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Ginecologia e Obstetrícia Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Hemorragias no Segundo e Terceiro Trimestre ➔ 5% das gestações; ➔ Relacionadas a condições maternas, fetais e neonatais; ➔ Importante que haja diagnóstico preciso e estabilização hemodinâmica; ➔ Hemorragias da primeira metade: ○ Aborto (mais comum); ○ Gestação ectópica; ○ Doença trofoblástica gestacional (mais raro); ➔ Hemorragias da segunda metade: ○ Placenta prévia (mais comum); ○ Descolamento precoce de placenta (DPP) → Altos índices de mortalidade fetal e materna; ○ Rotura de vasa prévia (mais grave); ○ Rotura uterina → Mais raro atualmente. Relacionada à iatrogenia; ○ Rotura de seio marginal; ○ Acretismo placentário. Avaliação Inicial: ● Avaliação clínica → Equilíbrio hemodinâmico → Sinais vitais, sinais de choque, FC, choque, etc; ● Avaliação materna e fetal → Presença de hipoxemia? → Sofrimento fetal; ● Exame clínico; ○ Descartar lesão de colo ou trajeto; ⇨ Identificar a origem do sangue → Exame especular. ○ Evitar toque vaginal se não descartado placenta prévia; ⇨ Pode lesar a placenta e aumentar o sangramento; ⇨ Se necessário, fazer em caso de trabalho de parto ou sofrimento fetal e por profissional experiente. ↳ Sensação de massa esponjosa. Placenta Prévia (PP): ● Placenta inserida parcialmente ou totalmente sobre o orifício cervical interno (OCI) a partir de 20 semanas de IG; ● Fonte frequente de complicação; ○ Sangramento gestacional; ○ Chance de sangramento maior no parto e na dequitação; ○ É um dos principais fatores de risco para o acretismo placentário (placenta infiltra o miométrio); ⇨ Quadro grave; ⇨ Tratamento costuma ser histerectomia; ⇨ Difícil diagnóstico, podendo ser no momento do nascimento; ⇨ Índice de mortalidade > 30%. ● Normalmente não acarreta danos extremos; ● Fatores de risco: ○ Dano endometrial: ⇨ História prévia de PP; ⇨ Cesarianas prévias → Quanto maior o número de cesáreas, maior o risco (cicatrizes); ⇨ Multiparidade; ⇨ Procedimentos uterinos prévios → Pós-abortos, curetagens biópsias, etc; ⇨ Idade > 40 anos; ⇨ Endometriose. ○ Baixa nutrição/oxigenação placentária: ⇨ Fumantes; ⇨ Residentes em altas altitudes; ⇨ Gestação múltipla, etc. ● Complicações maternas associadas: ○ Histerectomia → Muito relacionada ao acretismo placentário; ○ Transfusão sanguínea; ○ Hemorragia anteparto → Choque; ○ Sepse; ○ Tromboflebite, etc. 1 Ginecologia e Obstetrícia Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Complicações fetais associadas: ○ Prematuridade; ○ Hemorragia; ○ Aumento na morbimortalidade perinatal. Classificação: ○ Completa ou oclusiva total → Cobre o totalmente o orifício cervical interno (OCI); ○ Parcial → Cobre parcialmente o orifício; ○ Marginal → A borda da placenta alcança a borda do OCI; ○ Inserção baixa → Encontra-se marginal ao OCI ou implantada no segmento inferior do útero. Diagnóstico: ○ Apresentação clínica → Sangramento do 2º e 3º trimestre, sem causa aparente, indolor, reincidente, progressiva com início e cessar súbitos → Sangue claro; ○ Perda sanguínea não intensa na maioria dos casos; ○ Tônus uterino normal; ○ Feto sem comprometimento do bem estar; ⇨ A não ser que haja complicação associada, como DPP ou choque; ⇨ A preocupação com PP é pelo fato de ser fator de risco para descolamento prematuro e sangramento no parto. ○ Ultrassonografia confirma o diagnóstico → US vaginal é o método de escolha. Conduta: ○ Antes das 36 semanas: ⇨ Internação → Até estabilizar e definir que não é DPP; ⇨ Estabilização; ⇨ Avaliação do bem estar fetal; ⇨ Inibição do trabalho de parto → Controverso → Nifedipino e B-adrenérgico; ⇨ Corticóide → Maturidade pulmonar fetal. Se < 34 semanas; ⇨ Se sangramento intenso → Interrupção. ○ Após 36 semanas: ⇨ Interrupção da gestação; ↳ Cesariana é via de escolha; ↳ Placenta marginal e/ou lateral pode ser parto normal. ⇨ Monitorização fetal; ⇨ Cuidar hemorragia pós-parto. Descolamento Prematuro de Placenta (DPP): ● Separação prematura do útero, geralmente após 20 semanas de gestação, de uma placenta implantada normalmente; ● Mais preocupante que PP; ○ Enquanto PP se relaciona com a estrutura do útero, DPP se relaciona mais com vaso sanguíneo propriamente dito. ● Complicações maternas: Choque, coagulopatias, histerectomia e morte; ● Complicações perinatais: Prematuridade, sofrimento fetal e morte fetal; ● Conforme o local do descolamento, a clínica irá variar; ○ Subaminiótico → Pode apresentar muita dor, porém pode não sangrar; ○ Retrocoriônicos → Sangramento exteriorizado. 