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2021.1 | Lorena Almeida 1 – – : evento agudo caracterizado pela piora sintomas respiratórios em relação ao habitual, levando a mudança no tratamento. Geralmente precipitada por infecções virais/bacterianas ou por exposição ambiental. Geralmente diagnosticadas com base em sintomas clínicos, sinais e mensurações da função pulmonar e saturação de oxigênio. Em caso de fibrose cística são episódios em que há um aumento dos sintomas de infecção pulmonar crônica, particularmente tosse e expectoração. Associadas com aumento da falta de ar, fadiga, diminuição da tolerância ao exercício e sintomas sistêmicos associados com uma resposta inflamatória de fase aguda. estado dehipoperfusão de órgãos, com resultante disfunção celular e morte. Os mecanismos podem envolver volume circulante diminuído, débito cardíaco diminuído e vasodilatação, às vezes com derivação do sangue para não passar pelos leitos capilares de troca. Os sintomas incluem estado mental alterado, taquicardia, hipotensão e oligúria (pouco volume urinário). O diagnóstico é clínico, incluindo mensuração de pressão arterial e, às vezes, marcadores de hipoperfusão tecidual (ex: lactato sanguíneo, defícit de base). O tratamento consiste em reanimação por líquidos, incluindo hemoderivados se necessário, correção do distúrbio subjacente e, às vezes, vasopressores. Expressão clínica da falência circulatória aguda que resulta na oferta insuficiente de oxigênio para os tecidos. Condição de alta mortalidade que deve ser identificada e tratada imediatamente. Hipoperfusão: baixa irrigação sanguínea em determinada região do corpo, sendo seu emprego mais comum quando relacionada ao miocárdio. [não tenho certeza] considerado padrão ouro para o diagnóstico de FC, usado para confirmação ou exclusão da indicação positiva do Teste do Pezinho. Feito por meio do estímulo do suor da pessoa examinada e uma análise de condutividade. Uma dosagem quantitativa de cloreto da amostra é coletada e o diagnóstico laboratorial é alcançado. De modo geral, quando a dosagem de cloreto no suor é igual/maior que 60 mmol/L em duas amostras, o diagnóstico positivo para FC é confirmado. resultado da combinação de muco proveniente do trato respiratório inferior e superior, podendo obstruir lúmen da via aérea, limitar fluxo de ar e acelerar o declínio da função pulmonar. [excesso de secreção/liberação de muco] em casos de doenças pulmonares. tosse produtiva/cheia é um tipo de tosse caracterizada pela produção de secreção nas vias respiratórias (muco/catarro). Pode ser consequência de doenças infecciosas agudas e crônicas das vias respiratórias inferiores (traqueia, brônquios e pulmões). Outros sintomas associados podem ser: falta de ar, febre, sintomas de resfriados e gripes, chiado no peito, dor no peito. Pode ser causada por infecções virais, pneumonia, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entre outros. 2021.1 | Lorena Almeida 2 : doença hereditária grave, transmitida por um padrão de herança autossômico recessivo. O gene mutado é o gene CFTR, localizado no braço longo do cromossomo 7 (7q) e codifica a proteína CFTR, que atua como um canal de cloro transmembrana. trata-se de uma doença genética, pois é preciso possuir mutações patogênicas em ambos os alelos do gene CFTR. Doença crônica e progressiva, com prognóstico grave e sem cura. Sintomas e complicações decorrem da produção de muco com viscosidade aumentada, ocasionando processo obstrutivo, sobretudo nos pulmões e no pâncreas – afetando também outros órgãos como rins, fígado, aparelho digestivo e os seios da face. Distúrbio do transporte epitelial que afeta a secreção de líquido nas glândulas exócrinas e o revestimento epitelial dos tratos respiratórios, gastrointestinal e reprodutivo. : apresenta alto índice de mortalidade, sendo que o prognóstico atual mostra índices de sobrevida de 75% até o final da adolescência e de 50% até