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O traumatismo físico ao sistema vascular, como uma punção ou um corte, inicia uma série complexa de interações entre plaquetas, células endoteliais e a cascata da coagulação. Essas interações levam à hemostasia ou à interrupção na perda de sangue por vasos sanguíneos danificados. Inicialmente, ocorre vasoconstrição no vaso danificado para prevenir perda de sangue adicional. A etapa seguinte envolve a formação de tampão de fibrina e plaquetas no local da punção. A criação de um trombo indesejado envolve várias das mesmas etapas da coagulação normal, exceto que o estímulo disparador é uma condição patológica no sistema vascular, em vez de um traumatismo físico externo. 1. Vasoconstrição Ocorre vasoconstrição arteriolar transitória imediatamente após a lesão vascular. Essa vasoconstrição é mediada por um mecanismo neurogênico reflexo pouco elucidado. A secreção endotelial local de endotelina, um potente vasoconstritor, potencializa a vasoconstrição reflexa. Como a vasoconstrição é transitória, o sangramento recomeçaria se a hemostasia primária não fosse ativada. 2. Hemostasia primária Tem por objetivo a formação de um tampão plaquetário que estabiliza rapidamente a lesão vascular. As plaquetas desempenham um papel central na hemostasia primária. Plaquetas As plaquetas atuam como sentinelas vasculares, monitorando a integridade do endotélio. Na ausência de lesão, as plaquetas em repouso circulam livremente, pois a sinalização química indica que o sistema vascular não está lesada. Alguns mediadores químicos, como prostaciclinas e óxido nítrico, são sintetizados pelas células endoteliais intactas e atuam como inibidores da aglutinação das plaquetas. As prostaciclinas (prostaglandina I2) atuam ligando-se a receptores de membrana plaquetários que estão acoplados à síntese de AMPc. Níveis elevados de AMPc estão associados à diminuição no cálcio intracelular. Isso evita a aglutinação das plaquetas e a subsequente liberação de fatores de agregação plaquetária. A membrana da plaqueta contém também receptores que podem fixar trombina, tromboxanos e colágeno exposto. No vaso intacto, normal, os níveis de trombina e tromboxano circulantes são baixos, e o endotélio intacto cobre o colágeno nas camadas subendoteliais. Os receptores das plaquetas correspondentes estão, portanto, desocupados e, como resultado, não ocorre ativação ou agregação de plaquetas. Contudo, quando ocupados, cada um desses tipos de receptores inicia uma série de reações que leva à liberação de grânulos intracelulares pelas plaquetas na circulação. Por fim, isso estimula a aglutinação das plaquetas. Adesão plaquetária as plaquetas aderem ao colágeno subendotelial que fica exposto após a lesão vascular: Essa aderência é mediada inicialmente por duas interações moleculares: - Fator de von Willebrand (FvW): uma grande proteína secretada tanto pelas plaquetas ativadas quanto pelo endotélio lesionado, liga-se tanto a receptores de superfície (particularmente a glicoproteína Ib [GPIb]) na membrana da plaqueta quanto ao colágeno exposto. Essa ação de “ponte” medeia a adesão das plaquetas ao colágeno. - Glicoproteína VI (GPVI) interage diretamente com o colágeno na parede vascular exposta. Tanto a interação GPIb-FvW-colágeno quanto a interação GPVI-colágeno são necessárias para a iniciação da hemostasia primária. Ativação plaquetária Os receptores na superfície das plaquetas aderentes são ativados pelo colágeno do tecido conectivo subjacente. Isso causa alterações morfológicas nas plaquetas e a liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores químicos, como difosfato de adenosina (ADP), tromboxano A2, serotonina, fator de