2 Ginecologia e Obstetrícia Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Fatores de risco: ○ DPP anterior; ○ Disturbios hipertensivos na gestação (principal) → Constrição de vasos, hipoxemia, isquemia; ○ Tabagismo e uso de drogas; ○ Alterações de coagulação; ○ Trauma materno; ○ Descompressão uterina súbita; ○ Miomas e anomalias uterinas; ○ Multiparidade; ○ Cesarianas prévias, PP, etc. Diagnóstico: ○ Basicamente clínico; ○ Diferentes graus de sintomatologia; ⇨ Sangramento vaginal súbito de graus variáveis (80% exterioriza) → Sangue escuro; ⇨ Dor abdominal → Mais frequente; ⇨ Contrações; ⇨ Hipertonia uterina; ⇨ Padrão cardíaco fetal não reativo. ○ Sintomas clínicos sistêmicos; ○ Ultrassonografia tem baixa sensibilidade; ⇨ Mas alto VPP se visualizado hematoma. ○ Graus: 0 (leve), 1 (leve), 2 (moderado), 3 (grave); Conduta: ○ Medidas gerais para manter estabilização hemodinâmica → Evitar choque; ⇨ Transfusão se necessário; ⇨ Avaliação laboratorial; ↳ Hemograma, gasometria, ureia, creatinina, fibrinogênio, TP, KTTP, plaquetas, etc; ⇨ Gestante instável → Cesariana. 3 Ginecologia e Obstetrícia Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Placenta Acreta: ● Acretismo placentário = Adesão patológica da placenta à parede uterina; ○ Acreta → Aderência patológica; ○ Increta → Invasão do miométrio; ○ Percreta → Atinge a serosa (pode perfurá-la e atingir órgãos vizinhos). ● Fatores de risco: ○ PP anterior; ○ Cesarianas prévias → Quanto mais cesarianas, maior o risco; ○ Multiparidade; ○ Curetagens de repetição; ○ Endometriose prévia, etc. ● US → Visualização difícil; ● Doppler → Visualização de fluxo turbulento; ● RM → Permite diagnóstico mais preciso quando a US não realiza diagnóstico definitivo; ● Placentas incretas e percretas podem evoluir para ruptura uterina; ● Manejo → Histerectomia. Ruptura Uterina: ● Separação completa de todas as camadas uterinas com saída de parte ou de todo o feto da cavidade; ● Emergência; ● Pode ocorrer antes ou depois do parto; ● Maioria ocorre em cicatrizes uterinas prévias, mas podem ocorrer rupturas espontâneas; ● Fatores de risco: ○ Trabalho de parto após cesariana prévia; ○ Cirurgia uterina prévia; ○ Ruptura prévia; ○ Uso de misoprostol ou ocitocina em pacientes com cirurgias uterinas anteriores; ou úteros superdistendidos; ○ Multiparidade; ○ Hiperdistensão uterina; ○ Acretismo placentário; ○ Desproporção céfalo-pélvica; ○ Manobras intrauterinas intraparto. ● Quadro clínico: ○ Contrações excessivamente dolorosas; ○ Taquissistolia (sinal de iminência de ruptura uterina); ○ Mal estar e descompensação sistêmica (sinal de iminência de ruptura uterina); ○ Distensão do segmento uterino; ⇨ Sinal de Bandl (distensão de segmento uterino → “degrau” no abdome); ○ Sofrimento fetal agudo; ● Elevar o grau de suspeição. ○ Atentar para pacientes que podem estar em iminência de ruptura (ruptura precisa ser suspeitada!). ● Conduta: ○ Laparotomia imediata com cesariana; ○ Histerectomia na maioria dos casos; ○ Histerorrafia se possível. Vasa Prévia: ● Vasos fetais correm desprotegidos pelas membranas ovulares, interpostosentre o orifício interno do colo e a apresentação fetal; ● Rara; ● Alta taxa de mortalidade fetal → O sangramento é eminentemente fetal e não materno; ● Acidente agudo → Geralmente durante ruptura de membranas ou amniotomia em pacientes que não se suspeitava da localização do vaso. Diagnóstico: ○ Toque digital dos vasos junto à bolsa amniótica e visualização na amnioscopia; ○ Doppler; ○ Diagnóstico diferencial com vasos do cordão procidente. 4
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