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TUMORES OVARIANOS Quando pensar em malignidade? Ovários são os órgãos responsáveis pela gametogênese e pela produção hormonal da mulher. Os tumores ovarianos ocorrem em mulheres de todas as idades e sua etiologia é variável de acordo com a faixa etária, sendo que, na pré- menopausa, são quase sempre benignos - como cistos funcionais; e, na pós-menopausa, há maior probabilidade de malignidade. 2% DE TODOS OS CÂNCERES TAXA DE SOBREVIDA EM 5 ANOS DIAGNÓSTICO É FEITO EM FASES AVANÇADAS EM 2% 45% 75% EPIDEMIOLOGIA CÂNCER DE OVÁRIO A incidência de malignidade aumenta com a idade! Raríssimo antes dos 30 anos Na menopausa há atrofia ovariana, o que torna os anexos mais difíceis de serem visualizados na USG e de serem palpados no exame físico A presença de massa pélvica sólida de qualquer tamanho, fixa, bilateral e de consistência heterogênea ao exame físico, é sugestiva de neoplasia maligna, especialmente no pós menopausa!!! As massas ovarianas são frequentemente assintomáticas ou se apresentam com sintomas inespecíficos. Os tumores malignos se apresentam, inicialmente, com uma síndrome dispéptica: desconforto abdominal, refluxo, saciedade precoce... Isso faz com que 75% dos cânceres de ovário sejam diagnosticados apenas nos estágios mais avançados A diferenciação entre tumores benignos e malignos é extremamente importante tanto para a possibilidade de identificação precoce de neoplasia maligna quanto para evitar procedimentos iatrogênicos! Fatores de risco: HFam (principal), genética (BRCA 1 e 2, síndrome de Lynch), idade, nuliparidade, raça branca, uso de indutores de ovulação, obesidade, tabagismo, endometriose Fatores de proteção: Amamentação, uso de anticoncepcionais hormonais, ooforectomia profilática, laqueadura tubária Angelina Jolie realizou ooforectomia profilática em 2015 Massas são geralmente encontradas em USG solicitados por outras queixas ou a partir do exame clínico USG: muito sensível e pouco específico Suspeitar de malignidade quando: cistos > 8cm, septos espessos, papilas, espessamento da parede do cisto, nodularidades, multiloculações, presença de componente sólido no seu interior Se USG suspeito → dopplerfluxometria Suspeitar de malignidade quando: neovascularização central com fluxo de baixa resistência (RI < 0,4) e índice de pulsatilidade < 1 DICAS: → Cistos uniloculares = quase sempre benignos, independente do tamanho! → A presença de ascite aumenta a possibilidade de malignidade em até 8 vezes. → Quanto maior o diâmetro, maior o risco → Bilateralidade = 3x maior chance de ser maligno → Tumores totalmente sólidos são raros. Malignos geralmente apresentam componente sólido interno OVÁRIOS NORMAIS CISTOS FUNCIONAIS CISTO HEMORRÁGICO CISTOADENOMA CISTOADENOCARCINOMA TERATOMAS MADUROS Diagnóstico de certeza é só a partir do histopatológico! Existe a possibilidade, ainda, de solicitar marcadores tumorais para a avaliação do quadro; contudo, é importante lembrar que esses muitas vezes são pouco específicos e se encontram aumentados também em outras condições! O tumor ovariano mais comum é o de células epiteliais (adenocarcinoma); neste, há aumento do marcador CA-125, que deve ser solicitado sempre que encontrado uma massa anexial! INDICAÇÃO DE ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS TU OVARIANOS NA PRÉ-MENOPAUSA ✓ Tumores sólidos em qualquer faixa etária ✓ Tumores císticos maiores que 5 cm e persistentes por mais de seis meses ✓ Tumores mistos, cístico sólido, independente do tamanho e persistente por mais de três meses. ✓ Tumores císticos em pacientes pré-púberes ✓ Mulheres assintomáticas com cistos maiores que 10 cm. ✓ Presença de achados suspeitos para malignidade, independente do tamanho INDICAÇÕES DE ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS TUMORES OVARIANOS NA PÓS-MENOPAUSA ✓ Cistos maiores de 5 cm ✓ Mulheres na pós-menopausa com cisto sintomático ✓ Concentração sérica de CA 125 > 35 U/ml ✓ Ascite ou outros sinais clínicos suspeitos de doença metastática Abordagem cirúrgica pode tanto ser por via laparoscópica quanto laparotomia, desde que a laparoscopia não aumente o risco de implantação secundária de células neoplásicas Durante a cirurgia, alguns achados podem reforçar a suspeita de malignidade, como: áreas de hemorragia e de necrose; aderências a outros órgãos; ascite; rotura ou excrescências na cápsula; áreas sólidas; e bilateralidade. RASTREAMENTO Critérios para criar um programa de rastreamento, de acordo com o Ministério da Saúde: 1) A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja relevante para a população; 2) A história natural da doença ou do problema clínico deve ser bem conhecida; 3) Deve existir estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, durante o qual a doença possa ser diagnosticada; RASTREAMENTO 4)O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico; 5) Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis; 6) O custo do rastreamento e tratamento de uma condição clínica deve ser razoável e compatível com o orçamento destinado ao sistema de saúde como um todo; 7) O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático. A partir disso, fica claro que não é viável realizar o rastreamento de câncer de ovário, condição de difícil diagnóstico nas fases iniciais e que, até o momento, não mostrou evidências de benefício de detecção precoce. Não há consenso se a detecção precoce deve ou não ser feita, mesmo nas populações de alto risco (como nas síndromes genéticas e no histórico familiar de mãe ou irmã com câncer). Possíveis estratégias para rastreamento incluem: exame pélvico anual, USG TV e CA 125 CASO CLÍNICO A massa foi enviada para biópsia de congelação, que evidenciou células cilíndricas sem sinais de malignidade, indicando um cistoadenoma mucinoso. É importante lembrar que, apesar da maior probabilidade de malignidade nos tumores anexiais em mulheres na pós- menopausa, as massas mais frequentes continuam sendo as benignas, em todas as faixas etárias! Contudo, devido à baixa taxa de sobrevida do adenocarcinoma, especialmente quando diagnosticado em fases tardias, é essencial que a abordagem seja cautelosa.
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