma localizadas nos nervos ópticos usualmente se traduzem por alterações campimétricas unilaterais. – Vide aula sobre via visual: ..\UNIRB - Fisiologia Especializada\Aula 1 - Fisiologia da via visual.pptx Prof. Me. Wellington Sales Silva ../UNIRB - Fisiologia Especializada/Aula 1 - Fisiologia da via visual.pptx Lesões na Via Óptica • Lesões na via óptica – Lesões localizadas no quiasma óptico ou em qualquer das estruturas retroquiasmáticas produzem alterações campimétricas bilaterais. – As lesões pré-quiasmáticas causam vários tipos de alterações campimétricas, que são: o escotoma central, o cecocentral ou o paracentral. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Defeitos de campo visual – Os principais tipos de disfunções da percepção no campo visual são: • Hemianopsia: literalmente significa “cegueira de metade do campo visual”. Pode ser uni ou bilateral; quando unilateral, pode ser temporal, caso em que ocorre perda do campo temporal, ou nasal, quando há perda do campo nasal. Pode ser ainda denominada hemianopsia altitudinal, quando acomete a metade superior ou inferior do campo visual. • Quadrantopsia: defeito de campo que literalmente significa “perda de um quadrante do campo visual”. Pode ocorrer apenas em um olho ou, o que é mais frequente, em ambos. Assim como nas hemianopsias, quando o defeito é unilateral, indica lesão anterior ao quiasma óptico. Quadrantopsias bilaterais podem ser heterônimas ou homônimas. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Defeitos de campo visual – Os principais tipos de disfunções da percepção no campo visual são: • Escotoma: defeito de campo visual que corresponde à área não visível dentro de outra área visível para o estímulo avaliado. Em outras palavras, corresponde a uma região do campo visual que não é visível, mas que se encontra circundada por área visível para o mesmo estímulo. A mancha cega normal que corresponde à região do nervo óptico representa um escotoma fisiológico. Este, por sua vez, pode estar aumentado em algumas afecções, gerando um aumento da mancha cega, que pode também ser designada escotoma cecal. Os escotomas geralmente são unilaterais, mas podem também ser bilaterais. Quando são unilaterais, ou quando bilaterais em regiões não correspondentes em cada um dos olhos, são indicativos de lesões pré-quiasmáticas. Os escotomas bilaterais situados em locais correspondentes (p. ex., no campo visual à direita) nos dois olhos são denominados escotomas hemianópicos e indicam lesões retroquiasmáticas. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Defeitos de campo visual – Os principais tipos de disfunções da percepção no campo visual são: • Redução concêntrica do campo visual: situação na qual o campo visual se mostra reduzido igualmente em toda a periferia, podendo chegar a se limitar apenas à visão central. A redução pode afetar também apenas um setor da periferia do campo visual. Quando falta a metade do campo visual, a denominação usada deve ser hemianopsia. A constrição difusa do campo visual é um achado relativamente inespecífico, mas ocorre com grande frequência nos pacientes com papiledema crônico. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Defeitos de campo visual – Classificação dos escotomas: • Absoluto: perda completa da sensibilidade. • Relativo: perda parcial da sensibilidade. • Positivo: quando o paciente percebe. • Negativo: quando o paciente não percebe. • Central: afeta a mácula e área perimacular. • Cecal: ao redor da mancha cega. • Centrocecal: entre a mancha cega e a mácula. • Paracentral: no campo central, deixando livre a mácula. • Anular: segmento circular situado entre o centro e a periferia. • Arciforme (escotoma de Bjerrum): desde a mancha cega até a periferia rodeando o ponto de fixação por cima ou por baixo. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Lesões na via óptica - Campo visual anormal, representação esquemática da via óptica mostrando os lugares de total interrupção das fibras nervosas e os vários campos visuais anormais produzidos por tais interrupções. – 1. Nervo óptico - cegueira no lado da lesão; com campo contralateral normal. – 2. Quiasma - hemianopsia bitemporal. – 3. Trato óptico - hemianopsia homônima incongruente contralateral. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Lesões na via óptica – 4. Nervo óptico; junção do quiasma - cegueira no lado da lesão com hemianopsia temporal contralateral ou escotoma hemianóptico. – 5. Trato óptico posterior, corpo geniculado lateral, perna posterior da cápsula interna - hemianopsia homônima contralateral completa ou hemianopsia homônima contralateral incompleta. – 6. Radiação óptica; alça anterior no lobo temporal - hemianopsia homônima contralateral incongruente ou quadrantanopsia superior. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Lesões na via óptica – 7. Fibras mediais da radiação óptica - quadrantanopsia homônima inferior contralateral incongruente. – 8. Radiação óptica no lobo parietal - hemianopsia homônima contralateral, algumas vezes ligeiramente incongruente com preservação mínima. – 9. Radiação óptica no lobo parietal posterior e lobo occipital - hemianopsia homônima contralateral congruente com preservação macular. Prof. Me. Wellington Sales Silva Lesões na Via Óptica • Lesões na via óptica – 10. Porção média do córtex calcarino - hemianopsia homônima contralateral congruente com grande preservação macular e preservação do crescente temporal contralateral. – 11. Extremidade do lobo occipital - hemianopsia contralateral congruente com escotomas. – 12. Extremidade anterior da fissura calcarina - perda contralateral do crescente temporal, às vezes, com campos visuais normais. Prof. Me. Wellington Sales Silva Anomalias congênitas do nervo óptico • Hipoplasia do nervo óptico (HNO) – É uma anomalia congênita na qual o disco óptico é anormalmente pequeno, com aparência esbranquiçada ou acinzentada, em decorrência de um menor número de axônios. Pode ser uni ou bilateral, associada ou não a anomalias do sistema nervoso central. Prof. Me. Wellington Sales Silva Anomalias congênitas do nervo óptico • Papila inclinada – A síndrome da papila inclinada é uma condição bilateral não hereditária em que o disco óptico é ovalado, com o seu eixo mais longo situado obliquamente, tendo a porção superotemporal elevada e a porção inferonasal situada posteriormente. Associadamente, observam-se situs inversus (saída dos vasos retinianos inicialmente em direção ao setor nasal da retina), presença de afilamento do epitélio pigmentar retiniano no setor inferonasal e crescente naquela região, que leva a um aspecto denominado coloboma de Fuchs. Prof. Me. Wellington Sales Silva Anomalias congênitas do nervo óptico • Drusas do nervo óptico – Drusas do nervo óptico, também denominadas corpos hialinos ou coloides, são concreções de material amorfo, laminado, extracelular, de causa desconhecida, situados na região pré-la- minar do nervo óptico e que podem levar à confusão diagnóstica com papiledema. Essa confusão é mais provável de acontecer na infância, quando as drusas são ocultas, situando-se abaixo da camada de fibras nervosas no disco óptico. As drusas do disco tornam-se mais aparentes a partir da segunda década de vida, passando a superficializar-se e, portanto, sendo visíveis à oftalmoscopia.Prof. Me. Wellington Sales Silva Anomalias congênitas do nervo óptico • Coloboma de papila – Também denominado Coloboma do disco óptico, resultam de fechamento incompleto da fissura embrionária. Observa-se uma escavação branca, bem delimitada, que se situa inferiormente no disco óptico, refletindo a posição da fissura embrionária em relação à papila óptica primitiva. Prof. Me. Wellington Sales Silva Anomalias congênitas do nervo óptico • Síndrome de Morning Glory – É uma anomalia escavada do disco óptico, que se caracteriza por apresentar-se muito aumentado, de cor laranja ou rósea, podendo parecer recuado dentro de uma escavação peripapilar em forma de funil. Um grande anel de alteração pigmentária peripapilar circunda o disco óptico dentro da escavação. Os vasos mostram-se aumentados em número e geralmente saem da periferia do nervo, apresentando um trajeto radial para a retina peripapilar. Prof. Me. Wellington Sales Silva