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1 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII FARMACOLOGIA DA HEMOSTASIA E TROMBOSE → HEMOSTASIA NORMAL: Depende de três fatores principais: - Endotélio vascular; - Plaquetas; - Cascata de coagulação (deve ser restrita ao local da lesão vascular. Se ocorre distúrbios nesse processo → trombose) TROMBOSE: Estado patológico em que se tem ativação inapropriada de processos hemostáticos, ou oclusão trombótica de um vaso após resposta exacerbada Predisposição à trombose: Tríade de Virchow 1.Lesão ao endotélio vascular 2. Estase venosa (Diminuição no fluxo sanguíneo) 3. Alterações na constituição do sangue (hipercoagubilidade) → MECANISMO DE COAGULAÇÃO SANGUÍNEA: Plaquetas circulantes e os fatores de coagulação normalmente não aderem de maneira apreciável às células endoteliais devido ao fenótipo anticoagulante dessas células. Se ocorre alguma lesão, as células endoteliais sofrem alterações resultando em fenótipo pró-coagulante → A lesão leva à exposição de proteínas reativas da matriz subendotelial, como o colágeno e o fator de von Willebrand, resultando em aderência e ativação das plaquetas, bem como na secreção e síntese de vasos constritores e de moléculas para recrutamento e ativação das plaquetas → Resposta plaquetária à lesão vascular: 1. Plaquetas em repouso: na ausência de lesão as plaquetas ficam circulando livremente Prostaciclinas e NO são alguns dos inibidores de aglutinação de plaquetas liberados pelas células endoteliais intactas. Prostaciclinas se ligam a receptores de membrana plaquetários que estão acoplados à síntese de AMPc. Níveis elevados de AMP e intracelular estão associados a uma diminuição de cálcio intracelular. Isso evita a aglutinação das plaquetas e a subsequente liberação de fatores de agregação plaquetária. Células endoteliais lesadas não sintetizam prostaciclinas → nível de AMPc diminui → aglutinação plaquetária 2. A membrana das plaquetas também tem receptores que podem ligar trombina, tromboxanos e colágeno exposto, em vasos normais os níveis de trombina e tromboxano estão baixos e o endotélio cobre o colágeno nas camadas subendoteliais. Assim, os receptores das plaquetas estão desocupados e não ocorre agregação plaquetária. 3. Quando o endotélio está lesado, as plaquetas aderem ao colágeno do subendotélio exposto e praticamente o cobrem e se ligam à proteína fator de von Willebrand que vaza do plasma para o tecido traumatizado. Isso inicia uma série complexa de reações químicas, resultando na ativação plaquetária. 2 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII 4. Os receptores na superfície das plaquetas aderentes são ativados pelo colágeno do tecido conectivo subjacente. Isso causa alterações morfológicas nas plaquetas e a liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores químicos, como ADP, tromboxano A2, serotonina, fator de aglutinação plaquetária e trombina. Essas moléculas se ligam aos receptores das plaquetas circulantes vizinhas. Assim as plaquetas “dormentes” se tornam ativas e iniciam a aglutinação → O ADP e o tromboxano atuam nas plaquetas vizinhas, ativando-as 5. Na ativação das plaquetas ocorre diminuição de AMPc e aumento de Ca2+, o que promove: a. liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores, como ADP e serotonina, que ativam outras plaquetas; b. à ativação da síntese de tromboxano A2 (sintetizado a partir do ácido araquidônicoe atua como ativador plaquetário e vasoconstritor) 3 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII Existe uma cascata intracelular que mantem a plaqueta parada O aumento do AMPc mantém a plaqueta parada. Prostaciclina age na membrana da plaqueta fazendo com que ela fique parada, ela age no receptor acoplado a proteína Gs, aumentando o nível de AMPc. Prostaciclina é uma substância vasodilatadora e inibe a agregação plaquetária O ADP age na plaqueta inibindo o aumento de AMPc (ao se ligar ao receptor acoplado à Gi) tirando a plaqueta do repouso O Tramboxano tira a plaqueta do repouso, além disso faz com que a plaqueta exponha seus receptores (GP2B3A) para formar a agrupação plaquetária. O tromboxano age nas plaquetas vizinhas que estão em repouso, o receptor ao qual ele se liga é acoplado à proteína Gq. A proteína Gq ativa uma cascata que expõe o receptor GP2B3A na membrana da plaqueta. c. à ativação dos receptores de glicoproteínas (GP) llb/llla que ligam fibrinogênio e, finalmente, regulam as interações plaquetas-plaquetas e a formação do trombo. O fibrinogênio, uma GP plasmática solúvel, liga- se simultaneamente aos receptores de GP llb/llla de duas plaquetas vizinhas, resultando na ligação cruzada das plaquetas e na sua aglutinação. Isso leva a uma avalanche de aglutinação plaquetária, pois cada plaqueta ativada pode recrutar outras plaquetas 6. A estimulação local da cascata de coagulação pelos fatores teciduais liberados dos tecidos lesados e pelos mediadores da superfície das plaquetas resulta na formação de trombina (Fator llA), uma serina protease. A trombina, por sua vez, catalisa a hidrólise do fibrinogênio em fibrina, que é incorporada no tampão. Ligações cruzadas subsequentes das tiras de fibrina estabilizam o coágulo e formam um tampão fibrina-plaquetas hemostático 7. Durante a formação do tampão, a via fibrinolítica é ativada localmente. O plasminogênio é processado enzimaticamente à plasmina (fibrinolisina) pelos ativadores de plasminogênio nos tecidos. A piasmina limita o crescimento do coágulo e dissolve a rede de fibrina à medida que ocorre a cicatrização. 