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Saúde Materno Infantil II Rafaela Vellozo Martins HEMORRAGIAS D0 2° E 3° TRIMESTRE CASO CLÍNICO 1) Mulher de 22 anos, G2PC1 com 35 semanas de gestação, que admite fazer uso de cocaína, queixa-se de dor abdominal. Refere sangramento vaginal moderado sem perda de líquido pela vagina e que não tem história de trauma. Ao exame, PA 150/90 mmHg e FC 110bpm. O exame do fundo de útero revela sensibilidade e é observada quantidade moderada de sangue escuro no fundo de saco. O exame ultrassonográfico não mostra anormalidades placentárias. O colo uterino mostra 1 cm de dilatação. Os batimentos cardíacos fetais estão na faixa de 160 a 170 bpm. • Qual é o diagnóstico mais provável? • Quais são as complicações que podem ocorrer devido a essa situação? • Qual é o melhor manejo para essa condição? Mulher de 30 anos, G5PC4 com 32 semanas de gestação, queixa-se de sangramento vaginal vermelho-vivo significativo. Nega contrações uterinas, perda de líquido ou trauma. A paciente afirma que 4 semanas antes, após relação sexual ela apresentou perda sanguínea vaginal. Ao exame PA é de 110x60 mmHg e a FC 80 bpm. Exame físico geral sem alterações. Abdome flácido e o útero sem hipertonia. Os batimentos cardíacos fetais estão na faixa de 140 a 150 bpm. • Qual deve ser o próximo passo? • Qual diagnóstico mais provável? • Qual é o manejo em longo prazo dessa paciente? INTRODUÇÃO Hemorragia obstétrica – causa importante de morte materna Causa mais importante de hemorragia anteparto: placenta previa e descolamento prematuro de placenta Paciente com hemorragia de terceiro trimestre -> diagnóstico preciso e rápido -> tratamento adequado e minimizar complicações Condições associadas a mortalidade e morbidade perinatais: • Aumento da incidência de prematuridade • Baixo peso ao nascer • Distúrbios respiratórios • Óbitos perinatais PLACENTA PRÉVIA INTRODUÇÃO presença de tecido placentário total ou parcialmente inserido no segmento inferior do útero, após 28 semanas de gestação CLASSIFICAÇÃO Placenta prévia: placenta recobre total ou parcialmente o orifício interno do colo uterino Placenta de inserção baixa: borda placentária se insere no segmento inferior do útero. Não atinge o orifício interno e se localiza em um raio de 2 cm de distância; Rafaela Vellozo Martins Fundo do útero – placenta normalmente inserida Alguns fatores a leva a não ficar inserida no fundo e sim no segmento inferior do útero, placenta recobrindo totalmente canal cervical EPIDEMIOLOGIA Causa: provável anormalidade de implantação → endométrio pode estar danificado (deciduação deficiente) → embrião buscará outros locais para sua nutrição Incidência: 0,26% a 1,0%. FATORES DE RISCO DIAGNÓSTICO Clínico: • Sangramento vaginal indolor • Coloração vermelho vivo • Imotivado, início súbito • Reincidente e de gravidade progressiva • Ocorrência a partir da segunda metade da gravidez Exame físico: • Útero com consistência normal • Tônus uterino normal nos seus intervalos • Exame de toque vaginal → NÃO REALIZAR!!! Risco de hemorragia abundante. Motivos do sangramento: • Relacionada à separação coriodecidual devido a formação do segmento inferior do útero, contrações uterinas e dilatação cervical • Para a persistência da hemorragia → contribui a ineficiência da contratilidade das fibras miometriais presentes no segmento inferior do útero. (Não tem tônus uterino aumentado) Ultrassonográfico: Mostra onde a placenta prévia está inserida • Ultrassonografia transvaginal – padrão-ouro • Se a suspeita de placenta prévia ocorrer antes de 28 semanas em paciente assintomática → nova ultrassonografia na 32a semana • 90% das placentas prévias diagnosticadas no segundo trimestre se resolverão até o termo. Transdutor distância do colo – para não irritar essa região e não gerar sangramento TRATAMENTO • Procurar o hospital diante de qualquer sinal de sangramento • Evitar atividade física Rafaela Vellozo Martins • Evitar relações sexuais Conduta depende da idade gestacional PARTO VAGINAL X CESÁREA Placenta prévia está indicada a interrupção da gestação com 37 semanas → Cesárea Casos selecionados de placentas de inserção baixa, sem complicações → Parto vaginal Distância entre placenta e o orifício interno do colo entre 11 e 20 mm → pequeno risco de sangramento Placentas entre 0 e 10 mm do orifício interno → Cesárea ACRETISMO PLACENTÁRIO INTRODUÇÃO Ocorre principalmente se paciente tem ou suspeita de placenta prévia (principalmente se tem fatores de risco que leva ao acretismo) DEFINIÇÃO: aderência anormal da placenta no miométrio que apresenta ausência parcial ou total da decídua basal e desenvolvimento anormal da camada fibrinoide CLASSIFICAÇÃO Placenta acreta → aderida de forma anormal ao útero (miométrio) Placenta increta → Placenta invade o miométrio Placenta percreta → Invade a serosa uterina e outros órgãos FATORES DE RISCO QUADRO CLÍNICO Na presença de placenta prévia que não sangra, devemos suspeitar de acretismo Sangramento semelhante à placenta prévia. DIAGNÓSTICO Na presença de placenta prévia → investigar acretismo Rafaela Vellozo Martins Ultrassonografia (sensibilidade de 77% a 93% e especificidade de 71% a 96%) – precisa ser um profissional bem treinado para detectar Ressonância magnética (sensibilidade de 80% a 88% e especificidade de 65% a 100%). Pediu ressonância e não apareceu um acretismo um profissional bem treinado pediria