Buscar

QUESTOES DIREITO CIVIL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

161. (XII Exame) Alexandre, pai de Bruno, celebrou contrato com Carlos, o
qual lhe concedeu o direito de superfície para realizar construção de um
albergue em seu terreno e explorá-lo por 10 anos, mediante o pagamento da
quantia de R$100.000,00. Passados quatro anos, Alexandre veio a falecer.
Diante do negócio jurídico celebrado, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) O superficiário pode realizar obra no subsolo, de modo a ampliar sua
atividade.
(B) O superficiário responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o
imóvel.
(C) O direito de superfície será transferido a Bruno, em razão da morte de
Alexandre.
(D) O superficiário terá direito de preferência, caso Carlos decida vender o
imóvel.
RESPOSTA O direito de superfície é regido pelos arts. 1.369 a 1.377 do CC.
Como regra, o superficiário (a quem se concede o direito) responde pelos
encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (art. 1.371). Ademais, o
direito de superfície é transmissível causa mortis (art. 1.372), assegurando-se
ao superficiário o direito de preferência em caso de venda do imóvel (art.
1.373). Assim, são corretas as três derradeiras assertivas. Falsa é a alternativa
A, pois, via de regra, o superficiário não pode realizar obras no subsolo, salvo
se forem inerentes ao objeto da concessão (art. 1.369, parágrafo único).
Alternativa A.
162. (XIII Exame) Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com
Laurindo e, mesmo sem a devida declaração negativa de débitos condominiais,
conseguiu registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua
mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas
condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem
sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse com os
mencionados valores.
De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a
opção correta.
(A) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas
em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o
imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado.
(B) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em
atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi
encontrado, cabendo ação in rem verso, quando este for localizado.
(C) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas
em atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary
ainda não possui direito real sobre a coisa.
(D) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em
atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que
está a cargo daquele que possui o direito real sobre a coisa e,
comprovadamente, imitido na posse do imóvel adquirido.
RESPOSTA Nos termos do art. 1.345 do CC, “o adquirente de unidade responde
pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros
moratórios”. Trata-se de obrigação ambulatória ou propter rem, que se prende
à coisa, cabendo ao seu titular responder por seu adimplemento. Alternativa
D.
163. (XIII Exame) Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do
rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão do rio
alteraram a área da propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou
a se questionar sobre o tamanho atual de sua propriedade (se houve
aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido, pois nada havia feito
para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou a
notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam se não
deveriam receber alguma indenização do outro.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos
trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando
indenização a ninguém.
(B) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao
proprietário do terreno de onde aquela porção de terra se deslocou.
(C) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra
trazida pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver
reclamado, após o período de um ano.
(D) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que
primeiro a tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou
como área de trabalho.
RESPOSTA A questão versa sobre o fenômeno da aluvião, assim conceituado no
art. 1.250 do CC: “os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente,
por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo
desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem
indenização”. Alternativa A.
164. (XIII Exame) Antônio, muito necessitado de dinheiro, decide empenhar
uma vaca leiteira para iniciar um negócio, acreditando que, com o sucesso do
empreendimento, terá o animal de volta o quanto antes.
Sobre a hipótese de penhor apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Se a vaca leiteira morrer, ainda que por descuido do credor, Antônio
poderá ter a dívida executada judicialmente pelo credor pignoratício.
(B) As despesas advindas da alimentação e outras necessidades da vaca
leiteira, devidamente justificadas, consistem em ônus do credor
pignoratício, sendo vedada a retenção do animal para obrigar Antônio a
indenizá-lo.
(C) Se Antônio não quitar sua dívida com o credor pignoratício, o penhor
estará automaticamente extinto e, declarada sua extinção, poder-se-á
proceder à adjudicação judicial da vaca leiteira.
(D) Caso o credor pignoratício perceba que, devido a uma doença que
subitamente atingiu a vaca leiteira, sua morte está próxima, o CC/02
permite a sua venda antecipada, mediante prévia autorização judicial,
situação que pode ser impedida por Antônio por meio da sua substituição.
RESPOSTA Trata-se de penhor, garantia real que recai sobre bem móvel (um
animal). As três primeiras assertivas são falsas. Se o animal perecer por culpa
do credor, extingue-se o penhor (A – art. 1.436, II, do CC); o credor
pignoratício tem direito à retenção da coisa empenhada, até ser ressarcido
por suas despesas (B – art. 1.433, II, do CC); se o devedor não paga a dívida,
cabe ao credor promover a venda da coisa empenhada, não adjudicá-la (art.
1.433, IV, do CC). Finalmente, conforme prevê o art. 1.433, VI, do CC, o credor
tem o direito de “promover a venda antecipada, mediante prévia autorização
judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca
ou deteriore, devendo o preço ser depositado”. Correta a alternativa D.
165. (IX Exame) De acordo com as regras atinentes à hipoteca, assinale a
afirmativa correta.
(A) O Código Civil não admite a divisibilidade da hipoteca em casos de
loteamento do imóvel hipotecado.
(B) O ordenamento jurídico admite a instituição de nova hipoteca sobre
imóvel hipotecado, desde que seja dada em favor do mesmo credor.
(C) Segundo o Código Civil, o adquirente de bem hipotecado não pode remir a
hipoteca para que seja extinto o gravame pendente sobre o bem sem
autorização expressa de todos os credores hipotecários.
(D) A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou
condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser
garantido.
RESPOSTA Eis o que dispõe o art. 1.487 do CC: “a hipoteca pode ser constituída
para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o
valor máximo do crédito a ser garantido”. Alternativa D.
166. (VII Exame) Acerca do instituto da posse é correto afirmar que
(A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas.
(B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.
(C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome
próprio.
(D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do
qual cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse.
RESPOSTA A composse é tratada no art. 1.199 do CC, segundo o qual, se duas
ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela
atos possessórios,contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Na posse pro diviso, apesar de a coisa ser indivisa, cada compossuidor exerce
seus atos sobre o bem como se fosse uma posse exclusiva, enquanto na posse
pro indiviso, os compossuidores exercem indistintamente os atos de posse
sobre uma fração ideal do bem. Alternativa D.
