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161. (XII Exame) Alexandre, pai de Bruno, celebrou contrato com Carlos, o qual lhe concedeu o direito de superfície para realizar construção de um albergue em seu terreno e explorá-lo por 10 anos, mediante o pagamento da quantia de R$100.000,00. Passados quatro anos, Alexandre veio a falecer. Diante do negócio jurídico celebrado, assinale a afirmativa INCORRETA. (A) O superficiário pode realizar obra no subsolo, de modo a ampliar sua atividade. (B) O superficiário responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel. (C) O direito de superfície será transferido a Bruno, em razão da morte de Alexandre. (D) O superficiário terá direito de preferência, caso Carlos decida vender o imóvel. RESPOSTA O direito de superfície é regido pelos arts. 1.369 a 1.377 do CC. Como regra, o superficiário (a quem se concede o direito) responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (art. 1.371). Ademais, o direito de superfície é transmissível causa mortis (art. 1.372), assegurando-se ao superficiário o direito de preferência em caso de venda do imóvel (art. 1.373). Assim, são corretas as três derradeiras assertivas. Falsa é a alternativa A, pois, via de regra, o superficiário não pode realizar obras no subsolo, salvo se forem inerentes ao objeto da concessão (art. 1.369, parágrafo único). Alternativa A. 162. (XIII Exame) Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida declaração negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse com os mencionados valores. De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a opção correta. (A) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado. (B) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi encontrado, cabendo ação in rem verso, quando este for localizado. (C) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary ainda não possui direito real sobre a coisa. (D) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que está a cargo daquele que possui o direito real sobre a coisa e, comprovadamente, imitido na posse do imóvel adquirido. RESPOSTA Nos termos do art. 1.345 do CC, “o adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios”. Trata-se de obrigação ambulatória ou propter rem, que se prende à coisa, cabendo ao seu titular responder por seu adimplemento. Alternativa D. 163. (XIII Exame) Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão do rio alteraram a área da propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre o tamanho atual de sua propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido, pois nada havia feito para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam se não deveriam receber alguma indenização do outro. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando indenização a ninguém. (B) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao proprietário do terreno de onde aquela porção de terra se deslocou. (C) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra trazida pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver reclamado, após o período de um ano. (D) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que primeiro a tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como área de trabalho. RESPOSTA A questão versa sobre o fenômeno da aluvião, assim conceituado no art. 1.250 do CC: “os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização”. Alternativa A. 164. (XIII Exame) Antônio, muito necessitado de dinheiro, decide empenhar uma vaca leiteira para iniciar um negócio, acreditando que, com o sucesso do empreendimento, terá o animal de volta o quanto antes. Sobre a hipótese de penhor apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Se a vaca leiteira morrer, ainda que por descuido do credor, Antônio poderá ter a dívida executada judicialmente pelo credor pignoratício. (B) As despesas advindas da alimentação e outras necessidades da vaca leiteira, devidamente justificadas, consistem em ônus do credor pignoratício, sendo vedada a retenção do animal para obrigar Antônio a indenizá-lo. (C) Se Antônio não quitar sua dívida com o credor pignoratício, o penhor estará automaticamente extinto e, declarada sua extinção, poder-se-á proceder à adjudicação judicial da vaca leiteira. (D) Caso o credor pignoratício perceba que, devido a uma doença que subitamente atingiu a vaca leiteira, sua morte está próxima, o CC/02 permite a sua venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, situação que pode ser impedida por Antônio por meio da sua substituição. RESPOSTA Trata-se de penhor, garantia real que recai sobre bem móvel (um animal). As três primeiras assertivas são falsas. Se o animal perecer por culpa do credor, extingue-se o penhor (A – art. 1.436, II, do CC); o credor pignoratício tem direito à retenção da coisa empenhada, até ser ressarcido por suas despesas (B – art. 1.433, II, do CC); se o devedor não paga a dívida, cabe ao credor promover a venda da coisa empenhada, não adjudicá-la (art. 1.433, IV, do CC). Finalmente, conforme prevê o art. 1.433, VI, do CC, o credor tem o direito de “promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado”. Correta a alternativa D. 165. (IX Exame) De acordo com as regras atinentes à hipoteca, assinale a afirmativa correta. (A) O Código Civil não admite a divisibilidade da hipoteca em casos de loteamento do imóvel hipotecado. (B) O ordenamento jurídico admite a instituição de nova hipoteca sobre imóvel hipotecado, desde que seja dada em favor do mesmo credor. (C) Segundo o Código Civil, o adquirente de bem hipotecado não pode remir a hipoteca para que seja extinto o gravame pendente sobre o bem sem autorização expressa de todos os credores hipotecários. (D) A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido. RESPOSTA Eis o que dispõe o art. 1.487 do CC: “a hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido”. Alternativa D. 166. (VII Exame) Acerca do instituto da posse é correto afirmar que (A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas. (B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. (C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome próprio. (D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do qual cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse. RESPOSTA A composse é tratada no art. 1.199 do CC, segundo o qual, se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios,contanto que não excluam os dos outros