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ENGENHARIA DE MÉTODOS Altair Flamarion Klippel Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 E57 Eng enharia de métodos / Altair Flamarion Klippel, Henrique Martins Rocha, Carolina Abbud, Paulo Henrique Caixeta. – 2. ed. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-021-4 1.Sistema de produção - Engenharia. 2. Método de trabalho. 3. Método Troca Rápida de Ferramentas. I. Klippel, Altair Flamarion. II. Rocha, Henrique Martins. III. Abbud, Carolina. IX. Caixeta, Paulo Henrique. CDU 658.5 Revisão 2 sobre Sistemas de produção I Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relembrar os conceitos do Sistema Toyota de Produção, com foco no Mecanismo da Função Produção. Reconhecer os conceitos do Sistema Toyota de Produção, com foco em perdas existentes nos sistemas produtivos. Identi� car os conceitos relacionados com a Teoria das Restrições. Introdução Neste texto, você vai revisar os conceitos relacionados com o Mecanismo da Função Produção (MFP), com as Perdas existentes nos sistemas pro- dutivos e com a Teoria das Restrições (TOC). O que é o Mecanismo da Função Produção (MFP)? Ao desenvolver o denominado Sistema Toyota de Produção (STP), também conhecido como Sistema de Produção Enxuta e Just-in-Time – JIT, os japo- neses da Toyota Motor Company revolucionaram os conceitos da atividade industrial, rompendo paradigmas e apresentando uma nova forma de observar o fenômeno da produção. Shingo (1966a, p. 37) diz que “Antes de estudar o STP, é necessário entender a função da produção como um todo.”. “Produção constitui uma rede de processos e operações, fenômenos que se posicionam ao longo de eixos que se interseccionam. Em melhorias de produção, deverá ser dada prioridade máxima para os fenômenos de processo.” (SHINGO, 1996b, p. 29). Com essa afirmação, Shingo (1996a, 1996b) revolucionou o conceito do que é o fenômeno da produção. Existem dois eixos: o primeiro é o eixo do processo e corresponde ao fluxo das matérias-primas e dos materiais que se transformam em produtos finais, enquanto o segundo é o eixo das operações e corresponde ao fluxo de homens e máquinas, que interagem sobre as matérias- -primas e materiais. Shingo (1996b) afirma que o processo pode ser entendido como o fluxo de produtos de um trabalhador para outro, ou seja, os estágios pelos quais a matéria-prima se move até se tornar um produto acabado, pela sua trans- formação gradativa. Por sua vez, a operação refere-se ao estágio distinto no qual um trabalhador pode trabalhar em diferentes produtos, isto é, um fluxo temporal e espacial, firmemente centrado no trabalhador. Observar o processo da produção em uma indústria metalomecânica, por exemplo, é observar o que ocorre ao se transformar uma chapa de aço em uma peça ou componente de um produto. É observar a produção do ponto de vista do objeto de trabalho (materiais ou produtos). Por outro lado, as operações podem ser visualizadas como o trabalho para efetivar esse processo. Como foi dito, a operação é a análise dos diferentes estágios nos quais os trabalhadores, as máquinas e os equipamentos podem atuar ou ser aplicados em diferentes produtos. É observar a produção do ponto de vista do sujeito do trabalho (máquinas e trabalhadores), com o foco dirigido e mantido em um ponto da estrutura de produção ocupado por um operador, uma máquina ou um equipamento, ou ainda, como frequentemente acontece, uma combinação de ambos. Ao observar a furação de uma chapa de aço, o que se observa é a operação de furação, operação que faz parte do processo de produção da peça ou componente do produto final. Do conceito acima, constata-se que o processo nada mais é do que o fluxo do produto, enquanto a operação é o fluxo do trabalho. Como já foi dito, esses dois fluxos não são fenômenos sobrepostos pertencentes a um mesmo eixo de análise. São fenômenos pertencentes a eixos diferentes que, na sua interseção, constituem o mecanismo da produção. Por pertencerem a eixos diferentes, esses fenômenos devem ser analisados separadamente. A análise das operações contribui apenas para a redução dos custos de produção, enquanto a análise do processo permite o aumento da eficácia do processo, por meio da