ativação plaquetária e trombina. Essas moléculas sinalizadoras se ligam aos receptores na membrana externa das plaquetas em repouso circulantes vizinhas. Esses receptores funcionam como sensores, que são ativados pelos sinais enviados das plaquetas aderentes. As plaquetas previamente dormentes se tornam ativadas e iniciam a aglutinação. Essas ações são mediadas por vários sistemas mensageiros que, no final, resultam na elevação dos níveis de cálcio e na diminuição da concentração de AMPc dentro da plaqueta. Aglutinação plaquetária O aumento do cálcio citosólico que acompanha a ativação decorre da liberação de estoques armazenados no interior da plaqueta. Isso leva: 1) à liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores, como ADP e serotonina, que ativam outras plaquetas; 2) à ativação da síntese de tromboxano A2; 3) à ativação dos receptores de glicoproteínas (GPs) IIb/IIIa que ligam fibrinogênio e, finalmente, regulam as interações plaquetas-plaquetas e a formação do trombo. O fibrinogênio, uma GP plasmática solúvel, liga-se simultaneamente aos receptores de GP IIb/IIIa de duas plaquetas vizinhas, resultando na ligação cruzada entre plaquetas e na sua aglutinação. Isso leva a uma avalanche de aglutinação plaquetária, pois cada plaqueta ativada pode recrutar outras plaquetas. A agregação plaquetária leva, em última análise, à formação de um coágulo reversível ou tampão hemostático primário. 3. Hemostasia secundária A hemostasia secundária é também denominada cascata de coagulação. Essa cascata tem por objetivo formar um coágulo de fibrina estável no local de lesão vascular. A cascata de coagulação tem sido tradicionalmente dividida em vias intrínseca e extrínseca. A via intrínseca é ativada in vitro pelo fator XII (fator de Hageman), enquanto a via extrínseca é iniciada in vivo por fator tecidual, células endoteliais ativadas, células musculares lisas subendoteliais e fibroblastos subendoteliais presentes no local de lesão vascular. Apesar da convergência dessas duas vias no ponto de ativação do fator X, existe também muita interconexão entre elas. Fármacos que atuam na @waleska112 Med IX - UFOB Observe que o Ca2+ é cofator em muitas das etapas, e que diversas etapas ocorrem sobre superfícies de fosfolipídio proporcionadas por plaquetas ativadas, células endoteliais ativadas e leucócitos ativados (e suas micropartículas). Os fatores da coagulação ativados estão indicados em azul e com a letra “a” em caixa baixa. CAPM, cininogênio de alto peso molecular. Em uma reação importante que exige a presença do fator V, o fator X ativado cliva proteoliticamente a protrombina (fator II) em trombina (fator IIa). A trombina atua na cascata de coagulação de quatro maneiras importantes: (1) converte o fibrinogênio em fibrina que, em seguida, forma longas fibras poliméricas insolúveis; (2) ativa o fator XIII, que estabelece ligações cruzadas nos polímeros de fibrina, produzindo uma rede ou coágulo altamente estável; (3) amplifica a cascata de coagulação ao catalisar a ativação dos fatores VIII e V por retroalimentação; (4) ativa as plaquetas de modo significativo, causando liberação dos grânulos, agregação plaquetária e geração de micropartículas derivadas das plaquetas. Além disso, a trombina liga-se aos receptores de trombina nas células endoteliais vasculares intactas, adjacentes à área de lesão vascular, e estimula essas células a liberar os inibidores plaquetários de prostaciclina (PGI2) e óxido nítrico (NO), a proteína profibrinolítica do fator tecidual ativador do plasminogênio (t-PA) e o fator inibidor plasmático 1 (PAI-1) que modula o t-PA endógeno, um ativador de plasminogênio. Tudo isso resulta na formação de um coágulo mais