compossuidores. Na posse pro diviso, apesar de a coisa ser indivisa, cada compossuidor exerce seus atos sobre o bem como se fosse uma posse exclusiva, enquanto na posse pro indiviso, os compossuidores exercem indistintamente os atos de posse sobre uma fração ideal do bem. Alternativa D. 167. (VI Exame – Reaplicação) Timóteo e Leandro, cada qual proprietário de um apartamento no Edifício Maison, procuram a síndica do condomínio, Leonor, a fim de solicitar que fossem deduzidas de suas contribuições condominiais as despesas referentes à manutenção do parque infantil situado no edifício. Argumentaram que, por serem os únicos condôminos sem crianças na família, não utilizam o aludido parque, cuja manutenção incrementa significativamente o valor da contribuição condominial, bem como que a convenção de condomínio nada dispõe a esse respeito. Na condição de advogado consultado por Leonor, assinale a avaliação correta do caso acima. (A) Timóteo e Leandro podem ser temporariamente dispensados do pagamento das despesas referentes à manutenção do parque infantil, retomando-se imediatamente a cobrança caso venham a ter crianças em sua família. (B) Timóteo e Leandro podem ser dispensados do pagamento das despesas referentes à manutenção do parque infantil, desde que declarem, por meio de escritura pública, que não utilizarão o parque infantil de forma permanente. (C) Leonor deverá dispensar tratamento isonômico a todos os condôminos, devendo as despesas de manutenção do parque infantil ser cobradas, ao final de cada mês, apenas daqueles condôminos que tenham efetivamente utilizado a área naquele período. (D) Todos os condôminos, inclusive Timóteo e Leandro, devem arcar com as despesas referentes à manutenção do parque infantil, tendo em vista ser seu dever contribuir para as despesas condominiais proporcionalmente à fração ideal de seu imóvel. RESPOSTA Conforme prevê o art. 1.336, I, do CC, são deveres do condômino, salvo disposição em contrário na convenção (e o enunciado da questão deixa claro que não há disposição a esse respeito), contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais. Portanto, todos devem arcar com os ônus e as despesas, independentemente da efetiva fruição da área comum, que está à disposição de todos os condôminos. Alternativa D. 168. (V Exame) Durante assembleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta com um apartamento por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento situado no andar térreo, solicitou explicações sobre a cobrança condominial, por ter verificado que o valor dela cobrado era superior àquele exigido dos demais condôminos. O síndico prontamente esclareceu que a cobrança a ela dirigida é realmente superior à cobrança das demais unidades, tendo em vista que o apartamento de Giovana tem acesso exclusivo, por meio de uma porta situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio localizado nos fundos do condomínio, conforme consta nas configurações originais do edifício devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo síndico, podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de constituir área comum do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas despesas de manutenção. Em relação à situação apresentada, assinale a alternativa correta. (A) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do condomínio, e a porta de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa da referida condômina. (B) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio, tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo, independentemente da frequência com que seja efetivamente exercido. (C) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido impõe deterioração excessiva do local. (D) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à manutenção do pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os demais condôminos, tendo em vista que a instalação da porta na área de serviço não foi de iniciativa da condômina, tampouco da atual administração do condomínio. RESPOSTA Prevê o art. 1.340 do CC que as despesas relativas a partes comuns de um condomínio, mas de uso exclusivo de um ou alguns dos condôminos, incumbem a quem delas se serve. Portanto, tais despesas podem ser cobradas de Giovana, apenas. Alternativa B. 169. (IV Exame) Noêmia, proprietária de uma casa litorânea, regularmente constituiu usufruto sobre o aludido imóvel em favor de Luísa, mantendo, contudo, a sua propriedade. Inesperadamente, sobreveio uma severa ressaca marítima, que destruiu por completo o imóvel. Ciente do ocorrido, Noêmia decidiu reconstruir integralmente a casa às suas expensas, tendo em vista que o imóvel não se encontrava segurado. A respeito da situação narrada, assinale a alternativa correta. (A) O usufruto será mantido em favor de Luísa, tendo em vista que o imóvel não fora destruído por culpa sua. (B) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de Noêmia, independentemente do pagamento de indenização a Luísa, tendo em vista que Noêmia arcou com as despesas de reconstrução do imóvel. (C) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de Noêmia, desde que esta indenize Luísa em valor equivalente a um ano de aluguel do imóvel. (D) O usufruto será mantido em favor de Luísa, independentemente do pagamento de qualquer quantia por ela, tendo em vista que Noêmia somente poderia ter reconstruído o imóvel mediante autorização expressa de Luísa, por escritura pública ou instrumento particular. RESPOSTA Prevê o art. 1.410, V, do CC que uma das formas de extinção do usufruto é a destruição da coisa. Já o art. 1.408 do CC dispõe que se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio. Complementando, se houvesse indenização de seguro para a reconstrução do prédio, seria restabelecido o usufruto, mas não era esse o caso narrado pela questão. Alternativa B. 170. (IV Exame) Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa correta. (A) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de cabos e tubulações. (B) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e às expensas do seu dono, mas a quem não incumbem as despesas de conservação. (C) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo. (D) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais. RESPOSTA Dispõe o art. 1.293, § 2º, do CC que o proprietário prejudicado, que será devidamente indenizado pelos prejuízos oriundos da construção do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais. Alternativa D. 171. (III Exame) Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há cinco anos e, de comum acordo, haviam regularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de uma singela cerca viva. Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-lhe que substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e inofensivo e, por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Joaquim (A) Não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva fora instalada decomum acordo e demarca corretamente os limites de ambas as propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos. (B) Poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as despesas de instalação. (C) Poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de instalação, deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os vizinhos. (D) Poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas de instalação, cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas. RESPOSTA No caso hipotético, aplica-se a regra contida no § 3º do art. 1.297 do CC, segundo o qual a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as correspondentes despesas. Alternativa B. 172. (II Exame) Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa correta. (A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade. (B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse. (C) Representa uma tradição ficta. (D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na sucessão universal. RESPOSTA O art. 1.267 e seu parágrafo único do CC preveem a transferência da propriedade por meio da tradição, subentendendo-se ela, entre outras hipóteses, quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório. Doutrinariamente, são admitidas três espécies de tradição: a real, a simbólica e a ficta. A ficta compreende o constituto possessório, por meio do qual aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio (por exemplo, é o que se dá quando um indivíduo aliena um bem, mas continua na sua posse como locatário ou comodatário). Alternativa C. 173. (II Exame) Passando por dificuldades financeiras, Alexandre instituiu uma hipoteca sobre imóvel de sua propriedade, onde reside com sua família. Posteriormente, foi procurado por Amanda, que estaria disposta a adquirir o referido imóvel por um valor bem acima do mercado. Consultando seu advogado, Alexandre ouviu dele que não poderia alienar o imóvel, já que havia uma cláusula na escritura de instituição da hipoteca que o proibia de alienar o bem hipotecado. A opinião do advogado de Alexandre (A) Está incorreta, porque a hipoteca instituída não produz efeitos, pois, na hipótese, o direito real em garantia a ser instituído deveria ser o penhor. (B) Está incorreta, porque Alexandre está livre para alienar o imóvel, pois a cláusula que proíbe o proprietário de alienar o bem hipotecado é nula. (C) Está incorreta, uma vez que a hipoteca é nula, pois não é possível instituí- la sobre bem de família do devedor hipotecário. (D) Está correta, porque, em virtude da proibição contratual, Alexandre não poderia alienar o imóvel enquanto recaísse sobre ele a garantia hipotecária. RESPOSTA Conforme previsão expressa do art. 1.475 do CC, é nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. Alternativa B. 174. (II Exame) Por meio de uma promessa de compra e venda, celebrada 174. (II Exame) Por meio de uma promessa de compra e venda, celebrada por instrumento particular registrada no cartório de Registro de Imóveis e na qual não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir no imóvel objeto do contrato e, quando quitou o pagamento, deparou com a recusa do promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel. Diante do impasse, Juvenal poderá (A) Requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de compra e venda ter sido celebrada por instrumento particular. (B) Usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na hipótese. (C) Desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta. (D) Exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, muito embora inexistisse previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar. RESPOSTA A fundamentação para a resposta se encontra no disposto nos arts. 1.417 e 1.418 do CC, que regem o direito do promitente comprador. Havendo injustificada recusa por parte do vendedor, poderá o comprador, após saldar suas obrigações, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, mesmo que o contrato de promessa de compra e venda tenha sido firmado por instrumento particular (arts. 462 e 1.417 do CC). Alternativa A. 175. (II Exame) Assinale a alternativa que contemple exclusivamente obrigação propter rem: (A) A obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da avulsão. (B) A hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais. (C) O dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o dever de pagar as cotas condominiais. (D) A obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro que, de boa-fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo. RESPOSTA A resolução desta questão envolve o conceito de obrigação propter rem, que não se encontra positivado, embora mereça amplo reconhecimento doutrinário. Essa modalidade de obrigação decorre do fato de que determinadas obrigações derivam do mero fato de uma pessoa ser titular de um direito real. Entre outros exemplos possíveis (cite-se, por todos, o dever imposto ao adquirente de unidade condominial de arcar com os débitos do alienante em relação ao condomínio – art. 1.345 do CC), a obrigação do proprietário de indenizar o terceiro, prevista no art. 1.219 do CC, decorre simplesmente da sua condição de proprietário do terreno, sendo, portanto, uma obrigação propter rem. Alternativa D. 176. (XV Exame) No regime da Alienação Fiduciária que recai sobre bens imóveis, uma vez consolidada a propriedade em seu nome no Registro de Imóveis, o fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da data do referido registro, deverá (A) adjudicar o bem. (B) vender diretamente o bem para terceiros. (C) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo arremate pelo valor de sua avaliação, realizar um segundo leilão em quinze dias. (D) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo arremate, o fiduciário adjudicará o bem. RESPOSTA No Brasil, a alienação fiduciária de bens imóveis é regida pela Lei n. 9.514/97. Nos termos do art. 27 da