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Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 1 FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE PROTEÍNAS EM AVES Ivan Moreira1; Cláudio Scapinello1; Márcia Usumi Sakamoto2 1 – Professor Titular do Departamento de Zootecnia - Universidade Estadual de Maringá (Av. Colombo, 5790; 87020-900 – MARINGÁ-PR) - imoreira@uem.br, cscapinello@uem.br 2 – Aluna do Programa de Pós-graduação em Zootecnia - mizumiss@hotmail.com INTRODUÇÃO O objetivo principal das aves domésticas é a produção de proteínas de origem animal (carne e ovo), para a alimentação humana. Para a síntese de proteínas da carne e do ovo, a ave necessita receber os aminoácidos a serem utilizados, por meio dos alimentos ingeridos. Assim, a ave necessita ingerir, digerir, absorver, transportar e metabolizar (anabolismo e catabolismo) os aminoácidos contidos na dieta, para então, sintetizar as proteínas da carne e do ovo. Esse processo é complexo, e é regulado por um sistema hormonal organizado e um sistema enzimático específico. As aves não apresentam necessidades específicas para proteína na dieta, e podem viver e crescer recebendo dietas contendo aminoácidos livres como única fonte de nitrogênio (Klasing, 1996). Entretanto, a maioria dos alimentos consumidos pelas aves supre os aminoácidos essenciais como proteína intacta. Ao final do processo de síntese (anabolismo) das proteínas, há a necessidade da excreção dos produtos finais do metabolismo protéico (ácido úrico). As proteínas da carne e do ovo são compostas de vários aminoácidos, que se ligam por meio de ligações peptídicas. Ocorrem cerca de 300 aminoácidos na natureza, entretanto somente 20 destes estão presentes nas proteínas de todas as formas de vida: animal, vegetal ou microbiana. Mesmo assim, entre todos os compostos biológicos, as proteínas são as que apresentam a maior diversidade de funcionalidade: Enzimático (catálise de reações); transportador de substâncias específicas (O2, íons metálicos, metabólicos), e de moléculas para dentro da célula; receptores na membrana; função hormonal; sistema imunológico; coagulação sanguínea; função estrutural, entre outras (Murray, et al, 1988). Cada proteína se caracteriza por apresentar na sua composição um número variado em aminoácidos, apresentando peso molecular entre 5000 a vários milhões. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 2 Estas unidades se repetem em diferentes seqüências e ligam-se umas às outras, através de ligações peptídicas, formando a cadeia protéica. As ligações peptídicas caracterizam-se pela união entre o C do grupo ácido de um aminoácido com o N do grupamento amínico do outro aminoácido. Formação de um tripeptídeo NH2⎯ CHR1⎯ COOH + NH2⎯ CHR2⎯ COOH + NH2⎯ CHR3⎯ COOH = R1 O R2 O R3 ⏐ ⎥⎥ ⏐ ⎥⎥ ⏐ NH2 ⎯ Cα ⎯ C ⎯ N ⎯ Cα ⎯ C ⎯ N ⎯ Cα ⎯COOH + 3 H2O ⏐ ⏐ ⏐ ⏐ ⏐ H H H H H Tripeptídeo Os peptídeos, portanto, são polímeros resultantes da ligação de diversos aminoácidos. Os prefixos Di, Tri, Tetra, .....etc, indicam o número de aminoácidos presentes no composto. Assim, o dipeptídeo contém dois aminoácidos, tripeptídeo contém três aminoácidos, etc... Em contraste a estes oligopeptídeos, o termo polipeptídeo, indicando que na cadeia contém, oito ou mais unidades de aminoácidos. As cadeias peptídicas apresentam, em geral, 50 a 2500 aminoácidos. As aves necessitam de aminoácidos, em nível celular, para atender ás necessidades metabólicas para mantença, crescimento e produção. Estes estão contidos nas proteínas alimentares, que são estruturas terciárias de diversos aminoácidos. Essas proteínas necessitam ser digeridas, para a liberação de aminoácidos, que serão absorvidos e depois utilizados nos diferentes tecidos ou células. A digestão dos nutrientes contidos nos alimentos, incluindo a proteína, é dependente de processos mecânicos, químicos e microbiológicos. As aves possuem o aparelho digestório diferenciado em relação aos mamíferos, pois não possuem dentes para triturar os alimentos. Além disto, elas possuem outras estruturas como o papo, o proventrículo e a moela. O aparelho digestório das aves é Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 3 curto, em relação ao dos mamíferos, levando a uma taxa de passagem da ingesta, relativamente rápida (Penz Junior, 1994). Na boca, esôfago e papo, não existem atividades enzimáticas ou ações mecânicas sobre a proteína ingerida, assim, nestes compartimentos ocorre apenas a secreção de mucos responsáveis pela lubrificação e trânsito da ingesta até o proventrículo (Whittow, 2000). Apesar destas diferenças, a digestão de proteína nas aves é bem semelhante aos demais não-ruminantes (Duke, 1996). A hidrólise das proteínas, resultando em aminoácidos, requer ações seqüências de um grande número de enzimas. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS AMINOÁCIDOS A) Configuração Aminoácidos são compostos orgânicos contendo grupos carboxílicos e amínico ligados no carbono α. A exceção do carbono α da glicina, que apresenta duas ligações com H, para os demais aminoácidos, todas as quatro ligações são formadas por grupamentos diferentes (carbono assimétrico). Esta característica confere atividade óptica (habilidade de rotação do plano de luz polarizada para a direita ou para a esquerda) sobre o aminoácido, entretanto todos os aminoácidos presentes nas proteínas, tanto de origem vegetal como animal, são L-α- aminoácidos. A exceção é a metionina, em que as aves são capazes de usar a forma D- ou L-, ou como ocorre mais freqüentemente, uma mistura DL racêmica. Todos os outros aminoácidos têm que ser fornecidos na forma L-isômeros. H H ⏐ ⏐ H ⎯ Cα ⎯NH2 R ⎯ Cα ⎯NH2 ⏐ ⏐ COOH COOH