maior agregação de valor ao produto e da eliminação das operações que só aumentam os custos, causando desperdícios. A Figura 1 mostra a estrutura da produção: 11Revisão 2 sobre Sistemas de produção I Figura 1. A estrutura da produção. Fonte: Antunes et al. (2013, p. 33) adaptada de Shingo (1996a). Estoque MP, Materiais MPs, Materiais e Serviços Produtos e Serviços OPERAÇÃO Sujeito do Trabalho (Pessoas, Equipamentos, Instalações) PR O CE SS O O bj eto d o Tr ab alh o (M Ps , M at eri ais e Se rvi ço s) Lotes esperando processamento Espera de lote Processamento Espera de lote Inspeção Estoque Produtos Manufaturados Transporte, movimentação interna de cargas Shingo (1996a) adotou esta simbologia para representar as atividades que acontecem em um processo: Engenharia de métodos12 Estoque matérias-primas, materiais Transporte, movimentação interna de cargas Espera de lote Processamento Lotes esperando processamento Inspeção Estoque de produtos manufaturados E s p e r a s Processamento – Mostra a operação sofrida pelo produto. Deve ser informado o tipo de operação (se manual ou automática), o número de operadores envolvidos, o tempo de ciclo para uma (01) peça, o tempo médio de setup (tempo médio de preparação) do equipa- mento, se há problemas relativos à qualidade ou características críticas do produto na operação, se há problemas relativos à manutenção do equipamento, o tempo disponível do equipamento por dia em minutos, tempo médio de e entre falhas para manutenção e outras informações julgadas necessárias. Estoque matérias-primas, materiais Transporte, movimentação interna de cargas Espera de lote Processamento Lotes esperando processamento Inspeção Estoque de produtos manufaturados E s p e r a s Transporte ou movimentação – Indica qualquer movimento do produto ou matéria-prima antes, durante ou após as operações. Deve ser informado o tipo de transporte utilizado (carrinhos, paleteiras, caminhão, etc.) e a distância percorrida em metros, dentro ou fora da empresa. Estoque matérias-primas, materiais Transporte, movimentação interna de cargas Espera de lote Processamento Lotes esperando processamento Inspeção Estoque de produtos manufaturados E s p e r a s Inspeção – Indica quando há uma inspeção ou atividade ligada a verificações de qualidade, seja pelo operador ou no setor de qualidade (laboratórios etc.). Deve ser informado o tipo de inspeção (se 100% ou amostragem, por exemplo) e o tempo consumido com esta operação de controle da qualidade. Estoque matérias-primas, materiais Transporte, movimentação interna de cargas Espera de lote Processamento Lotes esperando processamento Inspeção Estoque de produtos manufaturados E s p e r a s Espera de lote – Mostra quando um lote de transferência está pró- ximo à máquina e a operação está em fluxo (processando as peças do lote). Em qualquer processo que trabalhe em lote (mais de uma peça entre as operações) haverá este símbolo antes e depois de cada operação indicando que o lote da peça mapeada está em processa- mento. Deve ser informado o tamanho do lote e o tempo de espera do lote (tempo de ciclo da peça multiplicado pelo tamanho do lote menos 1 unidade correspondente à primeira peça processada do lote). Estoque matérias-primas, materiais Transporte, movimentação interna de cargas Espera de lote Processamento Lotes esperando processamento Inspeção Estoque de produtos manufaturados E s p e r a s Lote esperando processamento – Indica quando um lote está aguardando a vez para ser processado. Ocorre quando há mais de um lote para processamento (que pode ser do mesmo produto ou não) ouquando a máquina se encontra parada por algum motivo (setup, manutenção, etc.). Deve ser informado o tamanho do lote e o tempo total de espera. 