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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 MÓDULO saúde da mulher ANATOMIA DAS MAMAS Em mulheres adultas as mamas se apresentam como uma eminência arredondada disposta no interior da fáscia superficial e anterior a fáscia peitoral profunda (acima do músculo serrátil posterior e peitoral). Como foi dito a mama fica entre a fáscia profunda e a superficial, sendo que além do tecido glandular há presença de um espaço (submamário) que permite a movimentação da glândula. Um carcinoma pode provocar uma aderência na mama, fixando-a à musculatura subjacente. Didaticamente, a mama é dividida em quatro quadrantes. Esta divisão permite a descrição da localização das lesões mamárias: • Quadrante Superior Externo ou Lateral (QSE ou QSL); • Quadrante Inferior Externo ou Lateral (QIE ou QIL); • Quadrante Superior Interno ou Medial (QSI ou QSM); • Quadrante Inferior Interno ou Medial (QII ou QIM) A papila e a aréola são cobertas por um tecido subcutâneo com superfície enrugada que contém várias glândulas sudoríferas e sebáceas (tubérculos de Morgani) que atuam como lubrificante protetor e facilitando a sucção realizada pelo neonato. Durante a gestação seus números aumentam consideravelmente e há uma hipertrofia (tubérculos de Montgomery). A papila e a aréola apresentam uma concentração de melanócitos o que ratifica o seu escurecimento, sendo que a gestação intensifica ainda mais essa característica. TECIDO GLANDULAR O tecido glandular das mamas é aquele responsável pela produção do “leite”. O mesmo é subdividido em lobos, consistindo em uma rede de ramificações em lobos secretores terminais envoltos por uma camada de tecido conjuntivo chamada de estroma. A unidade secretora de leite é o alvéolo mamário o qual é a estrutura normalmente afetada por patologias malignas. O estroma é um tecido conjuntivo que envolve os alvéolos e lobos contendo fibras colágenas e permitindo a expansão dessas estruturas. Além disso, o estroma é responsável por dar o formato da mama, lembrando que o mesmo é composto também por tecido adiposo. 1. COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA E FATOR DE RISCO DO CA DE MAMA. O câncer de mama pode ser definido como a proliferação maligna das células epiteliais que margeiam os ductos ou os lóbulos. A proliferação incontrolável de células anormais surge em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou adquiridas, por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. Essas alterações genéticas podem provocam mudanças no crescimento celular ou na morte celular programada levando ao surgimento do tumor. EPIDEMIOLOGIA O CA de mama é o segundo tipo de tumor maligno mais frequente no brasil e no mundo, Problema 01 - e a vida continua 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A cada ano, aproximadamente 25% dos casos novos de câncer em mulheres correspondem a tumores na mama. A taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população mundial, apresenta uma curva ascendente e representa a primeira causa de morte por câncer na população feminina brasileira. É importante salientar que o CA de mama acomete homens! Cerca de 1% de todos os casos de câncer de mama incidem no sexo masculino. Assim, o câncer de mama constitui um grave problema de saúde pública e faz jus a grandes investimentos em pesquisa, prevenção, diagnóstico e tratamento. FATORES DE RISCO SEXO: o sexo feminino é um fator de risco, representando 99% dos casos. IDADE: há maior risco em mulheres acima dos 40 anos, e esse risco aumenta com a progressão da idade. RAÇA: A incidência é maior na raça branca do que na negra. As mulheres asiáticas possuem o menor risco. MENARCA PRECOCE E MENOPAUSA TARDIA: Quanto mais precoce a idade da menarca (antes de 11 anos) e tardia a da menopausa (após os 55 anos), maior a chance da doença. Mulheres ooforectomizadas na pré-menopausa apresenta risco relativo. HISTÓRIA REPRODUTIVA: há maior risco para nuligestas e menor para as que tiveram a primeira gestação antes dos 30 anos; TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL: mulheres que usam terapia hormonal têm 26% a mais de risco do que mulheres que não a usam; principalmente naquelas que o uso é superior a dez anos. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS: o aumento de risco é muito discreto, exceto naquelas mulheres que possuem predisposição genética. RADIAÇÃO IONIZANTE: irradiação torácica antes dos 30 anos aumenta em 3 vezes o RR. A radiação da mamografia, como é preconizada nos programas de rastreamento, não aumenta o risco; CÂNCER DE MAMA PRÉVIO: o RR é 5 vezes maior; LESÕES MAMÁRIAS COM ATIPIA: as hiperplasias com atipias conferem aumento do RR de 4 a 5 vezes. Esse risco aumenta para 11 se, além disso, há parente de primeiro grau com câncer de mama; ANTECEDENTE FAMILIAR DE CÂNCER DE MAMA: o risco é maior se mãe, irmãs ou filhas tiveram a doença, sobretudo na pré- menopausa ou se foi bilateral. Considera- se como risco aumentado quando o diagnóstico do familiar de primeiro grau foi antes dos 50 anos. Se o diagnóstico foi feito após os 50 anos, mesmo que exista mais de um familiar acometido, a probabilidade é maior de que o tumor seja esporádico do que de origem genética; HISTÓRIA COMPROVADA DE HEREDITARIEDADE: Atualmente, são conhecidas algumas mutações que interferem no aparecimento do câncer de mama. As de maior contribuição na frequência de aparecimento do câncer de mama são as mutações no gene BRCA1 e BRCA 2 Mutação no gene BRCA 1: é uma mutação que ocorre no braço longo do cromossoma 17, que codifica uma proteína que age como supressora tumoral. É responsável por 40% dos casos de câncer com envolvimento genético. Aumenta o risco de câncer, sobretudo na pré-menopausa. Mutação no gene BRCA 2: é uma mutação que ocorre no braço longo do cromossoma 13. Este cromossoma também é inativo durante o processo de oncogênese. A mutação aumenta o risco de doença, principalmente na pós- menopausa. OBESIDADE E ÁLCOOL: há aumento de risco, sobretudo na pós-menopausa. Acredita-se que esse aumento decorra da maior conversão de androstenediona em estrona no tecido gorduroso periférico. O consumo de álcool também está associado a um aumento de risco de até 10%; DENSIDADE MAMÁRIA AUMENTADA: alguns estudos recentes demonstraram que mulheres com mamas densas na pós- menopausa tendem a apresentar um risco de câncer de mama maior do que o das que apresentam mamas lipossubstituídas. O achado da densidade mamária aumentada é caracteristicamente encontrado na mamografia de rastreamento. 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 AMAMENTAÇÃO: está relacionada com fator protetor para câncer de mama. Esse fator protetor acontece especialmente para tumores receptores de estrogênio e progesterona negativos. 2. CONHECER A FISIOPATOLOGIA, TIPOS HISTOLÓGICOS, CLASSIFICAÇÃO MOLECULAR E QUADRO CLÍNICO DE CA DE MAMA. FISIOPATOLOGIA A história natural do câncer de mama pode ser dividida em fase pré-clínica, que compreende o intervalo de tempo entre o surgimento da primeira célula maligna e o desenvolvimento do tumor até atingir as condições de ser diagnosticado clinicamente (1cm). E a fase clínica que inicia a partir desse momento. A primeira célula maligna aparece no epitélio ductal susceptível, ativada por fatores genéticos ou ambientais. O epitélio de revestimento ductal, formado basicamente por uma ou duas camadas celulares, inicia sua proliferação motivado por estímulos hormonais, fato que acarreta uma elevação do número de células acima da membrana basal. Denominamos essa proliferação epitelial de hiperplasia típica. Na maior parte das vezes, essa proliferação epitelial cessa nesse estágio, sem traduzirperigos posteriores. No entanto, em determinadas situações, os gatilhos de iniciação tumoral alteram o protótipo celular, culminando no chamado hiperplasia atípica, ou seja, ocorrência de atipias leves em espaços restritos. As hiperplasias atípicas evoluem para os reais percursores morfológicos dos carcinomas invasores, ou carcinomas intraductais ou intralobulares. O carcinoma intraductal, pelos mais diferentes estímulos - angiogênicos, hormonais, enzimáticos, continuam sua proliferação celular, rompem a membrana basal ductal, penetram no estroma mamário, podem permear e embolizar os vasos sanguíneos e linfáticos do sistema de circulação da mama e evoluir para carcinoma invasor. No carcinoma da mama, a disseminação ocorre principalmente a partir da via linfática e mais raramente por via hematogênica pura. Além da riqueza de capilares linfáticos existentes na mama, ocorre a formação de novos vasos linfáticos peritumorais. A parede desses vasos é altamente permeável, podendo permitir a penetração de células malignas no interior do vaso, dando início ao processo de disseminação tumoral. Uma vez dentro dos canais linfáticos, estas células são transportadas pela linfa até atingir o primeiro gânglio de drenagem da região tumoral, chamado linfonodo sentinela. A partir deste, os êmbolos tumorais poderão seguir até atingir as cadeias ganglionares regionais 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 comprometendo outros linfonodos, principalmente os da cadeia axilar e, com menor frequência, os da cadeia mamária interna. Seguindo o fluxo linfático, as células tumorais embolizadas podem ultrapassar os linfonodos regionais, chegar à circulação sanguínea e atingir alvos mais distantes, podendo levar a formação de implantes tumorais metastáticos. Geralmente, o câncer da mama cresce