Glicina α- Aminoácido Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 4 Deve-se considerar que D-isômeros também existem na forma livre em produtos vegetais e na membrana de células bacterianas. Finalmente, alguns aminoácidos possuem carbono assimétrico dentro da cadeia (treonina e isoleucina) e podem apresentar 4 isômeros, entretanto somente um está envolvido nas ligações peptídicas. A maioria dos aminoácidos pode ser substituída pelos α-ceto ácidos, algumas vezes chamados de análogos. Estes são convertidos em aminoácidos ativos pela transaminação envolvendo a adição do grupo NH2. A maioria da avicultura comercial nos USA esta utilizando hydroxi análogo de metionina, na forma liquida (Leeson & Sumnmers, 2001). B) Ionização Em solução aquosa, os aminoácidos são particularmente ionizados e consistem de um grupo COOH e outro NH3+ , os quais são doadores de átomos de H. ♦ R ⎯ COOH → R ⎯ COO- + H+ ♦ R ⎯ NH3+ → R ⎯ NH2 + H+ Inversamente, R ⎯ COO- e R ⎯ NH2 são bases conjugadas, ou receptores de H. Sob condições fisiológicas com pH = 7,4, R ⎯ COOH somente existe na forma R ⎯ COO- eo grupo amino na forma R ⎯ NH3+. C) Solubilidade Os aminoácidos são geralmente solúveis em solventes orgânicos (álcoois), mas são insolúveis em solventes não-polares (éter, benzeno, hexano). A solubilidade em água aumenta com pH baixo. As formas monohidroclóricas de aminoácidos básicos são muito solúveis em água. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 5 CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS A classificação dos aminoácidos está baseada na natureza do radical R que está ligado ao carbono α. Considerando a polaridade do radical R, pode-se dividir os aminoácidos em dois grupos: NÃO- POLAR (alanina, isoleucina, leucina, metionina, fenilalanina, prolina, triptofano, valina); POLAR (arginina, ácido aspártico, asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glutamina, histidina, lisina, serina, treonina, tirosina, glicina). Outra maneira de classificação mais detalhada divide os aminoácidos em sete grupos: Grupo/Nome Comum Nome Sistemático Alifáticos Glicina Ácido aminoacético Alanina Ácido 2-aminopropanóico Valina Ácido 2-amino-3-metilbutanóico Leucina Ácido 2- amino-4-metilpentanóico Isoleucina Ácido 2-amino- 3-metilpentanóico Hidroxílicos Serina Ácido 2-amino-3- hidroxipropanóico Treonina Ácido 2-amino-3- hidroxibutanóico Sulfurados Cisteína Ácido 2- amino- 3- mercaptopropanóico Cistina Ácido 3,3- ditiobis 2-aminopropanóico Metionina Ácido 2-amino-4- metiltiobutanóico Ácidos e suas Amidas Ácido aspártico Ácido aminosuccínico Asparagina Ácido 2-amino- succinâmico Ácido glutâmico Ácido 2- aminoglutârico Glutamina Ácido 2- aminoglutarâmico Básicos Arginina Ácido 2-amino-5- guanidovalérico Lisina Ácido 2,6- diamino- exanóico Hidroxilisina Ácido 2,6- diamino- 5- hidroxiexanóico Histidina Ácido 2-amino- 1H- imidazol- 4- propanóico Aromáticos Fenilalanina Ácido 2-amino-3-fenil- propanóico Tirosina Ácido 2-amino-3-(4-hidroxifenil)- propanóico Triptofano Ácido 2-amino-3-(3- indolil)- propanóico Iminoácidos Prolina Ácido 2-pirrolidino- carboxílico 4-Hidroxiprolina Ácido 4-hidroxi- 2- pirrolidinocarboxílico Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 6 DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS O processo de digestão compreende a quebra de moléculas grandes e complexas (oligopeptídeos), contidas na alimentação das aves, para componentes menores (di e tripeptídeos e aminoácidos), para que os aminoácidos possam ser absorvidos para o sistema portal sanguíneo (Figura 1). O processo envolve alterações na estrutura física e química dos componentes dietéticos. As enzimas envolvidas neste processo são as proteases (Tabela 1). Proteases são enzimas proteolíticas, classificadas como endopeptidases ou exopepdidases. Ambos os tipos de enzimas atacam ligações peptídicas de proteínas e polipeptídeos. A diferença entre elas é que as endopeptidases limitam seu ataque a ligações de dentro (endo, dentro) da molécula protéica, quebrando grandes cadeias de peptídeos em segmentos de polipeptídeos menores (Figura 1). Esses segmentos menores proporcionam um número muito maior de locais para a ação das exopeptidases (Randal et al, 2000). . FIGURA 1 – Representação esquemática das diferentes fases da digestão e absorção das proteínas (Argenzio, 1996). As exopeptidases atacam somente ligações peptídicas próximas à extremidade (exo, do lado de fora) da cadeia peptídica, promovendo a liberação de aminoácidos, di e tripeptídeos (Figura 1). Algumas proteases exibem especificidade marcada para Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 7 resíduos particulares de aminoácidos localizados em ambos os lados das ligações que elas atacam (Randal et al, 2000). São várias as enzimas envolvidas no processo da digestão das proteínas (Tabela 1 e 2). A hidrólise de proteínas é a quebra das ligações peptídicas, que ocorre pela ação das enzimas proteolíticas (Tabela 1). A digestão protéica tem início no proventrículo onde ocorre a secreção de pepsinogênio, que é ativado em pH baixo (pH~1,0-3,5). As proteínas são desnaturadas pelo pH ácido. Quanto maior a área de superfície disponível para as enzimas, melhor será a digestão e a disponibilidade dos monômeros, dímeros e trímeros para posterior absorção. Na boca, no esôfago e no papo não existem ações enzimáticas, e nem mecânicas sobre a proteína ingerida (alimento), ocorrendo apenas a secreção de muco no esôfago e no papo, para a lubrificação e o trânsito da ingesta até o proventrículo (Sturkie, 1986). TABELA 1 – Enzimas envolvidas na digestão das proteínas em aves (Leeson & Zubair, 2004). Local Enzima (ou secreção) Substrato