4 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII 5 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII → CASCATA DA COAGULAÇÃO: O sangue coagula em decorrência da transformação do fibrinogênio solúvel em fibrina insolúvel pela enzima trombina. A fibrina também ativa muitos fatores de coagulação proximais, levando à produção de mais trombina, e, também, ativa o fator XIII, que estabelece ligações cruzadas no polímero de fibrina e estabiliza o coágulo Durante a cascata de coagulação, em cada etapa, um zimogênio de fator da coagulação sofre proteólise limitada e transforma-se em protease ativa (p. ex., o fator VII é convertido em fator VIIa). Cada fator na forma de protease ativa o fator seguinte da coagulação na sequência, culminando na formação de trombina (fator IIa). O principal iniciador da coagulação sanguínea in vivo é a via do fator tecidual (FT)-fator VIIa. A exposição do FT sobre o endotélio lesionado ou ao sangue que extravasou no tecido determina a sua ligação ao fator VIIa. Por sua vez, esse complexo ativa os fatores X e IX. O fator Xa, juntamente com o fator Va, forma o complexo da protrombinase na superfície das células ativadas, catalisando a conversão da protrombina (fator II) em trombina (IIa). Por sua vez, a trombina ativa os fatores de coagulação proximais, principalmente V, VIII e XI, resultando em 6 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII amplificação da geração de trombina. A ativação do fator Xa, catalisada pelo complexo FT-fator VIIa, é regulada pelo inibidor da via do fator tecidual (TFPI) Após ativação inicial do fator X em fator Xa pelo complexo FT-VIIa, a propagação posterior do coágulo ocorre pela amplificação da trombina por retroalimentação por meio dos fatores VIII e IX da via intrínseca Papel central da trombina na cascata de coagulação: (1) converte a proteína plasmática solúvel, o fibrinogênio, em fibrina que, em seguida, forma longas fibras poliméricas insolúveis; (2) ativa o fator XIII, que estabelece ligações cruzadas nos polímeros de fibrina, produzindo uma rede ou coágulo altamente estável; (3) amplifica a cascata de coagulação ao catalisar a ativação dos fatores VIII e V por retroalimentação;(4) ativa as plaquetas de modo significativo, causando liberação dos grânulos, agregação plaquetária e geração de micropartículas derivadas das plaquetas. → FATORES QUE LIMITAM A FORMAÇÃO DO TROMBO: – Prostaciclina PGI2: vasodilatador e antiagregante, produzido pela parede vascular a partir do ác. Araquidônico em resposta à lesão. – A proteína C e a proteína S são proteínas dependentes da vitamina K→ inativação dos fatores da coagulação Va e VIIIa. – Inibidor da via do fator tecidual. – Antitrombina III: inativa a trombina e outros fatores da coagulação (IXa, Xa, XIa e XIIa). – Ativador tecidual de plasminogênio → clivagem proteolítica da fibrina em produtos de degradação da fibrina. 7 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII → FÁRMACOS QUE ATUAM NA CASCATA DE COAGULAÇÃO: Atuam na prevenção da formação de trombos: 1. Antiplaquetários: inibidores de ciclo-oxigenase (COX), fosfodiesterase, da via do receptor ADP e antagonistas da GPIIb-IIIa. 2. Anticoagulantes: varfarina, heparinas não fracionada e de baixo peso molecular, inibidores seletivos do fator Xa e inibidores diretos da trombina. Atuam no tratamento de trombos já formados: 1. Trombolíticos: Estreptoquinase; Ativador do plasminogênio tecidual (t-PA) recombinante; Tenecteplase FÁRMACOS ANTIPLAQUETÁRIOS - Um marco no tratamento de doenças cardiovasculares 8 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII 1. INIBIDOR DO TROMBOXANO A2 A COX-1 é uma enzima constitutiva, expressa em muitos tecidos e, sob condições fisiológicas, produz PGs necessárias à modulação das funções gastrintestinais, renais e a homeostase vascular. A COX-2 é induzida em células inflamatórias, tais como fibroblastos, macrófagos, monócitos e células sinoviais, quando elas são ativadas. É considerada enzima que produz os mediadores da inflamação da classe dos prostanóides. O gene da COX-2 é expresso em resposta a vários agentes pró-inflamatórios, citocinas, endotoxinas, fatores de crescimento e promotores de tumor. Prostaglandinas, tromboxano e prostaciclina, cujo conjunto recebe a denominação prostanoides, são produzidos a partir da PGH2 por meio da ação a jusante de isomerases e sintases. A PGH2 é metabolizada pelas sintases de prostaciclina, tromboxano e PGF (PGIS, TXAS e PGFS) a, respectivamente, PGI2, TXA2 e PGF2α. A prostaciclina (PGI2) é sintetizada sobretudo pelo endotélio vascular e é um potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária Tromboxano A2: é um produto do araquidônico que induz a mudança de forma das plaquetas, a liberação de seus grânulos e a sua agregação O tromboxano (TXA2) apresenta efeitos indesejáveis (agregação plaquetária, vasoconstrição). Assim, foram desenvolvidos antagonistas do receptor e inibidores da síntese de TXA2 com indicações cardiovasculares, embora ainda se tenha que definir (exceto para o ácido acetilsalicílico) sua participação na prática clínica. Efeitos de prostaglandinas e tromboxanos: A. Músculo liso: 1. Vascular: O TXA2 é um vasoconstritor potente que também atua como mitógeno de células musculares lisas. A PGF2α também atua como vasoconstritor, mas não como mitógeno de células musculares lisas. As prostaglandinas vasodilatadoras, especialmente PGI2 e PGE2, produzem vasodilatação aumentando o AMPc e reduzindo o cálcio intracelular no músculo liso, primariamente por via de receptores IP e EP4. A PGI2 vascular é sintetizada pelo músculo liso e pelas células endoteliais, e o maior contribuinte para as células endoteliais é a isoforma COX-2. A PGD2 também atua como vasodilatadora, particularmente como mediadora dominante do rubor induzido pelo hipolipemiante niacina 2. Trato gastrointestinal: A maior parte das prostaglandinas e dos tromboxanos ativa a musculatura lisa gastrintestinal. 