lentamente. Porém, eventualmente, apresenta crescimento rápido e maior possibilidade de disseminação. Esse comportamento heterogêneo está relacionado a características próprias do tumor, tais como grau de diferenciação histológica e presença de receptores moleculares (hormonais), que determinam sua velocidade de crescimento e potencial de originar metástases. Embora o câncer de mama possa disseminar para qualquer órgão, o envolvimento de ossos, pulmões e fígado ocorre em mais de 85% das mulheres que desenvolvem metástase à distância. Alguns autores também consideram o cérebro como um sítio de metástases à distância. CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA O câncer de mama apresenta um grupo de neoplasias epiteliais malignas com grande diversidade estrutural. Em torno de 70 a 80% dos casos são classificados como carcinoma ductal invasor sem que seja realizada a diferenciação entre os subtipos de carcinoma ductal. CARCINOMA IN SITU Corresponde à doença local, ou seja, à lesão restrita ao epitélio. Em outras palavras: não ocorre infiltração do estroma. É importante ressaltar que nem todos os carcinomas in situ evoluem para a forma invasiva e também que nem todo carcinoma invasor passe obrigatoriamente pela etapa in situ. É classificado nas formas lobular e ductal. As neoplasias lobulares originam-se quase sempre a partir dos ácinos, mas as lesões ductais podem originar-se tanto em ácinos quanto em ductos. CARCINOMA DUCTAL IN SITU (CDIS): É considerada lesão precursora do câncer de mama. Na maioria das vezes, tem prognóstico favorável. Caracteriza-se pela presença de dilatação da luz dos ductos e pelo achado de células de padrão ductal com alterações malignas que não invadem a membrana basal. Pode manifestar-se como fluxo papilar espontâneo, uniductal e unilateral, tipo “água de rocha” ou sanguinolento ou como nódulo palpável; A mamografia pode mostrar microcalcificações pleomórficas, lineares ou indeterminadas ou, mais raramente, nódulo ou assimetrias focais; Subtipos histológicos: 1. CRIBIFORME: o subtipo de melhor prognóstico em relação a recidiva e invasão. 2. MICROPAPILAR: encontrado em associação ao cribforme. 3. PAPILAR: possui bom prognóstico; 4. SÓLIDO: 5. COMEDOCARCINOMA: é o de pior prognóstico. CARCINOMA LOBULAR IN SITU (CLIS): Não se apresenta como lesão palpável, normalmente não há expressão mamográfica, e não é visível macroscopicamente ao exame histopatológico. Constitui um achado microscópico incidental a partir de um tecido mamário removido cirurgicamente por outro motivo. O CLIS representa um indicador biológico de aumento de risco para o desenvolvimento de um tumor invasor, devido ao seu grande potencial para multicentricidade e bilateralidade. CARCINOMAS INFILTRANTES (INVASIVOS) Corresponde à doença invasiva, ou seja, quando ocorre infiltração do estroma mamário. CARCINOMA DUCTAL INFILTRANTE: É o tipo de CA de mama invasivo mais comum. O mais comum é o nódulo único, de consistência pétrea, pouco móvel e indolor. 5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Os nódulos tornam-se clinicamente evidentes a partir de 1 cm e podem ser detectados precocemente por meio de exames de rastreamento. Outros sintomas são retração ou abaulamento de pele e fluxo papilar semelhante ao do carcinoma ductal in situ; os gânglios axilares se tornam aumentados, endurecidos e coalescentes quando comprometidos pela neoplasia. A mamografia típica mostra nódulo de alta densidade radiológica, espiculado, com ou sem microcalcificações pleomórficas agrupadas, com possível distorção do parênquima. O prognóstico é bom em casos de carcinoma ductal isolado, e péssimo em casos de metástases. CARCINOMA LOBULAR INFILTRANTE: É pouco frequente, correspondendo de 5 a 10% dos casos. O achado mais comum é uma área mal definida, infiltrada, espessada da mama, com pouca expressão mamográfica. Apresenta maior tendência a bilateralidade e multicentricidade e está mais associada ao uso de TH. Microscopicamente evidenciam células pequenas e ovais que infiltram o estroma na forma de “fila indiana”. CARCINOMA INFLAMATÓRIO: É uma forma distinta de câncer de mama localmente avançado, caracterizado clinicamente por eritema, edema, calor e endurecimento da pele, com o aspecto característico em “casca de laranja”, podendo haver ou não a presença de nódulo palpável. São neoplasias que produzem êmbolos tumorais que se disseminam para os vasos linfáticos da derme. É o mais agressivo dos tumores malignos de mama. Caracteriza-se por evolução rápida e prognóstico desfavorável. DOENÇA DE PAGET É uma desordem da papila e aréola, caracterizada clinicamente pela aparência eczematoide, com presença de erosão e descamação. Histologicamente, caracteriza-se pela presença de células tumorais que acometem a