Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 Sumário Enunciado 01 ..................................................................................................................................................................... 3 Enunciado 02 ..................................................................................................................................................................... 6 Enunciado 03 ..................................................................................................................................................................... 9 Enunciado 04 ................................................................................................................................................................... 12 Enunciado 05 ................................................................................................................................................................... 15 Enunciado 06 ................................................................................................................................................................... 18 Enunciado 07 ................................................................................................................................................................... 21 Enunciado 08 ................................................................................................................................................................... 24 Enunciado 09 ................................................................................................................................................................... 27 Enunciado 10 ................................................................................................................................................................... 30 3 CADERNO DE QUESTÕES AUTORAIS – DIREITO MATERIAL CIVIL ORIENTAÇÕES Resolva o caderno de questões com consulta somente ao Vade Mecum. Após, assista a aula para conferir as respostas e explicações de cada uma das questões aplicadas. Enunciado 01 João da Silva, cantor e compositor de renome no cenário nacional, soube recentemente, que Lucas está finalizando uma biografia sobre sua vida, onde traz relatos sobre a vida pessoal do cantor, assim como acusações de assédio sexual, consumo de álcool e drogas. O livro traz, também, uma série de fotografias pessoais do cantor. O lançamento da obra está previsto para o mês de fevereiro de 2021, quando João completa 75 anos de idade e a pré-venda da obra já está beirando a tiragem da 1 edição. João, que não autorizou a publicação da obra, procura você, coo advogado, para prestar as informações adequadas. a) É possível João impedir a publicação de biografia? b) Considerando que a obra cause danos a imagem da pessoa biografada, é possível se tomar alguma providência? E não havendo prova do prejuízo, ainda assim haverá indenização? 4 5 GABARITO COMENTADO a) Neste caso, deve ser feita a interpretação conforme à Constituição Federal aos artigos 20 e 21 do Código Civil pela jurisprudência superior, especialmente pelo julgamento, por parte do STF, da ADIN 4815, no sentido de ser inexigível autorização da pessoa biografada. Isso porque, ao lado da proteção da personalidade, também deve ser assegurada a liberdade de expressão prevista no art. 5º, IX, da Constituição Federal. Assim, cabe realizar a ponderação, nesta hipótese, privilegiando que especialmente em se tratando de pessoa notória, cabível somente, em caso de abuso, a responsabilização posterior, mas não a censura prévia. Geralmente, nestes casos, de fundamentação em jurisprudência, a FGV cobra: “conforme entendimento dos Tribunais Superiores”. b) Neste caso, tendo havido ocorrência de dano à imagem do biografado, ele poderá exigir indenização por danos. Assim, nos termos do art. 186 do Código Civil, cabe indenização por danos morais. Poderá, ainda, requerer a responsabilização do autor da biografia pelos eventuais fatos narrados de maneira abusiva, na forma do art. 187 do Código Civil, mas não poderá requerer a retirada de circulação da obra. A responsabilidade civil está prevista no art. 927, CC. Contudo, mesmo não havendo comprovação dos danos, a súmula 403 do STJ permite a indenização pela utilização da imagem da pessoa para fins econômicos. 