a terceira década de vida. Doença predominantemente de caucasianos, sendo frequente nos EUA e em países ao norte da Europa. Pela miscigenação, no Brasil pode se manifestar em todo tipo de população, tendo um caso positivo a cada 10.000 indivíduos. : a proteína CFTR é uma proteína-canal transmembrana, transportadora deíons cloreto (Cl-). Há dois tipos de mutações causadoras da doença associadas ao CFTR: mutações graves – perda completa da função da proteína CFTR – e mutações brandas – preservam alguma função residual. a mutação grave mais comum é uma deleção de 3 nucleotídeos que codificam para fenilalanina na posição 508 do aminoácido, causando dobrando defeituoso (misfolding) e perda total do CFTR - encontrada em aproximadamente 70% dos pacientes com FC. O canal regulador de condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR) está presente nas células epiteliais, sobretudo nas vias aéreas, pâncreas e glândulas sudoríparas. canal dependente de ligante, abrindo-se quando uma molécula de ATP se liga à proteína-canal. Nos pulmões, o canal quando aberto transporta cloreto para fora das células epiteliais, isto é, para dentro das vias aéreas. O cloreto é acompanhado de sódio e o movimento de NaCl cria um gradiente osmótico, de modo que a água também entra no lúmen das vias aéreas, criando uma solução salina que dilui o muco espesso. como o canal CFTR ausente/deficiente ou em menor quantidade, o NaCl não pode ser secretado, não havendo movimento do líquido e não há diluição do muco. 2021.1 | Lorena Almeida 3 A principal característica da FC é a produção de muco mais espesso que o normal, provocando repercussões clínicas, não só pulmonares, como em todo o corpo. O muco espessado será formado no pulmão e em todos os órgãos produtores de muco e secreções devido ao mal funcionamento desse canal de cloro. o aumento na viscosidade do muco provoca bloqueio nas vias aéreas gerando congestão respiratória grave, fornecendo ainda um meio de cultura propício à proliferação bacteriana – pode haver infecções de repetição, deixando os pulmões em estado de inflamação crônica, com intensa e progressiva lesão pulmonar, originando em diversas áreas com bronquiectasias (destruição localizada do tecido pulmonar). perda da capacidade elástica e obstrução das vias aéreas pelo muco leva uma progressiva redução da capacidade pulmonar dos pacientes, resultando em óbito por disfunção respiratória – maior responsável pela mortalidade da FC. No pâncreas, o espessamento das secreções obstrui os ductos pancreáticos, fazendo com que as enzimas digestivas não cheguem ao trato gastrointestinal, levando a uma má nutrição severa. – têm seu curso interrompido, podendo retornar ao pâncreas, causando destruição por digestão do parênquima pancreático. Nas glândulas sudoríparas, o funcionamento normal dos canais CFTR acontece de maneira inversa, onde esse canal age de forma a fazer com que o cloreto adentre as células, e não saia delas, como nos outros órgãos – agem a fim de reter sódio e água dentro do corpo, prevenindo a desidratação. na FC esses canais não funcionam, fazendo com que não haja reabsorção de cloreto e, consequentemente, de água – logo, pacientes com FC possuem excesso de suor e salgado pelo excesso de cloreto de sódio. : começam a manifestar em torno dos primeiros anos de vida, sendo de 5-10% dos casos, os bebês já nascem com obstrução intestinal por mecônio – identificado na ultrassonografia – conhecida por síndrome íleo-meconial com distensão abdominal, impossibilidade de evacuação e vômitos. Aparecem infecções pulmonares frequentes como pneumonias de repetição/bronquite crônica, além de sinusite frequente e tosse com secreção produtiva. chiados no peito e baqueteamentodigital, com 2021.1 | Lorena Almeida 4 surgimento de pólipos nasais (formações carnosas na membrana mucosa nasal – tumor benigno indolor). No pâncreas ocorre dificuldade de absorção de gorduras e nutrientes, acarretando