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PROMOÇÃO DA SAÚDE DAS MULHERES QUILOMBOLAS, INDÍGENAS OU REFUGIADAS E A RELAÇÃO COM OS DETERMINANTES SOCIAIS. Disciplina: Saúde da Mulher Profa Ms. Nathália Ruder Borçari Profª Enfª Ms. Natalia de Castro Nascimento Profa. Enfª Ms. Thaís Morengue Di Lello Boyamian Objetivos de aprendizagem Reconhecer os determinantes sociais envolvidos na assistência à saúde da população quilombola, indígena e refugiada Cuidados à assistência e promoção da saúde das mulheres quilombola, indígena e refugiada SAÚDE DA POPULAÇÃO INDÍGENA Saúde Indígena: Relacionada com a terra e o equilíbrio da natureza. Construção coletiva conquistada pelo fortalecimento do seu protagonismo e poder de decisão. Possuem sistemas tradicionais de saúde Relação com a organização social e cultura. Uso de das plantas medicinais, rituais de cura, e práticas diversas de promoção da saúde, sob a responsabilidade de pajés, curadores e parteiras tradicionais. Determinantes de saúde: Relacionados à garantia de sua plena cidadania, com autonomia, posse territorial, uso exclusivo dos recursos naturais e integridade dos ecossistemas específicos Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas aprovada em 2007 : “Os povos indígenas têm direito a suas próprias medicinas tradicionais e a manter suas práticas de saúde, bem como desfrutar do nível mais alto possível de saúde, e os Estados devem tomar as medidas necessárias para atingir progressivamente a plena realização deste direito” Problemas de saúde na comunidade indígena: - Alta ocorrência de doenças de fácil resolutividade: Anemia, Diarréia, Doenças de pele, Infecções respiratórias, Obesidade, Hipertensão arterial, Diabetes mellitus. Poderiam ser resolvidos com o estabelecimento de ações sistemáticas e contínuas de saúde. Princípios da Atenção Diferenciada à Saúde Indígena Formação, capacitação e acompanhamento dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS), valorizando os conhecimentos e trazendo novos conhecimentos para que realizem as ações de prevenção, educação e promoção da saúde nas comunidades. Mobilização das lideranças indígenas: a formação e a instalação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) com autonomia administrativa e financeira Luta com o movimento indígena, para a implementação do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS), com base nos DSEIs, tendo como responsável o Ministério da Saúde. Constituição dos Conselhos Locais e Distritais de Saúde em todas as regiões Investir na formação continuada nas comunidades Apoiar e assessorar a realização dos cursos para Conselheiros Indígenas de Saúde nas aldeias A Lei Arouca e a criação do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena “Lei Arouca” (Lei nº. 9.836, de 23 de setembro de 1999) “O Ministério da Saúde estabelecerá as políticas e diretrizes para a promoção, prevenção e recuperação da saúde do índio, cujas ações serão executadas pela Funasa”.(Fundação Nacional de Saúde - http://www.funasa.gov.br) A Lei Arouca determinou que o governo federal instituísse o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS), http://bvsms.saude.gov.br/bvs /publicacoes/politica_saude_i ndigena.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf SAÚDE DA POPULAÇÃO REFUGIADA Quem são? Pessoas que estão fora de seu país de origem por temores e guerras motivadas por questões de raça, religião, nacionalidade, grupo social específico ou opinião política e não podem ou não querem valer-se da proteção de seu país. Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997: mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados Pessoas obrigadas a deixar seu país devido a grave violação de direitos humanos. Pessoas que solicitam ao Estado Brasileiro serem reconhecidas como refugiadas, mas que ainda não tiveram sua solicitação de reconhecimento deliberada pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Enquanto aguardam a decisão, o/a solicitante de reconhecimento da condição de refugiado encontra-se em situação migratória regular. Lei nº 9.474, de 1997: Comitê Nacional para os Refugiados – Conare Órgão responsável pela análise da solicitação e pelo reconhecimento da condição de refugiado. Pelas declarações de cessação e de perda da condição de refugiado. Por orientar e coordenar ações necessárias à eficácia da proteção, assistência e apoio jurídico aos refugiados Por aprovar Resoluções Normativas que tratam de questões relativas à aplicação da referida lei. Reunião familiar e extensão dos efeitos da condição de refugiado: A reunião familiar é a possibilidade concedida ao refugiado de trazer sua família ao Brasil para viver em unidade familiar e é viabilizada por meio da concessão de visto temporário para reunião familiar O Sisconare é a nova plataforma em que irão tramitar todos os processos relacionados a refúgio no Brasil. • Para os solicitantes, é uma forma mais fácil e ágil de formalizar o seu pedido de reconhecimento da condição de refugiado • Para os refugiados, será uma ferramenta mais ágil para manutenção de seus dados atualizados. Desafios à promoção da saúde da mulher refugiada 1 Língua 2 Cultura 3 Relações de confiança SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA E QUILOMBOLA Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 344, de 1º de fevereiro de 2017: Adota o critério da autodeclaração, ou seja, o próprio usuário define qual é sua raça/cor, com exceção nos casos de recém-nascidos, óbitos ou diante de situações em que o usuário