epiderme das papilas mamarias. É obrigatória a distinção deste com o eczema areolar. Na doença de paget, a destruição da papila é a característica principal, além de afetar primariamente o mamilo e em seguida a aréola. CLASSIFICAÇÃO MOLECULAR A maioria dos estudos dividem o câncer de mama em quatro subtipos moleculares principais: Luminal A, Luminal B, triplo-negativo e HER2+. O subtipo Luminal A possui melhor prognóstico, com taxas mais altas de sobrevivência e baixas taxas de recorrência. Por conta do fato destes tumores apresentarem RE+, o tratamento para esses tumores normalmente inclui terapia hormonal. O subtipo Luminal B possui prognóstico mais reservado em relação ao subtipo luminal A, pois pacientes com este subtipo são normalmente diagnosticados com tumores em estágios mais 6 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 avançados e com linfonodos positivos, além de maior porcentagem de mutações de p53. Mesmo assim, comparativamente, pacientes com este subtipo possuem taxas altas de sobrevida em cinco anos. O terceiro subtipo, triplo-negativo, ocorre mais em mulheresmais jovens e de descendência africana. Infelizmente, este tipo de câncer possui um prognóstico pior em comparação com os subtipos luminais, com relação à sobrevida em cinco anos, até porque não podem ser tratados com terapia hormonal ou transtuzumab justamente pela ausência de receptores. O quarto subtipo, HER2+, possui apenas este gene positivo. Em 75% dos casos, esses tumores contêm mutações da p53. O prognóstico deste tumor é mais reservado, relativamente, que os subtipos luminais, pois estas pacientes estão propensas a recorrência frequente e precoce, além de metástases, porém respondem a terapia alvo biológica anti-HER2, como transtuzumab ou lapatinib QUADRO CLÍNICO • Caroço (nódulo) endurecido, fixo e geralmente indolor. É a principal manifestação da doença, estando presente em mais de 90% dos casos. • Alterações no bico do peito (mamilo). • Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço. • Saída espontânea de líquido de um dos mamilos - “Água de rocha” • Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja. 3. ESTUDAR OS MÉTODOS DIAGNÓSTICOS E DE RASTREIO DO CA DE MAMA. 1. ANAMNESE E EXAME FÍSICO A queixa principal mais comum é a presença de um nódulo endurecido, geralmente indolor. Se a lesão é um nódulo, ela deve ser bem caracterizada e outras Perguntas Devem ser respondidas: 1- Há quanto tempo existe o nódulo? 2- A lesão aumentou de tamanho com o tempo? 3- Há história de biópsias ou aspirações prévias de cistos? 4- A presença da lesão é acompanhada de dor? 2. Se for, esta dor associa-se ao ciclo menstrual? 5- Qual é a idade da paciente? Outra forma frequente é o achado mamográfico suspeito - nódulo espiculado, microcalcificações suspeitas. Os fatores de risco devem ser pesquisados, assim como a história familiar. Na inspeção estática, deve-se avaliar cuidadosamente a pele, para verificar alterações de pigmentação, eczemas, espessamento de pele ou evidencias de obstrução linfática. A palpação das regiões supra e infraclaviculares e axilares deve ser realizada em busca de linfonodos. Com a paciente deitada, inicia-se a palpação das mamas. A expressão dos mamilos deve ser realizada bilateralmente e na presença de secreção, deve- se caracterizar a cor, quantidade, se é uniductal ou se provem de vários ductos, assim como se é unilateral ou se apresenta em ambas as mamas. A secreção em “agua de rocha”: cristalina e uniductal é mais sugestiva de carcinoma. Já a secreção uniductal sanguinolenta, é mais sugestiva de papiloma. EXAMES COMPLEMENTARES PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) A PAAF é o primeiro passo na investigação dos nódulos mamários, pois diferencia IMEDIATAMENTE as lesões císticas das lesões sólidas; É um procedimento ambulatorial, de simples realização e baixo custo. Pode ser empregada em tumores clinicamente identificáveis ou guiada por ultrassonografia ou exame radiológico. Os tumores sólidos são diagnosticados após a falha em aspirar líquido com a PAAF. De qualquer forma, o material que for aspirado deverá ser encaminhado para avaliação citológica. A citologia isoladamente não faz o diagnóstico de 7 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 câncer e não encerra a investigação de um nódulo suspeito. Assim, diante de um nódulo suspeito, a citologia só possui valor se for positiva. Se for negativa, é obrigatória a realização de biópsia. ULTRASSONOGRAFIA É um método que assegura boa diferenciação entre nódulos sólidos e císticos. Para fins de prova de residência, você precisa memorizar que “reforço acústico” é sinal ultrassonográfico de benignidade e que “sombra acústica posterior” é sinal ultrassonográfico de malignidade. MAMOGRAFIA É o