6 Enunciado 02 João é casado com Maria e tiveram um filho, Joaquim. Como pretendiam ter outro filho, mas Maria teve problemas na primeira gestação e não podia mais engravidar, adotaram legalmente Carine. Já na idade adulta, Joaquim casou-se com Rosana, com quem viveu feliz por certo tempo, mas, recentemente o casal divorciou-se. Rosana e Carine sempre foram bastante unidas e, com o tempo, acabaram percebendo que existia mais do que o afeto entre cunhadas. Apesar das restrições da família, resolvem casar, mas Joaquim pretende impedir a celebração. Entendendo por absurda e desrespeitosa a pretensão da filha, João resolve dispor de sua herança em testamento, estabelecendo que, por ser adotada, Carine seja excluída da sucessão e que todo o patrimônio fique para Joaquim. Diante do fato narrado, responda: a) Joaquim pode impedir a celebração do casamento entre Rosana e Carine? b) É juridicamente viável a pretensão de João, de excluir Carine da sucessão e testar todo o patrimônio para Joaquim? 7 8 GABARITO COMENTADO: a) Joaquim não pode impedir a celebração do casamento entre Rosana e Carine, pois o parentesco por afinidade na linha colateral extingue-se com o término do casamento, mantendo-se, somente o parentesco por afinidade na linha reta. Art. 1.595, § 2.º, CC. Além disto, o impedimento constante no art. 1.521, II é apenas entre os afins em linha reta. b) Não é viável a pretensão de João, em razão da igualdade entre os filhos, estabelecida no art. 1.696, CC e no art. 227, § 6.º da CF, de forma que tanto Carine e Joaquim são seus herdeiros legítimos necessários. Assim, dispõem os arts. 1.789 e 1.846, ambos do CC, que pertence, de pleno direito, aos herdeiros necessários, a metade dos bens da herança, constituindo-se na legítima. Portanto, João somente poderia dispor, através de testamento, da metade da herança, por ter herdeiros necessários, conforme art. 1.845, CC. 9 Enunciado 03 Bruno e Roberto constituíram uma união homoafetiva em julho de 2003, mas não realizaram o reconhecimento desta união. Bruno faleceu, recentemente, em um acidente de carro, deixando patrimônio, constituído de um terreno recebido, por doação de seu tio. Os pais de Bruno ingressam com inventário judicial e pretendem ficar com todo o patrimônio do filho, pois entendem que Roberto não possui qualquer direito a partilha de patrimônio e por não reconhecerem a união existente entre ele e seu filho. Diante da situação narrada, responda: a) A relação entre Roberto e Bruno possui proteção jurídica? b) A pretensão dos pais de Bruno é viável juridicamente? 10 11 GABARITO COMENTADO: a) Tendo em vista o entendimento dos Tribunais Superiores, a união entre Bruno e Roberto possui a mesma proteção jurídica das uniões estáveis entre pessoas de sexos diferentes. Em maio de 2011 o STF julgou a ADIN 4277 e a ADPF 132, que reconhece a união estável homoafetiva. b) Não é viável a pretensão dos pais de Bruno, pois, tendo em vista que ele e Roberto viviam em união estável homoafetiva, Roberto será herdeiro dos bens particulares deixados pelo companheiro, em concorrência com os ascendentes, nos termos do entendimento dos Tribunais Superiores e do art. 1.829, II, CC, recebendo, cada um, 1/3 do bem deixado pelo falecido, nos termos do art. 1.837, CC. 12 Enunciado 04 No dia 03/12/2020,Maria procura você, na qualidade de advogado, para esclarecer algumas dúvidas. A cliente informa que em 19/10/2017 sofreu um acidente de trânsito que causou-lhe danos materiais no veículo, equivalente a R$ 20.000,00 (vinte mil reais). O acidente foi causado por João que, não observou o sinal vermelho do semáforo e adentrou a via em que Maria trafegava, atingindo seu veículo. Na data do acidente foi acionada a Brigada Militar que registrou a ocorrência. Conforme a ocorrência e relato das testemunhas, Maria trafegava dentro das normas de trânsito quando foi surpreendida pelo veículo de João. Maria informa que vem buscando a reparação extrajudicial dos danos junto ao proprietário do veículo, tendo remetido um e-mail para João, em 07/08/2020 afirmando que está grávida e que agora necessita desse valor com mais urgência. João responde ao e-mail na mesma data, afirmando que sabe que deve a Maria, e que pagará o débito, mas que no momento não possui dinheiro disponível. Além disto, no mesmo e-mail, João ofende Maria com palavrões e expressões chulas, principalmente no âmbito sexual, atingindo-a intensamente em sua honra, e, em relação ao bebê que Maria espera, usou os mesmos termos, até de forma mais grosseira. Diante do caso narrado, na qualidade de advogado consultado por Maria, responda: a) Considerando a data do fato, seria possível Maria ingressar judicialmente para cobrar o débito de João? b) Mesmo antes da criança nascer, Maria pode reclamar direitos do nascituro? 