3. Vias respiratórias: A musculatura lisa respiratória é relaxada por PGE2 e PGI2 e contraída por PGD2, TXA2 e PGF2α. Também estimulam a secreção de muco brônquico e causam edema de mucosa. Ocorre 9 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII broncospasmo em cerca de 10% dos indivíduos que utilizam AINE, possivelmente em razão de desvio no metabolismo do aracdônico a partir do metabolismo da COX para formação de leucotrieno B. Plaquetas: PGD2 e PGI2 inibem a agregação, via aumento na produção de AMPc dependente, respectivamente, de DP1- e IP. O TXA2 é o principal produto da COX-1, a única isoforma da COX expressa em plaquetas maduras, sendo que a PGD2 derivada da COX-1 é encontrada em quantidades menores. O TXA2, ele próprio um agregador plaquetário, amplifica os efeitos de outros agonistas plaquetários mais potentes, como a trombina. A biossíntese de TXA2 derivada da COX-1 plaquetária aumenta quando há ativação e agregação das plaquetas e é irreversivelmente inibida pela administração crônica de ácido acetilsalicílico em doses baixas. Os metabólitos urinários da TXA2 aumentam nas síndromes clínicas com ativação plaquetária, como infarto do miocárdio e AVE. A COX-2 de macrófagos parece contribuir, grosso modo, com 10% do aumento na biossíntese de TXA2 observada em tabagistas, enquanto os demais 90% são derivados na COX-1 plaquetária C. Rins: Os principais produtos eicosanoides nos rins são PGE2 e PGI2, seguidos por PGF2α e TXA2. PGE2 e PGI2 derivadas da COX-2 mantêm o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular por meio de seu efeito vasodilatador local. Essas prostaglandinas também modulam a pressão arterial sistêmica por meio da regulação da excreção de água e sódio. Os prostanoides derivados de COX-2 aumentam o fluxo sanguíneo medular e inibem a reabsorção tubular de sódio, enquanto os produtos derivados de COX-1 promovem excreção de sal nos tubos coletores. Os diuréticos de alça, como a furosemida, produzem parte de seus efeitos estimulando a atividade da COX. No rim normal, esta estimulação aumenta a síntese de prostaglandinas vasodilatadoras. Assim, a resposta do paciente ao diurético de alça diminui quando se administra concomitantemente um inibidor da COX. a expressão cortical da COX-2 aumenta com a redução da ingestão de sal, levando a aumento na liberação de renina. Com isso, há elevação da taxa de filtração glomerular e aumento na reabsorção de sódio, além de aumento da pressão arterial. O TXA2 produz vasoconstrição intrarrenal (e, talvez, um efeito semelhante ao do ADH), resultando em declínio da função renal. O rim normal sintetiza apenas pequenas quantidades de TXA2. D. Sistema reprodutor feminino: A musculatura uterina é contraída sob a ação de PGF2α, TXA2 e das baixas concentrações de PGE2; a PGI2 e altas concentrações de PGE2 causam relaxamento E. Sistema reprodutor masculino: As prostaglandinas com efeito relaxante sobre os músculos lisos, como a PGE1, melhoram a ereção peniana, relaxando a musculatura lisa do corpo cavernoso F. Febre: A PGE2 aumenta a temperatura corporal. PGF2α e PGI2 exógenas induzem febre, enquanto PGD2 e TXA2, não G. Sono: PGD2 induz sono natural. A infusão de PGE2 no hipotálamo posterior inibe o sono. H. Neurotransmissão: Os compostos de PGE inibem a liberação de norepinefrina pelas terminações nervosas simpáticas pós-ganglionares I. Inflamação e imunidade: PGE2 e PGI2 são os principais prostanoides associados à inflamação. Ambos acentuam de forma marcante a formação de edema e a infiltração de leucócitos, promovendo fluxo de sangue para a região inflamada. O TXA2, por meio de sua ação como agonista plaquetário, aumenta a interação entre plaquetas e leucócitos. J. Olhos: Os derivados de PGE, PGD e PGF reduzem a pressão intraocular K. Câncer: A inibição farmacológica ou a deleção genética da COX-2 inibe a formação de tumores em modelos de câncer de cólon, mama, pulmão, entre outros. L. Canal arterial: A patência do canal arterial fetal depende da atuação da PGE2 derivada da COX-2 sobreo receptor EP4. Após o nascimento, a redução nos níveis de PGE2, como consequência do aumento do seu metabolismo, permite o fechamento do canal arterial. A manutenção da patência pode ser obtida com o uso de alprostadil (PGE1). Ácido acetilsalicílico (AAS)/ASPIRINA: interferem na síntese dos eicosanóides, bloqueando a produção de tromboxano A2 (agregador plaquetário e vasoconstritor) ao inativar a COX 1. - Mecanismo de ação: provoca inativação completa da COX1 na dose de 160mg/dia; doses superiores inibem as prostaciclinas e prostaglandina 10 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII O ácido aetilsalicílico acetila e inibe ambas as enzimas de forma covalente e, portanto, irreversível. Doses mais baixas (< 100 mg/dia) inibem preferencialmente, mas não exclusivamente, a COX-1 plaquetária, e doses maiores inibem COX- 1 e COX-2 sistêmicas Fármacos que fazem ligação covalente mantém o efeito antiplaquetário mais prolongado. Os que fazem ligação covalente duram na circulação o tempo que a plaqueta estiver circulando, pois a ligação covalente é irreversível (em média 7 a 10 dias) O ácido acetilsalicílico em dose baixa reduz a incidência secundária de ataques cardíacos e de acidente vascular encefálico em cerca de 25%. Entretanto, o ácido acetilsalicílico em dose baixa aumentou duas vezes o risco de sangramento gastrintestinal grave em comparação com placebo. O ácido acetilsalicílico em dose baixa também reduz a incidência do primeiro infarto do miocárdio Efeitos colaterais: hemorragia, salicilismo, alteração do equilíbrio ácido básico Usos: tratamento profilático da isquemia cerebral transitória, para reduzir a incidência de infartos do miocárdio recorrentes e para diminuir a mortalidade nos pacientes pré- e pós-infartados Interações: O AAS é usado, com frequência, em combinação com outros fármacos anticoagulantes, como heparina ou clopidogrel. Fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINES), como o ibuprofeno, inibem a COX-1 por competição transitória no sítio catalítico. O ibuprofeno, se tomado concomitante com AAS ou duas horas antes, pode impedir o acesso do AAS ao resíduo serina e, assim, antagonizar a inibição das plaquetas pelo AAS 2. INIBIDOR DA FOSFODIESTERASE Dipiridamol: - Mecanismo de ação: aumenta a concentração de AMPc (ao inibir a fosfodiesterase PDE) que inibe PAF (fator de agregação plaquetário) e bloqueia a captação