método principal e seguro de auxílio ao exame clínico no câncer de mama. Definitivamente, é o método propedêutico mais importante no diagnóstico das lesões subclínicas. A mamografia de alta resolução possibilita a identificação de lesões muito pequenas, com o mínimo de radiação, sem apresentar risco para as pacientes. Além disso, auxilia na caracterização dos achados clínicos e evidencia outros focos de tumor. É um exame radiológico realizado no mamógrafo que compreende pelo menos duas incidências principais: mediolateral oblíqua e craniocaudal. É importante lembrar que a avaliação é comparativa entre os dois lados e com exames prévios. A MMG é particularmente útil na avaliação de nodularidades, adensamentos, calcificações e cistos em mamas adiposas. CLASSIFICAÇÃO BI-RADS • BI-RADS® 0: exame inconclusivo, que necessita de avaliação adicional com outro exame radiológico, usualmente a ultrassonografia mamária; • BI-RADS® 1: exame normal, com recomendação de rastreamento a cada dois anos; • BI-RADS® 2: achados radiológicos benignos, como cistos simples, próteses mamárias, calcificações tipicamente benignas. 8 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Recomendação de rastreamento a cada dois anos; • BI-RADS® 3: achados muito provavelmente benignos, cuja chance de malignidade é menor do que 2%. Exemplos: microcalcificações agrupadas e puntiformes, assimetria focal, nódulos sólidos não palpáveis com características de benignidade (regulares, sem sombra acústica, horizontais) e microcistos agrupados. A recomendação é a repetição do exame em seis meses, por dois anos; • BI-RADS® 4: risco de malignidade variável de 2 a 95%, em média de 40%. São microcalcificações e nódulos irregulares. Recomendação de estudo anatomopatológico. O BI-RADS® 4 subdivide-se em 4A, 4B e 4C; • BI-RADS® 5: achados altamente suspeitos, com risco maior do que 95% de malignidade: nódulos espiculados, microcalcificações pleomórficas ou em trajeto ductal. Recomendação de estudo anatomopatológico; • BI-RADS® 6: achados que já têm diagnóstico de câncer RESSONÂNCIA MAGNÉTICA É um exame não invasivo, de custo elevado, de alta sensibilidade e valor preditivo positivo de 100% para os tumores invasores maiores de 2 mm. A RM não identifica microcalcificações, ou tumores intraductais ou invasores menores que 2 mm. Os principais fatores limitantes do método correspondem à impossibilidade de localização das lesões subclínicas e sua baixa especificidade. É útil no estudo da mama contralateral, na avaliação de focos secundários do tumor na mama ipsilateral, no rastreio de recidiva local do tumor e na avaliação de pacientes em uso de implantes mamários. Também pode ser empregada na identificação de focos de metástases, avaliação de resposta à quimioterapia neoadjuvante e possui especificidade significativa no caso de implantes ósseos. CINTILOGRAFIA É amplamente empregada para rastreamento e diagnóstico de metástases à distância, sobretudo implantes ósseos. Para diagnóstico de lesões mamárias carece de bons resultados. CONDUTA APÓS METÓDOS DE IMAGEM: O diagnóstico final do câncer é feito por meio do achado histopatológico. Assim, nos achados sugestivos de malignidade está indicado o estudo histopatológico. A biópsia cirúrgica (excisional) é considerada “padrão-ouro”, porém, no contexto da apresentação de câncer de mama em estádios avançados, biópsias minimamente invasivas podem desempenhar um importante papel por fornecer o diagnóstico antes da terapêutica. A escolha do método de biópsia vai depender da classificação radiológica, tipo e localização da lesão, composição e tamanho da mama da paciente, material e equipamentos disponíveis, recursos humanos e características de cada serviço. 1. CORE BIÓPSIA (PUNÇÃO COM AGULHA GROSSA OU BIÓPSIA DE FRAGMENTO OU BIÓPSIA PERCUTÂNEA COM AGULHA GROSSA) A Punção por Agulha Grossa (PAG), ou core biopsy, é um procedimento ambulatorial, realizado sob anestesia local, que retira fragmentode tecido mamário para o exame histopatológico por meio de dispositivo automático para biópsia (pistola). A introdução da PAG oferece uma opção minimamente invasiva para o diagnóstico das lesões da mama. Com desempenho semelhante à biópsia cirúrgica, possui elevada precisão diagnóstica e tem as seguintes vantagens: custo 25 a 50% menor; não nec0essita internação e raramente apresenta complicações; causa menor trauma local. 9 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 2. MAMOTOMIA (biópsia percutânea a vácuo) A biópsia percutânea a vácuo utiliza um sistema de aspiração a vácuo em conjunto com um sistema de corte que obtém maior amostra tumoral. Ele pode ser guiado por raios X (estereotaxia), ultrassonografia ou ressonância magnética. A biópsia a vácuo tem as vantagens de obter maior número de fragmentos, maiores e mais consistentes, com melhor desempenho nas microcalcificações, com uma única inserção da agulha. As desvantagens são o custo elevado e a pequena disponibilidade. 