Produto Final pH Boca Saliva Lubrificantes e amaciantes dos alimentos - Papo Mucos Lubrificantes e amaciantes dos alimentos 4,5 Estomago - Moela e HCl Redutores de pH no estômago 2,5 - Proventrículo Pepsina Proteína Polipeptideos Duodeno Tripsina, quimiotripsina e elastase Carboxipeptidases Colagenases Proteínas, peptonas e peptídeos Peptídeos Colágenos Peptonas, peptídeos e aminoácidos Peptídeos e aminoácidos Peptídeos 6,0 a 6,8 Jejuno Peptidases Polinucleotidases Peptídeos Ácidos Nucléicos Dipeptídeos e aminoácidos Mononucleotídeos 5,8 6,6 Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 8 D) Região gástrica: Não existe digestão de proteína na boca ou papo das aves. Entretanto, ocorre lubrificação e amolecimento dos alimentos pela saliva da boca e pelos mucos secretados pela parede do papo, antes de chegar ao proventrículo (Macari et al., 1994). O proventrículo é o “estômago glandular”, onde os sucos digestivos são secretados. Os sucos contêm HCl e o precursor (zimogênio) enzimático - pepsinogênio, que é convertido para a enzima ativa - pepsina, conforme o pH do alimento decresce no proventrículo e moela. A condição ácida (pH ótimo próximo de 3) no proventrículo e na moela, propicia a quebra da proteína para expor a maioria das ligações peptídicas sensíveis á pepsina. A pepsina da codorna, frango e patos, apresentam maior atividade e estabilidade em pH mais elevado, que a pepsina de mamíferos. O pepsinogênio é um zimogênio não ativo, pois possui aminoácidos extras em suas seqüências, o que impede sua ação. Ele é ativado em pH baixo, proveniente do ácido clorídrico, em pepsina. A ação da pepsina é reduzida em pH acima de 3,6 e não ocorre qualquer ação em pH acima de 6,0. Existem diferentes tipos de pepsina, que podem ser classificadas em A, B, C e D e que possuem diferentes ações nas proteínas do alimento. As pepsinas A e D são secretadas na mucosa gástrica fúndica, as do tipo B e C são secretadas na mucosa gástrica pilórica (onde o pH é mais baixo). As pepsinas hidrolisam ligações peptídicas entre os L-aminoácidos, com melhor ação na tirosina e fenilalanina, seguidas pelo ácido glutâmico e cisteína ou cistina (Nissen, 1992). Ocorre a desnaturação da estrutura tri-dimensional para a forma linearizada, expondo, com isso, as ligações peptídicas individuais. A pepsina catalisa a hidrólise da proteína para peptídeos e, á umlimitado grau, para aminoácido livre. A larga especificidade da pepsina garante que pelo menos alguma das ligações expostas de alguma proteína será hidrolisada, resultando em maior desnaturação e solubilidade. Existe uma grande variedade de ligações peptídicas hidrolisadas pela pepsina, mas aquelas contendo aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano) e/ou leucina e/ou valina, parecem ser mais susceptíveis. O alimento não permanece muito tempo no proventrículo, pois essa estrutura é estreita e pequena, sendo então, forçado a entrar na moela. Os movimentos do proventrículo são lentos, de moderados a intensos, com relaxamento incompleto. A Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 9 trituração e a digestão do alimento ocorre na região proventrículo-moela devido à mobilidade existente em maior intensidade. A digestão das proteínas para polipeptídios depende de alguns fatores, como o tempo de permanência do alimento no proventrículo-moela e a característica física da proteína ingerida. Na moela, a ingesta é ainda misturada com os fluidos secretados pelo proventrículo (Leeson & Zubair, 2004). E) Região intestinal: Ao chegarem ao duodeno, os polipeptídeos estimulam a secreção das enzimas pancreáticas. De acordo com Linder (1991), os polipeptídeos formados passam para o intestino delgado, na região do duodeno, onde cessa a hidrólise péptica, devido ao pH ser mais elevado nessa região. No duodeno existe o ducto de saída do pâncreas, onde os polipeptídios sofrem a ação das enzimas proteolíticas do pâncreas e do intestino delgado. O pâncreas secreta zimogênios inativos que são ativados no lúmen intestinal. A ativação das enzimas pancreáticas é iniciada pela enteropeptidase (Figura 2), sintetizada pelas células da mucosa intestinal da borda em escova, que ativa o tripsinogênio em tripsina. Esta ativação se dá por meio da remoção do hexapeptídeo do NH2-terminal do tripsinogênio. A partir de então, a tripsina faz a sua auto-ativação do tripsinogênio ainda existente no intestino em tripsina e ainda a ativação das demais enzimas pancreáticas (Macari et al., 2002). Desta forma, a tripsina é a principal enzima no desenvolvimento da completa atividade de proteólise. Por isso, os inibidores de tripsina, encontrados em alguns alimentos, prejudicam a digestibilidade e aproveitamento das proteínas dietéticas. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 10 FIGURA 2 – Ativação dos zimogênios pancreáticos. O tripsinogênio é ativado pela enteroquinase (enzima duodenal) e pela tripsina que promovem ação autocatalítica, assegurando a ativação do tripsinogênio. A tripsina ativa também zimogênios do lúmen intestinal (Cunnighan, 2004). As principais enzimas proteolíticas do pâncreas são a tripsina, a quimotripsina, as carboxipeptidases A e B, e a elastase (Tabela 2). A tripsina e a quimotripsina são endopeptidases e quebram as ligações peptídicas em locais específicos e não terminais. A tripsina hidrolisa somente quando o grupo carbonil da ligação peptídica é fornecido pela lisina ou pela arginina, e a quimotripsina hidrolisa as ligações peptídicas dos aminoácidos aromáticos fenilalanina e tirosina (Figura 3). As carboxipeptidases são exopeptidases (Tabela 1, 2 e Figura 3) que hidrolisam as ligações na terminação carboxil