13Revisão 2 sobre Sistemas de produção I As 7 grandes perdas do Sistema Toyota de Produção Ao analisar um processo de produção de um sistema produtivo de acordo com a lógica do Mecanismo da Função Produção (MFP), os construtores do Sistema Toyota de Produção (STP) identifi caram as “7 Grandes Perdas” existentes no sistema, desperdícios que devem ser eliminados ou minimizados. O que é o Sistema Toyota de Produção? Shingo diz que só poucas pessoas compreendem realmente o objetivo desse sistema e respondem: “É um sistema que visa à eliminação total das perdas.” (SHINGO, 1996a, p. 101). Observando as atividades que ocorrem no fenômeno da produção (proces- samento, transporte inspeção e espera) os construtores do STP identificaram 7 grandes tipos de perdas, a saber: 1. perdas por superprodução; 2. perdas por transporte; 3. perdas por processamento em si; 4. perdas por fabricar produtos defeituosos; 5. perdas por espera; 6. perdas por estoques; e 7. perdas no movimento. As perdas por superprodução são aquelas decorrentes da produção an- tecipada de produtos, imobilizando-se recursos antes do necessário ou por produção excessiva, em que se produz mais do que a procura, com o objetivo de “compensar” a produção de produtos defeituosos ou fazer estoque. Nos dois casos há desperdício. Ocorrem, também, quando há excesso de matérias- -primas/materiais ou produtos manufaturados. Transportar é uma operação que nunca agregará valor ao produto, pois o produto estará igual no início e no fim do ciclo. Deve-se, portanto, buscar a eliminação desta operação pela mudança do layout das instalações. Mecanizar idealmente um transporte, por exemplo, pode acabar melhorando a eficiên- cia desta operação, mas no máximo ocasionará uma redução dos custos de transporte. No processamento em si, inúmeras atividades podem ser realizadas sem que contribuam para a melhoria da qualidade do produto sendo, desta forma, desnecessárias. É preciso um trabalho de investigação pela agregação de valor para a identificação das mesmas e eliminação deste tipo de perdas. Engenharia de métodos14 A produção de produtos defeituosos, ou seja, que não atendam às especifica- ções de qualidade projetadas, constitui um desperdício que só aumenta os custos de produção. Para a sua eliminação, deve-se realizar uma inspeção visando identificar e prevenir a ocorrência desses produtos. A simples identificação desses produtos não resolve o problema, uma vez que ele tende a se repetir. A falta de balanceamento no processo de produção ocasiona a paralisação de postos de trabalho, resultando em baixa taxa de ocupação de equipamentos e paralisação da atividade humana, caracterizando as perdas por espera. Também há perdas por espera durante o setup dos equipamentos. A Troca Rápida de Ferramentas (TRF) tem por finalidade a redução deste tipo de perda. Um dos paradigmas derrubados pelo STP é o de que havia necessidade de formação de estoques no processo produtivo ou no almoxarifado. O desenvol- vimento do Sistema Toyota de Produção, Produção Enxuta ou Just-in-Time comprovou que a existência de estoques na realidade apenas encobre imper- feições, constituindo-se em desperdício. A eliminação de estoques tanto no almoxarifado quanto nos produtos em fabricação ou acabados deve ser buscada. As perdas por movimento são aquelas relacionadas com os movimentos feitos sem necessidade pelos trabalhadores. Sabe-se que um chefe, ao entrar na sala, provoca movimento de seus subordinados. O movimento resulta, efetivamente, em valor agregado ao trabalho realizado? Conceitos básicos da Teoria das Restrições (Theory of Constraints – TOC) Além do Sistema Toyota de Produção (STP), a Teoria das Restrições (TOC) é uma metodologia de gestão que busca, à semelhança do STP, o aumento da produtividade e a redução dos custos. A TOC é um sistema de gestão que atua nas poucas operações de um processo de produção responsáveis pela obtenção do resultado global de uma empresa – as restrições. Cox III e Spencer (2002) afirmam que restrição é qualquer elemento ou fator que impeça o sistema de conquistar um nível de melhor desempenho na busca de sua meta, a qual, segundo a TOC, é aumentar a geração de dinheiro hoje e no futuro. Para que a meta de uma empresa seja atingida, a TOC preconiza que duas condições essenciais são necessárias: (1) aumentar a satisfação dos clientes hoje e no futuro e (2) aumentar a satisfação dos colaboradores hoje e no futuro. 