3. BIOPSIA CIRÚRGICA A biópsia cirúrgica é o método mais tradicional e com maior disponibilidade. Pode ser incisional (indicada em lesões maiores), quando há retirada de parte da lesão, e excisional (lesões menores), quando ocorre retirada total da lesão É considerado o padrão-ouro para obtenção de amostra dos tumores para exame histopatológico. É obrigatória na suspeita de falso-negativo da core biópsia ou da mamotomia. Em caso de dúvida também deve ser sempre realizada. RASTREIO DE CA DE MAMA 1. AUTOEXAME O autoexame deixou de ser recomendado pelo Ministério da Saúde como método de rastreamento. Além de já existirem evidências robustas de que o autoexame não diminui mortalidade por câncer de mama, também há aumento do número de consultas e exames desnecessários. Muitas pacientes podem palpar áreas de parênquima mamário mais denso ou mesmo o rebordo costal e entender que se trata de um nódulo. Isso acaba gerando angústia, demanda de exames e talvez até biópsias que acabam sendo desnecessárias. Por essas razões, o autoexame não é mais recomendado. 2. EXAME CLÍNICO Em consulta preventiva de paciente, o exame clínico das mamas por profissional de saúde tem resultados conflitantes quanto ao seu real benefício. Por isso, o Ministério da Saúde não se posiciona nem a favor nem contra tal exame. Isso significa que, se o profissional está habilitado para a sua realização, pode fazê-lo. Todavia, se não apresenta habilitação e treinamento, também não é errado que não o faça. 3. MAMOGRAFIA As pacientes de alto risco para desenvolvimento de câncer de mama devem iniciar o rastreamento mais cedo, a partir dos 35 anos. Nesses casos de alto risco, o intervalo entre as mamografias deve ser anual. RASTREAMENTO EM USUÁRIAS DE IMPLANTES DE SILICONE Os implantes de silicone podem ser posicionados por cima do músculo ou por baixo, porem em abas as técnicas a glândula mamaria fica por cima dos implantes. Dessa forma, eles não interferem no exame clínico. Porém, se os implantes de silicone forem muito grandes, pode haver alguma dificuldade durante a sua realização. Assim, o técnico deverá ser avisado para que o aparelho exerça menor pressão sobre as mamas e para que ele posicione a prótese mais para cima e para trás, a fim de que somente o tecido mamário seja visualizado. 10 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Dessa forma, nesses pacientes pode ser solicitado uma ultrassonografia mamaria ou preferencialmente uma ressonância magnética. 4. ELUCIDAR AS MODALIDADES DE TRATAMENTO DO CA DE MAMA. PROGNÓSTICO A avaliação dos fatores prognósticos é imprescindível para a definição da conduta terapêutica a ser instituída e para avaliar as chances de recidiva local ou sistêmica. 1. STATUS AXILAR: Trata-se do principal fator prognóstico para doença sistêmica. As pacientes com nenhum linfonodo positivo para metástases têm prognostico melhor do que aquelas com comprometimento axilar. 2. TAMANHO DO TUMOR: quanto maior o tamanho do tumor maiores são as taxas de recidiva e mortalidade. Tumores menores que 1cm associam-se a prognósticos favoráveis. 3. TIPO HISTOLÓGICO/MOLECULAR: os tumores de pior prognóstico são o lobular invasivo e o ductal invasivo. Os subtipos medular, mucinoso, tubular e papilar puros tem pior prognostico. 4. IDADE: pacientes jovens abaixo dos 35 anos têm maior risco de recidiva local. 5. MARGENS DA LESÃO: a presença de margens livres é o principal fator de baixo risco de recidiva local. 6. HEREDITARIEDADE: é considerado fator de risco para recidiva local a presença de mutação no gen BRCA1 e BRCA2. 7. RECEPTORES HORMONAIS: tem melhor prognostico mulheres com tumores receptores positivos para estrogênio e progesterona. TRATAMENTO O tratamento se baseia nos fatores prognósticos citados. Visa o controle locorregional e sistêmico do câncer de mama, de forma a proporcionar uma boa qualidade de vida às pacientes e diminuir as taxas de mortalidade. TRATAMENTO CIRURGICO Consiste na abordagem do tumor primário e da axila, com ou sem associação da radioterapia. É indicada para pacientes sem doença metastática à distância (ou seja, portadores de CA de mama até o estagio III). 