dos peptídeos (Champe & Harvey, 1996). TABELA 2 - Enzimas da fase luminal que digerem proteínas nas aves (Cunnighan, 2004). Enzima Ação Origem Precursor Ativador Pepsina Endopeptidase Glândulas gástricas Pepsinogênio HCl, pepsina Tripsina Endopeptidase Pâncreas Tripsinogênio Enteroquinase, tripsina Quimotripsina Endopeptidase Pâncreas Quimotripsinogênio Tripsina Elastase Endopeptidase Pâncreas Pró-elastase Tripsina Carboxipeptidase A Exopeptídase Pâncreas Pró-carboxipeptidase A Tripsina Carboxipeptidase B Exopeptidase Pâncreas Pró-carboxipeptidase B Tripsina FIGURA 3 – Clivagem da proteína da dieta pelas proteases do pâncreas. As ligações peptídicas susceptíveis a hidrólise são mostradas para cada uma das cinco principais proteases. . O tripsinogênio é ativado para tripsina no duodeno pela enteroquinase (Figura 2), uma enzima secretada da mucosa intestinal. Uma vez iniciado, este processo é auto-catalítico e a tripsina, então formada, inicia a ativação de outros zimogênios. A proteína por si só, ou como peptídeo, é o principal estimulador das secreções gástrica e pancreática (Viola, 1996). A secretina estimula principalmente a secreção de bicarbonato, enquanto que a colecistoquinina (CCK) estimula a secreção enzimática. A função do bicarbonato é neutralizar o ácido proveniente da moela. O principal estimulante da secretina é o pH duodenal, quando o pH é neutralizado o estímulo da secreção da secretina diminui e menos bicarbonato é secretado. Por outro lado, os principais estimuladores da CCK são os ácidos graxos e os aminoácidos que chegam no duodeno. A CCK, juntamente com a oxitocina, atua como modulador de consumo a vontade. Este hormônio reduz o consumo de alimentos e aumenta a saciedade em condições de consumo. Resultados similares são observados quando a CCK é liberada por ação de inibidores de tripsina (Duke, 1996). A hidrólise é completada na luz intestinal por enzimas secretadas pelos enterócitos (Tabela 3), consistindo de centenas de microvilosidades que projetam-se da superfície de cada célula. Estas células revestem as vilosidades do intestino delgado, sobretudo no duodeno e no jejuno, formando os produtos finais (tripeptídios, dipeptídios e aminoácidos livres) (Tabela 3). As enzimas são as aminopeptidases, produzidas pelo citoplasma e excretadas pela mucosa do intestino delgado, localizadas na borda em escova, onde os aminoácidos são digeridos e estão prontos para a absorção. A velocidade de passagem do alimento pelo trato digestório influencia sua digestibilidade e conseqüente absorção. Portanto, quanto mais tempo o alimento Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 12 permanecer sob a ação enzimática do trato, mais eficiente será a sua digestão (Figura 4). O aumento da quantidade de gordura no alimento pode reduzir os movimentos gástricos, diminuindo a passagem do alimento no trato digestório, o que reflete em uma menor velocidade de passagem no intestino delgado e, conseqüentemente, uma melhor digestibilidade dos aminoácidos. Os lipídios funcionam como inibidores de movimentos dos músculos gastrintestinais (Duke, 1996). TABELA 3 - Peptidases dos enterócitos (Macari et al., 2002). Substrato Enzima Localização Produto Tripsinogênio Enteroquinase Bordadura escova Tripsina Oligopeptídio C2-C6 (aminoácido ácido) Aminopeptidase A Bordadura escova Aminoácido ácido, di e tripeptídio Oligopeptídio C2-C6 (aminoácido neutro) Aminopeptidase N Bordadura escova Aminoácido neutro, di e tripeptídio Tripeptídios Aminotripeptidase Citoplasma Aminoácidos, dipeptídios Oligopeptídios (prolina/alanina) Dipeptidil aminopeptidase Bordadura escova Dipeptídios Dipeptídios (glicina/leucina) Peptidase Bordadura escova Aminoácidos Glicina/Leucina Dipeptídios Aminodipeptidase Citoplasma Aminoácidos Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 13 Proteínas Polipeptídios Polipeptídios Oligopeptídios Oligopeptídios Aminoácidos Oligopeptídios Aminoácidos Pepsina Proventrículo = pH ~ 4,4 Moela = pH ~ 2 a 3 Tripsina, Quimiotripsina, Elastase Carboxipeptidade A e B Pâncreas = pH ~7,6 a 8,2 Aminopeptidases, Carboxipeptidases C e D Intestino Delgado = pH ~6,5 a 7,5 FIGURA 4 - Esquema da atividade enzimática no trato digestório. ABSORÇÃO DOS AMINOÁCIDOS Parece que o trato intestinal das aves expressa uma atividade complementar de transporte de aminoácidos e peptídeos, similar aos mamíferos (Mattews, 2000). O transporte dos aminoácidos ocorre por meio de um sistema de transporte secundário ativo, semelhante ao dos carboidratos. Este processo é saturável, ligado ao transporte de Na+ e utiliza ATP para o fornecimento de energia (Debow, 2000). A absorção dos aminoácidos é sódio-dependente, semelhante os monossacarídeos. O grau desta dependência varia com o tipo de aminoácido, seguindo a seguinte ordem: básicos < neutros < ácidos. Os açúcares podem inibir ou estimular o transporte ativo de aminoácidos. A inibição é atribuída a açúcares não metabolizáveis e que são transportados ativamente, enquanto que os açúcares metabolizáveis a estimulam, especialmente quando o suprimento energético aos tecidos é limitado (Macari et al., 2002). Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 14 Considerando que o transporte de aminoácidos depende de transportadores, ou seja, proteínas de membrana, fatores que interferem na síntese dessas proteínas podem prejudicar ou favorecer o transporte de aminoácidos, como por exemplo, baixos níveis das vitaminas B6, D, E e tiamina, reduzem a velocidade de transporte de aminoácidos em aves, pois são fatores necessários para a síntese das proteínas carregadoras. Os mamíferos jovens são capazes de absorver proteínas inteiras (imunoglobulinas), do intestino, nas primeiras horas de vida, as quais estão envolvidas nos processos de defesa imunológicas. As aves absorvem anticorpos maternais da proteína da gema, antes e logo após a eclosão (Penz Júnior, 1994). A digestão da proteína e absorção dos aminoácidos são influenciados por diversos fatores (Rutz, 2002): 1- a maioria dos aminoácidos é absorvida por transporte ativo secundário, portanto, contra um gradiente de concentração do lúmen intestinal; 2- os aminoácidos competem pelo transportador no momento da absorção; 3- a presença de açúcares in vitro pode resultar na inibição da transferência de aminoácidos; 4- a condição física dos animais, que pode ser afetada pela idade, antibióticos, deficiência nutricional e restrição alimentar, apresenta influência na absorção intestinal de aminoácidos. As atividades dos sistemas do intestino delgado, responsáveis pela hidrolise dos peptídeos e transporte dos aminoácidos, se alteram durante o desenvolvimento das aves e durante o envelhecimento individual dos enterócitos. Estas mudanças são, provavelmente, influenciadas internamente pelos hormônios e fatores de crescimento (Tarvid, 1995). Os enterócitos contêm grandes quantidades de enzimas digestivas de membrana, onde são encontradas peptidases para a degradação das proteínas. Estas enzimas se localizam nas microvilosidades (borda em escova) dos enterócitos. Por este motivo, elas, provavelmente, catalisam a hidrólise dos alimentos (proteínas) nas superfícies externas das microvilosidades antes da absorção dos produtos finais da digestão (Furlan et al., 2002). Os aminoácidos são absorvidos no lumem intestinal na forma de aminoácido livre e pequenos peptídeos. Os peptídeos são hidrolisados nos enterócitos e os aminoácidos livres são transportados através da membrana basal (Figura 5 e 6). Uma considerável quantidade dos aminoácidos livres no sangue esta presente dentro das células sanguíneas vermelhas, sendo o restante encontrado no plasma como aminoácidos livres (Cunnighan, 2004). Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 15 FIGURA 5 – Processo de co-transporte dos aminoácidos. Existem pelo menos três diferentes proteínas co-transportadoras de sódio para a absorção de aninoácidos neutros, básicos e ácidos. Existe outro processo para os di e tripeptídeos. Ainda existem dúvidas quanto a isto (Cunnighan, 2004). O sangue portal transporta os aminoácidos dietéticos para o fígado, onde alguns são removidos para atender as funções hepáticas, incluindo a síntese de proteínas secretórias e hepatócitos, gliconeogêneses, e oxidação. Os aminoácidos restantes passam pelo fígado e são levados aos tecidos para atender suas necessidades anabólicas (Klasing, 1998). No mínimo quatro sistemas estão envolvidos no transporte de aminoácidos no intestino delgado das aves (Denbow, 2000, Tarvid, 1995): 1- envolve a leucina e outros aminoácidos neutros; 2- usado para a prolina, β-alanina e imino e aminoácidos relacionados; 3- usado para os aminoácidos ácidos; 4- usado para os aminoácidos ácidos. Esta classificação não é rígida, visto que muitos aminoácidos compartilham o transporte com mais de um grupo. Por exemplo, a leucina, um aminoácido neutro, pode Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 16 inibir a absorção da prolina e arginina, que são aminoácidos básicos. O transporte da glicina é provavelmente inibido tanto pela prolina como pela β-alanina (Denbow, 2000). Segundo Mattews (2000), o transporte dos aminoácidos neutros é mais rápido que os aminoácidos catiônicos ou aniônicos, e a absorção de peptídeos contribui para uma substancial quantidade do total de aminoácidos absorvidos. A taxa de absorção de L-aminoácidos, in vivo, não é dependente do peso molecular, mas os aminoácidos com grandes cadeias laterais não-polares (metionina, valina, leucina, por exemplo) são absorvidos mais rapidamente do que aqueles com cadeias laterais polares (Duke, 1996). FIGURA 6 – Digestão de peptídeos na fase de membrana. Veja que os di e tripeptídeos podem ser hidrolizados a seus respectivos aminoácidos constituintes, na membrana apical ou interior dois enterócitos. A absorção dos aminoácidos é influenciada pela idade da ave, do sexo, da temperatura, da linhagem, do estresse e de fatores nutricionais como a estéreo especificidade, ou seja, pelos L-isômeros que em geral são absorvidos em níveis muito maiores do que os D-isômeros (Wannmacher & Dias, 1988). Os L-isômeros são transportados contra o gradiente de concentração, onde o mesmo não ocorre com os D-isômeros. Estes devem ser convertidos em L-isômeros para que ocorra a sua utilização (Lewis & Baker, 1995). A conversão de D-isômeros em L-isômeros não ocorre com todos os aminoácidos. A metionina é um exemplo em que ocorre a conversão, tornando possível a biodisponibilidade da D-metionina. De maneira geral, as aves convertem os D- isômeros mais eficientemente do que os mamíferos (Baker, 1994). Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura,Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 17 ABSORÇÃO DE PEPTÍDEOS Os peptídeos, aparentemente, utilizam um sistema de transporte diferente dos utilizados pelos aminoácidos e apresentam maior velocidade de absorção que estes (Denbow, 2000, Penz Júnior, 1994). Antes e logo após a eclosão, a mucosa intestinal das aves, tem a capacidade de absorver proteínas da gema (anticorpos). Entretanto, a absorção de proteína ou meso oligopeptídeos é interrompida com o desenvolvimento da ave. Quando adulta, a ave tem a capacidade de absorver di e tripeptídeo através da membrana luminal (Figura 5 e 6). Entretanto, a liberação dos aminoácidos para a corrente sangüínea, somente ocorre após a hidrólise desses peptídeos a aminoácidos livres, pela ação das peptidases citosólicas (Rutz, 2002). Dados de diversos estudos planejados para entender a importância quantitativa dos aminoácidos livres versus os aminoácidos ligados (ligações peptídicas), indicam que os aminoácidos ligados podem contribuir para a maioria dos aminoácidos absorvidos pelos enterócitos do lúmen intestinal (Mattews, 2000). TRANSPORTE DOS AMINOÁCIDOS Os aminoácidos depois de absorvidos, vão ao fígado, onde alguns deles são utilizados para sínteses de proteínas do tecido do fígado ou proteínas sanguíneas. Entretanto, a maior parte, passa pelo fígado na forma de aminoácido livre. Assim, grande parte dos aminoácidos requeridos pelas células corporais pode ser advinda destes aminoácidos livres do plasma. A demanda metabólica por aminoácidos pela célula é contínua, enquanto que o suprimento vindo do intestino é esporádico. Assim, o corpo necessita de um local para armazenagem no qual possa guardar os aminoácidos excedentes nos períodos de excesso para utilizá-los no período de déficit. Este armazenamento pode ocorrer no tecido muscular e outros, por apenas 2-4 horas. As aves não são capazes de armazenar aminoácidos por um período maior que 12 horas (Leeson & Summers, 2001). Este assunto é um tanto controverso, pois a concentração de aminoácido livre no plasma ou nos tecidos, não se eleva suficientemente após a refeição, para contribuir Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 18 com este efeito de armazenamento temporário. O pool de aminoácidos está aparentemente na proteína corporal. O transporte dos aminoácidos através da parede celular, provavelmente é semelhante ao processo de absorção. Parece que dois distintos locais mediadores estão presentes na parede celular, e apesar de haver clara competição entre muitos pares de aminoácidos, certas combinações tendem a ajudar ou mediar o transporte de ambos aminoácidos. Acredita-se que a metionina, por exemplo, pode mediar a passagem de outros aminoácidos como a leucina e aminoácidos neutros similares (Leeson & Summers, 2001). FUNÇÃO NUTRICIONAL DAS PROTEÍNAS Após a digestão da proteína e absorção de aminoácidos e peptídeos há a formação de um "pool" de aminoácidos no sangue, que estão aptos a desempenhar as seguintes funções (Delvin, 1997, Beitz, 1996, D’ Mello, 1994): • Síntese de substâncias celulares, como proteínas e outros componentes contendo nitrogênio; • Síntese de proteínas relacionadas a produção propriamente dita, tais como, penas, carne e ovos; • Síntese de substâncias, como enzimas e hormônios, que participam na manutenção dos processos vitais orgânicos; • Participam de mecanismos de desintoxicação; • Proteínas são substâncias fundamentais para a transmissão dos caracteres hereditários; • Desempenham papel fundamental na proteção do organismo contra as agressões infecciosas ou tóxicas, pois combate os agentes estranhos através da formação de proteínas específicas denominadas anticorpos; atuam na regulação do metabolismo da água; • apresentam também a função de transporte de alguns nutrientes. Por exemplo, as globulinas que transportam esteróides, ácidos graxos, fosfatídeos e alguns minerais, como o ferro e o zinco. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 19 BIOSSÍNTESE DE AMINOÁCIDOS NÃO-ESSENCIAIS Para que ocorra a síntese protéica, todos os aminoácidos componentes desta, devem estar presentes em nível celular, no local da síntese. Esta presença deve ser em termos qualitativo e quantitativo, ou seja, devem existir todos os aminoácidos necessários, e em correta proporção relativa (perfil ideal de aminoácidos). A principal razão da incapacidade dos animais de sintetizar esses ácidos é a falta de síntese dos α-cetoácidos apropriados para transaminação. A glutamato desidrogenase, a glutamina-sintetase e as transaminases desempenham papéis centrais na síntese de aminoácidos. A biossintese dos aminoácidos não-essenciais em tecidos animais requer precursores derivados fundamentalmente do metabolismo de carboidratos (Beitz, 1996). O esqueleto carbônico dos aminoácidos não-essenciais sintetizados pelas aves vem de intermediários do metabolismo dos carboidratos (Figura 7). Oxalaoacetato e α-cetoglutarato são intermediários do ciclo do ácido cítrico e podem ser transaminados ou submetidos a deaminação oxidativa, resultando em aspártico e glutâmico, respectivamente. Estes, por sua vez, são precursores da asparagina e glutamina, acido glutâmico e arginina são, precursores para a síntese da prolina, embora esta via seja insuficiente para atender completamente as necessidades metabólicas para prolina em pintainhos em rápido crescimento (Austic, 1976, citado por Klasing, 1998). FIGURA 7 – Visão geral da biossíntese dos aminoácidos. Glicina pode ser sintetizada a partir da serina, embora a uma taxa não suficiente para atender ás necessidades metabólicas. Requerimento de glicina foi demonstrado em pintainhos em crescimento, perus, codornas (NRC, 1994). As aves não possuem o ciclo da uréia funcional e é desprovido da capacidade enzimática para sintetizar ornitina, o precursor metabólico para a arginina em mamíferos. Assim, as aves têm que obter, dos alimentos, toda a arginina necessária para a síntese protéica e outras finalidades metabólicas. Todas as dietas naturais que atendem aos requerimentos de aminoácidos essenciais das aves, também fornece quantidades suficientes de aminoácidos não-essenciais, de forma que a síntese é mínima. Em experimentos utilizando dietas purificadas, deficientes nos aminoácidos não- essenciais, adiciona-se um ou mais aminoácidos não-essenciais (ácido glutâmico, por exemplo), para fornecer “N” para a síntese dos demais aminoácidos não-essenciais. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 21 DESEQUILÍBRIO, ANTAGONISMO E TOXIDEZ DOS AMINOÁCIDOS Para que as aves possam expressar seu potencial genético em termos de melhor performance, por meio da máxima taxa de deposição de proteína, os aminoácidos têm que ser fornecidos nas quantidades requeridas, sem excesso nem deficiência. Rações bem balanceadas, embora com níveis protéicos moderadamente elevados, são geralmente bem tolerados pelas aves domésticas. Níveis muito elevados de proteína reduzem o crescimento, a gordura corporal, e aumentam o nível sangüíneo de ácidos úrico. Elevados níveis de um único aminoácido são mais prejudiciais que elevados níveis de proteína (Klasing, 1998). Existemevidências de que os aminoácidos podem precipitar profundos efeitos deletérios nas aves, se este fornecimento não for correto. Os efeitos prejudiciais são: redução do consumo de ração, do ganho de peso e da utilização dos nutrientes, bem como agudas aberrações neurológicas, até a morte. A precipitação desses efeitos é causada por fatores como status nutricional e idade das aves, grau de desproporção dos aminoácidos dietéticos e propriedades intrínsecas, bem como destino metabólico dos aminoácidos (D’Mello, 1994). Existem três categorias de efeito deletério causado pelo incorreto balanceamento dos aminoácidos: desequilíbrio, antagonismo e toxidez. Embora este sistema exista há muito tempo atrás largamente confinado ao meio acadêmico, em virtude de ter se originado de experimentos com animais de laboratório (rato), atualmente existem evidências de significância prática do efeito adverso dos aminoácidos na nutrição dos animais domésticos, como as aves. Antagonismos entre aminoácidos estruturalmente relacionados tem assumido grande importância. Interações foram originalmente relatadas entre lisina e arginina e entre os aminoácidos de cadeia ramificadas, principalmente com ratos. Estes antagonismos tem sido estendido para os animais não ruminantes, e adicionalmente outras interações tem sido relatadas. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 22 F) Desequilíbrio de aminoácido O termo "desequilíbrio de aminoácido" foi primeiramente definido por Harper em 1964 como a mudança no padrão de aminoácidos da dieta, levando à redução no consumo de ração e crescimento, que são completamente corrigidos pela suplementação do primeiro aminoácido limitante. Podem ser mostrados dois tipos de desequilíbrio: aquele causado pela adição de uma quantidade relativamente pequena de aminoácido à uma dieta baixa em proteína, e aquele induzido por uma complexa mistura de aminoácido. Os frangos são tão sensíveis ao desequilíbrio quanto os ratos em crescimento. A primeira manifestação dos efeitos adversos do desequilíbrio de aminoácidos é a redução do consumo de ração, o que, conseqüentemente leva à redução do consumo de aminoácido limitante, levando então à redução no crescimento. O mecanismo bioquímico relativo aos efeitos anoréxicos do desequilíbrio de aminoácidos em ratos, foi descrito por Harper e Rogers em 1965. Segundo eles, o excesso de aminoácido chegando à circulação portal após o consumo de uma dieta desequilibrada estimula a síntese ou suprime a quebra de proteína no fígado levando à maior retenção de aminoácido limitante relativamente àqueles do grupo controle. Esta hipótese é aceita como explicação satisfatória para ratos e outros mamíferos, bem como para as aves. Aminoácidos podem regular o consumo de ração por meio da síntese e metabolismo dos neurotransmissores (noradrenalina e dopamina) no cérebro. Dados da literatura não são consistentes. Harrison e D'Mello (1987) encontraram redução de consumo, mas os efeitos sobre as concentrações de noradrenalina e dopamina no cérebro foram mínimos. Diversos estudos com suínos indicaram que o desequilíbrio de aminoácidos pode ocorrer em nível celular, ainda que a dieta possa parecer estar em balanço ideal. Como os aminoácidos livres (sintéticos) suplementados são absorvidos mais rapidamente que aqueles ligados na proteína, resulta em um desequilíbrio de aminoácido no local da síntese. O pico de absorção de lisina cristalina ocorre 1-2 horas após a alimentação, declinando em seguida, enquanto que dos aminoácidos oriundos da fração protéica da dieta ocorre 2-6 horas após a alimentação. Assim, em suínos alimentados uma vez por dia, essa falta de sincronismo na absorção poderia levar ao desequilíbrio de aminoácido em nível celular. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 23 G) Antagonismo De forma simples, antagonismo de aminoácido pode ser definido como a interação entre aminoácidos estruturalmente similares, resultando em efeitos adversos. Ou melhor, antagonismo ocorre quando o excesso de um aminoácido está associado com a deficiência de outros, cujos requerimentos serão então aumentados. Os mais conhecidos exemplos de antagonismo entre aminoácidos são: - excesso de lisina prejudicando a utilização de arginina e, por conseqüência, o desempenho de pintainhos. O inverso não ocorre; - excesso de leucina prejudicando a utilização dos dois aminoácidos de cadeia ramificada (isoleucina e valina); Esses efeitos adversos aparecem, mesmo quando os aminoácidos prejudicados não estão deficientes na ração. Um excesso de lisina induz a uma extremamente elevada atividade renal da arginase, o que leva à um anormal incremento na degradação da arginina. Da mesma forma um excesso de leucina induz um elevado catabolismo de outros aminoácidos de cadeia ramificada (valina e isoleucina), e reduz sua taxa de transporte pelas membranas (efeito competitivo dos