15Revisão 2 sobre Sistemas de produção I Gargalos e Recursos com Restrição de Capacidade (CCRs) As restrições podem ser físicas, como pessoas, ou não físicas, como, por exemplo, políticas, procedimentos e práticas adotadas pela empresa. A TOC baseia-se no princípio de que qualquer sistema tem ao menos uma restrição, caso contrário, poderia produzir uma quantidade infi nita de produtos. As restrições podem ser gargalos produtivos ou recursos com restrição de capa- cidade (CCRs, do inglês, Capacity Constrained Resources). Os gargalos são os recursos de produção cuja capacidade disponível é menor do que a capacidade necessária para atender os pedidos feitos pelo mercado. Por outro lado, os recursos com restrição de capacidade são aqueles que, em média, têm capacidade superior à necessária, mas que podem, em função das variabilidades nos sistemas produtivos ou das variações significativas da demanda, conjunturalmente, apresentar restrições de capacidade. Indicadores da Teoria das Restrições Para saber se a empresa está indo em direção a sua meta (ganhar dinheiro) faz-se necessário dispor de indicadores de desempenho que comprovem essa condição. Para isso, a TOC propõe indicadores globais e indicadores locais. Os indicadores globais propostos pela TOC são: Lucro Líquido (LL): é um indicador absoluto, fazendo-se necessário um indicador relativo para avaliar a situação econômico-financeira da empresa. Retorno Sobre o Investimento (RSI): é um indicador relativo que sustenta o indicador absoluto. Caixa (FC): é um indicador de sobrevivência, caracterizado pela ex- pressão “quando se tem caixa, caixa não é importante; quando não se tem caixa, caixa é o mais importante”. Os indicadores locais propostos pela TOC são os seguintes: Ganho (G): corresponde à taxa de geração de dinheiro por meio das vendas. Inventário (I): corresponde a tudo aquilo que o sistema investe para gerar vendas futuras. Engenharia de métodos16 Despesas Operacionais (DO): corresponde a todo o dinheiro que o sistema gasta na transformação do inventário em ganho. Os 5 passos de focalização da Teoria das Restrições Para atingir a meta de uma empresa, a TOC propõe a utilização de cinco passos globais apresentados na sequência. Passo 1 – Identificar a restrição. As restrições podem ser internas ou externas. Quando a demanda total de um dado mix de produtos é maior do que a capacidade da fábrica, diz-se que existe um gargalo de produção. Trata-se de uma questão estrutural do sistema produtivo. Cabe ressaltar que, neste caso, a capacidade da fábrica é igual à capa- cidade do(s) gargalo(s). Quando a capacidade de produção é superior à demanda de produção, a restrição é externa ao sistema produtivo, ou seja, a restrição está relacionada com o mercado. Passo 2 – Explorar a restrição. Trata-se de decidir como tirar o má- ximo proveito da restrição. Se a restrição é interna à fábrica, ou seja, se existe(m) gargalo(s), a melhor decisão consiste em maximizar o ganho no(s) gargalo(s). No caso de a restrição ser externa ao sistema em um dado tempo, não existem gargalos na fábrica e, portanto, o ganho estará limitado pelas restrições do mercado. Passo 3 – Subordinar tudo e todos às decisões de como explorar a restrição. A lógica deste passo, independentemente de a restrição ser externa ou interna, consiste no interesse dereduzir ao máximo os inventários e as despesas operacionais e, ao mesmo tempo, garantir o ganho teórico máximo do sistema de produção, definido a partir da utilização do passo 2. Passo 4 – Elevar a restrição. Esse passo consiste em construir as soluções para maximizar ou “quebrar” a restrição e, com isso, expandir a meta da empresa. Se a restrição for interna (gargalo), a ideia consiste em aumentar a capacidade de produção dos gargalos. Este passo pode ser levado adiante via uma série de ações físicas sobre o sistema como, por exemplo, compra de máquinas (recursos), redução dos tempos de preparação no gargalo, etc. Se as restrições forem externas, são necessárias ações diretamente vinculadas ao aumento da demanda no mercado e/ou a política de preços. Passo 5 – Identificar a nova restrição. Voltar ao passo 1, não deixando que a inércia tome conta do sistema, identificar a nova restrição, quando 17Revisão 2 sobre Sistemas de produção I houver, e atuar de forma a, constantemente, realizar melhorias contínuas no sistema produtivo, com o objetivo de atingir a meta da empresa. O algoritmo Tambor – Pulmão – Corda Suponha que a gestão de um sistema produtivo é feita pela lógica “produzir o máximo