1. CIRURGIAS CONSERVADORAS Essas abordagens preservam boa parte da mama. Limitam-se a ressecção da área que contém o tumor, com boa margem de segurança. O ideal é que o volume do tumor corresponda a 20% do volume total mamário. Dessa forma, está indicada para tumores pequenos ou mesmo maiores que respeitem essa relação. Oferecem como vantagem a estética e a possibilidade de salvaguardar o complexo areolopapilar. Tumorectomia: corresponde à ressecção total do tumor, sem a preocupação de se estabelecer margem de segurança; Setorectomia ou segmentectomia: consiste na ressecção do setor que engloba o tumor, com margem de segurança de, pelo menos, 1 cm; Quadrantectomia: é a ressecção de qualquer setor mamário que engloba o tumor, com ampla margem de segurança, da pele suprajacente e da aponeurose do músculo grande peitoral subjacente. Vale aqui lembrar que a realização da cirurgia conservadora impõe sempre a realização da radioterapia adjuvante, ou seja, após a cirurgia. No tumor maligno infiltrante que compromete apenas até 20% do volume da mama, deve-se promover a cirurgia conservadora associada à radioterapia. Se as margens cirúrgicas estiverem comprometidas, deve-se ampliá-las. É importante salientar que todo tumor infiltrante impõe a abordagem axilar. 2. CIRURGIAS RADICAIS A mastectomia está indicada nos casos de tumores malignos infiltrantes que ocupam mais de 20% do volume da mama ou em casos de tumores localmente avançados. Mastectomias simples: corresponde a exérese apenas da mama, com extensão variável da pele que a recobre, incluindo sempre o complexo areolopapilar. A principal indicação são os tumores intraductais extensos. Mastectomias radicais: estão indicadas para os tumores infiltrantes, nos quais o volume ou a multicentricidade não permite a cirurgia conservadora. 3. ESVAZIAMENTO AXILAR A cadeia linfática axilar é a mais acometida. A abordagem axilar está indicada sempre que o tumor primário for infiltrante, independentemente de seu volume ou da cirurgia realizada para extirpá-lo. Assim, tanto os tumores pequenos ou mesmo as lesões subclínicas que permitam 11 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 cirurgias conservadoras na mama requerem abordagem axilar, desde que seja identificada a invasão estromal (tumores infiltrantes). Esta abordagem pode ser realizada pela técnica do linfonodo sentinela ou pelo esvaziamento axilar clássico. TRATAMENTO ADJUVANTE E NEOADJUVANTE 1. RADIOTERAPIA Tem como principal indicação o controlelocorregional da doença. E em alguns casos é empregada no pré-operatório para reduzir o volume tumoral. Seu uso mais comum é no pós-operatório, ou seja, radioterapia adjuvante, para diminuir as taxas de recidiva. Está obrigatoriamente indicada: Após cirurgias conservadoras da mama; No caso de tumores maiores que 4 cm (5 cm segundo algumas referências); Na presença de quatro ou mais linfonodos axilares acometidos. Todas as candidatas à radioterapia devem realizá- la até no máximo 16 semanas após a cirurgia. 2. QUIMIOTERAPIA Visa auxiliar no tratamento locorregional, controlar e tratar o surgimento de metástases à distância. É recomendada para pacientes com tumores infiltrantes, linfonodos positivos ou quando o tumor é grande. QT NEOADJUVANTE: é também conhecida como QT pré-cirúrgica, sendo realizada antes do procedimento definitivo (cirúrgico ou radioterápico). Assim, ela se propõe a diminuir o tamanho tumoral, de forma a possibilitar cirurgias conservadoras em tumores grandes. QT ADJUVANTE: propõe-se a complementar o tratamento cirúrgico, diminuindo as taxas de recidiva e os índices de mortalidade. Deverá ser iniciada 4 a 6 semanas após a cirurgia. A indicação dessa terapia decorre da presença de fatores de mau prognóstico. QT PARA METÁSTASES À DISTÂNCIA: a tendência atual é que apenas as pacientes com metástases sintomáticas recebam QT. As pacientes com metástases assintomáticas geralmente recebem apenas hormonioterapia. Obs.: No caso de a paciente ter recebido QT neoadjuvante, não há necessidade de QT adjuvante (é “uma ou outra”); Obs.: Caso a paciente tenha indicação tanto de radioterapia quanto de quimioterapia adjuvantes, a QT deve preceder a RT. HORMONIOTERAPIA Consiste na utilização de substâncias que inibam ou diminuam a atividade dos hormônios endógenos (estrogênio e progesterona) sobre a mama. Por esta razão, está indicada para os tumores receptores hormonais positivos (RE+ e RP+). Assim como a QT, a hormonioterapia pode ser empregada como terapia neoadjuvante, adjuvante ou no controle de metástases à distância. Mas é importante lembrar que não deve ser administrada ao mesmo tempo em que a QT. Os medicamentos mais utilizados são o Tamoxifeno (antagonista dos receptores de estrogênio) e Inibidores da aromatase (inibe a conversão periférica de andrógenos em estrógenos, devendo ser utilizado só na pós- menopausa). Na prática, toda paciente com exame imuno- histoquímico evidenciando positividade de receptores hormonais é candidata à hormonioterapia durante cinco anos. Esta deve ser iniciada após a QT adjuvante (caso haja indicação), nunca de forma concomitante. A hormonioterapia é a forma de tratamento ideal para pacientes com metástases pouco sintomáticas. 