de adenosina pelas hemácias promovendo vasodilatação. Ele pode potencializar o efeito da PGl2 no antagonismo da adesividade das plaquetas e, assim, diminuir a aderência das plaquetas às superfícies trombogênicas Usos: O dipiridamol em si tem pouco ou nenhum efeito benéfico. Por conseguinte, esse agente é usado sobretudo em associação com ácido acetilsalicílico na prevenção da isquemia vascular cerebral. Pode ser também usado com varfarina para profilaxia primária de tromboêmbolos em pacientes com próteses valvares cardíacas Referência plaquetária: 150 mil a 400 mil → Esse fármaco pode produzir redução plaquetária 3. BLOQUEADORES DE RECEPTORES DE ADENOSINA Tienopiridinas: Triclopidina, clopidogrel e prasugrel - Mecanismo de ação: pró-drogas bloqueadoras irreversíveis do receptor da adenosinadifosfato (ADP), responsável pela alteração do formato das plaquetas e sua agregação. Esses fármacos inibem irreversivelmente a ligação do ADP aos seus receptores nas plaquetas e, assim, inibem a ativação dos receptores de GP llb/llla necessários para que as plaquetas se liguem ao fibrinogênio e umas às outras Os receptores para a ADP (adenosinadifosfato): P2Y e P2Y1 → os fármacos bloqueiam a ação do ADP ao se ligarem a esses receptores São pró-fármacos, precisam do metabolismo hepático para serem ativados - Farmacocinética: rápida absorção via oral e biodisponibilidade; efeitos após 8 a 10 dias da administração; inibição da agregação persiste após alguns dias da retirada. Após ingestão oral, os três fármacos são extensamente ligados às proteínas plasmáticas. Eles sofrem biotransformação hepática pelo sistema citocromo P450 (CIP450) a metabólitos ativos. A eliminação dos fármacos e seus metabólitos ocorrem por via renal e fecal. Potencializam efeito quando associados a aspirina 11 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII Ticlopidina: aprovada para a prevenção de AVE em pacientes com história de ataque isquêmico transitório (AIT) ou AVE trombótico, bem como em associação com ácido acetilsalicílico para a prevenção da trombose em stent coronariano. Efeitos colaterais: náuseas, dispepsia e diarreia, hemorragia e leucopenia (esses dois últimos são raros), anemia aplástica. Devido às reações adversas hematológicas com risco de vida, incluindo neutropenia e agranulocitose, púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e anemia aplástica, em geral a ticlopidina é reservada aos pacientes intolerantes a outros tratamentos. Clopidogrel: pacientes com angina estável, com IAM ou com doença vascular periférica. Tem menos efeitos colaterais do que a ticlopidina e raramente está associado à neutropenia. Foi relatada a incidência de púrpura trombocitopênica trombótica. O clopidogrel é um profármaco que requer ativação por isoforma enzimática do citocromo P450, CYP2C19. Comparado com a ticlopidina, o clopidogrel é o fármaco preferido nos eventos isquêmicos cardíacos, porque existem mais dados apoiando seu uso nos pacientes cardíacos O prasugrel está contraindicado para pacientes com história de AIT ou AVE, devido ao risco aumentado de sangramento. Está aprovado para diminuir os eventos trombóticos cardiovasculares em pacientes com síndrome coronária aguda (angina instável, infarto do miocárdio sem elevação ST e infartos do miocárdio com elevação ST que é tratada com intervenção coronária percutânea) Clopidogrel ou ticlopidina + aspirina diminui morbimortalidade pós-síndrome coronariana aguda Interações: Como estes fármacos podem inibir o sistema CIP450, eles podem interferir na biotransformação de fármacos como fenitoína, varfarina, uvastatina e tamoxifeno, se ingeridos concomitantemente 4. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR DA GLICOPROTEÍNA IIb/IIIa Tirofibana: O receptor de GP IIb/IIIa plaquetário (integrina aIIbβ3) atua como receptor principalmente para o fibrinogênio e a vitronectina, mas também para fibronectina e o fator de von Willebrand. A ativação desse complexo receptor constitui a “via final comum” da agregação plaquetária. Os ligantes para a GP IIb/IIIa contêm um motivo de sequência Arg-Gly- Asp (RGD) importante para a ligação do ligante - Análogo de tirosina não peptídico Mecanismo de ação: ocupa o sítio de ligação do fibrinogênio inibindo a agregação plaquetária (inibem a ligação do ligante ao receptor IIb/IIIa, ocupando o receptor, porém sem bloquear o receptor de vitronectina) Usos: administração intravenosa seguida de infusão por 24hs no tratamento da síndrome coronariana aguda e na angioplastia - O principal efeito adverso dos dois fármacos é o sangramento Abciximabe: - Anticorpo multiclonal murino-humano quimérico Mecanismo de ação: Ligando-se ao GP llb/llla, o anticorpo bloqueia a ligação do fibrinogênio e do fator de von Willebrand e, consequentemente, não acontece a aglutinação O abciximabe é administrado por via IV junto com heparina ou AAS como um auxiliar nas intervenções coronarianas percutâneas para prevenção das complicações isquêmicas cardíacas. Está aprovado também para a angina instável e para uso profilático no infarto do miocárdio - Essa ligação é essencialmente irreversível, com meia-vida de dissociação de 18 a 24h - Efeitos colaterais: potencial para sangramentos, especialmente se for usado com anticoagulantes ou se o paciente tem uma condição clínica hemorrágica. Usos: uso na intervenção coronariana percutânea e nas síndromes coronárias agudas 12 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – TaynaraPereira MEDXII O abciximabe é caro, limitando seu uso em algumas situações. FÁRMACOS ANTICOAGULANTES - À semelhança dos agentes antiplaquetários, os anticoagulantes são usados tanto para prevenção quanto para tratamento de doenças trombóticas. - São dirigidos para vários fatores na cascata de coagulação, interrompendo, assim, a cascata e impedindo a formação de uma rede de fibrina estável (tampão hemostático secundário). ANTICOAGULANTES Vitamina K: • Necessária para a síntese hepática dos fatores de coagulação II (protrombina), VII, IX, X. • Co-fator para a produção de proteína C e S. • Promove a carboxilação de resíduos de glutamato→ fundamental para a interação com o cálcio. 