13 14 GABARITO COMENTADO: a) É possível o ajuizamento da demanda, pois, embora já que decorrido mais de 03 anos da data do acidente, prazo regulado pelo art. 206, §3º, V, do Código Civil, João reconheceu, através de e-mail, o direito da credora. Assim, ocorreu uma causa de interrupção da prescrição, prevista no art. 202, VI, CC, pois o devedor reconheceu, de forma inequívoca, o direito. b) Como o art. 2º, CC prevê os direitos do nascituro, desde a concepção, pode Maria buscar a reparação dos danos que foram causados ao bebê, em razão da violação dos direitos de personalidade. 15 Enunciado 05 Ivana, jovem moradora do Rio de Janeiro não se sente confortável com seu corpo. Com o tempo, percebe que nasceu em um corpo errado. Após várias pesquisas, descobre que é transgênero e passa a buscar o tratamento adequado para sua transição. Com o tempo, as características femininas dão lugar às masculinas e Ivana pretende ser chamada de Ivan e assim a família e os amigos passam a tratá-lo. Contudo, seu registro civil não espelha a realidade vivida pelo jovem. Ivan procura a alteração judicial do prenome e do sexo no registro civil e o pedido é julgado improcedente, tendo em vista não ter sido realizada a cirurgia de adequação sexual. Ivan jamais quis se submeter a cirurgia, tendo em vista os riscos à sua vida que a mesma pode trazer. Tendo em vista a situação narrada, responda: a) Ivan pode ser obrigado a se submeter a cirurgia de adequação sexual, diante dos riscos? b) É correta a decisão que julga improcedente o pedido de Ivan? 16 17 GABARITO COMENTADO: a) Ivan não pode ser obrigado a se submeter a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica que apresente risco contra sua vida, conforme art. 15, CC. b) A decisão não está correta, pois o entendimento dos Tribunais Superiores é no sentido da possibilidade da alteração do prenome e do sexo dos transgêneros independentemente de cirurgia de adequação sexual. ADIN 4275 18 Enunciado 06 João, solteiro e sem descendentes, recebeu de herança, pelo falecimento de seus pais, um apartamento de 3 quartos, com um box de garagem. Como o imóvel é bastante grande e o condomínio excessivamente alto, João, alugou o imóvel a terceiros e, com o produto da locação, paga o aluguel de um imóvel menor para residir, usando o restante do valor para as despesas mensais de supermercado. Em razão da pandemia que assolou o país desde março de 2020, João encontra-se endividado e acabou sofrendo execução judicial, por dívidas contraídas no comércio local. No processo de execução, tendo em vista que não conseguiu efetivar o pagamento do débito, foi determinada a penhora do apartamento em que João reside, único imóvel que possui. Com receio de perder seu único bem, João lhe procura como advogado, que deverá prestar as informações corretas ao cliente. a) É possível a penhora do apartamento, já que se encontra locado a terceiros? b) E o box de garagem, pode ser penhorado? 19 20 GABARITO COMENTADO: a) O imóvel de João é o único que possui e, nos termos do art. 1º da Lei 8.009/90 tem proteção contra a penhora. Mesmo locado a terceiros, o imóvel de João continua sendo impenhorável, pois o valor da locação está sendo revertido para sua moradia e subsistência, nos termos da súmula 486 do STJ. b) Nos termos do entendimento dos Tribunais Superiores, se o box de garagem que João herdou tiver matrícula própria no Registro de Imóveis poderá ser penhorado, não constituindo bem de família para efeito de penhora. Deve-se considerar que, neste caso, cada matrícula constitui-se de um imóvel e a proteção é para o único imóvel de natureza residencial da família. Súmula 449, STJ. 21 Enunciado 07 João e Maria tiveram, em 2018 um relacionamento amoroso, que resultou na gravidez de Maria. Ao saber a notícia, João rompeu o relacionamento e negou-se a reconhecer voluntariamente a criança. Logo após o nascimento da criança, Maria voltou a contatar João, para realizarem o exame de DNA, mas ele novamente se negou. Recentemente, Maria perdeu o emprego e está passando por sérias dificuldades para sustentar, sozinha, o filho. Resolve, então, propor ação de investigação de paternidade, cumulada com pedido de alimentos, contra João. Embora tenha havido citação válida, João não se manifesta nos autos e não comparece em nenhuma das datas designadas pelo juiz para a realização do exame de DNA. Tendo em vista a situação hipotética, responda: a) Como fica a prova da paternidade, considerando a recusa de João a submissão ao exame de DNA? b) Considerando que a sentença seja procedente e fixe alimentos, a partir de que momento serão considerados devidos? 