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SANGRAMENTOS DA SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO Uma das principais causas de internação de gestantes no período anteparto, com importante aumento da morbimortalidade materna e perinatal. Morbimortalidade perinatal está relacionada principalmente aos altos índices de prematuridade. Entre as principais causas obstétricas, as mais importantes são o DPP e a placenta prévia, pois correspondem a até 50% dos diagnósticos. PROGNÓSTICO Depende do diagnóstico correto da causa do sangramento. Placenta prévia; Descolamento prematuro de placenta; Rotura uterina; Rotura de vasa prévia; Cervicites; Pólipo endocervical; Ectrópio; Câncer de colo de útero; Trauma vaginal. PLACENTA PRÉVIA DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA CLASSIFICAÇÃO FATORES DE RISCO Placenta que se implanta total ou parcialmente no seguimento inferior do útero. Ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre. É um achado frequente em exames realizados entre 16 e 20 semanas de gestação→ porém, 90% deles se normalizarão até o termo→ devido a teoria da “migração” placentária→ devido à combinação entre crescimento placentário em direção ao fundo uterino, que é bem mais vascularizado, conferindo uma implantação placentária adequada. BAIXA Localizada próximo ao colo do útero, sem atingi-lo. Cicatriz uterina anterior→ cesariana previa. Intervenções uterinas anteriores (miomectomia, curetagem); Multiparidade/ intervalo interpartal curto; Tabagismo; Gemelaridade. MARGINAL Atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo. COMPLETA OU CENTRO-TOTAL Recobre totalmente o orifício interno do colo do útero. COMPLICAÇÕES DIAGNÓSTICO CLÍNICO EXAME FÍSICO A morbidade materna da placenta previa é decorrente da hemorragia que ela provoca, relacionada às complicações operatórias do parto, complicações anestésicas, necessidade de transfusão e infecções. Na suspeita de Acretismo placentário→ deve-se realizar sempre um ecodoppler obstétrico. Em casos de placenta percreta (invasão de estruturas adjacentes [bexiga e instestino]), com grande perda sanguínea, indica-se a histerectomia. Sangramento indolor; Pequena quantidade; Autolimitado; Obs: sangramento sentinela→ gestantes com placenta previa centro-totais, que apresentam sangramento entre a 26ª e 28ª semana de gestação→ é um sangramento intermitente e abundante, de coloração vermelho vivo com necessidade de internações e transfusões frequentes Sinais vitais; Palpação abdominal (frequente achado de apresentação anômala); Altura uterina; Ausculta dos batimentos cardíacos fetais; Exame especular cuidadoso para evidenciar origem e quantidade do sangramento; NUNCA realizar toque vaginal até que se tenha conhecimento da exata localização da placenta, na suspeita de inserção baixa. PROPEDÊUTICA AUXILIAR EXAMES LABORATORIAIS CONDUTA USG abdominal→ mostra a localização exata da placenta e sua posição com o orifício interno do colo do útero. USG TV→ pode ser realizada, principalmente quando há duvidas em relação a posição do bordo placentário. Deve ser realizado de maneira cuidadosa, não ultrapassando 3 cm do transdutor na vagina e este não deve atingir o colo. Ecodoppler obstétrico → deve ser realizado para diagnosticar acretismo placentário, ou mesmo placenta increta ou percreta. RNM→ método de diagnostico principalmente em placentas posteriores, porem os resultados não são superiores a USG TV Em vigência do sangramento: Hematócrito e hemoglobina; Tipagem sanguínea ABO Rh; Coagulograma. Encaminhada a um centro de referência. Sangramento ativo e feto prematuro: conduta expectante, acompanhamento pré- natal cuidadoso em centro especializado. Orientar para evitar relações sexuais. Considerar uso de corticoide para acelerar a maturidade pulmonar. Gestantes Rh-negativo: prescrever a imunoglobulina anti-D quando apresenta sangramento Gestante no termo ou próximo a ele com sangramento: realiza-se o parto Com uma borda placentária a menos de 2cm do orifício cervical interno aumenta a chance de parto cesáreo, especialmente se a placenta for posterior com borda espessa (>1cm) Placenta previa centro-total cesariana de indicação absoluta. Principais causas de hemorragia, com risco de vida. Jamille Ponte DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA CLASSIFICAÇÃO EM GRAUS DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DE SHER É a separação da placenta da parede uterina antes do parto. Separação pode ser parcial ou total. Ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas, com aumento muito grande da morbimortalidade materna, por maior incidência de hemorragia, anemias, coagulopatias, hemotransfusoes, cesárea, histerectomia e até morte materna. Complicações perinatais: prematuridade, restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer, sofrimento fetal e óbito perinatal. Principal causa de óbito perinatal. GRAU 1 GRAU 2 GRAU 3 Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa. Vitalidade fetal preservada. Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatias. Geralmente diagnosticada no pós- parto com identificação de coagulo retroplacentário. Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia materna e alterações posturais da pressão arterial. Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais presentes, porem com sinais de comprometimento de vitalidade. Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial materna e óbito fetal. 3A: sem coagulopatia instalada 3B: com coagulopatia instalada FATORES DE RISCO QUADRO CLÍNICO EXAME FÍSICO DIAGNÓSTICO Hipertensão (hipertensão gestacional, hipertensão preexistente)→ responsável por até 50% dos casos. Rotura prematura de membranas ovulares; Cesariana prévia; Tabagismo; Idade materna avançada; Uso de drogas (álcool, cocaína e crack); Condições que causem sobredistensão uterina (polidrâmnio, gestação gemelar); Trauma (automobilístico, trauma abdominal direto); DPP em gestação anterior ; Amniocentese, cordocentese. Dor abdominal, associada ou não a sangramento vaginal. Dor varia de leve desconforto até dor intensa, associada a aumento do tônus uterino. Placenta de inserção posterior, a dor é lombar. Persistência da dor entre as contrações no trabalho de parto; Sangramento genital de quantidade variável; História de hipertensão; Pesquisar presença de outros fatores de risco. Coagulopatia pode estar presente→ devido ao consumo dos fatores de coagulação pelo coagulo retroplacentario e pela coagulação intravascular disseminada, pela liberação de tromboplastina na circulação materna devido ao descolamento placentário. ABC da reanimação: vias aéreas pérvias, padrões de respiração e circulação; Sinais vitais: observar taquicardia e alterações posturais da pressão; Exame obstétrico: medida de altura uterina, BCF, hipertonia uterina; Monitoração fetal: padrão não tranquilizador; Palpação abdominal: contrações tetânicas. CLÍNICO USG tem papel limitado→ muitas vezes o coagulo retroplacentario pode não ser visível. A USG pode ser realizada em casos de estabilidade hemodinâmica materna e vitalidade fetal preservada e quando há duvida sobre a localização placentária e apresentação fetal. Os achados ultrassonográficos, se presentes: presença de coagulo retroplacentario, espessamento anormal da placenta e bordo placentário sem continuidade. Exames laboratoriais: hemograma, tipagem sanguínea ABO Rh, coagulograma, exames de rotina para doença hipertensiva se apropriado. CONDUTA GRAU 1 GRAU 2 GRAU 3 Diagnostico geralmente no pós-parto, portanto, não houve repercussões maternas ou fetais. Partovaginal é possível, desde que a vitalidade fetal esteja preservada e não haja comprometimento hemodinâmico materno. Amniotomia assim que possível para diminuir a pressão intrauterina. Manutenção adequada de reposição volêmica e de sangue e derivados se necessário. Debito urinário monitorado e mantido em 30ml/hora e o hematócrito acompanhado e mantido acima de 30%. Caso a evolução do trabalho de parto não for rápida e favorável, a cesárea deve ser realizada imediatamente. Parto vaginal é aconselhável. Antes de realizadar a cesárea, onde houver possibilidade, deve ser feita transfusão de concentrado de glóbulos, reposição de plaquetas e plasma fresco congelado Jamille Ponte ROTURA UTERINA Complicação muito grave, importante causa de morbimortalidade materna. CLASSIFICAÇÃO FATORES DE RISCO QUADRO CLÍNICO COMPLETA Total rotura da parede uterina. Urgência obstétrica, levando a risco de vida tanto da mãe quanto do feto Presenca de cicatriz uterina e antecedente de cesariana. Curetagem uterina com perfuração, miomectomia, acretismo placentário, trauma abdominal, anomalias uterinas, hiperdistensão uterina, uso inapropriado de ocitocina. Uso de prostaglandinas para amadurecimento cervical não é recomendado em presença de cesárea anterior, devido ao aumento do risco de rotura uterina. Trauma abdominal Pode ocorrer no pré-parto, intraparto e pós-parto. Intraparto: mais frequente, perda subita dos batimentos cardiacos fetais, pode apresentar sangramento vaginal, sinais e sintomas de choque hipovolêmico, com taquicardia importante e hipotensao, e parada das contrações após dor forte. Palpação abdominal as partes fetaisa são facialmente palpadas e, ao toque vafinal há subida da apresentação. Pós-parto: é a causa de hemorragia pós-parto •Deterioração do padrão dos batimentos cardíacos fetais; • Gestante queixa de dor aguda, de forte intensidade; • Sangramento vaginal; • Parada das contrações; • Subida da apresentação ao toque vaginal; • Partes fetais palpáveis facilmente no abdome materno; • Taquicardia importante e hipotensão grave INCOMPLETA Peritônio parietal permanece intacto. Geralmente não é complicada, podendo permanecer assintomática após um parto vaginal CONDUTA Estabilidade hemodinâmica iniciando o ABC da reanimação: vias aéreas pervias, respiração (fornecer O2 em mascara a 10L/min ou cateter a 5L/min), dois acessos venosos. Laparatomia imediatamente com anestesia geral para não agravar hipotensão. Em geral é necessário realizar histerectomia para tratar a rotura uterina, pois ocorrem lesões vasculares, com diculdade de conservação do útero. Jamille Ponte
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