referida Lei, “uma vez consolidada a propriedade em seu nome, o fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da data do registro de que trata o § 7º do artigo anterior, promoverá público leilão para a alienação do imóvel”. Na sequência, o § 1º deste mesmo dispositivo prevê que “se, no primeiro público leilão, o maior lance oferecido for inferior ao valor do imóvel, estipulado na forma do inciso VI do art. 24, será realizado o segundo leilão, nos quinze dias seguintes”. Alternativa C. 177. (XVI Exame) A Companhia GAMA e o Banco RENDA celebraram entre si contrato de mútuo, por meio do qual a companhia recebeu do banco a quantia de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), obrigando-se a restituí-la, acrescida dos juros convencionados, no prazo de três anos, contados da entrega do numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia GAMA constituiu, em favor do Banco RENDA, por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, direito real de hipoteca sobre determinado imóvel de sua propriedade. A Companhia GAMA, dois meses depois, celebrou outro contrato de mútuo com o Banco BETA, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), obrigando-se a restituir a quantia, acrescida dos juros convencionados, no prazo de dois anos, contados da entrega do numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia GAMA constituiu, em favor do Banco BETA, por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, uma segundahipoteca sobre o mesmo imóvel gravado pela hipoteca do Banco RENDA. Chegado o dia do vencimento do mútuo celebrado com o Banco BETA, a Companhia GAMA não reembolsou a quantia devida ao banco, muito embora tivesse bens suficientes para honrar todas as suas dívidas. Nesse caso, é correto afirmar que (A) o Banco BETA tem direito a promover imediatamente a execução judicial da hipoteca que lhe foi conferida. (B) a hipoteca constituída pela companhia GAMA em favor do Banco BETA é nula, uma vez que o bem objeto da garantia já se encontrava gravado por outra hipoteca. (C) a hipoteca constituída pela GAMA em favor do Banco BETA é nula, uma vez que tal hipoteca garante dívida cujo vencimento é inferior ao da dívida garantida pela primeira hipoteca, constituída em favor do Banco RENDA. (D) o Banco BETA não poderá promover a execução judicial da hipoteca que lhe foi conferida antes de vencida a dívida contraída pela Companhia GAMA junto ao Banco RENDA. RESPOSTA Segundo determina o art. 1.476 do CC, nada impede que o devedor constitua diversas hipotecas sobre um único bem, seja a favor do mesmo credor ou de credores diversos, como se passa no caso em apreço. O credor da segunda hipoteca (Banco BETA) não pode, todavia, executar a dívida antes do vencimento da primeira hipoteca, conferida em proveito do Banco RENDA, a não ser que tivesse ocorrido insolvência do devedor, o que não corresponde ao caso (vide art. 1.477 do CC). Correta a alternativa D. 178. (XVI Exame) Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta. (A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de reintegração de posse transitou em julgado. (B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. (C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. (D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual delas. RESPOSTA Tendo ocorrido esbulho, mediante emprego de violência, caracteriza-se a posse de Mélvio como injusta e de má-fé (arts. 1.200 e 1.201 do CC). Com base no art. 1.220 do CC, “ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”. Assim, em princípio, Mélvio faria jus ao pagamento de indenização pela reconstrução do telhado, o que se considera benfeitoria necessária, realizada para evitar a deterioração da coisa (vide art. 96, § 3º, do CC). Entretanto, o art. 1.221 do CC prevê que “as benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem”. Como à época da retomada da posse as benfeitorias não mais subsistiam, nada há que ser indenizado. Alternativa A. 179. (XV Exame) Com a ajuda de homens armados, Francisco invade determinada fazenda e expulsa dali os funcionários de Gabriel, dono da propriedade. Uma vez na posse do imóvel, Francisco decide dar continuidade às atividades agrícolas que vinha sendo ali desenvolvidas (plantio de soja e de feijão). Três anos após a invasão, Gabriel consegue, pela via judicial, ser reintegrado na posse da fazenda. Quanto aos frutos colhidos por Francisco durante o período em que permaneceu na posse da fazenda, afirmativa correta. (A) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, mas tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio. (B) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período em que permaneceu na fazenda. (C) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo restituir a outra metade a Gabriel. (D) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, e não tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio. RESPOSTA A posse de Francisco, o invasor, será tida como injusta e de má-fé, conforme os arts. 1.200 e 1.201 do CC. Sendo assim, quanto à matéria, determina o art. 1.216 que “o possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio”. Alternativa A. 180. (XIV Exame) Sara e Bernardo doaram o imóvel que lhes pertencia a Miguel, ficando o imóvel gravado com usufruto em favor dos doadores. Dessa forma, quanto aos deveres dos usufrutuários, assinale a afirmativa INCORRETA: (A) Não devem pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto. (B) Devem arcar com as despesas ordinárias de conservação do bem no estado em que o receberam. (C) Devem arcar com os tributos inerentes à posse da coisa usufruída. (D) Não devem comunicar ao dono a ocorrência de lesão produzida contra a posse da coisa. RESPOSTA Os deveres do usufrutuário encontram-se descritos nos arts. 1.400 a 1.409 do CC. Entre eles, figura a obrigação de dar ciência ao dono do bem dado em usufruto de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste (art. 1.406, CC). Alternativa D. 181. (XVII Exame) Por meio de contrato verbal, João alugou sua bicicleta a José, que se comprometeu a pagar o aluguel mensal de R$ 100,00 (cem reais), bem como a restituir a coisa alugada ao final do sexto mês de locação. Antes de esgotado o prazo do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de compra e venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse direta de José, entende-se que (A) o adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado o prazo da locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em favor do locatário José. (B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da bicicleta antes de encerrado o prazo da locação celebrada com José. (C) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, da cessão do direito à restituição da coisa em favor de Otávio. (D) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, do constituto possessório em favor de Otávio. RESPOSTA João alugou o bem a José e, antes de expirado o prazo da locação, vendeu o mesmo objeto a Otávio. Neste caso, para que Otávio receba a tradição (entrega) do bem, bastará que receba do vendedor o direito de reclamar a coisa, conforme determina o parágrafo único do art. 1.267 do CC: “Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico”. Assim, o adquirente Otávio se torna proprietário mediante o recebimento da coisa diretamente do locatário José. Alternativa C. 182. (XVII Exame) Angélica concede a Otávia, pelo prazo de vinte anos, direito real de usufruto sobre imóvel de que é proprietária. O direito real é constituído por meio de escriturapública, que é registrada no competente Cartório do Registro de Imóveis. Cinco anos depois da constituição do usufruto, Otávia falece, deixando como única herdeira sua filha Patrícia. Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta. (A) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel. (B) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel. (C) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de Otávia. (D) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu direito real de usufruto sobre o imóvel. RESPOSTA O usufruto é um direito real concedido em caráter personalíssimo. Exatamente por isso, não se admite sua transmissão causa mortis, uma vez que o art. 1.410, I, do CC, preconiza o fim do usufruto em caso de morte do usufrutuário. Alternativa C. 183. (XVII Exame) Mateus é proprietário de um terreno situado em área rural do estado de Minas Gerais. Por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Mateus concede, pelo prazo de vinte anos, em favor de Francisco, direito real de superfície sobre o aludido terreno. A escritura prevê que Francisco deverá ali construir um edifício que servirá de escola para a população local. A escritura ainda prevê que, em contrapartida à concessão da superfície, Francisco deverá pagar a Mateus a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que, em caso de alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus terá direito a receber quantia equivalente a 3% do valor da transação. Nesse caso, é correto afirmar que (A) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja vista só se admitir, no direito brasileiro, a concessão perpétua. (B) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à concessão do direito de superfície, haja vista ser a concessão ato essencialmente gratuito. (C) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de determinada quantia em caso de alienação do direito de superfície. (D) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício no terreno. RESPOSTA O direito real de superfície tem previsão entre os arts. 1.369 e 1.377 do CC. Trata-se de direito constituído em caráter temporário, por prazo determinado, permitindo-se ao superficiário o direito de construir ou plantar em terreno alheio. A lei faculta a alienação do direito de superfície, mas, nos termos do parágrafo único do art. 1.272 do CC, não poderá ser estipulado pelo proprietário do bem qualquer pagamento pela transferência da superfície. Alternativa C. 184. (XVII Exame) Vitor e Paula celebram entre si, por escritura particular levada a registro em cartório de títulos e documentos, contrato de mútuo por meio do qual Vitor toma emprestada de Paula a quantia de R$ 10.000,00, obrigando-se a restituir o montante no prazo de três meses. Em garantia da dívida, Vitor constitui em favor de Paula, por meio de instrumento particular, direito real de penhor sobre uma joia de que é proprietário. Vencido o prazo estabelecido para o pagamento da dívida, Vitor procura Paula e explica que não dispõe de dinheiro para quitar o débito. Propõe então que, em vez da quantia devida, Paula receba, em pagamento da dívida, a propriedade da coisa empenhada. Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a Paula. (A) Para ter validade, o acordo sugerido por Vitor deve ser celebrado mediante escritura pública. (B) O acordo sugerido por Vitor não tem validade, uma vez que constitui espécie de pacto proibido pela lei. (C) Para ter validade, o acordo sugerido deve ser homologado em juízo. (D) O acordo sugerido por Vitor é válido, uma vez que constitui espécie de pacto cuja licitude é expressamente reconhecida pela lei. RESPOSTA As partes estipularam o penhor como garantia real do pagamento da dívida. O art. 1.428 do CC proíbe o chamado pacto comissório, ao prever que “é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento”. O devedor, portanto, não pode se ver forçado a perder a coisa dada em garantia em caso de não pagamento. Todavia, o parágrafo único do mesmo dispositivo estatui que “após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida”. Assim, nada impede que Vitor ofereça voluntariamente a coisa (dação em pagamento) para se livrar do débito. Alternativa D. 185. (XX Exame) Vítor, Paulo e Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro indiviso, de uma casa, sendo cada um deles titular de parte ideal representativa de um terço (1/3) da coisa comum. Todos usam esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa, Márcia descobre um vazamento no encanamento de água. Sem perder tempo, contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a realização da substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado contratualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais). Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta. (A) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de qualquer um dos condôminos. (B) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que, por sua vez, tem direito de regresso contra os demais condôminos. (C) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada de Márcia ou de qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi contratado sem a prévia aprovação da totalidade dos condôminos. (D) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de regresso contra os demais condôminos, uma vez que contratou a empreiteira sem o prévio consentimento dos demais condôminos. RESPOSTA Vítor, Paulo e Márcia são condôminos de um bem comum, nos termos dos arts. 1.314 e seguintes do CC. A dívida foi contraída apenas por Márcia, que contratou a sociedade, mas o propósito da reforma era o de beneficiar todos os coproprietários. Neste caso, dispõe o art. 1.318 do CC que “as dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais”. Alternativa B. 186. (XX Exame – Reaplicação) O apartamento de João é invadido e, entre outras coisas, um paletó é furtado. Três meses depois, João descobre que o seu paletó está sendo usado por Ricardo. Ao ser confrontado, Ricardo esclarece que adquiriu o paletó há um mês de um brechó, que o mantinha exposto no mostruário. Alegou ainda que adquiriu a roupa sem saber que era proveniente de furto. Em prova do alegado, Ricardo exibe documento comprobatório da compra do paletó feita no brechó. Tendo em vista a situação descrita, assinale a afirmativa correta. (A) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, pois o adquiriu do brechó, que não era o verdadeiro dono da coisa. (B) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o adquiriu de boa-fé, em estabelecimento comercial, que, nas circunstâncias do caso, aparentava ser o dono da coisa. (C) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, mas deve indenizar João, entregando-lhe soma equivalente ao preço que pagou ao brechó. (D) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o comprou do brechó apenas dois meses depois do furto sofrido por João. RESPOSTA João foi vítima de furto. Ocorre que Ricardo veio a adquirir o objeto do crime em um estabelecimento comercial, tendo adquirido sua propriedade de boa-fé. Neste caso, vigora o disposto no art. 1.268 do CC: “feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono”. Trata-se da aplicação da teoria da aparência (putatividade), eis que a Ricardo o estabelecimento aparentava ser o proprietário legítimo da coisa. Alternativa B. 187. (XXIIExame) George vende para Marília um terreno não edificado de sua propriedade, enfatizando a existência de uma “vista eterna para a praia” que se encontra muito próxima do imóvel, mesmo sem qualquer documento comprovando o fato. Marília adquire o bem, mas, dez anos após a compra, e ́ surpreendida com a construção de um edifício de vinte andares exatamente entre o seu terreno e o mar, impossibilitando totalmente a vista que George havia prometido ser eterna. Diante do exposto e considerando que a construção do edifício ocorreu em um terreno de terceiro, assinale a afirmativa correta. (A) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode pleitear o reconhecimento da usucapião da servidão de vista. (B) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de uma servidão de vista por destinação de George, o antigo proprietário do terreno. (C) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstancias do caso não permitem a usucapião de vista. (D) Sem que tenha sido formalmente constituída, não e ́ possível reconhecer servidão de vista em favor de Marília. RESPOSTA A questão versa sobre a possibilidade de aquisição do direito real de servidão por usucapião. Neste caso, é preciso ter em conta o teor do art. 1.379 do CC, que assim dispõe: “o exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”. Vê-se, portanto, que a usucapião do direito de servidão somente será viável se se tratar de servidão aparente, assim considerara aquela que se torna ostensiva, sobretudo pela construção de obras que a tornem explícita ao olhar de terceiros. As servidões não aparentes, imperceptíveis, não podem ser adquiridas por usucapião. Assim, como não houve registro formal do direito de servidão (art. 1.378 do CC), não há como Marília reclamar tal direito. Alternativa D. 188. (FGV-2015) Em relação ao direito de vizinhança, assinale a afirmativa correta. (A) Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono da árvore, já que são classificados como bens de natureza acessória. (B) O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. (C) O dono do prédio que não tiver acesso à via pública pode constranger o vizinho a lhe dar passagem, independentemente do pagamento de indenização. (D) Todo aquele que violar as proibições referentes ao direito de vizinhança é obrigado a demolir as construções feitas, sendo dispensada a indenização por perdas e danos. RESPOSTA Os direitos de vizinhança têm previsão nos arts. 1.277 a 1,313 do CC. O propósito destas regras é o de se preservar o uso regular dos bens imóveis, para assegurar o sossego, a saúde e a segurança dos moradores vizinhos. Entre as regras constantes nos referidos dispositivos, veja-se o teor do art. 1.280: “O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente”. Alternativa B. 189. (FGV-2015) Rita, por 11 anos, sem interrupção nem oposição de quem quer que seja, possui, como seu, imóvel no qual estabeleceu a sua moradia habitual. Considerando que Rita não possui qualquer título referente à titularidade proprietária do imóvel, assinale a afirmativa correta. (A) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir a propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao juiz declaração por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. (B) Independentemente de comprovada boa-fé, Rita poderá adquirir a propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao juiz declaração por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. (C) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade do bem imóvel por não ter atingido ainda o tempo mínimo da prescrição aquisitiva, qual seja, quinze anos. (D) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir o direito de superfície do bem imóvel por ter atingido o tempo mínimo para a titularidade, qual seja, cinco anos. RESPOSTA Rita mantém há 11 anos posse ininterrupta, mansa e pacífica (sem oposição) e com animus domini de um bem imóvel, ao qual concede a devida função social (exercício do direito de moradia). O enunciado não esclarece se a referida posse é de boa ou de má-fé. De todo modo, importa verificar que há a possibilidade de usucapir o bem, mesmo que a posse seja de má-fé, no caso assinalado pelo parágrafo único do art. 1.238 do CC. Eis o conteúdo deste dispositivo: “Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”. É possível, pois, adquirir a propriedade da coisa por prazo superior a 10 anos, mesmo que a posse seja