1. ANTICOAGULANTES ORAIS VARFARINA Mec. de ação: bloqueia a gama-carboxilação de vários resíduos de glutamato existentes na trombina e nos fatores VII, IX e X, bem como nas proteínas anticoagulantes endógenas C e S → devido ao bloqueio, ocorre formação de moléculas incompletas de fatores de coagulação, biologicamente inativas. Além disso, a reação de carboxilação proteica está acoplada à oxidação da vitamina K. Em seguida, a vitamina K precisa ser reduzida para reativação. A varfarina impede o metabolismo redutor do epóxido da vitamina K inativo em sua forma de hidroquinona ativa - Existe uma demora de 8 a 12 horas para o início da ação da varfarina. O efeito anticoagulante resulta de um equilíbrio entre a síntese parcialmente inibida e a degradação inalterada dos quatro fatores (VII, IX e X) de coagulação dependentes de vitamina K. A proteína C tem uma meia-vida curta semelhante ao fator VIIa. Por conseguinte, o efeito imediato da varfarina consiste em causar depleção do fator procoagulante VII e da proteína C anticoagulante, o que pode criar paradoxalmente um estado hipercoagulável transitório Resumindo: há uma importante etapa de ativação dos fatores de coagulação: adição de um grupo carboxila nos fatores inativados. A adição desses grupos carboxilas é fundamental para a interação entre esses fatores e a molécula de cálcio. Porém, para que essa carboxilação e ativação ocorram, precisasse da vitamina K. a vitamina K vai fornecer os grupamentos CO2, que serão adicionados aos fatores para ativá-los, a vitamina K quando fornece o grupamento químico, ela se transforma quimicamente. Ela precisa de enzima vitamina K epóxido-redutase para reduzi-la (reciclar) e torná-la apta paraparticipar do processo de novo. A varfarina interfere nessa reciclagem, bloqueando a vitamina K epóxido-redutase. Diminui o processo de reciclagem. Qual a consequência? Menos vitamina K reduzida para participar novamente desse processo de carboxilação. Então há menos ativação dos fatores de coagulação. ➢ Única dose de varfarina não se manifesta durante um período de aproximadamente 18 a 24 h ➢ Ação tardia Farmacocinética: A biodisponibilidade por via oral é de quase 100%, e os níveis sanguíneos alcançam seu valor máximo dentro de 0,5 a 4 h após a administração do fármaco. ➢ No plasma, 99% estão ligados à proteína plasmática (albumina) → o que pode contribuir para o seu pequeno volume de distribuição, sua meia-vida longa no plasma (36 horas) e ausência de excreção urinária do fármaco inalterado. 13 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII ➢ O fármaco é hidroxilado pelo sistema do citocromo P450 do fígado a metabólitos inativos, que são eliminados subsequentemente na urina. Usos Terapêuticos: - Prevenir a progressão ou a recorrência de trombose aguda de veias profundas ou de embolia pulmonar, após o tratamento inicial com heparina. - Prevenção do tromboembolismo venoso durante cirurgias ortopédicas ou ginecológicas. - Profilaticamente, ela é usada em pacientes com infarto agudo do miocárdio, válvulas cardíacas prostéticas e fibrilação atrial crônica. Toxidade: ➢ A varfarina atravessa facilmente a placenta e pode causar distúrbio hemorrágico no feto → Teratogenicidade (pode causar grave defeito congênito, caracterizado pela formação anormal dos ossos) e pode causar hemorragia intracraniana no recém-nascido durante o parto ** NUNCA DEVE SER ADMINISTRADA DURANTE A GRAVIDEZ → Se o tratamento anticoagulante é necessário durante a gestação, deve-se administrar heparina ou HBMM. ➢ Cuidadoso equilíbrio → dose que não modifica a coagulação indesejável, e o uso de uma quantidade excessiva, causando hemorragia. ➢ Monitorar efeito através da determinação do Tempo de protrombina → expresso como Relação Normalizada Internacional – RNI. ➢ Em geral, a dose é ajustada para obter uma RNI de 2-4, dependendo, o alvo preciso, da situação clínica. ➢ Sangue total, plasma congelado ou concentrado plasmático dos fatores sanguíneos pode ser empregados para deter a hemorragia rapidamente. Pequenos sangramentos podem ser tratados com a retirada do fármaco e a administração de vitamina K1 oral, mas hemorragias exigem doses maiores de vitamina administradas por via IV. 14 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII Interações medicamentosas: Os mecanismos farmacodinâmicos envolvidos nas interações com a varfarina incluem sinergismo (comprometimento da hemostasia, síntese diminuída de fatores de coagulação, conforme observado na doença hepática), antagonismo competitivo (vitamina K) e alteração da alça de controle fisiológico da vitamina K (resistência hereditária aos anticoagulantes orais) - As interações mais graves com a varfarina são as que aumentam o efeito anticoagulante e o risco de sangramento. Ex.: pirazolonas, fenilbutazona e sulfimpirazona → não apenas intensificam a hipoprotrombinemia, como também inibem a função plaquetária e podem induzir o desenvolvimento de doença ulcerosa péptica → Os mecanismos da interação hipoprotrombinêmica consistem em inibição estereosseletiva da transformação metabólica oxidativa da varfarina S (o isômero mais potente) e deslocamento da varfarina ligada à albumina, com consequente aumento da fração livre - Metronidazol, fluconazol e sulfametoxazol-trimetropina: inibem de modo esterosseletivo a transformação metabólica da varfarina S - Amiodarona, dissulfiram e cimetidina inibem o metabolismo dos enanatiomorfos da varfarina - O ácido acetilsalicílico, a doença hepática e o hipertireoidismo aumentam os efeitos da varfarina – o ácido acetilsalicílico, em virtude de seu efeito na função plaquetária, e a doença hepática e o hipertireoidismo por aumentarem a taxa de renovação dos fatores de coagulação. - As cefalosporinas de terceira geração eliminam as bactérias do trato intestinal que produzem