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DISCIPLINA: Introdução aos Estudos Universitários I – UGF 100 
UNIDADE II: O Desafio da Modernidade Aula 07 
TEXTO 06: Editorial sobre a Ética 
 
 
Editorial 
 
As funções da universidade têm sido historicamente objeto de discussão, bem como 
têm sofrido transformações em função do momento histórico das sociedades nas quais se inserem. 
A produção e transmissão do conhecimento científico, a qualificação de trabalhadores, a elevação 
do nível cultural da sociedade, a participação na resolução de problemas sociais e também a 
formação do caráter dos seus alunos são exemplos dessas funções. Mesmo comportando 
polêmica, essa última função – a de formação do caráter dos alunos - tem sido aceita como 
intrínseca da universidade, uma vez que a ética e a moral social são coadjuvantes da formação 
intelectual e dela não podem dissociar-se. 
Alguns significados podem ser associados ao termo ética: valores morais; princípios 
ideais da conduta humana; conjunto de princípios morais que regem uma profissão; normas de 
ajuste das relações entre membros da sociedade. Ao termo moral são ainda associados outros 
sentidos como: honestidade; justiça; conjunto de preceitos que visam à equidade; algo pertencente 
ao espírito ou à inteligência; deveres do homem em sociedade; disposição de espírito. A expressão 
Ser Ético comporta, portanto, o significado de agir de acordo com a ética. 
Podemos, a partir desses significados, destacar três fundamentos básicos da ética 
acadêmica ou universitária: 
1) A ética parte do princípio da existência de um conjunto de valores morais que rege o 
comportamento das pessoas de uma sociedade ou grupo social, no nosso caso, da universidade; 
2) A ética, em sua dimensão subjetiva, pressupõe atributos pessoais que devem reger a 
tomada de decisões em situações difíceis; 
3) A ética visa à equidade, ou seja, à igualdade e ao respeito aos direitos do outro. 
Ao assumir a ética como parte do processo de produção e divulgação do conhecimento, 
novos problemas se colocam, uma vez que ela envolve valores da conduta humana de difícil 
avaliação, por serem imateriais, intangíveis. 
Conforme observamos na própria definição, ética e moral são atributos ou disposições 
do espírito e da inteligência que pertencem à subjetividade individual e que constituem a 
subjetividade coletiva. 
Analisando os três fundamentos básicos da ética acadêmica destacados, podemos 
problematizar a vigência de três princípios éticos na produção do conhecimento, quais sejam: a 
hipertrofia da cidadania solidária e hipotrofia da cidadania consumista; supremacia da 
subjetividade; o conhecimento como bem comum, datado e localizado. 
No primeiro princípio, a necessidade de consumo de conhecimento não pode superar 
os valores estabelecidos pelo grupo social que produziu esse conhecimento, sob pena de 
comprometer a sua sobrevivência. 
Se a ética representa um conjunto de normas de conduta, portanto de ação, de 
comportamentos, esse fazer necessita estar amparado pelos princípios de honestidade; justiça e 
equidade, que são os próprios princípios da ética e da moral acadêmica. O respeito a esses 
princípios, por conseguinte, não pode ser suplantado pelo imperativo da produção acadêmica, seja 
essa necessidade motivada pela falta de tempo ou pela incapacidade em fazê-la. Essa ação será 
sempre anti-ética ou imoral sob os olhos da sociedade e da academia, uma vez que fere os seus 
princípios basilares de honestidade, justiça e equidade e contribui para a desqualificação do grupo 
social ao qual pertence o sujeito da ação. 
No segundo princípio, as regras de comportamento de um grupo social contribuem para 
seu fortalecimento apenas se os sujeitos estão de acordo com elas e as interiorizam como padrões 
de conduta, isto é, quando seus participantes entendem a importância desses comportamentos e 
os aceitam. O sujeito, no contexto do grupo, pode fortalecê-lo ou enfraquecê-lo, internamente e 
também politicamente dentro da sociedade mais ampla na qual se insere. Isso não significa dizer 
que as regras de ação sejam imutáveis, mas sim que existe um conjunto de normas que são 
fundamentais para a existência de um grupo social e que a sua contestação significa o 
questionamento da própria existência do grupo. Essa subjetividade do que se considera ético em 
grupos menos fortalecidos socialmente é ainda mais importante. 
No terceiro princípio, considera-se que o conhecimento acadêmico produzido é um 
produto com características diferentes de um produto material, que pode ser comprado no 
supermercado, mas nem por isso deixa de ser o resultado de um trabalho desenvolvido por 
alguém, seja esse alguém uma pessoa ou um grupo de pessoas conjuntamente, ou mesmo uma 
instituição. Como resultado de um trabalho, o conhecimento acadêmico é assinado, datado e 
localizado, ou seja, produzido por alguém, num certo momento e em determinado lugar. O 
conhecimento produzido por uma pessoa ou grupo social, portanto, pertence a esse grupo e a ele 
deve ser creditado, respeitando-se o momento da sua produção e o local onde foi produzido. A 
apropriação desse conhecimento por terceiros, anulando ou substituindo a sua autoria, 
historicidade ou localidade, é uma ação tão imoral e antiética quanto qualquer outra ação 
intencional de apropriação do resultado do trabalho de outro. 
Dessa forma, refletir sobre a ética na produção do conhecimento científico significa 
também localizar de qual grupo falamos e em que posição esse grupo se encontra na hierarquia 
acadêmica ou universitária. 
Essa segunda questão se refere à particularidade do campo de conhecimento da 
enfermagem e do conhecimento nela produzido, sua singularidade ética e a importância desse 
conhecimento para o fortalecimento do grupo acadêmico da Enfermagem. 
 
OLIVEIRA, Denize Cristina de. Editorial. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro: UERJ, v.14, 
n. 4, out/dez, 2006. Disponível em < www.facenf.uerj.br/v14n4/v14n4a01.pdf> Acesso em jul. 2009.

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