estável. Os fatores procoagulantes, como o fator tecidual e a fosfatidilserina, tendem a estar ligados à membrana e localizados na área da lesão – esses fatores proporcionam uma superfície para que a cascata de coagulação possa prosseguir. Em contrapartida, os fatores anticoagulantes são geralmente secretados pelo endotélio e são solúveis no sangue. Esses mecanismos envolvemprostaciclina (PGI2), antitrombina III, proteínas C e S, inibidor da via do fator tecidual (IVFT) e ativador tecidual do plasminogênio (t-PA): - PGI2: aumenta os níveis de AMPc no interior das plaquetas e, por conseguinte, inibe a agregação plaquetária e a liberação do conteúdo dos grânulos das plaquetas; induz o relaxamento do músculo liso vascular ao aumentar os níveis de AMPc dentro das células musculares lisas vasculares; impede a aderência das plaquetas ao endotélio intacto que circunda o local de lesão vascular e também mantém a desobstrução vascular em torno do local de lesão. - Antitrombina III: inativa a trombina e outros fatores da coagulação (IXa, Xa, XIa e XIIa, em que “a” indica um fator “ativado”). Essas interações são potencializadas por uma molécula semelhante à heparina, que se ligam à antitrombina III e a ativam. - Proteína C e proteína S: são proteínas dependentes da vitamina K, que diminuem a velocidade da cascata de coagulação por meio da inativação dos fatores da coagulação Va e VIIIa. - Inibidor da via do fator tecidual (IVFT): como o próprio nome diz, limita a ação do fator tecidual (FT). - Ativador do plasminogênio tecidual (t-PA): a plasmina exerce seu efeito anticoagulante pela clivagem proteolítica da fibrina em produtos de degradação da fibrina. Ela é produzida pela clivagem proteolítica do plasminogênio, uma proteína plasmática sintetizada no fígado, sendo essa clivagem catalisada pelo ativador do plasminogênio tecidual (t-PA). Classes e agentes farmacológicos A inibição da função plaquetária constitui uma estratégia profilática e terapêutica útil contra o infarto do miocárdio e o AVC, causados por trombose em artérias coronárias e cerebrais, respectivamente. As classes de fármacos antiplaquetários de uso clínico corrente incluem: inibidores de ciclo-oxigenase (COX), antagonistas da via do receptor ADP, inibidores da GPIIb-IIIa, inibidores da fosfodiesterase. Contato de sangue com superfícies diferentes. Contato de sangue com tecidos extravasculares. Inibidores da ciclo-oxigenase A ativação de plaquetas e células endoteliais induz clivagem dos fosfolipídios de membrana pela fosfolipase A2 (FLA2) e liberação de ácido araquidônico. A seguir, o ácido araquidônico é transformado em endoperóxido cíclico (também conhecido como prostaglandina G2 ou PGG2) pela enzima COX. Nas plaquetas, o endoperóxido cíclico é convertido em tromboxano A2 (TxA2). O TxA2, ao atuar por meio dos receptores TxA2 de superfície celular, provoca vasoconstrição localizada e age como potente indutor da agregação plaquetária e da reação de liberação dos grânulos das plaquetas. O inibidor da ciclo-oxigenase inibe a síntese do tromboxano A2 por acetilação do resíduo serina no centro ativo da COX-1, inativando irreversivelmente a enzima. Fármaco Efeitos adversos Interações Monitoramento AAS Angioedema Sangramento Broncoespasmo Distúrbios GI Síndrome de Reye SJS Cetorolaco: aumenta o sangramento; Cidofovir: nefrotoxicidade; Probenecida: diminui os efeitos uricosúricos Hemograma completo e teste de função hepática - Dose de 100 a 300 mg, por via oral, a cada 24h. Antagonista de receptor de ADP Esses fármacos inibem a ligação do ADP aos seus receptores nas plaquetas e, assim, inibem a ativação dos receptores de GP IIb/IIIa necessários para que as plaquetas se liguem ao fibrinogênio