aminoácidos compartilhando o mesmo sistema de transporte). Hoje, reconhece-se que antagonismos não são limitados aos descritos acima, mas podem ser precipitados por uma grande variedade de análogos que ocorrem naturalmente nas plantas, como aminoácidos não-protéicos. O antagonismo não é em nível digestivo, mas metabólico. Na maioria dos casos, a ação dos análogos é direcionada ao metabolismo e utilização dos aminoácidos essenciais estruturalmente relacionados com eles. H) Toxidez de aminoácido Além do desequilíbrio e antagonismo, descritos acima, pode ocorrer toxidez de aminoácidos. A metionina é o mais tóxico dos aminoácidos, reduzindo o consumo de ração e o crescimento, a níveis em torno de 3 vezes os requerimentos. Os aminoácidos não-essenciais são considerados menos tóxicos que os essenciais. A ordem relativa de toxidez dos aminoácidos para frangos em crescimento é: metionina>fenilalanina>triptofano=histidina=lisina>tirosina=treonina>isoleucina> arginina>valina=leucina (Klasing, 1998). Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 24 Metionina é o aminoácido maior depressor de crescimento quando adicionado ao nível de 40 g/kg de ração para aves e suínos. Leucina, isoleucina e valina não prejudicam o crescimento de suínos e aves, quando adicionados às estes mesmos níveis, em rações práticas. Tirosina, fenilalanina, triptofano e histidina são da mesma forma tóxicos, mas á níveis consideravelmente mais elevados (entre 10 e 200 vezes os requerimentos) (D’Mello, 1994). Os efeitos tóxicos dos aminoácidos podem ser precipitados pela alimentação de excesso de aminoácidos individuais, em função das suas particulares características estruturais ou metabólicas. Elevados níveis dietéticos de proteína causam acidose metabólica e podem contribuir para uma variedade de problemas nas aves, tais como: pior mineralização dos ossos; espessamento da casca do ovo e piora no crescimento. Excesso de treonina reduz o crescimento em frangos, mas não de suínos, enquanto arginina é mais tóxica para suínos que para pássaros em geral. Estes exemplos de toxidez, são na maioria das vezes restritos a situações experimentais. Em todos os casos, os efeitos prejudiciais do excesso somente podem ser corrigidos com a redução do fornecimento do aminoácido em questão. I) Excesso de aminoácidoSegue um breve sumário dos resultados dos experimentos onde excessos de aminoácidos foram adicionados em dietas praticas de suínos e aves: 1. Um excesso de adição de 1% de qualquer aminoácido essencial individual não reduz o crescimento nem a eficiência alimentar de suínos e frangos. Metionina é o único aminoácido essencial que reduz o ganho de peso em suínos ao nível suplementar de 2%; 2. Até um nível suplementar de 4%, leucina, isoleucina e valina não são redutores de crescimento; 3. .Até um nível suplementar de 4%, metionina é o aminoácido essencial maior redutor de crescimento. Em estudos de livre escolha, entretanto, dietas contendo 4% de excesso de triptofano são rejeitadas em uma maior extensão que dietas contendo 4% de excesso de metionina; Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 25 4. Um nível suplementar de 4% de lisina é tolerado melhor por suínos que por frangos. O inverso acontece com a arginina, que é mais redutora de crescimento para suínos que para aves; 5. Um nível suplementar de 4% de treonina é prejudicial ao crescimento de frangos mas não de suínos; 6. Excessos de aminoácidos essenciais [arginina (suínos), leucina, fenilalanina, tirosina] encontrados em rações práticas de cereal-soja, para suínos e aves não são deletérios para a performance do animal; 7. Excessos de aminoácidos não elevaram a produção de calor em suínos em uma pesquisa, mas outra pesquisa mostrou um aumento na produção de calor em suínos alimentados com excesso de aminoácidos durante os meses de verão, mas não durante os meses de inverno. CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de digestão e absorção das proteínas nas aves se inicia no proventrículo (o estômago verdadeiro) e moela, prossegue no intestino delgado (duodeno e íleo), sob a ação das enzimas produzidas nas glândulas gástricas (pepsina), pâncreas (tripsina, quimotripsina, elastase, carboxipepdidase A e B). O pH exerce papel fundamental na ação das enzimas, sendo baixo (± 3) no proventrículo e moela, e mais elevado (± 6) no intestino delgado. As proteínas ingeridas pelas aves contêm compostos complexos (polipeptídeos), que necessitam ser degradados seqüencialmente, até moléculas simples (aminoácidos) por um sistema complexo de enzimas (proteolíticas) e outras secreções liberadas no lúmen do intestino. Estas moléculas simples são, então, absorvidas para a corrente sangüínea, através do epitélio intestinal, e são transportadas até os tecidos alvos, onde vão fazer parte do processo de síntese protéica. Curso de Fisiologia da Digestão e Metabolismo dos Nutrientes em Aves 25 a 28 de outubro de 2004 – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP de Jaboticabal Coordenadores: Nilva K. Sakomura, Vera Maria B. de Moraes, Ariel A. Mendes e Ellen H. Fukayama 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARGENZIO, R.A. Digestão e absorção dos carboidratos, gorduras e proteínas. In: SWENSON, M.J.; REECE, W.O. DUKES – Fisiologia dos animais domésticos. Rio de Janeiro:GUANABARA KOOGAN, 1996. p.330- BAKER, D.H. Utilization of precursors for L-amino acids. In: D´MELLO, J.P.F. Amino acid in farm animal nutrition. Oxon:CAB International, 1994. p.37-61. BEITZ, D.C. Metabolismo de proteínas e aminoácidos. In: SWENSON, M.J.; REECE, W.O. DUKES – Fisiologia dos animais domésticos. 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