22 23 GABARITO COMENTADO: a) Tendo em vista que João não compareceu em nenhuma das datas designadas pelo juiz para realizar o exame de DNA, sua recusa não poderá impedir o reconhecimento do direito do filho, de forma que a súmula 301 do STJ prevê a presunção da paternidade nestes casos de recusa a submissão ao exame. “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”. b) Se a sentença for procedente e fixar os alimentos, estes serão devidos desde a citação, nos termos da súmula 277 do STJ. “Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação”. 24 Enunciado 08 Ricardo, com 18 anos de idade, é estudante de Direito, filho de João e Maria. Os pais de Ricardo são divorciados e nos autos do processo de divórcio ficou fixada a obrigação alimentar de João em benefício de Ricardo. Desde que Ricardo completou 18 anos de idade, João parou de pagar os alimentos, pois entende que a maioridade do filho exonera da obrigação de pagar alimentos. Ricardo contrata um advogado e ingressa com execução de alimentos, pelo rito da constrição de bens, tendo havido a penhora de valores provenientes do FGTS de João. Considerando a situação hipotética, responda: a) João está correto na decisão de parar de pagar os alimentos a Ricardo, em razão da maioridade? b) É possível e legal a penhora de saldo de FGTS para pagamento de débito dealimentos? 25 26 GABARITO COMENTADO: a) João não pode parar de pagar os alimentos, pois embora o filho esteja com 18 anos, a exoneração depende de processo judicial, com direito a contraditório, nos termos da súmula 358 do STJ. b) Conforme entendimento dos Tribunais Superiores, é possível a penhora de valores/créditos de FGTS para pagamento de prestações alimentícias vencidas. 27 Enunciado 09 Renato, atualmente com 76 anos e Ana Maria, atualmente com 68 anos possuem relacionamento amoroso, público e duradouro, desde 2018. Vivem como se marido e mulher fossem, mas residem em casas separadas. Tendo em vista o falecimento de Ana Maria, pelas complicações decorrentes da COVID-19, não tendo ela deixado filhos, nem ascendentes, apenas irmãos vivos, Renato dá entrada ao processo de reconhecimento de união estável, para poder se habilitar no inventário. A ação de reconhecimento de união estável é julgada improcedente, tendo em vista que o casal não residia na mesma casa. Diante da situação narrada, responda: a) Foi correta a decisão que julgou improcedente a ação de reconhecimento da união estável? b) Na situação hipotética, qual seria o regime de bens a vigorar na relação do casal? 28 29 GABARITO COMENTADO: a) Não foi correta, pois a coabitação não é requisito para a configuração da união estável. Os requisitos estão no art. 1.723, CC. Além disto, a súmula 382 do STF prevê que residir sobre o mesmo teto não é indispensável para a caracterização da união estável. b) Tendo em vista que Renato já tinha mais de 70 anos quando a união com Ana Maria iniciou, o entendimento dos Tribunais Superiores é no sentido de que incide, também na união estável, o regime de separação obrigatória de bens, estabelecido pelo art. 1.641, II, CC. 30 Enunciado 10 Cláudia é veterinária, especializada em cavalos de salto e em razão de sua atuação profissional está permanentemente na estrada, realizando atendimentos em todo o sul do Brasil. Os pais de Cláudia residem em uma fazenda, no interior de Encruzilhada do Sul. O marido de Cláudia reside em Porto Alegre. Para realizar seus atendimentos, Cláudia dispõe de uma van, equipada com medicamentos. Para efetuar o atendimento odontológico dos animais, Cláudia celebrou um contrato de parceria com Renata, especialista em odontologia equina. As veterinárias celebraram contrato e definiram como local de discussão de eventuais situações provenientes do contrato, a Comarca de Porto Alegre. Diante da situação hipotética, responda: a) Qual é o domicílio de Cláudia para todos os fins legais? b) É válida a disposição prevendo que eventual discussão das situações contratuais ocorra em Porto Alegre? 31 32 GABARITO COMENTADO: a) Considerando que Cláudia não tem domicílio certo, visto que está permanentemente na estrada, realizando atendimentos, será considerado domicílio seu, o lugar onde for encontrada, nos termos do art. 73, CC. b) Como houve a celebração de contrato escrito, é lícito, nesses casos, estabelecer o domicílio para fins de cumprimento das obrigações dali decorrentes, nos termos do art. 78, CC. 33
Compartilhar