também a ultrassonografia (dois métodos bons para diagnóstico) Achados Ultrassonográficos de Acretismo: • Espaços hipoecoicos (lacunas placentárias ou lagos venosos) na espessura da placenta; • Adelgaçamento do miométrio adjacente à placenta; • Perda do espaço hipoecoico retroplacentário • Protrusão da placenta para o interior da bexiga • Fluxo sanguíneo turbulento nas lacunas placentárias (fluxo intraparenquimatoso focal e difuso) • Hipervascularização na interface bexiga/ serosa uterina. Fluxo turbulento ao doppler Achados na RNM de Acretismo: • Protrusão placentária • Placenta heterogênea • Bandas escuras intraplacentárias nas imagens ponderadas em T2 • Interrupção focal da parede miometrial PLANEJAMENTO DO PARTO Tira o feto fecha o útero com placenta lá dentro não retira ela e faz histerectomia – precisa de outras especialidades ali junto caso não seja planejado (não emergência). Rafaela Vellozo Martins DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA INTRODUÇAÕ separação da placenta normalmente inserida, de forma parcial ou completa, antes do nascimento do feto Fisiológico – retira o feto (parto) essa placenta começa a descolar e retira ela (deve ocorrer apenas no parto) Muito frequente Descolamento prematuro de placenta só ocorre em 2 ou 3 trimestre de gestação, antes disso é descolamento de saco gestacional CLASSIFICAÇÃO Grau I: • Assintomático ou sangramento vaginal discreto • Sem hipertonia uterina significativa • Vitalidade fetal preservada • Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatias materna • Diagnóstico realizado após nascimento (por conta de ser assintomático → presença de coágulo retroplacentário, não afeta mãe ou feto. Grau II: • Sangramento vaginal moderado • Hipertonia uterina (principal) • Repercussões hemodinâmicas materna (está sangrando muito) • Feto vivo → vitalidade fetal prejudicada (batimentos estão baixos) Grau III: • Óbito fetal • Hipotensão arterial materna • Hipertonia uterina importante Divide-se em: →IIIA: Com coagulopatia instalada →IIIB: Sem coagulopatia instalada. (próximo passo é instalar essa coagulopatia se não for realizado o parto) Grau II e III tem que encaminhar ao prontosocorro muito rápido FISIOPATOLOGIA Causa imediata do DPP: ruptura dos vasos maternos na decídua basal → sangue acumulado atinge a zona de clivagem decíduo placentária e inicia a separação Porção descolada da placenta é incapaz de realizar trocas → se a unidade fetoplacentária restante é incapaz de compensar essa perda de função → feto comprometido Relação com processo patológico placentário crônico (paciente hipertensa muitas vezes essa placenta está doente por questão vascular = maior fator de risco pra DPP) Anormalidades no desenvolvimento precoce das artérias espiraladas → necrose decidual, inflamação placentária e, possivelmente, infarto placentário → disrupção vascular (rompimento desses vasos) → sangramento = separa decídua da parte placentária Rafaela Vellozo Martins FATORES DE RISCO Paciente hipertensa, sangramento final de gestação pensar imediatamente em DPP DIAGNÓSTICO Clínico Anormalidade batimentos cardíacos ou até mesmo ausente no feto DPP grave pode levar à CIVD → 10% a 20% dos casos leva a óbito fetal Diagnóstico de CIVD aguda: • Aumento da geração de trombina (diminuição do fibrinogênio) • Aumento da fibrinólise (produtos elevados de degradação de fibrina e D-dímero). QUADRO CLÍNICO • Sangramento vaginal leve a moderado • Dor abdominal e/ou dor lombar • Contrações uterinas → Tônus uterino aumentado • Anormalidades da frequência cardíaca fetal ou ausência de batimentos. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS • Trabalho de parto (faz toque, primeira suspeita não é de placenta prévia por conta da contração) • Placenta prévia (comparar clínica) • Vasa prévia • Rotura uterina (dor intensa, abdome distendido, partos anteriores) • Hematoma subcoriônico (crônico, ao longo da gravidez presença de sangue em região de placenta sem comprometimento, porém esse sangramento pode se exteriorizar sem quadro clínico) CONDUTA Após o parto → monitorização materna rigorosa, principalmente quando se identifica a presença de útero de Couvelaire como achado intraoperatório. oclusão de circulação e microinfarto uterino – histerectomia se sangramento Rafaela Vellozo Martins ANORMALIDADE NA INSERÇÃO DO CORDÃO UMBILICAL INTRODUÇÃO INSERÇÃO VELAMENTOSA DO CORDÃO: • Inserção do cordão na membrana placentária, próxima ao bordo placentário • 0,5% a 1,5% das gestações únicas • 15% das gestações gemelares, especialmente nas monocoriônicas • Associação com placenta prévia • Precursora de vasa prévia (vasos do cordão umbilical cobrindo o útero) • Avulsão do cordão durante a dequitação → aumenta em 10 vezes o risco de retenção placentária e necessidade de curagem. VASA PRÉVIA INTRODUÇÃO • Presença de vasos do cordão recobrindo o colo uterino • Incidência: 1/2.500 nascimentos FATORES DE RISCO • Gemelaridade • Reprodução assistida • Placenta prévia, bilobulada ou sucenturiada QUADRO CLÍNICO • Sangramento vaginal • Anormalidades na frequência cardíaca fetal após amniorrexe DIAGNÓSTICO • Clínico • Parto • Ultrassonográfico CONDUTA • Cardiotocografias semanais • Administração de corticoide no terceiro trimestre • Cesárea antes do trabalho de parto • Se diagnóstico no momento do parto → indicada cesárea de emergência.
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