e umas às outras (Fig. 22.8). O ticagrelor se liga reversivelmente ao receptor P2Y12 ADP. Os demais ligam-se irreversivelmente. A inibição máxima da aglutinação das plaquetas é obtida em 1 e 3 horas com ticagrelor, 2 e 4 horas com prasugrel, 3 e 4 dias com ticlopidina e 3 e 5 dias com clopidogrel. Quando o tratamento é suspenso, o sistema plaquetário necessita de tempo para recuperação. Fármacos Efeitos adversos Interações Monitoramento Clopidogrel Sangramento Sínd. Steve-Johnson Dispepsia Rash, diarreia Os inibidores fortes da CYP2C19 diminuem o efeito antiplaquetário (p. ex., omeprazol). Hemograma completo e teste de função hepática Prasugrel Angioedema Sangramento Cefaleia, Hiperlipidemia Hipertensão Hipersnsibilidaded Anticoagulantes, outros antiplaquetários Hemograma completo Rash Ticlopidina TFH anormal Sangramento Tonturas Distúrbios GI Sínd. Steve-Johnson Discrasia sanguínea Antiácidos – diminuem os níveis; Cimetidina – diminui a depuração Hemograma completo, teste de função hepática e contagem de plaquetas. Ticagrelor Sangramento Dispneia Cefaleia Aumento da creatinina no soro Inibidores fortes da CYP3A4 (p. ex., cetoconazol) Indutores fortes da CYP3A4 (p. ex., rifampicina). Hemograma completo e teste de função hepática - Clopidogrel: O clopidogrel é aprovado para a prevenção de eventos ateroscleróticos em pacientes com IAM ou acidente vascular encefálico (AVE) recentes e naqueles com doença arterial periférica estabelecida. Dose única diária de 75mg. - Ticlopidina: é indicada para a prevenção de ataques isquêmicos transitórios (AITs) e AVEs em pacientes com evento trombótico cerebral prévio. Contudo, devido a reações adversas hematológicas ameaçadoras à vida, a ticlopidina em geral é reservada para pacientes intolerantes a outros tratamentos. - Prasugrel: é aprovado para diminuir os eventos trombóticos cardiovasculares em pacientes com síndromes coronárias agudas (angina instável, IAM sem elevação ST e IAM com elevação ST tratado com ICP). - Ticagrelor é aprovado para a prevenção do tromboembolismo arterial em pacientes com angina instável e IAM, incluindo aqueles submetidos a ICP. Bloqueadores dos receptores de glicoproteína IIb/IIIa O receptor GP IIb/IIIa desempenha papel fundamental na estimulação da aglutinação das plaquetas. É possível prever que os antagonistas da GPIIb-IIIa impediriam a ligação do fibrinogênio ao receptor GPIIb-IIIa, atuando, dessa maneira, como potentes inibidores da agregação plaquetária. O anticorpo monoclonal quimérico abciximabe inibe o complexo receptor GP IIb/IIIa. Ligando-se ao GP IIb/IIIa, o abciximabe bloqueia a ligação do fibrinogênio e do fator de von Willebrand e, consequentemente, não acontece a aglutinação. O eptifibatida é um peptídeo cíclico que se liga ao GP IIb/IIIa no local que interage com a sequência arginina-glicina-ácido aspártico do fibrinogênio. O tirofibana não é um peptídeo, mas bloqueia o mesmo local que a eptifibatida. Fármaco Efeitos adversos Interações Monitoramento Abciximabe Para todos: Hipotensão Náuseas Êmese Trombocitopenia Para todos: Aumento de sangramentos: Ginkgo biloba Antiplaquetários Salicilatos ICNS e ISCS Para todos: Tempo de coagulação TTPa H/H Contagem de plaquetas Tempo de trombina Eptifibatida Tirofibana Inibidores da fosfodiesterase Nas plaquetas, o aumento na concentração intracelular de AMPc leva à diminuição da agregação plaquetária. Os níveis plaquetários de AMPc são regulados fisiologicamente por TxA2 e PGI2, entre outros mediadores. Fármaco Efeitos adversos Interações Monitoramento Dipiridamol Sangramento Tonturas Desconforto GI Urticária Salicilatos, Trombolíticos Nenhum para administração oral Cilostazol Sangramento Distúrbios GI Cefaleia