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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS Correspondem a maior parte do TGI (trato gastrointestinal). Local onde o sistema imunológico encontra diversos antígenos presentes nos alimentos. pois é um ambiente extremamente contaminado. A flora bacteriana intestinal é 10x mais numerosa que as células eucariontes no corpo humano (sítio frequente de inflamações e infecções). Cólon é o local mais comum de neoplasias gastrointestinais nas populações ocidentais. ANATOMIA Intestino delgado: duodeno, jejuno e íleo. Intestino grosso: cólon ascendente, transverso, descendente, sigmoide e reto. HISTOLOGIA INTESTINAL 4 COMPARTIMENTOS: 1. Mucosa Epitélio: as criptas mucosas são distribuídas paralelamente (aspecto tubular) e revestidas por epitélio colunar polarizado (núcleo na porção basal e citoplasma/muco apical) - limitados pela membrana basal -> enterócitos. Células epiteliais: absortivas, caliciformes (produção de muco), Paneth (mais comum no intestino delgado), enterocromafins (neuroendócrinas) Córium (ou lâmina própria): matriz extracelular e células inflamatórias, vasos - limitados pela camada muscularis mucosae (ou camada muscular da mucosa) Agregados linfoides colônicos (semelhantes às placas de Peyer vistas no intestino delgado) -> potencializar a função protetora com resposta imunológica no intestino. Pode ser tubular (com a parte superior mais reta. Mais comum no ID) e viloso (sem uma organização. O resto de todo o intestino) Ela tem 2 ambientes, composta de epitélio e estroma (lâmina própria). 2. Submucosa Submucosa fica abaixo da camada muscularis mucosae (plexo de Meissner) - estruturas ganglionares com um pouco de inervação. Matriz extracelular, fibras musculares lisas, fibras elásticas, adipócitos, vasos, miofibroblastos (incluindo células de Cajal - são elas que causam o tumor estromal do TGI). 3. Muscular externa (ou muscular própria) e Serosa 2 camadas musculares lisas: Interna = circular Externa = longitudinal Plexo de Auerbach (é quem irá estimular a peristalse). Células ganglionares e células de Cajal. Subserosa: tecido conjuntivo fibroelástico. Serosa: revestimento mesotelial. OBSTRUÇÃO INTESTINAL Mais frequente no intestino delgado (luz mais estreita). Manifestações clínicas: dor, distensão abdominal (por acúmulo de gases na região por conta da obstrução), vômito e constipação. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II Causas mecânicas: 80% por hérnias, aderências, intussuscepção e vólvulo. 20% por tumor, infarto e doença de Crohn. Tratamento: cirúrgico quando por causas mecânicas ou associado a infarto intestinal. HÉRNIAS Causa mais frequente de obstrução intestinal, pela protrusão visceral (herniação externa). As hérnias ocorrem quando um tecido acha uma área de fragilidade para ir para outro caminho mais fácil. Mais frequente: hérnia inguinal, mais comum em meninos (orifícios estreitos e sacos largos). Encarceramento = aprisionamento permanente. Estrangulamento = comprometimento arterial e venoso, seguido de infarto. Projeção da alça intestinal na parede abdominal. ADERÊNCIAS É uma faixa de tecido que une dois tecidos do seu corpo. Ela tem a aparência de um filme plástico ou bandagens muito fibrosas. Causas: procedimentos cirúrgicos, infecções, outras causas de inflamação peritoneal (endometriose). As pontes fibrosas podem criar alças fechadas por onde as vísceras deslizam e ficam aprisionadas (herniação interna). Também podem encarcerar e estrangular. VÓLVULO Torção de alça intestinal sobre seu ponto mesentérico de conexão. Resulta com comprometimento tanto luminal quanto vascular (características de obstrução e infarto). Mais frequente em alças redundantes do cólon sigmoide, seguido pelo ceco, ID e estômago. INTUSSUSCEPÇÃO Causa mais comum de obstrução intestinal em crianças menores de 2 anos. Tem sido associado a infecções virais e