167. (VI Exame – Reaplicação) Timóteo e Leandro, cada qual proprietário
de um apartamento no Edifício Maison, procuram a síndica do condomínio,
Leonor, a fim de solicitar que fossem deduzidas de suas contribuições
condominiais as despesas referentes à manutenção do parque infantil situado
no edifício. Argumentaram que, por serem os únicos condôminos sem crianças
na família, não utilizam o aludido parque, cuja manutenção incrementa
significativamente o valor da contribuição condominial, bem como que a
convenção de condomínio nada dispõe a esse respeito.
Na condição de advogado consultado por Leonor, assinale a avaliação correta
do caso acima.
(A) Timóteo e Leandro podem ser temporariamente dispensados do
pagamento das despesas referentes à manutenção do parque infantil,
retomando-se imediatamente a cobrança caso venham a ter crianças em
sua família.
(B) Timóteo e Leandro podem ser dispensados do pagamento das despesas
referentes à manutenção do parque infantil, desde que declarem, por meio
de escritura pública, que não utilizarão o parque infantil de forma
permanente.
(C) Leonor deverá dispensar tratamento isonômico a todos os condôminos,
devendo as despesas de manutenção do parque infantil ser cobradas, ao
final de cada mês, apenas daqueles condôminos que tenham efetivamente
utilizado a área naquele período.
(D) Todos os condôminos, inclusive Timóteo e Leandro, devem arcar com as
despesas referentes à manutenção do parque infantil, tendo em vista ser
seu dever contribuir para as despesas condominiais proporcionalmente à
fração ideal de seu imóvel.
RESPOSTA Conforme prevê o art. 1.336, I, do CC, são deveres do condômino,
salvo disposição em contrário na convenção (e o enunciado da questão deixa
claro que não há disposição a esse respeito), contribuir para as despesas do
condomínio na proporção das suas frações ideais. Portanto, todos devem arcar
com os ônus e as despesas, independentemente da efetiva fruição da área
comum, que está à disposição de todos os condôminos. Alternativa D.
168. (V Exame) Durante assembleia realizada em condomínio edilício
residencial, que conta com um apartamento por andar, Giovana, nova
proprietária do apartamento situado no andar térreo, solicitou explicações
sobre a cobrança condominial, por ter verificado que o valor dela cobrado era
superior àquele exigido dos demais condôminos. O síndico prontamente
esclareceu que a cobrança a ela dirigida é realmente superior à cobrança das
demais unidades, tendo em vista que o apartamento de Giovana tem acesso
exclusivo, por meio de uma porta situada em sua área de serviço, a um
pequeno pátio localizado nos fundos do condomínio, conforme consta nas
configurações originais do edifício devidamente registradas. Desse modo,
segundo afirmado pelo síndico, podendo Giovana usar o pátio com
exclusividade, apesar de constituir área comum do condomínio, caberia a ela
arcar com as respectivas despesas de manutenção.
Em relação à situação apresentada, assinale a alternativa correta.
(A) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção
do pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do condomínio,
e a porta de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa da referida
condômina.
(B) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do
pátio, tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo,
independentemente da frequência com que seja efetivamente exercido.
(C) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à
manutenção do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido
impõe deterioração excessiva do local.
(D) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à
manutenção do pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os
demais condôminos, tendo em vista que a instalação da porta na área de
serviço não foi de iniciativa da condômina, tampouco da atual
administração do condomínio.
RESPOSTA Prevê o art. 1.340 do CC que as despesas relativas a partes comuns
de um condomínio, mas de uso exclusivo de um ou alguns dos condôminos,
incumbem a quem delas se serve. Portanto, tais despesas podem ser cobradas
de Giovana, apenas. Alternativa B.
169. (IV Exame) Noêmia, proprietária de uma casa litorânea, regularmente
constituiu usufruto sobre o aludido imóvel em favor de Luísa, mantendo,
contudo, a sua propriedade. Inesperadamente, sobreveio uma severa ressaca
marítima, que destruiu por completo o imóvel. Ciente do ocorrido, Noêmia
decidiu reconstruir integralmente a casa às suas expensas, tendo em vista que
o imóvel não se encontrava segurado.
A respeito da situação narrada, assinale a alternativa correta.
(A) O usufruto será mantido em favor de Luísa, tendo em vista que o imóvel
não fora destruído por culpa sua.
(B) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de
Noêmia, independentemente do pagamento de indenização a Luísa, tendo
em vista que Noêmia arcou com as despesas de reconstrução do imóvel.
(C) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de
Noêmia, desde que esta indenize Luísa em valor equivalente a um ano de
aluguel do imóvel.
(D) O usufruto será mantido em favor de Luísa, independentemente do
pagamento de qualquer quantia por ela, tendo em vista que Noêmia
somente poderia ter reconstruído o imóvel mediante autorização expressa
de Luísa, por escritura pública ou instrumento particular.
RESPOSTA Prevê o art. 1.410, V, do CC que uma das formas de extinção do
usufruto é a destruição da coisa. Já o art. 1.408 do CC dispõe que se um
edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será
este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá se o
proprietário reconstruir à sua custa o prédio. Complementando, se houvesse
indenização de seguro para a reconstrução do prédio, seria restabelecido o
usufruto, mas não era esse o caso narrado pela questão. Alternativa B.
170. (IV Exame) Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa
correta.
(A) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem
de cabos e tubulações.
(B) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo
aos proprietários dos imóveis vizinhos, e às expensas do seu dono, mas a
quem não incumbem as despesas de conservação.
(C) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o
proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas
supérfluas aos seus interesses de consumo.
(D) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela
passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a
canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais.
RESPOSTA Dispõe o art. 1.293, § 2º, do CC que o proprietário prejudicado, que
será devidamente indenizado pelos prejuízos oriundos da construção do
aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa
áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais. Alternativa D.