Edema periférico Sínd. Steve-Jonhson Alimentos (administrar em jejum) Hemograma completo Dipiridamol: Também é um vasodilatador coronário. - Inibidor de PDE → Aumenta os níveis intracelulares de AMPc, resultando, assim, em diminuição da síntese de Tromboxano A2. Cilostazol: Antiplaquetário e vasodilatador do AMPc. Os anticoagulantes são dirigidos para vários fatores na cascata de coagulação, interrompendo, assim, a cascata e impedindo a formação de uma rede de fibrina estável (tampão hemostático secundário). Aqui,quatro classes de anticoagulantes são discutidas: 1. Heparinas 1.1 Heparina não fracionada 1.2 Heparina de baixo peso molecular - Dalteparina, tinzaparina e enoxaparina 2. Inibidores diretos de trombina - Argatrobana, dabigatrana, Bivalirudina e desirudina 3. Inibidor seletivos do fator Xa - Fondaparinux, Rivaroxabana e apixabana 4. Antagonista de vitamina K - Varfarina A heparina é um anticoagulante injetável de ação rápida, usado com frequência para interferir agudamente na formação de trombos. A heparina normalmente ocorre como uma macromolécula complexada com histamina nos mastócitos, onde sua função fisiológica é desconhecida. A heparina atua em inúmeros alvos moleculares, mas seu efeito anticoagulante é consequência da ligação à antitrombina III, com a rápida inativação subsequente dos fatores de coagulação. além de inativar a trombina, a antitrombina III inativa outras serina proteases, incluindo fatores IXa, Xa, XIa e XIIa. Na ausência de heparina, a antitrombina III interage lentamente com a trombina e o fator Xa. Quando a heparina se liga à antitrombina III, ocorre uma alteração conformacional que catalisa a inibição da trombina cerca de mil vezes. Convencionalmente, as heparinas comerciais foram classificadas em heparina não fracionada (padrão) e heparina de baixo peso molecular (BPM): - A heparina não fracionada é frequentemente preparada de pulmão bovino e mucosa intestinal suína. Ela acelera a interação da antitrombina com a trombina e o fator Xa. - As heparinas de BPM, preparadas da heparina padrão por meio de cromatografia por filtração em gel, são compostos heterogêneos com cerca de um terço do tamanho da heparina não fracionada. Acelera seletivamente a interação da antitrombina com o Fator Xa. É um agente terapêutico mais seletivo que a heparina não fracionada. Esses fármacos são usados no tratamento do tromboembolismo venoso agudo (DVT ou PE). A heparina e as HBPMs são usadas também na profilaxia da trombose venosa pós-cirúrgica em pacientes que serão operados (p. ex., substituição de bacia) e naqueles com IAM. Para a profilaxia são administradas em doses muito mais baixas que as indicadas para o tratamento da doença tromboembólica estabelecida. Não são capazes de atravessar a camada de células epiteliais do trato gastrintestinal. Por esse motivo, a heparina precisa ser administrada por via parenteral, habitualmente IV ou subcutânea. A heparina não fracionada é frequentemente utilizada em associação com agentes antiplaquetários no tratamento das síndromes coronarianas agudas. - Variável de acordo com a situação clínica: 5000 a 10.000 UI a cada 12 horas; - Efeitos Adversos: Hemorragia, Trombose (via anticorpos), osteoporose, hipoaldosteronismo, reação de hipersensibilidade. Lepirudina: derivada da proteína hirudina da sanguessuga medicinal, é o protótipo dos inibidores diretos da trombina. A ligação da lepirudina à trombina impede a ativação de fibrinogênio e fator XIII mediada pela trombina. Tem a capacidade de inibir a trombina tanto livre quanto ligada à fibrina nos coágulos em formação. Sua ligação à trombina é essencialmente irreversível, mas meia vida curta. Seu uso foi aprovado no tratamento da