de má-fé, desde que o possuidor estabeleça sua moradia no imóvel, como fez Rita. Alternativa B. 190. (FGV-2014) Severino tem a posse mansa e pacífica, com animus domini, de um imóvel rural há dezenove anos. Reside no local, onde mantém uma grande horta para sua subsistência. Vivian adquiriu a propriedade vizinha há dois meses e cria determinada raça de galinhas para seu consumo próprio. Ocorre que as aves de Vivian têm invadido o terreno de Severino reiteradamente, causando-lhe grande prejuízo em suas hortaliças, já que a cerca divisória das propriedades, feita de arame farpado por Severino, não contém os animais. É correto afirmar que: (A) é dever de Vivian construir tapumes especiais para conter todos os animais de sua propriedade. (B) é dever de Severino construir tapumes especiais para evitar a entrada de animais pertencentes aos vizinhos. (C) Vivian e Severino devem repartir as despesas para construção de tapumes para conter os animais de pequeno ou de grande porte de propriedade de Vivian. (D) é dever de Vivian construir tapumes especiais para conter os animais de pequeno porte de sua propriedade. RESPOSTA Trata-se de conflito a envolver direitos de vizinhança. Observa-se que é Vivian quem decidiu criar suas galinhas no terreno vizinho ao de Severino, que tem posse do imóvel que ocupa (e, aliás, até mesmo o direito de usucapir o bem, adquirindo sua propriedade). Neste caso, estabelece o § 3º do art. 1.297 do CC que “a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas”. Assim, cabe apenas a Vivian construir os tapumes, sem que Severino tenha que contribuir parcialmente com as respectivas despesas. Alternativa D. 191. (FGV-2014) Valério exerce a posse mansa e pacífica do imóvel rural onde reside há 27 anos. Há três acessos ao imóvel, mas o que Valério mais utiliza é uma pequena estrada, feita e mantida por ele há 21 anos, que passa por dentro de uma outra propriedade pertencente a um casal de nacionalidade inglesa e que pouco frequenta o local. Acontece que, após tantos anos, o referido casal vendeu o imóvel para uma incorporadora, a qual começou a construção de um muro que impede a passagem de Valério. Nesse caso é correto afirmar que: (A) em virtude da existência de dois outros acessos, nenhuma providência pode ser tomada por Valério. (B) Valério, por ser titular do direito de propriedade sobre a pequena passagem, pode ajuizaração reivindicatória para impedir a construção do muro. (C) Valério, por ser possuidor do direito real de servidão de passagem, pode se valer da proteção possessória que a lei lhe confere. (D) nada pode ser feito, já que Valério é mero invasor do imóvel. RESPOSTA Valério construiu há 21 anos uma pequena estrada no imóvel do vizinho, que lhe serve de passagem. Este fato é bastante para atestar que Valério tem direito a usucapir o direito de servidão de passagem, nos termos do art. 1.379 do CC: “O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”. Por se tratar de servidão aparente, eis que houve a construção da estrada, Valério passa a ter direito real de passagem, que pode ser oponível contra terceiros, inclusive a nova adquirente do imóvel vizinho. É direito de Valério impedir que o muro prejudique seu direito de servidão, conforme estatui o art. 1.383 do CC: “O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercício legítimo da servidão”. Alternativa C. 192. (XXIV Exame) Quincas adentra terreno vazio e, de forma pública, passa a construir ali a sua moradia. Após o exercício ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente o reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião. Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava hipotecado em favor de Jovelino, para o pagamento de numerários devidos por Adib, proprietário do imóvel. Com base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta. (A) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre eventual direito de Quincas, tendo em vista o princípio da prioridade no registro. (B) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimento da usucapião, tendo em vista a função social do crédito garantido. (C) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação. (D) Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará com o ônus de quitar o débito que a hipoteca garantia. RESPOSTA A usucapião consiste em modo de aquisição originária da propriedade, e não derivada. Isto significa dizer que não apenas eventuais ônus (como a hipoteca) não impedem a aquisição do imóvel, como também que o usucapiente não responde pelos débitos ou gravames que incidam anteriormente sobre a coisa. Alternativa C. 193. (XXIII Exame) À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros. Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à retomada. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado esbulhador. (B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido. (C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia. (D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse. RESPOSTA Importa verificar as circunstâncias narradas. Joventino se apossou de terreno alheio pública e pacificamente, não cabendo atestar, assim, violência e clandestinidade em sua conduta. Isto acarreta uma consequência: Joventino não é mero detentor (art. 1.208 do Código Civil), mas verdadeiro possuidor do terreno. A posse, todavia, deve ser considerada de má-fé (art. 1.201 do Código Civil), eis que Joventino tinha ciência do fato de que a terra pertencia a terceiros. A conduta de Clodoaldo é flagrantemente ilícita, eis que a lei apenas admite o emprego do desforço privado (isto é, a retomada da posse pela própria força) se o ato ocorrer imediatamente após o esbulho, o que não corresponde ao caso (art. 1.210, § 1º, do Código Civil). Sendo Joventino autêntico possuidor, e tendo sido indevida a conduta de Clodoaldo, cumpre àquele propor ação de reintegração de posse, para reaver a ocupação do bem. Alternativa C. 194. (XXIV Exame) Laurentino constituiu servidão de vista no registro competente, em favor de Januário, assumindo o compromisso de não realizar qualquer ato ou construção que embarace a paisagem de que Januário desfruta em sua janela. Após o falecimento de Laurentino, seu filho Lucrécio decide construir mais dois pavimentos na casa para ali passar a habitar com sua esposa. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Januário não pode ajuizar uma ação possessória, eis que a servidão é não aparente. (B) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia sido instituída automaticamente se extinguiu. (C) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando houver algum tipo de aviso sobre sua existência. (D) Januário pode ajuizar uma ação possessória, provando a existência da servidão com base no título. RESPOSTA Ajustaram as partes direito de servidão de vista. Cumpre assinalar que a servidão é um direito real, isto é, um ônus que grava um imóvel em favor do outro (art. 1.378 do CC). Assim, o falecimento do proprietário do imóvel serviente, ou seja, do bem que sofre a servidão, não implica a extinção do direito real, que continua a gravar a coisa. Veja-se, a propósito, que entre as hipóteses legais de extinção da servidão (arts. 1.387 a 1.389 do CC), não figura a morte de qualquer das partes. Januário, o proprietário do imóvel dominante, pode se valer de ação possessória para tutelar seu direito de servidão, que permanece intacto. Alternativa D. 195. (XXV Exame) Jonas trabalha como caseiro da casa de praia da família Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da matriarca Lena, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena, Jonas tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo, ele permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer outra relação jurídica com os herdeiros, que também já não frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis. Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações na casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”. Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto decide retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo. A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé. (B) Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava abandonado. (C) Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel. (D) Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião. RESPOSTA De início, Jonas, na condição de caseiro, era mero detentor do imóvel. Enquanto fâmulo (ou servo) da posse, Jonas jamais poderia usucapir o bem, nos termos do art. 1.198 do CC. Ocorre, todavia, que a relação de subordinação de Jonas aos seus ex-empregadores cessou com o fim do vínculo trabalhista. A partir de então, Jonas passou a ser autêntico possuidor do imóvel, ainda que sua posse possa ser caracterizada como injusta e de má-fé (arts. 1.200 e 1.201 do CC), pois Jonas tem pleno conhecimento do fato de ser irregular a ocupação da terra. Independentemente de sua má-fé, todavia, na condição agora de possuidor, e não mais de detentor, Jonas pode arguir em seu proveito a usucapião do imóvel, eis que, à exceçãoda hipótese do art. 1.242 do CC, que exige a boa-fé, as demais espécies de usucapião (vide arts. 1.238 a 1.240 do CC) dispensam este requisito, o que significa que, preenchidos os demais pressupostos legais, o possuidor, mesmo quando de má-fé, pode adquirir bens imóveis pela via da usucapião. Alternativa D. 196. (XXVI Exame Unificado) Ronaldo é proprietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados e decide vender metade dele para Abílio. Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que imediatamente passa a habitar o imóvel. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião. (B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comunicado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio. (C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo. (D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação assumida. RESPOSTA Ronaldo, ao edificar uma casa no terreno, atua de modo a impedir a passagem de Abílio. Decorre dos termos do art. 1.285 do CC que o dono do imóvel que esteja privado de acesso à via pública, nascente ou porto poderá exigir passagem forçada pelo terreno vizinho. Este direito persiste, nos termos do § 2º do mesmo dispositivo, mesmo que ocorra a alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso à via pública, nascente ou porto, caso retratado na hipótese em apreço. O encravamento provocado dá o direito a Abílio de constranger o atual proprietário do terreno vizinho a dar- lhe passagem. Alternativa C. 197. (XXVI Exame Unificado) Diante da crise que se abateu sobre seus negócios, Eriberto contrai empréstimo junto ao seu amigo Jorge, no valor de R$ 200.000,00, constituindo, como garantia, hipoteca do seu sítio, com vencimento em 20 anos. Esgotado o prazo estipulado e diante do não pagamento da dívida, Jorge decide executar a hipoteca, mas vem a saber que o imóvel foi judicialmente declarado usucapido por Jonathan, que o ocupava de forma mansa e pacífica para sua moradia durante o tempo necessário para ser reconhecido como o novo proprietário do bem. Diante do exposto, assinale a opção correta. (A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele tinha com Jorge deve ser declarada extinta. (B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião, em respeito ao princípio da ambulatoriedade. (C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia. (D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge. RESPOSTA A usucapião é uma forma de aquisição originária da propriedade, e não derivada. Isto significa dizer que o usucapiente, uma vez verificados os requisitos legais para a aquisição do bem, não responde pelos débitos ou gravames que incidam anteriormente sobre a coisa. Alternativa D. VII. DIREITO DE FAMÍLIA 198. (XII Exame) Tiago, com 17 anos de idade e relativamente incapaz, sob autoridade de seus pais Mário e Fabiana, recebeu, por doação de seu tio, um imóvel localizado na rua Sete de Setembro, com dois pavimentos, contendo três lojas comerciais no primeiro piso e dois apartamentos no segundo piso. Tiago trabalha como cantor nos finais de semana, tendo uma renda mensal de R$ 3.000,00 (três mil reais). Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil, assinale a opção correta. (A) Mário e Fabiana exercem sobre os bens imóveis de Tiago o direito de usufruto convencional, inerente à relação de parentesco que perdurará até a maioridade civil ou emancipação de Tiago. (B) Mário e Fabiana poderão alienar ou onerar o bem imóvel de Tiago, desde que haja prévia autorização do Ministério Público e seja demonstrado o evidente interesse da prole. (C) Mário e Fabiana não poderão administrar os valores auferidos por Tiago no exercício de atividade de cantor, bem como os bens com tais recursos adquiridos.
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