vacina contra Rotavírus (talvez por hiperplasia das placas de Peyer, tecido linfoide associado a mucosa, servindo como ponto inicial de tração). Em adultos: por massa intraluminal ou tumor. Segmento de intestino, comprimido por uma onda de peristalse, se encaixa no segmento distal mais próximo. Aprisionado, o segmento é "empurrado" adiante pelo peristaltismo e traz o mesentério junto, podendo progredir para obstrução, compressão dos vasos mesentéricos e infarto. Tratamento: enemas (redução eficaz em crianças ou quando não há uma causa mais prévia). DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS Formação de "bolsas" externas, adquiridas, pseudodiverticulares, da mucosa e submucosa colônica. Causas: dietas pobres em fibras. Torna as fezes mais ressecadas, aumentando a pressão no interior do cólon. Manifestações clínicas: cólicas intermitentes, desconforto abdominal inferior, constipação (que pode, distensão e a sensação de nunca esvaziar o reto). Pode ocasionar o achado de "sangue oculto nas fezes" (hemorragia microscópica). ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II É uma herniação da mucosa intestinal e, em geral, são múltiplos: diverticulose. A obstrução do divertículo leva a alterações inflamatórias: diverticulite. Em casos com perfuração, podem ocorrer abcessos pericolônicos e peritonite. PÓLIPOS INTESTINAIS Pequenas (inicialmente) elevações/protrusões na mucosa. Mais comum na região colorretal. Classificados como: 1. Sésseis (somente uma elevação) ou pediculados (quando faz uma elevação e também tem um pezinho). 2. Não neoplásicos (hiperplásicos, inflamatórios, hamartomatosos) ou neoplásicos (adenomas, adenocarcinoma). PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS COLÔNICOS Proliferações epiteliais benignas (descamação "atrasada" gerando uma superpopulação de células caliciformes e absortivas maduras). Faixa etária: 6a e 7a décadas. Não tem potencial de malignização (devem ser distinguidos dos adenomas serrilhados). Macroscopia: em geral, pequenos (<5mm), únicos ou múltiplos, principalmente no sigmoide e reto. Microscopia: projeção polipoide com superfície de aspecto serrilhado na porção superior das criptas, com aglomeração de células epiteliais sem atipias. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS INTESTINAIS Fazem parte da síndrome da úlcera retal solitária. Tríade clínica: sangramento retal, descarga de muco e lesão inflamatória na parede retal anterior. Causa: relaxamento prejudicado do esfíncter anorretal, criando um ângulo agudo na protuberância retal anterior que ocasiona abrasão recorrente e ulceração da mucosa retal, podendo formar um pólipo inflamatório como consequência dos ciclos crônicos de lesão e reparo. Microscopia: infiltrado inflamatório misto, erosão, hiperplasia epitelial e fibromuscular da lâmina própria. PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS Causa: mutações da linhagem germinativa nos genes supressores tumorais ou proto- oncogenes. São herdadas. Esporádicos ou como componente de Síndromes geneticamente determinadas ou adquiridas. Pólipos juvenis, esclerose tuberosa, polipose adenomatosa familiar (PAF). POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR (PAF) Doença autossômica dominante na qual todos os pacientes desenvolvem numerosos adenomas colorretais desde a adolescência. Mutação no gene APC (gene adenomatose polipose coli); regulador negativo da via WNT. 75% hereditários. 25% mutações adquiridas. Macroscopia: ao menos 100 pólipos colônicos. A malignização ocorre em 100% dos pacientes não tratados, frequentemente antes dos 30 anos e quase sempre aos 50. PÓLIPOS NEOPLÁSICOS Mais comum: adenomas colônicos. Caracterizados pela presença de displasia epitelial. São precursores da maioria dos adenocarcinomascolorretais. Colonoscopia: recomendável vigilância clínica nos adultos a partir dos 50 anos. Nos casos de parentes com adenocarcinoma colorretal: vigilância 10 anos antes de idade de diagnóstico familiar. ADENOMAS COLORRETAIS 0,3 cm a 10cm: tamanho é a característica mais importante correlacionada ao risco de malignidade. A despeito da forte relação, a maioria dos adenomas não progride para adenocarcinoma. Presença de carcinoma é rara em pólipos menores que 1cm. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II Macroscopia: sésseis ou pediculados. Superfície aveludada. OBS.: se há apenas displasia dentro do adenoma, isso significa que ainda não é neoplasia. Microscopia: Arquitetura: tubulares, vilosos, túbulo-vilosos e serrilhados. Presença de displasia epitelial caracterizada por hipercromasia (mais escuro que o normal), alongamento e estratificação nuclear. Também são vistos nucléolos, citoplasma eosinofílico, redução das células caliciformes. CÂNCER COLORRETAL HEREDITÁRIO NÃO POLIPOSE (CCHNP) - SÍNDROME DE LYNCH Tendem a ocorrer em idades mais precoces que o câncer colônico esporádico. Principalmente no cólon direito. Mutações hereditárias nos genes MSH2 ou MLH1 (que codificam proteínas responsáveis pelo reparo do DNA): erros de pareamento e instabilidade microssatélite. ADENOCARCINOMA COLORRETAL Malignidade mais comum do TGI. Outros tipos de câncer: neuroendócrino, linfoma e sarcoma. Melanoma é raro. Picos de incidência 60-70 anos. Fatores dietéticos como baixa ingestão de fibras vegetais inabsorvíveis e alta ingestão de carboidratos refinados e gorduras estão associados com câncer do TGI embora essa relação seja pouco compreendida: alteração na microbiota com mais subprodutos oxidativos (?). Quimioprevenção: AINEs. Aspirina é usada em pacientes com PAF (efeito mediado pela inibição da COX-2, que restringe a produção de prostaglandina E2 que promove a proliferação epitelial. Vias genéticas: APC/B-catenina Sequência clássica adenoma-carcinoma (80% dos tumores esporádicos) Instabilidade microssatélite (MSI) Deficiência de reparo de erros de pareamento do DNA, com mutações acumuladas nas repetições de microssatélite. Superexpressão dos telômeros. Macroscopia: Cólon ascendente (direito e ceco): massas polipoides e exofíticas. Raramente causam obstrução. Vegetante. Cólon descendente, sigmoide e reto: massas anulares, estenosantes, constrição "em anel de guardanapo" causando estreitamento luminal e até obstrução. Microscopia: Igual ao longo de todo o cólon. Células colunares altas parecidas com as do epitélio displásico visto nos adenomas. Componente invasivo forma estruturas glandulares aberrantes e irregulares, que evocam forte resposta desmoplásica estromal (que confere a firmeza desses tumores). Quanto menor a formação de glândulas neoplásicas = pouco diferenciado. Podem ter células “em anel de sinete”, produção abundante de mucina (carcinoma mucinoso) e diferenciação neuroendócrina. Aspectos clínicos: Vigilância endoscópica + conhecimento da sequência adenoma-carcinoma = oportunidade de prevenção. Desenvolvimento insidioso, podendo passar despercebido por longos períodos. Lado direito: fadiga e fraqueza devido à anemia ferropriva. “É uma máxima clínica que a causa subjacente da anemia por deficiência de ferro em um homem idoso ou uma mulher na menopausa, seja câncer intestinal até se prove o contrário”. Lado esquerdo: sangramento oculto, alterações do hábito intestinal ou cólicas e desconforto no quadrante inferior esquerdo abdominal. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II Prognóstico: Histologia pouco diferenciada e mucinosa está associada a mau prognóstico. Dois fatores prognósticos mais importantes: 1. Profundidade de invasão 2. Presença de metástases linfáticas Metástases da via sanguínea mais comuns para fígado (drenagem portal do cólon), mas também pulmão e ossos. Reto não tem drenagem portal, portanto, em geral, as metástases dos tumores da região anal “contornam” o fígado.
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