trombocitopenia induzida por heparina Pode ser administrada com relativa segurança a pacientes com insuficiência hepática. À semelhança de todos os inibidores diretos da trombina, o sangramento constitui o principal efeito adverso. Outra formulação recombinante da hirudina, a desirudina, foi aprovada para a profilaxia contra a trombose venosa profunda em pacientes submetidos à substituição de quadril. Bivalirudina: liga-se tanto ao sítio ativo quanto ao exossítio da trombina, limitando, assim, sua atividade. A trombina cliva lentamente a ligação arginina-prolina na bivalirudina, resultando em sua reativação. A bivalirudina foi aprovada para anticoagulação em pacientes submetidos a angiografia e angioplastia coronarianas e pode reduzir as taxas de sangramento relativas à heparina para essa indicação. O fármaco é excretado pelos rins e apresenta meia-vida curta (25 min). Argatrobana: aprovada para o tratamento de pacientes com trombocitopenia induzida por heparina. Diferentemente de outros inibidores diretos da trombina, a argatrobana liga-se apenas ao sítio ativo da trombina (i. e., não interage com o exossítio). Além disso, é excretada por secreção biliar, portanto, pode ser administrada com relativa segurança a pacientes com insuficiência renal. Sua meia-vida curta e a administração é por infusão intravenosa contínua. Dabigatrana: inibidor direto da trombina disponível por via oral, foi recentemente aprovada para prevenção de tromboembolia em pacientes com fibrilação atrial não valvar (i. e., fibrilação atrial não relacionada com estenose mitral ou prótese de valva cardíaca). A dabigatrana é um profármaco metabolizado para uma espécie ativa que, à semelhança da argatrobana, liga-se competitivamente ao sítio ativo da trombina. Como outros anticoagulantes, a dabigatrana pode causar sangramento significativo. Uma vantagem em relação à varfarina é que não há necessidade de monitorar os níveis plasmáticos de dabigatrana. Fondaparinux: contém a sequência de cinco carboidratos essenciais, imprescindíveis para a ligação à antitrombina III e para induzir a mudança de conformação da antitrombina necessária para sua conjugação com fator Xa. Por conseguinte, trata-se de um inibidor indireto específico do fator Xa, com atividade anti-IIa (antitrombina) insignificante. Usado para prevenção e tratamento de trombose venosa profunda e está disponível como injeção subcutânea para administração 1 vez/dia. É excretado pelos rins e não deve ser administrado a pacientes com insuficiência renal. Rivaroxabana e a Apixabana: inibem diretamente o fator Xa por meio de ligação a seu sítio ativo e inibição competitiva da enzima; ambos os fármacos ligam-se ao fator Xa complexado com o fator Va e íons cálcio em superfícies de fosfolipídio. Tanto a rivaroxabana quanto a apixabana são administradas por via oral. Varfarina: os fatores II, VII, IX e X precisam da vitamina K como um cofator para sua síntese pelo fígado. Esses fatores sofrem uma modificação pós-translacional dependente de vitamina K, na qual alguns de seus resíduos de ácido glutâmico são carboxilados para formar resíduos de ácido γ-carboxiglutâmico. Os resíduos de γ-carboxiglutamil ligam íons cálcio, que são essenciais para a interação entre os fatores de coagulação e as membranas das plaquetas. Nas reações de carboxilação, a carboxilase dependente de vitamina K fixa CO2 para formar os novos grupos COOH no ácido glutâmico. O cofator vitamina K reduzido é convertido em epóxido de vitamina K durante a reação. A vitamina K é regenerada do epóxido pela vitamina K epóxido redutase, a enzima que é inibida pela varfarina. O tratamento com varfarina resulta na produção de fatores de coagulação menos ativos (de 10 a 