possível em cada um dos postos de trabalho da linha de produção”. Essa forma de gestão leva os colaboradores a produzirem sem verifi car o que acontece a montante e a jusante de seu respectivo posto de trabalho. Assim, um posto de trabalho que tem uma capacidade maior do que o posto subsequente, localizado imediatamente a jusante, tende a formar um estoque entre os dois postos de trabalho, uma vez que o segundo posto de trabalho não conseguirá absorver a demanda dos produtos que vem do posto de trabalho a montante. Esse raciocínio serve para todos os postos de trabalho da linha. Considerando que a linha seja formada por seis (06) postos de trabalho e que um determinado produto passe sucessivamente por todos eles e que, nessa linha, a restrição é o posto de trabalho 4, como deve ser gerenciada essa linha de modo a não formar estoques de produtos em processamento? De acordo com o algoritmo Tambor – Pulmão – Corda, a sincronização da linha deve ser gerenciada pela capacidade do gargalo (Tambor) que é o posto de trabalho 4. Como proteção, para que o fluxo de produção não seja interrompido por anomalias da produção (falta de matéria-prima, falta de operador, quebra de máquina, etc.), deve-se formar um estoque de produtos em processamento antes do gargalo (Pulmão do gargalo) e, se for o caso, um estoque de produtos acabados (Pulmão de mercado). Com vistas à sincronização da capacidade de produção, os postos de trabalho a montante do gargalo (posto de trabalho 1, 2 e 3) têm sua capacidade produtiva limitada à capacidade do gargalo (posto 4), em uma produção puxada (Corda). A jusante do gargalo, a produção é então empurrada, uma vez que a capacidade dos postos de trabalho a jusante (postos de trabalho 5 e 6) é maior do que a do posto gargalo. A Figura 2 representa o algoritmo Tambor – Pulmão – Corda. Engenharia de métodos18 As regras de sincronização da TOC Para sincronizar o fl uxo da produção, os conceitos da TOC propõem um conjunto de 9 (nove) regras, a saber: 1. balancear o fluxo e não a capacidade; 2. o nível de utilização de um não gargalo não é determinado pelo seu potencial, mas sim por outra restrição o sistema; 3. utilização e ativação de um sistema não são sinônimos; 4. uma hora perdida no gargalo é uma hora perdida em todo o sistema; 5. uma hora salva em um não gargalo é apenas uma miragem; 6. os gargalos governam tanto o ganho como o inventário; 7. o lote de transferência não deve, e muitas vezes não pode, ser igual ao lote de produção; 8. o lote do processo deve ser variável e não fixo; e 9. a programação da produção deve ser feita observando todas as restrições do sistema simultaneamente. Figura 2. Algoritmo Tambor – Pulmão – Corda. Gargalo: o “Tambor” Materiais são fornecidos sincronizadamente ao �uxo produtivo O GARGALO dá o ritmo de produção do sistema produtivo O PULMÃO (mercado, gargalo e montagens) protege o sistema produtivo A CORDA sincroniza as operações não gargalos com o ritmo do gargalo (Tambor) Operações Operações Operações Pedidos “Pulmão” “P ul m ão ” “P ul m ão ” “Corda” “Cord a” 19Revisão 2 sobre Sistemas de produção I 1. O símbolo abaixo é utilizado para realizar o mapeamento de um sistema produtivo de acordo com a lógica do Mecanismo da Função Produção, proposta durante a construção do Sistema Toyota de Produção. Qual das situações abaixo está relacionada com essa simbologia? Estoque matérias-primas, materiais Transporte, movimentação interna de cargas Espera de lote Processamento Lotes esperando processamento Inspeção Estoque de produtos manufaturados E s p e r a s a) Em uma indústria de alimentos derivados de leite, os paletes com caixas de iogurte são transferidos para uma câmara frigorífica, para armazenamento, com o uso de uma empilhadeira. b) Em uma indústria metalmecânica, peças referentes à Ordem de Fabricação 017 estão sendo conformadas em uma calandra. Da mesma forma, as peças referentes à Ordem de Fabricação 022 precisam ser calandradas no mesmo equipamento, mas devem aguardar a conclusão da operação de calandragem referente à Ordem de Fabricação 017. c) Em uma empresa do ramo da construção civil, o tempo estimado para a construção de um prédio de 10 andares, padrão popular, é de um ano. d) Devido às características inerentes à indústria ótica, lentes de contato são produzidas em lotes de 50 e 400 unidades nos equipamentos que compõem o fluxo de produção. e) Em uma empresa, por decisão gerencial, o lote mínimo de fabricação em um determinado centro de usinagem é de 10 unidades. 