estiver impossibilitado cabendo aos familiares ou responsáveis a declaração de sua cor ou pertencimento étnico-racial. Negras e negros constituem mais da metade da população brasileira. São grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Doenças predominantes entre a população negra Anemia falciforme — Doença hereditária decorrente de uma mutação genética ocorrida no continente africano. A doença, que chegou ao Brasil pelo tráfico de escravos, é causada por um gene recessivo, que pode ser encontrado em frequências que variam de 2% a 6% na população brasileira em geral e de 6% a 10% na população negra. Diabetes mellitus (tipo II) — Essa doença atinge com mais frequência os homens negros — 9% a mais que os homens brancos — e as mulheres negras, em torno de 50% a mais do que as mulheres brancas. Doenças predominantes entre a população negra Hipertensão arterial — Em geral, a hipertensão é mais alta entre os homens e tende ser mais prevalente em negros, de ambos os sexos. Deficiência de glicose 6 fosfato desidrogenase (G6PD) — Distúrbio genético ligado ao cromossomo X, apresenta frequência relativamente alta em negros e populações do Mediterrâneo, como na Itália e no Oriente Médio (5% a 40%). A falta dessa enzima resulta na destruição dos glóbulos vermelhos, levando à anemia hemolítica. Racismo como determinante social de saúde da população negra Causas determinantes e condicionantes de saúde: modos de vida, trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. Racismo é o principal determinante social em saúde para a população negra. já que incide negativamente sobre todos esses fatores. MS compreende a situação vulnerabilidade que afeta a saúde da população negra –e reconhece que o racismo compromete o acesso desta população aos serviços públicos de saúde Política Nacional de Saúde para a Mulher Negra Portaria GM/MS nº 992, de 13 de maio de 2009 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacion al_saude_populacao_negra_3d.pdf Edição de 2017 MS reconhece e assume a necessidade de mecanismos de promoção da saúde integral da população negra e do enfrentamentoao racismo, com vistas à superação das barreiras que incide nas taxas de óbitos, mortalidade materna e infantil, maior prevalência de doenças crônicas e infecciosas e altos índices de violência. Garantir o acesso da população negra a ações e serviços de saúde, de forma oportuna e humanizada, contribuindo para a melhoria das condições de saúde desta população e para redução das iniquidades de raça/cor, gênero, identidade de gênero, orientação sexual, e de classe http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra_3d.pdf Saúde das mulheres: reflexões ■ Exames de mamografia: maior índice em mulheres brancas e com ensino superior ■ Menores taxas em exames: mulheres pretas ou pardas, sem instrução ou com ensino fundamental incompleto ■ Mulheres indígenas, pardas e pretas, são mães mais jovens ■ Mulheres brancas fazem mais consultas de pré-natal do que mulheres negras ■ Mulheres brancas recebem mais orientações sobre riscos da gestação do que mulheres negras ■ Mais da metade de óbitos maternos são de mulheres negras ■ Maiores taxas de sífilis em mulheres pretas, pardas e indígenas ESTUDO DE CASO ■ M.T.S, 28 anos, chega a unidade básica acompanhada de seu marido para uma consulta com o enfermeiro devido queixa de dores gástricas. O enfermeiro, ao receber o casal, inicia o acolhimento. Ao iniciar a entrevista percebe que somente o marido responde aos questionamentos direcionados à mulher, ainda com muita dificuldade de entender, uma vez que seu país de origem é a Síria. Enquanto isso a mulher se mantém o tempo todo de cabeça baixa. O profissional informa o marido que ele irá realizar algumas exames e inicia o processo pela aferição da pressão arterial na sua esposa. Para isso o profissional instala o aparelho de pressão manual de forma correta no braço que se pretende aferir. Quando o enfermeiro inicia a técnica o marido começa a gritar proferindo palavras de sua língua pátria e sai do consultório de enfermagem. A mulher começa a chorar, gesticula solicitando que o enfermeiro retire o aparelho e sai em busca do marido. O enfermeiro assustado relata o ocorrido no prontuário. DESTAQUE POSSÍVEIS PROBLEMAS DESTA ASSISTÊNCIA O QUE O ENFERMEIRO PODERIA FAZER DE DIFERENTE? REFERÊNCIAS Agência da ONU para refugiados. ACNUR. Cartilha para Refugiados no Brasil - Direitos e Deveres, Documentação, Soluções Duradouras e Contatos Úteis. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2018/02/Cartilha-para-Refugiados-no- Brasil_ACNUR-2014.pdf Ministério da Saúde. Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. O SUS está de braços abertos para a saúde da população negra. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/SUS_bracos_abertos_saude_populcao_negra.pdf Ministério da Saúde. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra : uma política para o SUS. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_integral_populacao.pdf Ministério da Saúde. Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra_3d.pdf Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2018/02/Cartilha-para-Refugiados-no-Brasil_ACNUR-2014.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/SUS_bracos_abertos_saude_populcao_negra.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_integral_populacao.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra_3d.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf
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