em baixo crescimento e pequeno ganho de peso, além de diarreia, fezes volumosas/gordurosas, esteatorreia, dor abdominal recorrente, síndromes de má absorção, edema hipoproteinêmico e pancreatite recorrente. em casos mais brandos, há acúmulo de muco nos pequenos ductos pancreativos, com dilatação das glândulas exócrinas. Já em casos mais avançados (crianças mais velhas/adolescentes), ductos pancreáticos são completamente obstruídos, o que atrofia glândulas exócrinas e provoca fibrose progressiva. Ocorre ainda puberdade tardia, com azoospermia obstrutiva e dificuldade de engravidar (muco cervical espesso dificulta passagem dos espermatozoides). Excesso de suor salgado, desidratração, alcalose metabólica hipoclorêmica e hiponatrêmica. Em adultos, pode provocar diabetes, osteoporose e insuficiência hepática. Pode haver ainda refluxo das enzimas pancreáticas danificando o órgão e levando ao diabetes. E a obstrução dos ductos biliares retém bile no fígado, gerando inflamação hepática, acarretando em icterícia prolongada e até cirrose biliar. : marcado por períodos de remissão e exacerbação dos sintomas – com o passar do tempo há aumento da frequência e gravidade dos casos de exacerbação. há perda progressiva da capacidade pulmonar, hemoptise mais frequente e maior risco de osteoporose, diabetes e hepatopatias. Os parâmetros que determinam a gravidade da doença são o exame de função pulmonar (espirometria), cultura de escarro e acompanhamento do estado nutricional e do IMC. A secreção espessada da fibrose cística se torna uma fonte de cultura bacteriana, causando progressivas lesões teciduais que podem gerar áreas de bronquiectasia, diminuindo assim a função pulmonar ao longo do tempo. Infecções bacterianas por Staphilococcus aureus, Pseudomonas aeruginosas e Burcoderia cepacia (oportunista agressiva associada a doença fulminante – síndrome cepacia). : incluído no Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) ou Teste do Pezinho. Estabelece-se na triagem um diagnóstico presuntivo pela análise dos níveis de tripsina imunorreativa (IRT), usado para parâmetro para avaliar a existência de obstrução pancreática – é uma enzima liberada pelo pâncreas e que reflui para a circulação sistêmica em casos de obstrução. – coletado normalmente entre o 3º e 5º dia de vida do recém- nascido. Para exame confirmatório há o Teste Genético, em que se confirma FC quando encontradas duas mutações patogênicas (em ambos alelos) do gene CFTR. padrão-ouro para diagnóstico. No Teste do Suor há análise do teor de cloreto no suor e se for superior a 60 mmol/L em duas dosagens, acompanhado de quadro clínico compatível, é firmado o diagnóstico de FC. O diagnóstico de FC baseia-se em concentrações elevados de eletrólitos no suor, 2021.1 | Lorena Almeida 5 achados clínicos característicos (doença sinopulmonar e manifestações gastrointestinais) ou história familiar. Testes da função da CFTR são indicados quando o teste do suor e análise genética são inconclusivos – avalia-se a função da proteína CFTR através da medida do transporte de cloreto. Quando um recém-nascido apresenta síndrome íleo-meconial é necessário uma investigação diagnóstica aprofundada para FC, pois em 40% dos casos, ela é indício precoce de FC que pode apresentar um falso-negativo no exame de triagem. : consistem em acompanhamento médico regular, suporte dietético, utilização de enzimar pancreáticas, suplementação vitamínica e fisioterapia respiratória. Devem ser submetidos à genotipagem do regulador de conddutância transmembranar da CF (CFTR) para determinar se possuem uma das variantes aprovadas para a terapia com moduladores da CFTR (depende da variante). Reposição de enzimas pancreáticas para auxiliar a digestão e a absorção de nutrientes. Reposição de sódio e intensa reidratatção, dieta rica em calorias, reposição de vitaminas ADEK. Profissionais da pneumologia e fisioterapia respiratória devem atuar para eliminação