2. De acordo com os conceitos da TOC, indique qual das afirmações abaixo NÃO está relacionada à meta de uma empresa. a) Ganhar mais dinheiro hoje e no futuro através das vendas. b) Aumentar a satisfação dos colaboradores hoje e no futuro. c) Aumentar a eficiência de todas as operações hoje e no futuro d) Aumentar a satisfação dos clientes hoje e no futuro. e) Melhorar a produtividade econômica da empresa. 3. Você é proprietário de uma empresa que produz peças para a indústria metalmecânica e adquiriu recentemente um equipamento de última geração, com capacidade superior às demais que você já tem disponíveis em sua fábrica. Esse equipamento foi instalado a montante do gargalo na linha de produção. Para amortizar o investimento o mais rápido possível, você orienta seus colaboradores a produzir com o novo equipamento Engenharia de métodos20 em plena capacidade. Dentre as alternativas relacionadas abaixo, selecione a que for VERDADEIRA. a) Há a geração em excesso de produtos em processamento para que o novo equipamento consiga atender ao gargalo da linha. b) Há um aumento na produção de produtos acabados que são enviados para o estoque. c) O volume de vendas aumenta em função da produção maior obtida pelo uso do novo equipamento em sua capacidade plena. d) A quantidade de produtos em processamento na linha aumenta. e) O tempo de produção da linha diminui porque o novo equipamento opera em plena capacidade. 4. Você é o principal gestor de uma grande empresa e tem disponibilizada uma quantia para fazer investimentos. Assim sendo, você decide investir na construção de um grande armazém para ampliar a área de armazenamento de produtos acabados, uma vez que seu parque fabril tem capacidade ociosa, mas falta área para estocagem desses produtos. Dentre as alternativas abaixo, selecione a que estiver CORRETA. a) Trata-se de um bom investimento, pois é possível, dessa forma, armazenar uma maior quantidade de produtos acabados. b) É um investimento que deve ser feito porque possibilitará que a produção seja aumentada, utilizando-se a capacidade ociosa. c) Não é um bom investimento porqueo estoque de produtos acabados irá aumentar. d) A partir desse investimento, haverá um aumento da produtividade pela utilização do tempo ocioso. e) É um investimento duvidoso porque não se sabe como a demanda vai se comportar no futuro. 5. Uma empresa de grande porte se orgulha de seus métodos de controle para evitar a ocorrência de erros ou falhas em seu departamento administrativo. Por exemplo, para assegurar que nenhuma compra seja feita de forma a receber um item ou insumo diferente do especificado na requisição de compra, não só o colaborador que solicitou o item, mas também o chefe da seção de compras e o gerente do departamento administrativo validam e assinam a requisição de compra. Dentre as alternativas abaixo, assinale que tipo de perda é a causa básica desse procedimento. a) Perda por espera. b) Perda por inspeção. c) Perda por elaborar produtos defeituosos. d) Perda por superprodução. e) Perda por processamento. 21Revisão 2 sobre Sistemas de produção I ANTUNES, J. et al. Uma revolução na produtividade: a gestão lucrativa dos postos de trabalho. Porto Alegre: Bookman, 2013. COX III, J. F.; SPENCER, M. S. Manual da teoria das restrições. Porto Alegre: Bookman, 2002. SHINGO, S. O sistema Toyota de produção: do ponto de vista da engenharia de pro- dução. Porto Alegre: Bookman, 1996a. SHINGO, S. Sistemas de Produção com estoque zero: o sistema Shingo para melhorias contínuas. Porto Alegre: Bookman, 1996b. Leitura recomendada ANTUNES JR., J. A. V. Em direção a uma teoria geral do processo na administração da produção: uma discussão sobre a possibilidade de unificação da teoria das restrições e da teoria que sustenta a construção dos sistemas de produção com estoque zero. 1998. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1998. Engenharia de métodos22 Conteúdo:
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