171. (III Exame) Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há
cinco anos e, de comum acordo, haviam regularmente delimitado as suas
propriedades pela instalação de uma singela cerca viva. Recentemente, Félix
adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-lhe
que substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do
cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido
do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e inofensivo e,
por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na situação narrada, é
correto afirmar que Joaquim
(A) Não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva
fora instalada decomum acordo e demarca corretamente os limites de
ambas as propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não
há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos.
(B) Poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as
despesas de instalação.
(C) Poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de
instalação, deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente
corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os
vizinhos.
(D) Poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas
de instalação, cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas.
RESPOSTA No caso hipotético, aplica-se a regra contida no § 3º do art. 1.297
do CC, segundo o qual a construção de tapumes especiais para impedir a
passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida
de quem provocou a necessidade deles pelo proprietário, que não está
obrigado a concorrer para as correspondentes despesas. Alternativa B.
172. (II Exame) Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa
correta.
(A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade.
(B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse.
(C) Representa uma tradição ficta.
(D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros
na sucessão universal.
RESPOSTA O art. 1.267 e seu parágrafo único do CC preveem a transferência
da propriedade por meio da tradição, subentendendo-se ela, entre outras
hipóteses, quando o transmitente continua a possuir pelo constituto
possessório. Doutrinariamente, são admitidas três espécies de tradição: a real,
a simbólica e a ficta. A ficta compreende o constituto possessório, por meio
do qual aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio
(por exemplo, é o que se dá quando um indivíduo aliena um bem, mas
continua na sua posse como locatário ou comodatário). Alternativa C.
173. (II Exame) Passando por dificuldades financeiras, Alexandre instituiu
uma hipoteca sobre imóvel de sua propriedade, onde reside com sua família.
Posteriormente, foi procurado por Amanda, que estaria disposta a adquirir o
referido imóvel por um valor bem acima do mercado. Consultando seu
advogado, Alexandre ouviu dele que não poderia alienar o imóvel, já que
havia uma cláusula na escritura de instituição da hipoteca que o proibia de
alienar o bem hipotecado. A opinião do advogado de Alexandre
(A) Está incorreta, porque a hipoteca instituída não produz efeitos, pois, na
hipótese, o direito real em garantia a ser instituído deveria ser o penhor.
(B) Está incorreta, porque Alexandre está livre para alienar o imóvel, pois a
cláusula que proíbe o proprietário de alienar o bem hipotecado é nula.
(C) Está incorreta, uma vez que a hipoteca é nula, pois não é possível instituí-
la sobre bem de família do devedor hipotecário.
(D) Está correta, porque, em virtude da proibição contratual, Alexandre não
poderia alienar o imóvel enquanto recaísse sobre ele a garantia hipotecária.
RESPOSTA Conforme previsão expressa do art. 1.475 do CC, é nula a cláusula
que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. Alternativa B.
174. (II Exame) Por meio de uma promessa de compra e venda, celebrada
174. (II Exame) Por meio de uma promessa de compra e venda, celebrada
por instrumento particular registrada no cartório de Registro de Imóveis e na
qual não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir no imóvel objeto do
contrato e, quando quitou o pagamento, deparou com a recusa do
promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel. Diante
do impasse, Juvenal poderá
(A) Requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de
compra e venda ter sido celebrada por instrumento particular.
(B) Usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na
hipótese.
(C) Desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta.
(D) Exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, muito
embora inexistisse previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar.
RESPOSTA A fundamentação para a resposta se encontra no disposto nos arts.
1.417 e 1.418 do CC, que regem o direito do promitente comprador. Havendo
injustificada recusa por parte do vendedor, poderá o comprador, após saldar
suas obrigações, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, mesmo que o
contrato de promessa de compra e venda tenha sido firmado por instrumento
particular (arts. 462 e 1.417 do CC). Alternativa A.
175. (II Exame) Assinale a alternativa que contemple exclusivamente
obrigação propter rem:
(A) A obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da
avulsão.
(B) A hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais.
(C) O dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o
dever de pagar as cotas condominiais.
(D) A obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro
que, de boa-fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo.
RESPOSTA A resolução desta questão envolve o conceito de obrigação propter
rem, que não se encontra positivado, embora mereça amplo reconhecimento
doutrinário. Essa modalidade de obrigação decorre do fato de que
determinadas obrigações derivam do mero fato de uma pessoa ser titular de
um direito real. Entre outros exemplos possíveis (cite-se, por todos, o dever
imposto ao adquirente de unidade condominial de arcar com os débitos do
alienante em relação ao condomínio – art. 1.345 do CC), a obrigação do
proprietário de indenizar o terceiro, prevista no art. 1.219 do CC, decorre
simplesmente da sua condição de proprietário do terreno, sendo, portanto,
uma obrigação propter rem. Alternativa D.
176. (XV Exame) No regime da Alienação Fiduciária que recai sobre bens
imóveis, uma vez consolidada a propriedade em seu nome no Registro de
Imóveis, o fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da data do referido
registro, deverá
(A) adjudicar o bem.
(B) vender diretamente o bem para terceiros.
(C) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo arremate
pelo valor de sua avaliação, realizar um segundo leilão em quinze dias.
(D) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo
arremate, o fiduciário adjudicará o bem.
RESPOSTA No Brasil, a alienação fiduciária de bens imóveis é regida pela Lei n.
9.514/97. Nos termos do art. 27 da referida Lei, “uma vez consolidada a
propriedade em seu nome, o fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da
data do registro de que trata o § 7º do artigo anterior, promoverá público
leilão para a alienação do imóvel”. Na sequência, o § 1º deste mesmo
dispositivo prevê que “se, no primeiro público leilão, o maior lance oferecido
for inferior ao valor do imóvel, estipulado na forma do inciso VI do art. 24,
será realizado o segundo leilão, nos quinze dias seguintes”. Alternativa C.