vitamina K e, como a varfarina, também inibem diretamente a epóxido vitamina K redutase - Os barbitúricos e a rifampicina provocam uma acentuada diminuição do efeito anticoagulante ao induzirem as enzimas hepáticas que transformam a varfarina racêmica. - A colestiramina liga-se à varfarina no intestino, reduzindo a sua absorção e biodisponibilidade. - Ocorrem reduções farmacodinâmicas do efeito anticoagulante com a vitamina K (síntese aumentada de fatores), com os diuréticos clortalidona e espironolactona (concentração dos fatores de coagulação), resistência hereditária (mutação de moléculas do ciclo de reativação da vitamina K) e hipotireoidismo (diminuição da taxa de renovação dos fatores de coagulação) - Os fármacos que não exercem efeito significativo sobre a terapia anticoagulante incluem etanol, fenotiazinas, benzodiazepínicos, paracetamol, opioides, indometacina e a maioria dos antibióticos - Fármacos que tenham maior afinidade pelo local de ligação da albumina, como as sulfonamidas, podem deslocar os anticoagulantes e levar a um aumento transitório da atividade. - Fármacos que afetam a ligação da varfarina às proteínas plasmáticas promovem interações e variabilidade na resposta terapêutica à varfarina Fármacos que diminuem o efeito anticoagulante da varfarina:15 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII Colestiramina → inibe a absorção da varfarina no trato GI Barbitúricos, carbamazepina, fenitoina, rifampicina → aceleram o metabolismo da varfarina ao induzir as etapas do citocromo P450 (especialmente a 2C9 do citocromo P450) Vitamina K (reduzida) → transpõe a inibição da epóxido redutase pela varfarina Fármacos que aumentam o efeito anticoagulante da varfarina Hidrato de cloral → desloca a varfarina da albumina plasmática Amiodarona, clorpidogrel, etanol, fluconazol, flucoxetina, metronidazol, sulfametoxazol → diminuem o metabolismo da varfarina ao inibir as enzimas hepáticas do citocromo P450 Antibióticos de amplo espectro → eliminam as bactérias intestinas e, portanto, reduzem a disponibilidade de vitamina K no trato GI Esteroides anabólicos (testosterona) → inibem a síntese e aumentam a degradação dos fatores de coagulação Outro fator importante: Interação entre alimentos ricos em vitamina K e Varfarina. Pacientes que estão usando Varfarina, não é recomendado consumir alimentos ricos em vitamina K: alimentos verdes escuros - alface, brócolis, pepino.... Se o paciente consome eles alimentos, ele a caba prejudicando a ação da varfarina. O efeito anticoagulante da varfarina é reduzido concomitantemente com uso de alimentos ricos em vitamina K. Orientar o paciente a não consumir esses alimentos. → Fatores que potencializam os anticoagulantes orais: ➢ Doença: hepatopatia, condições nas quais ocorre elevação da taxa metabólica, como febre e tireotoxicose. ➢ Fármacos: cimetidina, imipramina, cotrimoxazol, cloranfenicol, ciprofloxacina, metronidazol, amiodarona e muitos azóis antifúngicos. 16 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII ➢ Fármacos que inibem a função plaquetária: Os agentes antiinflamatórios não-esteróides (AINEs). ➢ Substâncias que diminuem a disponibilidade de vitamina K antibióticos de amplo espectro e algumas sulfonamidas 2. ANTICOAGULANTES INJETÁVEIS ➢ Heparina→ família de glicosaminoglicanos sulfatados. ➢ Preparações diferem no potencial de ação→ contra padrão internacional comum. ➢ Dose especificada em unidades de atividade. ➢ Heparina não-fracionada → frequentemente preparada de pulmão bovino e mucosa intestinal suína, apresenta peso molecular que varia de 5 a 30 kDa → é muito ácida devido à presença de sulfato e grupos de ácido carboxílico ➢ Heparina baixo peso molecular (HBMM)→ preparadas da heparina padrão por meio de cromatografia por filtração em gel, e seus pesos moleculares variam de 1 a 5 kDa - Características: são fragmentos da heparina obtida por despolimerização (1/3 do PM) - Farmacocinética: administração s.c.; não prolongam o TTPA; eliminação renal. - A HBMM não atravessa a placenta e não apresenta efeitos teratogênicos. - Menor incidência de trombocitopenia induzida por drogas Heparina • Mecanismo de ação da heparina-não fracionada: Após liberação aumenta a velocidade em 1000x da ligação entre antitrombina III e trombina e antitrombina e fator Xa, agindo como um catalisador na reação de inativação da trombina e do Fator Xa. A AT inibe as proteases dos fatores de coagulação, em particular a trombina (IIa) e os fatores IXa e Xa, formando com eles complexos equimolares estáveis - Uma vez formado o processo antitrombina-antiprotease, a heparina é liberada intacta para ligar-se novamente a outra molécula de AT. Mecanismo de ação da heparina fracionada (baixo massa molecular): complexam com a antitrombina III e inativam o Fator Xa (incluindo o localizado nas superfícies das plaquetas), mas não se ligam tão avidamente à trombina • Resistência: pode ocorrer em pacientes c/ déficit de antitrombina (cirrose hepática, síndrome nefrótica e coagulação intravascular disseminada). 17 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII ➢ Farmacocinética: • não é absorvida por v.o. • administração s.c. ação após 1h/ ou i.v. imediata. - Enquanto o efeito anticoagulande da heparina ocorre minutos após a administração por via IV (ou em 1 a 2 horas após injeção SC), a atividade antifator Xa máxima das HBMMs ocorre em cerca de 4 horas após a injeção SC • meia-vida: depende da dose e do peso molecular: ↓ PM = ↑ tempo de meia vida → A meia-vida da heparina é de cerca de 1,5 hora, ao passo que das HBMMs é duas a quatro vezes mais longa, variando de 3 a 7 horas. • depuração hepática e renal; grande variação interindividual devido às ligações plasmáticas c/ proteínas, macrófagos, fatores plaquetários, fibrinogênio… ➢ Indicações terapêuticas: • na circulação extra-corpórea (p. ex., máquinas de diálise) • na trombose venosa • na profilaxia da trombose venosa (s.c.) • coagulação intravascular disseminada • A heparina e as