40% do normal), pois lhes faltam suficientes cadeias laterais γ-carboxiglutamil. Diferentemente da heparina, os efeitos anticoagulantes da varfarina não são observados imediatamente após a administração. Em vez disso, o pico do efeito pode atrasar por 72 a 96 horas, tempo necessário para esgotar a reserva de fatores de coagulação circulantes. O efeito anticoagulante da varfarina pode ser anulado com a administração de vitamina K. Contudo, a reversão após a administração da vitamina K demora 24 horas (tempo necessário para a degradação dos fatores de coagulação já sintetizados). - O principal efeito adverso da varfarina é a hemorragia. - A varfarina é teratogênica e nunca deve ser usada durante a gestação. Se o tratamento anticoagulante é necessário durante a gestação,deve- se administrar heparina. -1- 10 mg, por via oral ao dia Fenindiona: mesmo mecanismo de ação, alternativa em pacientes com reações idiossincráticas à varfarina. Embora varfarina, heparinas, inibidores seletivos do fator Xa e inibidores diretos da trombina sejam efetivos na prevenção de formação e propagação de trombos, esses fármacos são geralmente ineficazes contra coágulos preexistentes. São utilizados agentes trombolíticos para a lise de coágulos já formados, propiciando, assim, a recanalização do vaso obstruído antes que ocorra necrose tecidual distal. Os agentes trombolíticos atuam por meio da conversão de plasminogênio (zimogênio inativo) em plasmina (protease ativa). Os trombolíticos apresentam algumas características comuns. Todos atuam direta ou indiretamente convertendo plasminogênio em plasmina, que, então, hidrolisa a fibrina, hidrolisando, assim, os trombos. A dissolução do coágulo e a reperfusão ocorrem com maior frequência quando o tratamento é iniciado logo após a formação do trombo, pois ele se torna mais resistente à lise à medida que envelhece. Infelizmente, um número maior de trombos pode ocorrer enquanto o trombo se dissolve, levando a uma maior agregação das plaquetas e trombose. Estratégias para evitar essa situação incluem a administração de antiplaquetários, como AAS, ou antitrombóticos, como heparina. A estreptoquinase, um dos primeiros desses fármacos aprovados, causa um estado fibrinolítico sistêmico que pode levar a problemas de sangramento. A alteplase atua mais localizadamente na fibrina trombótica para produzir fibrinólise. A uroquinase é produzida naturalmente nos rins humanos e converte diretamente plasminogênio em plasmina ativa. Estreptoquinase: ativa plasminogênio (inefetivo após 4 dias). - Dose de 250.000 UI, por infusão intravenosa, durante 30 minutos. Depois, 100.000 UI a cada hora por ate 12 a 72horas. Alteplase: fatores ativadores de plasminogênio recombinante. - 900 microgramas/kg, máximo 90 mg por viaintravenosa; Uroquinase: converte plasminogênio em plasmina. Certas proteínas naturais e a vitamina K, bem como antagonistas sintéticos, são eficazes no controle de sangramentos. Preparações concentradas desses fatores estão disponíveis a partir de doadores humanos. Contudo, essas preparações têm o risco de transferir infecções virais. A transfusão de sangue também é uma opção para o tratamento das hemorragias graves. Medicação Sangramento causado por Efeitos adversos Monitoramento Ácido aminocaproico Estado fibrinolítico Necrose muscular Trombose AVC Convulsão Hemograma completo Enzimas dos músculos PA Ácido tranexâmico Sulfato de protamina Heparina Vermelhidão (rubor) Náuseas/êmese Dispneia Bradiarritmia Hipotensão Anafilaxia Monitorar coagulação PA Frequência cardíaca Vitamina K1 Varfarina Reações de pele Anafilaxia Tempo de protrombina e Relação noralizada internacional
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