177. (XVI Exame) A Companhia GAMA e o Banco RENDA celebraram entre
si contrato de mútuo, por meio do qual a companhia recebeu do banco a
quantia de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), obrigando-se a restituí-la,
acrescida dos juros convencionados, no prazo de três anos, contados da
entrega do numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia
GAMA constituiu, em favor do Banco RENDA, por meio de escritura pública
levada ao cartório do registro de imóveis, direito real de hipoteca sobre
determinado imóvel de sua propriedade. A Companhia GAMA, dois meses
depois, celebrou outro contrato de mútuo com o Banco BETA, no valor de R$
200.000,00 (duzentos mil reais), obrigando-se a restituir a quantia, acrescida
dos juros convencionados, no prazo de dois anos, contados da entrega do
numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia GAMA
constituiu, em favor do Banco BETA, por meio de escritura pública levada ao
cartório do registro de imóveis, uma segundahipoteca sobre o mesmo imóvel
gravado pela hipoteca do Banco RENDA. Chegado o dia do vencimento do
mútuo celebrado com o Banco BETA, a Companhia GAMA não reembolsou a
quantia devida ao banco, muito embora tivesse bens suficientes para honrar
todas as suas dívidas. Nesse caso, é correto afirmar que
(A) o Banco BETA tem direito a promover imediatamente a execução judicial
da hipoteca que lhe foi conferida.
(B) a hipoteca constituída pela companhia GAMA em favor do Banco BETA é
nula, uma vez que o bem objeto da garantia já se encontrava gravado por
outra hipoteca.
(C) a hipoteca constituída pela GAMA em favor do Banco BETA é nula, uma
vez que tal hipoteca garante dívida cujo vencimento é inferior ao da dívida
garantida pela primeira hipoteca, constituída em favor do Banco RENDA.
(D) o Banco BETA não poderá promover a execução judicial da hipoteca que
lhe foi conferida antes de vencida a dívida contraída pela Companhia
GAMA junto ao Banco RENDA.
RESPOSTA Segundo determina o art. 1.476 do CC, nada impede que o devedor
constitua diversas hipotecas sobre um único bem, seja a favor do mesmo
credor ou de credores diversos, como se passa no caso em apreço. O credor da
segunda hipoteca (Banco BETA) não pode, todavia, executar a dívida antes do
vencimento da primeira hipoteca, conferida em proveito do Banco RENDA, a
não ser que tivesse ocorrido insolvência do devedor, o que não corresponde
ao caso (vide art. 1.477 do CC). Correta a alternativa D.
178. (XVI Exame) Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a
posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho, Cassandra, ajuizou ação de
reintegração de posse em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu
a concessão de medida liminar em seu favor. Passados dois anos desde a
invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa situada na fazenda, pois
estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de
reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado
por Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota,
Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias
erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A respeito do pleito de
Mélvio, assinale a afirmativa correta.
(A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é
de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser
indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de reintegração de
posse transitou em julgado.
(B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor
delas.
(C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor
delas.
(D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual delas.
RESPOSTA Tendo ocorrido esbulho, mediante emprego de violência,
caracteriza-se a posse de Mélvio como injusta e de má-fé (arts. 1.200 e 1.201
do CC). Com base no art. 1.220 do CC, “ao possuidor de má-fé serão
ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de
retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”. Assim,
em princípio, Mélvio faria jus ao pagamento de indenização pela reconstrução
do telhado, o que se considera benfeitoria necessária, realizada para evitar a
deterioração da coisa (vide art. 96, § 3º, do CC). Entretanto, o art. 1.221 do CC
prevê que “as benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao
ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem”. Como à época da
retomada da posse as benfeitorias não mais subsistiam, nada há que ser
indenizado. Alternativa A.
179. (XV Exame) Com a ajuda de homens armados, Francisco invade
determinada fazenda e expulsa dali os funcionários de Gabriel, dono da
propriedade. Uma vez na posse do imóvel, Francisco decide dar continuidade
às atividades agrícolas que vinha sendo ali desenvolvidas (plantio de soja e de
feijão). Três anos após a invasão, Gabriel consegue, pela via judicial, ser
reintegrado na posse da fazenda. Quanto aos frutos colhidos por Francisco
durante o período em que permaneceu na posse da fazenda, afirmativa
correta.
(A) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos,
mas tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio.
(B) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período em que
permaneceu na fazenda.
(C) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo restituir a
outra metade a Gabriel.
(D) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, e
não tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio.
RESPOSTA A posse de Francisco, o invasor, será tida como injusta e de má-fé,
conforme os arts. 1.200 e 1.201 do CC. Sendo assim, quanto à matéria,
determina o art. 1.216 que “o possuidor de má-fé responde por todos os
frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às
despesas da produção e custeio”. Alternativa A.
180. (XIV Exame) Sara e Bernardo doaram o imóvel que lhes pertencia a
Miguel, ficando o imóvel gravado com usufruto em favor dos doadores. Dessa
forma, quanto aos deveres dos usufrutuários, assinale a afirmativa
INCORRETA:
(A) Não devem pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do
usufruto.
(B) Devem arcar com as despesas ordinárias de conservação do bem no estado
em que o receberam.
(C) Devem arcar com os tributos inerentes à posse da coisa usufruída.
(D) Não devem comunicar ao dono a ocorrência de lesão produzida contra a
posse da coisa.
RESPOSTA Os deveres do usufrutuário encontram-se descritos nos arts. 1.400 a
1.409 do CC. Entre eles, figura a obrigação de dar ciência ao dono do bem
dado em usufruto de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os
direitos deste (art. 1.406, CC). Alternativa D.
181. (XVII Exame) Por meio de contrato verbal, João alugou sua bicicleta a
José, que se comprometeu a pagar o aluguel mensal de R$ 100,00 (cem reais),
bem como a restituir a coisa alugada ao final do sexto mês de locação. Antes
de esgotado o prazo do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de
compra e venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a
propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse direta de
José, entende-se que
(A) o adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado o prazo da
locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em favor do locatário
José.
(B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da bicicleta antes de
encerrado o prazo da locação celebrada com José.
(C) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio
da estipulação, no contrato de compra e venda, da cessão do direito à
restituição da coisa em favor de Otávio.