HBMMs limitam a expansão dos trombos evitando a formação de fibrina. A heparina é o principal fármaco antitrombótico para o tratamento da trombose aguda de veias profundas e do embolismo pulmonar • coágulos na gravidez* → não atravessam a placenta (devido ao grande tamanho e carga negativa) • Obs.: monitorar TTPa – tempo de tromboplastina parcial ativada – em pacientes em uso de HNF→ ajuste da dose. - Os níveis de HBPM geralmente não são determinados, exceto nos casos de insuficiência renal, obesidade e gravidez. • O sangramento excessivo pode ser controlado com a interrupção da administração da heparina e com uso de sulfato de protamina. ➢ Efeitos adversos: 18 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII • Hemorragia - em menos de 3% dos pacientes tratados, revertido com infusão i.v. de sulfato de protamina; as mulheres idosas e os pacientes com insuficiência renal são mais propensos a hemorragia • Reações de hipersensibilidade: As preparações de heparina são obtidas de suínos e, assim, podem ser antigênicas. Possíveis reações adversas incluem calafrios, febre, urticária e choque anafilático. • Trombose: administração crônica ou intermitente de heparina pode levar à redução da atividade da antitrombina III, diminuindo, assim, a inativação dos fatores de coagulação e aumentando o risco de trombose • Diminuição plaquetária transitória após 2-14 dias de tratamento; alterações hepáticas; osteoporose; ↓ síntese de aldosterona - Trombocitopenia induzida por heparina (THI): Os seguintes aspectos devem ser considerados em todos os pacientes que recebem tratamento com heparina: as contagens de plaquetas devem ser obtidas com frequência; deve-se suspeitar de TIH em caso de desenvolvimento de trombocitopenia dentro de um período de tempo compatível com uma resposta imune à heparina; e qualquer trombo novo que apareça em um paciente tratado com heparina deve levantar a suspeita de TIH ➢ Contraindicações: - Pacientes com TIH, hipersensibilidade ao fármaco, sangramento ativo, hemofilia, trombocitopenia significativa, púrpura, hipertensão grave, hemorragia intracraniana, endocardite infecciosa, tuberculose ativa, lesões ulcerativas do trato gastrintestinal, ameaça de aborto, carcinoma visceral ou doença hepática ou renal avançada - Pacientes recentemente submetidos a cirurgia do cérebro, da medula espinal ou do olho, bem como naqueles submetidos a punção lombar ou bloqueio anestésico regional. - Em grávidas deve ser usada quando claramente indicada ➢ Reversão da ação da heparina: é tratada com a interrupção do fármaco. Se houver sangramento, indica-se a administração de um antagonista específico como o sulfato de protamina. Covid-19 – Tratamento com heparina de baixa massa molecular: Possível efeito da HBPM no tratamento da Covid – Existem algumas hipóteses que mostram o potencial da HBPM no tratamento de pacientes com Covid grave. A HBPM consegue funcionar como um antagonista dos receptores da enzima conversora de angiotensina. Acredita- se que o SARS- COV II entre nos pulmões a partirdo recepetor da ECA. Com o a heparina bloqueia esse receptor, consequentemente, bloqueia/diminui a entrada do vírus no organismo. Além disso, a HBPM consegue bloquear a interação IL-6, provocada pela entrada do vírus, com as demais células, reduzindo a cascata de citocinas inflamatórias. O SARS - COV II pode provocar eventos trombolíticos (não seria 19 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII trombóticos?) importantes, ao aplicar a HBPM, é possível reduzir a chance da ocorrência desses eventos pelo SARS- COV II. MEDICAMENTOS ALTERNATIVOS E NOVOS FÁRMACOS 1. INIBIDORES DIRETOS DA TROMBINA (IIa) Dabigatrana • Pró-fármaco → Após administração oral, o mesilato de etexilato de dabigatrana é convertido em dabigatrana - A dabigatrana e seus metabólitos são inibidores diretos da trombina • Início de ação: 2 horas • Meia vida: 14 a 17 horas • Excreção: 80% renal → contraindicada em Clcreat<30. O comprometimento renal resulta em prolongamento da depuração do fármaco, podendo exigir um ajuste da dose; deve-se evitar a administração do fármaco a pacientes com comprometimento renal grave. • Dispepsia 10% pacientes • Dialisável • Antídodo: Idarucizumabe Interações: cetoconazol, amiodarona, quinidina e clopidogrel aumentam o efeito da dabigatrana. Usos: aprovado atualmente para prevenir derrames e embolismo sistêmico em pacientes com fibrilação atrial O principal efeito adverso é o sangramento, como com outros anticoagulantes. Efeitos adversos GI também podem ocorrer com este fármaco, como sangramentos gastrintestinais → Devido à sua eficácia, à biodisponibilidade oral e a propriedades farmacocinéticas previsíveis, a dabigatrana pode ser uma alternativa à enoxaparina para a profilaxia de trombos na cirurgia ortopédica. →Apresentam como vantagens a farmacocinética e a biodisponibilidade previsíveis, que possibilitam o uso de doses fixas e respostas anticoagulantes também previsíveis, tornando desnecessária a monitorização rotineira da coagulação. 2. INIBIDORES DO FATOR Xa Rivaroxabana • Início de ação: 2 a 3 horas- uso oral → apresenta alta biodisponibilidade oral quando tomada com alimentos 20 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII • Meia vida: 5 - 9 hs (11 – 13 hs em idosos) • Biodisponibilidade: 60 – 80 % • Liga-se extensamente às proteínas. Trata-se de um substrato do sistema do citocromo P450 e um transportador de P-glicoproteína • Modo de excreção: biliar / fecal (28%), renal (66%) • Interação: Cetoconazol, claritromicina, eritromicina (aumentam os níveis 30-100%) Inibidores fortes da CYP3A4: cetoconazol, itraconazol, voriconazol, posaconazol, ritonavir → aumentam o efeito da rivaroxabana Indutores fortes da CYP3A4: fenitoina, rifampicina, carbamazepina, fenobarbital → Pode diminuir a concentração plasmática da rivaroxabana. Utilizar com cautela - Contraindicada em uso associado: Anti-micóticos azólicos sistêmicos Inibidores de protease - Aprovada para a prevenção