5. ABORDAR AS COMPLICAÇÕES DO CA DE MAMA E DO SEU TRATAMENTO. Entre todas as possíveis complicações, a infecção mamária após mastectomia é uma intercorrência preocupante considerando a possível gravidade associada e evolução para fasciite necrosante. Estudos demonstram que a reconstrução mamária imediata no mesmo ato cirúrgico (após ressecção) e a ressecção linfonodal são fatores de risco independentes para infecção no pós- operatório; A despeito dos dados, a recomendação atual é pela reconstrução mamária imediata após mastectomia, por causa do benefício psicológico e dos estigmas para a mulher associados a tal procedimento Pacientes submetidas à mastectomia podem desenvolver a síndrome de Stewart-Treves ou 12 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 angiossarcoma pós-mastectomia. Origina-se das células endoteliais e se manifesta como linfedema do membro superior. A maioria apresenta tumor em região superior do membro e alguns na parede torácica e ombro. Pode se apresentar como tumor ulcerado ou massa fixa. O tratamento é baseado na excisão do tumor e quimioterapia, apresentando mau prognóstico. A lesão do nervo torácico longo pode ocorrer. Ele se situa ao longo do gradil costal. É responsável pela inervação do músculo serrátil anterior, que é importante para a fixação da escápula à parede torácica, durante a adução do ombro e a extensão do braço. Sua lesão implica em quadro conhecido por escápula alada. 6. ENTENDER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVENÇÃO, PROMOÇÃO E TRATAMENTO DO CA DE MAMA. PREVENÇÃO PRIMÁRIA 1. CONTROLE DOS FATORES DE RISCO A prevenção primária do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco reconhecidos. Embora os fatores hereditários e muitos daqueles relacionados ao ciclo reprodutivo da mulher não sejam passíveis de mudança, os fatores relacionados ao estilo de vida como obesidade pós-menopausa, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e terapia hormonal, podem ser controlados e contribuir para diminuir a incidência do câncer de mama. 2. QUIMIOPREVENÇÃO Com relação à quimioprofilaxia para o câncer de mama, duas classes de medicações têm sido mais estudadas: os moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERM – tamoxifeno e raloxifeno) e os inibidores de aromatase (anastrozol e exemestano). Os SERM não interferem na produção de esteroides, mas competem com o estradiol pela ligação com os receptores de estrogênio e, assim, exercem sua ação anti-hormonal. Os mais estudados são compostos trifeniletilenos, o tamoxifeno e o raloxifeno, que funcionam como estrogênio-agonista ou antagonista nos vários tecidos orgânicos. Vale lembrar que esses medicamentos estão relacionados ao aumento do risco de eventos tromboembólicos, câncer de endométrio ou acidente vascular encefálico. Os Inibidores de Aromatase (IA) reduzem a produção de estrogênios, agindo em fontes não gonadais. Por esta razão, funcionam melhor após a menopausa, com os ovários silentes. Os IA atuam bloqueando a enzima aromatase, que converte androstenediona em estrona que, por sua vez, se interconverte em estradiol, principalmente a nível de tecido celular subcutâneo. A quimioprevenção pode ser considerada para pacientes com hiperplasia ductal atípica, hiperplasia lobular atípica e carcinoma lobular in situ, principalmente em lesões mais extensas ou múltiplas, casos de repetição do quadro ou quando há predisposição hereditária. A decisão de se prescrever SERM ou IA para todas as mulheres com risco elevado não é unânime. A conduta requer individualização, conforme nível de risco, repercussão emocional do risco, faixa etária, comorbidades e tolerabilidade aos fármacos. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA A prevenção secundária inclui estratégias que visam sua detecção precoce. O câncer de mama quando identificado em estágios iniciais (lesões < 2 centímetros de diâmetro) apresenta prognóstico favorável. Para isso é necessário implantar estratégias para a detecção precoce da doença. 1. DIAGNÓSTICO PRECOCE: A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer de mama. Nessa estratégia é fundamental a educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, assim como o acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde. 2. RASTREAMENTO: O rastreamento com o exame de Mamograåa (MMG) é a estratégia de saúde pública que tem sido adotada em contextos onde a incidência e a mortalidade por câncer de mama são elevadas. A MMG é o único exame utilizado para rastreamento, com capacidade de detectar lesões não palpáveis e causar impacto na mortalidade por câncer de mama, sendo por isso o exame de imagem recomendado para o rastreamento do câncer de mama no Brasil.
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