(D) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio
da estipulação, no contrato de compra e venda, do constituto possessório
em favor de Otávio.
RESPOSTA João alugou o bem a José e, antes de expirado o prazo da locação,
vendeu o mesmo objeto a Otávio. Neste caso, para que Otávio receba a
tradição (entrega) do bem, bastará que receba do vendedor o direito de
reclamar a coisa, conforme determina o parágrafo único do art. 1.267 do CC:
“Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo
constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da
coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está
na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico”. Assim, o adquirente
Otávio se torna proprietário mediante o recebimento da coisa diretamente do
locatário José. Alternativa C.
182. (XVII Exame) Angélica concede a Otávia, pelo prazo de vinte anos,
direito real de usufruto sobre imóvel de que é proprietária. O direito real é
constituído por meio de escriturapública, que é registrada no competente
Cartório do Registro de Imóveis. Cinco anos depois da constituição do
usufruto, Otávia falece, deixando como única herdeira sua filha Patrícia.
Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta.
(A) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel.
(B) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel.
(C) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de Otávia.
(D) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu
direito real de usufruto sobre o imóvel.
RESPOSTA O usufruto é um direito real concedido em caráter personalíssimo.
Exatamente por isso, não se admite sua transmissão causa mortis, uma vez
que o art. 1.410, I, do CC, preconiza o fim do usufruto em caso de morte do
usufrutuário. Alternativa C.
183. (XVII Exame) Mateus é proprietário de um terreno situado em área
rural do estado de Minas Gerais. Por meio de escritura pública levada ao
cartório do registro de imóveis, Mateus concede, pelo prazo de vinte anos, em
favor de Francisco, direito real de superfície sobre o aludido terreno. A
escritura prevê que Francisco deverá ali construir um edifício que servirá de
escola para a população local. A escritura ainda prevê que, em contrapartida à
concessão da superfície, Francisco deverá pagar a Mateus a quantia de R$
30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que, em caso de
alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus terá direito a receber
quantia equivalente a 3% do valor da transação.
Nesse caso, é correto afirmar que
(A) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja
vista só se admitir, no direito brasileiro, a concessão perpétua.
(B) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em
contrapartida à concessão do direito de superfície, haja vista ser a
concessão ato essencialmente gratuito.
(C) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de
determinada quantia em caso de alienação do direito de superfície.
(D) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício no terreno.
RESPOSTA O direito real de superfície tem previsão entre os arts. 1.369 e 1.377
do CC. Trata-se de direito constituído em caráter temporário, por prazo
determinado, permitindo-se ao superficiário o direito de construir ou plantar
em terreno alheio. A lei faculta a alienação do direito de superfície, mas, nos
termos do parágrafo único do art. 1.272 do CC, não poderá ser estipulado
pelo proprietário do bem qualquer pagamento pela transferência da
superfície. Alternativa C.
184. (XVII Exame) Vitor e Paula celebram entre si, por escritura particular
levada a registro em cartório de títulos e documentos, contrato de mútuo por
meio do qual Vitor toma emprestada de Paula a quantia de R$ 10.000,00,
obrigando-se a restituir o montante no prazo de três meses. Em garantia da
dívida, Vitor constitui em favor de Paula, por meio de instrumento particular,
direito real de penhor sobre uma joia de que é proprietário. Vencido o prazo
estabelecido para o pagamento da dívida, Vitor procura Paula e explica que
não dispõe de dinheiro para quitar o débito. Propõe então que, em vez da
quantia devida, Paula receba, em pagamento da dívida, a propriedade da coisa
empenhada.
Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a Paula.
(A) Para ter validade, o acordo sugerido por Vitor deve ser celebrado mediante
escritura pública.
(B) O acordo sugerido por Vitor não tem validade, uma vez que constitui
espécie de pacto proibido pela lei.
(C) Para ter validade, o acordo sugerido deve ser homologado em juízo.
(D) O acordo sugerido por Vitor é válido, uma vez que constitui espécie de
pacto cuja licitude é expressamente reconhecida pela lei.
RESPOSTA As partes estipularam o penhor como garantia real do pagamento
da dívida. O art. 1.428 do CC proíbe o chamado pacto comissório, ao prever
que “é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou
hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento”. O devedor, portanto, não pode se ver forçado a perder a coisa
dada em garantia em caso de não pagamento. Todavia, o parágrafo único do
mesmo dispositivo estatui que “após o vencimento, poderá o devedor dar a
coisa em pagamento da dívida”. Assim, nada impede que Vitor ofereça
voluntariamente a coisa (dação em pagamento) para se livrar do débito.
Alternativa D.
185. (XX Exame) Vítor, Paulo e Márcia são coproprietários, em regime de
condomínio pro indiviso, de uma casa, sendo cada um deles titular de parte
ideal representativa de um terço (1/3) da coisa comum. Todos usam
esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa,
Márcia descobre um vazamento no encanamento de água. Sem perder tempo,
contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a realização da
substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado contratualmente
o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais).
Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.
(A) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de
qualquer um dos condôminos.
(B) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente
apenas de Márcia, que, por sua vez, tem direito de regresso contra os
demais condôminos.
(C) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada
de Márcia ou de qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi
contratado sem a prévia aprovação da totalidade dos condôminos.
(D) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente
apenas de Márcia, que deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de
regresso contra os demais condôminos, uma vez que contratou a
empreiteira sem o prévio consentimento dos demais condôminos.
RESPOSTA Vítor, Paulo e Márcia são condôminos de um bem comum, nos
termos dos arts. 1.314 e seguintes do CC. A dívida foi contraída apenas por
Márcia, que contratou a sociedade, mas o propósito da reforma era o de
beneficiar todos os coproprietários. Neste caso, dispõe o art. 1.318 do CC que
“as dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e
durante ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os
demais”. Alternativa B.
186. (XX Exame – Reaplicação) O apartamento de João é invadido e, entre
outras coisas, um paletó é furtado. Três meses depois, João descobre que o seu
paletó está sendo usado por Ricardo. Ao ser confrontado, Ricardo esclarece
que adquiriu o paletó há um mês de um brechó, que o mantinha exposto no
mostruário. Alegou ainda que adquiriu a roupa sem saber que era proveniente
de furto. Em prova do alegado, Ricardo exibe documento comprobatório da
compra do paletó feita no brechó.