do acidente vascular encefálico (AVE) embólico em pacientes com fibrilação atrial sem doença cardíaca valvar, para prevenção da tromboembolia venosa após cirurgia de quadril ou de joelho e para o tratamento da doença tromboembólica venosa (TEV) Apixabana • Início de ação: 3 horas • Meia vida: 8 - 14 hs • Modo de excreção: biliar / fecal (75%), renal (25%) • Sem interação medicamentosa significativa • À semelhança da rivarobana, os fármacos que inibem tanto a CYP3A4 quanto a P-glicoproteína e o comprometimento da função renal ou hepática resultam em aumento do efeito da apixabana • OBS: ANTÍDOTO→ Andexanet alfa (AndexXa) - Aprovada para prevenção do AVE na fibrilação atrial não valvar. FÁRMACOS TROMBOLÍTICOS ➢ São utilizados agentes trombolíticos para a lise de coágulos já formados, propiciando, assim, a recanalização do vaso obstruído antes que ocorra necrose tecidual distal. ➢ Todos atuam direta ou indiretamente convertendo plasminogênio em plasmina, que, então, hidrolisa a fibrina, lisando, assim, os trombos Plasmina é uma serina-protease que hidrolisa fibrina e, assim, dissolve coágulos A uroquinase é produzida naturalmente nos rins humanos e converte diretamente plasminogênio em plasmina ativa. 21 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII Mecanismo comum entre os fármacos trombolíticos: Todos atuam direta ou indiretamente convertendo plasminogênio em plasmina, que, então, hidrolisa a fibrina, lisando, assim, os trombos. - Um maior número de trombos pode ocorrer enquanto o trombo se dissolve, levando a uma maior agregação das plaquetas e trombose. Estratégias para evitar essa situação incluem a administração de fármacos antiplaquetários, como o AAS, ou antitrombóticos, como a heparina Estreptoquinase: ❖ Proteína produzida por estreptococos β-hemolíticos, como um componente do mecanismo de destruição tecidual desses microrganismos. ➢ Mecanismo de ação: se combina com o proativador plasminogênio. Esse complexo enzimático catalisa a conversão do plasminogênio inativo em plasmina ativa (digestão da fibrina). A plasmina formada no interior de um trombo por esses ativadores é protegida das antiplasminas presentes no plasma, permitindo a lise do trombo a partir de seu interior. Além da hidrólise dos tampões de fibrina, o complexo também catalisa a degradação do fibrinogênio, bem como dos Fatores V e VII de coagulação ➢ Toxicidade: hemorragias (riscos em >75 anos) → A estreptocinase tem sido associada a um risco de sangramento aumentado no AVE isquêmico agudo, quando administrada em uma dose de 1,5 milhão de unidades, e o seu uso não é recomendado nessa situação 22 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII ➢ anafilaxia e febre** → pacientes com anticorpos antiestreptocócicos podem desenvolver febre, reações alérgicas e resistência ao tratamento. - Meia-vida é de menos de 30 minutos Usos: aprovada para uso em embolia pulmonar aguda, trombose de veias profundas, infarto agudo do miocárdio, trombose arterial e oclusão de acesso de anastomoses Efeitos adversos: A ativação do plasminogênio circulante pela estreptoquinase leva a níveis elevados de plasmina, o que pode desencadear sangramentos pela dissolução de tampões hemostáticos. Além de apresentar hipersensibilidade por ser uma proteína estranha e antigênica Pessoas que já tiveram infecção estreptocócica apresentamprovavelmente anticorpos contra estreptoquinase. Esses anticorpos podem combinar com a estreptoquinase e neutralizar suas propriedades fibrinolíticas. Portanto, quantidades suficientes de estreptoquinase devem ser administradas para superar os anticorpos e assegurar concentrações terapêuticas de plasmina Ativador do plasminogênio tissular (alteplase) ❖ Ativador do plasminogênio tissular (tPA): produzido por técnica DNA recombinante ➢ Mecanismo de ação: liga-se a fibrina e ativa conversão plasminogenio em plasmina. A alteplase tem baixa afinidade pelo plasminogênio livre no plasma, mas ativa rapidamente o plasminogênio que está ligado à fibrina em um trombo ou um tampão hemostático. Assim, a alteplase é considerada ''fibrina seletiva". ➢ não é antigênico. Liga-se a trombos recém-formados (frescos) com alta afinidade, provocando fibrinólise no local do trombo. ➢ Eficaz para lisar os trombos durante tratamento do infarto agudo do miocardio. Utilizada também no embolismo pulmonar massivo e no choque isquêmico agudo. Ela parece superior à estreptoquinase em dissolver coágulos antigos e pode ser aprovada para outras aplicações - A t-PA recombinante também foi aprovada para uso no AVE isquêmico agudo, em até 3 horas após o aparecimento dos sintomas - Meia-vida muito curta (de 5 a 30 minutos) - Efeitos adversos: sangramentos, incluindo hemorragias gastrintestinais e cerebrais → Usos de trombolíticos:➢ Usos: infarto agudo do e trombose coronariana. A administração de agentes fibrinolíticos por via intravenosa está indicada em casos de embolia pulmonar com instabilidade hemodinâmica, trombose venosa profunda grave, como a síndrome da veia cava superior e tromboflebite ascendente da veia ileofemoral, com grave edema dos membros inferiores. Esses fármacos também são administrados por via intra-arterial, em especial no caso de doença vascular periférica ➢ Contra-indicações • até 10 dias do pós-cirúrgico • sangramento no TGI últimos 3 meses • antecedente de acidente vascular cerebral • desordens hemorrágicas • paciente hipertenso 23 Anticoagulantes, antiplaquetários e trombolíticos – Taynara Pereira MEDXII • Pacientes com ferimentos em cicatrização, gestação, tumor cerebral, traumatismo na cabeça, sangramento intracranial e câncer metastático. ➢ Efeitos adversos: Os trombolíticos não diferenciam entre a fibrina de um trombo indesejado e a fibrina de um tampão hemostático benéfico. Assim, a hemorragia é o principal efeito adverso. Por exemplo, uma lesão prévia insuspeita, como a úlcera péptica, pode sangrar após a injeção de um trombolítico
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