Tendo em vista a situação descrita, assinale a afirmativa correta.
(A) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, pois o adquiriu do brechó,
que não era o verdadeiro dono da coisa.
(B) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o adquiriu de
boa-fé, em estabelecimento comercial, que, nas circunstâncias do caso,
aparentava ser o dono da coisa.
(C) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, mas deve indenizar João,
entregando-lhe soma equivalente ao preço que pagou ao brechó.
(D) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o comprou
do brechó apenas dois meses depois do furto sofrido por João.
RESPOSTA João foi vítima de furto. Ocorre que Ricardo veio a adquirir o objeto
do crime em um estabelecimento comercial, tendo adquirido sua propriedade
de boa-fé. Neste caso, vigora o disposto no art. 1.268 do CC: “feita por quem
não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa,
oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida
em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa,
o alienante se afigurar dono”. Trata-se da aplicação da teoria da aparência
(putatividade), eis que a Ricardo o estabelecimento aparentava ser o
proprietário legítimo da coisa. Alternativa B.
187. (XXIIExame) George vende para Marília um terreno não edificado de
sua propriedade, enfatizando a existência de uma “vista eterna para a praia”
que se encontra muito próxima do imóvel, mesmo sem qualquer documento
comprovando o fato.
Marília adquire o bem, mas, dez anos após a compra, e ́ surpreendida com a
construção de um edifício de vinte andares exatamente entre o seu terreno e
o mar, impossibilitando totalmente a vista que George havia prometido ser
eterna.
Diante do exposto e considerando que a construção do edifício ocorreu em
um terreno de terceiro, assinale a afirmativa correta.
(A) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode pleitear o
reconhecimento da usucapião da servidão de vista.
(B) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de uma servidão
de vista por destinação de George, o antigo proprietário do terreno.
(C) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstancias do caso não
permitem a usucapião de vista.
(D) Sem que tenha sido formalmente constituída, não e ́ possível reconhecer
servidão de vista em favor de Marília.
RESPOSTA A questão versa sobre a possibilidade de aquisição do direito real de
servidão por usucapião. Neste caso, é preciso ter em conta o teor do art. 1.379
do CC, que assim dispõe: “o exercício incontestado e contínuo de uma
servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o
interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe
como título a sentença que julgar consumado a usucapião”. Vê-se, portanto,
que a usucapião do direito de servidão somente será viável se se tratar de
servidão aparente, assim considerara aquela que se torna ostensiva, sobretudo
pela construção de obras que a tornem explícita ao olhar de terceiros. As
servidões não aparentes, imperceptíveis, não podem ser adquiridas por
usucapião. Assim, como não houve registro formal do direito de servidão (art.
1.378 do CC), não há como Marília reclamar tal direito. Alternativa D.
188. (FGV-2015) Em relação ao direito de vizinhança, assinale a afirmativa
correta.
(A) Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono da
árvore, já que são classificados como bens de natureza acessória.
(B) O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio
vizinho a demolição ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como
que lhe preste caução pelo dano iminente.
(C) O dono do prédio que não tiver acesso à via pública pode constranger o
vizinho a lhe dar passagem, independentemente do pagamento de
indenização.
(D) Todo aquele que violar as proibições referentes ao direito de vizinhança é
obrigado a demolir as construções feitas, sendo dispensada a indenização
por perdas e danos.
RESPOSTA Os direitos de vizinhança têm previsão nos arts. 1.277 a 1,313 do
CC. O propósito destas regras é o de se preservar o uso regular dos bens
imóveis, para assegurar o sossego, a saúde e a segurança dos moradores
vizinhos. Entre as regras constantes nos referidos dispositivos, veja-se o teor
do art. 1.280: “O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do
prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem
como que lhe preste caução pelo dano iminente”. Alternativa B.
189. (FGV-2015) Rita, por 11 anos, sem interrupção nem oposição de quem
quer que seja, possui, como seu, imóvel no qual estabeleceu a sua moradia
habitual.
Considerando que Rita não possui qualquer título referente à titularidade
proprietária do imóvel, assinale a afirmativa correta.
(A) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir
a propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual
requeira ao juiz declaração por sentença, que servirá como título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
(B) Independentemente de comprovada boa-fé, Rita poderá adquirir a
propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual
requeira ao juiz declaração por sentença, que servirá como título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
(C) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a
propriedade do bem imóvel por não ter atingido ainda o tempo mínimo da
prescrição aquisitiva, qual seja, quinze anos.
(D) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir
o direito de superfície do bem imóvel por ter atingido o tempo mínimo para
a titularidade, qual seja, cinco anos.
RESPOSTA Rita mantém há 11 anos posse ininterrupta, mansa e pacífica (sem
oposição) e com animus domini de um bem imóvel, ao qual concede a devida
função social (exercício do direito de moradia). O enunciado não esclarece se
a referida posse é de boa ou de má-fé. De todo modo, importa verificar que
há a possibilidade de usucapir o bem, mesmo que a posse seja de má-fé, no
caso assinalado pelo parágrafo único do art. 1.238 do CC. Eis o conteúdo
deste dispositivo: “Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção,
nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo
reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua
moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”. É
possível, pois, adquirir a propriedade da coisa por prazo superior a 10 anos,
mesmo que a posse seja de má-fé, desde que o possuidor estabeleça sua
moradia no imóvel, como fez Rita. Alternativa B.
190. (FGV-2014) Severino tem a posse mansa e pacífica, com animus
domini, de um imóvel rural há dezenove anos. Reside no local, onde mantém
uma grande horta para sua subsistência. Vivian adquiriu a propriedade vizinha
há dois meses e cria determinada raça de galinhas para seu consumo próprio.
Ocorre que as aves de Vivian têm invadido o terreno de Severino
reiteradamente, causando-lhe grande prejuízo em suas hortaliças, já que a
cerca divisória das propriedades, feita de arame farpado por Severino, não
contém os animais. É correto afirmar que:
(A) é dever de Vivian construir tapumes especiais para conter todos os animais
de sua propriedade.
(B) é dever de Severino construir tapumes especiais para evitar a entrada de
animais pertencentes aos vizinhos.
(C) Vivian e Severino devem repartir as despesas para construção de tapumes
para conter os animais de pequeno ou de grande porte de propriedade de
Vivian.
(D) é dever de Vivian construir tapumes especiais para conter os animais de
pequeno porte de sua propriedade.
RESPOSTA Trata-se de conflito a envolver direitos de vizinhança. Observa-se
que é Vivian quem decidiu criar suas galinhas no terreno vizinho ao de
Severino, que tem posse do imóvel que ocupa (e, aliás, até mesmo o direito de
usucapir o bem, adquirindo sua propriedade). Neste caso, estabelece o § 3º do
art. 1.297 do CC que “a construção de tapumes especiais para impedir a
passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida
de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está
obrigado a concorrer para as despesas”. Assim, cabe apenas a Vivian construir
os tapumes, sem que Severino tenha que contribuir parcialmente com as
respectivas despesas. Alternativa D.
191. (FGV-2014) Valério exerce a posse mansa e pacífica do imóvel rural
onde reside há 27 anos. Há três acessos ao imóvel, mas o que Valério mais
utiliza é uma pequena estrada, feita e mantida por ele há 21 anos, que passa
por dentro de uma outra propriedade pertencente a um casal de
nacionalidade inglesa e que pouco frequenta o local. Acontece que, após
tantos anos, o referido casal vendeu o imóvel para uma incorporadora, a qual
começou a construção de um muro que impede a passagem de Valério.
Nesse caso é correto afirmar que:
(A) em virtude da existência de dois outros acessos, nenhuma providência
pode ser tomada por Valério.
(B) Valério, por ser titular do direito de propriedade sobre a pequena
passagem, pode ajuizaração reivindicatória para impedir a construção do
muro.
(C) Valério, por ser possuidor do direito real de servidão de passagem, pode se
valer da proteção possessória que a lei lhe confere.
(D) nada pode ser feito, já que Valério é mero invasor do imóvel.
RESPOSTA Valério construiu há 21 anos uma pequena estrada no imóvel do
vizinho, que lhe serve de passagem. Este fato é bastante para atestar que
Valério tem direito a usucapir o direito de servidão de passagem, nos termos
do art. 1.379 do CC: “O exercício incontestado e contínuo de uma servidão
aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a
registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a
sentença que julgar consumado a usucapião”. Por se tratar de servidão
aparente, eis que houve a construção da estrada, Valério passa a ter direito
real de passagem, que pode ser oponível contra terceiros, inclusive a nova
adquirente do imóvel vizinho. É direito de Valério impedir que o muro
prejudique seu direito de servidão, conforme estatui o art. 1.383 do CC: “O
dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercício
legítimo da servidão”. Alternativa C.
192. (XXIV Exame) Quincas adentra terreno vazio e, de forma pública,
passa a construir ali a sua moradia. Após o exercício ininterrupto da posse por
17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente o reconhecimento da propriedade
do bem pela usucapião. Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava
hipotecado em favor de Jovelino, para o pagamento de numerários devidos
por Adib, proprietário do imóvel. Com base nos fatos apresentados, assinale a
afirmativa correta.
(A) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre eventual
direito de Quincas, tendo em vista o princípio da prioridade no registro.
(B) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimento da usucapião, tendo
em vista a função social do crédito garantido.
(C) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a
hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação.
(D) Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará
com o ônus de quitar o débito que a hipoteca garantia.
RESPOSTA A usucapião consiste em modo de aquisição originária da
propriedade, e não derivada. Isto significa dizer que não apenas eventuais
ônus (como a hipoteca) não impedem a aquisição do imóvel, como também
que o usucapiente não responde pelos débitos ou gravames que incidam
anteriormente sobre a coisa. Alternativa C.
193. (XXIII Exame) À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de
violência, o pequeno agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali
sua moradia e uma pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o
terreno é de propriedade de terceiros.
Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando
é expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do
terreno, que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no
dia anterior à retomada.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser
considerado esbulhador.
(B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da
força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a
ciência do ocorrido.
(C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação
possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia.
(D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao
ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da
posse.
RESPOSTA Importa verificar as circunstâncias narradas. Joventino se apossou
de terreno alheio pública e pacificamente, não cabendo atestar, assim,
violência e clandestinidade em sua conduta. Isto acarreta uma consequência:
Joventino não é mero detentor (art. 1.208 do Código Civil), mas verdadeiro
possuidor do terreno. A posse, todavia, deve ser considerada de má-fé (art.
1.201 do Código Civil), eis que Joventino tinha ciência do fato de que a terra
pertencia a terceiros. A conduta de Clodoaldo é flagrantemente ilícita, eis que
a lei apenas admite o emprego do desforço privado (isto é, a retomada da
posse pela própria força) se o ato ocorrer imediatamente após o esbulho, o
que não corresponde ao caso (art. 1.210, § 1º, do Código Civil). Sendo
Joventino autêntico possuidor, e tendo sido indevida a conduta de Clodoaldo,
cumpre àquele propor ação de reintegração de posse, para reaver a ocupação
do bem. Alternativa C.
194. (XXIV Exame) Laurentino constituiu servidão de vista no registro
competente, em favor de Januário, assumindo o compromisso de não realizar
qualquer ato ou construção que embarace a paisagem de que Januário
desfruta em sua janela. Após o falecimento de Laurentino, seu filho Lucrécio
decide construir mais dois pavimentos na casa para ali passar a habitar com
sua esposa. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Januário não pode ajuizar uma ação possessória, eis que a servidão é não
aparente.
(B) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia sido instituída
automaticamente se extinguiu.
(C) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando houver algum
tipo de aviso sobre sua existência.
(D) Januário pode ajuizar uma ação possessória, provando a existência da
servidão com base no título.
RESPOSTA Ajustaram as partes direito de servidão de vista. Cumpre assinalar
que a servidão é um direito real, isto é, um ônus que grava um imóvel em
favor do outro (art. 1.378 do CC). Assim, o falecimento do proprietário do
imóvel serviente, ou seja, do bem que sofre a servidão, não implica a extinção
do direito real, que continua a gravar a coisa. Veja-se, a propósito, que entre
as hipóteses legais de extinção da servidão (arts. 1.387 a 1.389 do CC), não
figura a morte de qualquer das partes. Januário, o proprietário do imóvel
dominante, pode se valer de ação possessória para tutelar seu direito de
servidão, que permanece intacto. Alternativa D.
195. (XXV Exame) Jonas trabalha como caseiro da casa de praia da família
Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da matriarca Lena, já com
95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena, Jonas tem seu contrato de
trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo, ele permanece morando na casa,
apesar de não manter qualquer outra relação jurídica com os herdeiros, que
também já não frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis.
Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações na casa:
alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e
ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as
despesas de água, luz, gás e telefone, e apresentou-se, perante a comunidade,
como “o novo proprietário do imóvel”. Doze anos após o falecimento de Lena,
seu filho Adauto decide retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo.
A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
(A) Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé.
(B) Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava
abandonado.
(C) Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel.
(D) Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião.
RESPOSTA De início, Jonas, na condição de caseiro, era mero detentor do
imóvel. Enquanto fâmulo (ou servo) da posse, Jonas jamais poderia usucapir o
bem, nos termos do art. 1.198 do CC. Ocorre, todavia, que a relação de
subordinação de Jonas aos seus ex-empregadores cessou com o fim do vínculo
trabalhista. A partir de então, Jonas passou a ser autêntico possuidor do
imóvel, ainda que sua posse possa ser caracterizada como injusta e de má-fé
(arts. 1.200 e 1.201 do CC), pois Jonas tem pleno conhecimento do fato de ser
irregular a ocupação da terra. Independentemente de sua má-fé, todavia, na
condição agora de possuidor, e não mais de detentor, Jonas pode arguir em
seu proveito a usucapião do imóvel, eis que, à exceçãoda hipótese do art.
1.242 do CC, que exige a boa-fé, as demais espécies de usucapião (vide arts.
1.238 a 1.240 do CC) dispensam este requisito, o que significa que,
preenchidos os demais pressupostos legais, o possuidor, mesmo quando de
má-fé, pode adquirir bens imóveis pela via da usucapião. Alternativa D.
196. (XXVI Exame Unificado) Ronaldo é proprietário de um terreno que se
encontra cercado de imóveis edificados e decide vender metade dele para
Abílio. Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades
financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na
parte da frente do terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a
vende para José, que imediatamente passa a habitar o imóvel. Diante do
exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José,
mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião.
(B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi
comunicado do direito real de servidão de passagem existente em favor de
Abílio.
(C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José,
independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de
encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo.
(D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está
obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do caráter
personalíssimo da obrigação assumida.
RESPOSTA Ronaldo, ao edificar uma casa no terreno, atua de modo a impedir a
passagem de Abílio. Decorre dos termos do art. 1.285 do CC que o dono do
imóvel que esteja privado de acesso à via pública, nascente ou porto poderá
exigir passagem forçada pelo terreno vizinho. Este direito persiste, nos termos
do § 2º do mesmo dispositivo, mesmo que ocorra a alienação parcial do
prédio, de modo que uma das partes perca o acesso à via pública, nascente ou
porto, caso retratado na hipótese em apreço. O encravamento provocado dá o
direito a Abílio de constranger o atual proprietário do terreno vizinho a dar-
lhe passagem. Alternativa C.
197. (XXVI Exame Unificado) Diante da crise que se abateu sobre seus
negócios, Eriberto contrai empréstimo junto ao seu amigo Jorge, no valor de
R$ 200.000,00, constituindo, como garantia, hipoteca do seu sítio, com
vencimento em 20 anos. Esgotado o prazo estipulado e diante do não
pagamento da dívida, Jorge decide executar a hipoteca, mas vem a saber que
o imóvel foi judicialmente declarado usucapido por Jonathan, que o ocupava
de forma mansa e pacífica para sua moradia durante o tempo necessário para
ser reconhecido como o novo proprietário do bem. Diante do exposto, assinale
a opção correta.
(A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele
tinha com Jorge deve ser declarada extinta.
(B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem
de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião,
em respeito ao princípio da ambulatoriedade.
(C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra
Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia.
(D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade,
Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que
Eriberto constituíra em favor de Jorge.
RESPOSTA A usucapião é uma forma de aquisição originária da propriedade, e
não derivada. Isto significa dizer que o usucapiente, uma vez verificados os
requisitos legais para a aquisição do bem, não responde pelos débitos ou
gravames que incidam anteriormente sobre a coisa. Alternativa D.
VII. DIREITO DE FAMÍLIA
198. (XII Exame) Tiago, com 17 anos de idade e relativamente incapaz, sob
autoridade de seus pais Mário e Fabiana, recebeu, por doação de seu tio, um
imóvel localizado na rua Sete de Setembro, com dois pavimentos, contendo
três lojas comerciais no primeiro piso e dois apartamentos no segundo piso.
Tiago trabalha como cantor nos finais de semana, tendo uma renda mensal de
R$ 3.000,00 (três mil reais).
Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil, assinale a
opção correta.
(A) Mário e Fabiana exercem sobre os bens imóveis de Tiago o direito de
usufruto convencional, inerente à relação de parentesco que perdurará até
a maioridade civil ou emancipação de Tiago.
(B) Mário e Fabiana poderão alienar ou onerar o bem imóvel de Tiago, desde
que haja prévia autorização do Ministério Público e seja demonstrado o
evidente interesse da prole.
(C) Mário e Fabiana não poderão administrar os valores auferidos por Tiago no
exercício de atividade de cantor, bem como os bens com tais recursos
adquiridos.

Outros materiais