do muco acumulado, evitando maiores complicações. a fisioterapia favorece a melhora na função pulmonar, aplica exercícios de recondicionamento cardiorrespiratório e treinamento da força muscular. Tratamento inalatório é realizado para eliminar excesso de muco. A inalação hipertônica é feita com solução salina a 7% e objetiva atrair água para as secreções respiratórias, para hidratar e fluidificar o muco. pode causar broncoespasmos, sendo necessário uso de broncodilatador de curta duração inalatório. A inalação com dornase alfa visa clareamento e expectoração do excesso de muco dos pulmões. Apresenta uma enzima que degrada as pontes de DNA das células de defesa que morreram em meio ao muco e contribuem para espessamento da secreção. medicação fornececida pelo SUS aos pacientes com FC e sua inalação deve ser feita por meio de um inalador especial, bucal, para não haver perda do medicamento. Recomendada a partir de 6 anos de idade em pacientes desde estágios iniciais (2,5mg uma vez ao dia). Em caso de complicações infecciosas, usa-se antibioticoterapia de amplo espectro e também é realizado nebulização com antibióticos para prevenção de infecções. Crianças diagnosticadas com FC devem ainda receber imunizações anti-pneumocóccica e anti-haemophilus. Em casos de inflamação crônica, usa-se azitromicina 3x na semana como anti- inflamatório e imunomodulador. Quando há alteração na função pulmonar, broncodilatadores podem ser prescritos na tentativa de melhor a ventilação. O uso de ácido ursodesoxicólico pode ser usado a fim de evitar lesão hepática progressiva. 2021.1 | Lorena Almeida 6 Em casos de piora e capacidade respiratória (VEF1) abaixo de 30%, recorre-se ao transplante pulmonar – o dor precisa ter mesmo tipo sanguíneo, altura e tamanho de caixa torácica semelhante ao paciente. A maneira como a família é amparada no momento do diagnóstico e as explicações que recebem têm impacto importante no modo como irão enfrentar a doença. As informações recebidas nesse período são marcantes e levadas ao longo do tempo. Assim, o período do diagnóstico é determinante, pois será relembrado durante toda a experiência da doença. O Teste do Pezinho foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 1992 e incluía a avaliação para Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito. Em 2001, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), ampliando pelo SUS o diagnóstico precoce para fibrose cística, através da dosagem da Tripsina Imuno Reativa (TIR), anemia falciforme e outras hemoglobinopatias. Há suspeita de FC quando existe alteração no Teste do Pezinho, que é realizado do 3º ao 5º dia de vida da criança, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS, nas maternidades ou em outros laboratórios. 2021.1 | Lorena Almeida 7 Devido aos vários sistemas envolvidos e à variabilidade e cronicidade da doença, uma abordagem multidisciplinar é essencial para auxiliar o paciente e sua família a compreenderem a doença e aderirem ao tratamento. A terapia atual da fibrose cística inclui a manutenção do estado nutricional, a remoção das secreções das vias aéreas com fisioterapia e mucolíticos, o uso de antibióticos para prevenção e tratamento de infecções, a prescrição de suplementos energéticos, dietas hiperlípidicas e hiperprotéicas, bem como a suplementação de minerais e vitaminas lipossolúveis. O objetivo do presente Protocolo, no que concerne ao tratamento das manifestaçõespulmonares, é estabelecer os critérios para o uso dos medicamentos inalatórios – ALFADORNASE (mucolítico) e TOBRAMICINA (antibiótico utilizado na infecção crônica e na erradicação precoce da colonização por Pseudomonas aeruginosa. Os cuidados na Atenção Básica são dados por meio das diversas equipes que a integram (equipes de Saúde da Família/eSF, de Saúde Bucal/eSB, dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família/NASF e de Consultório na Rua/CnR). Isso possibilita o atendimento multiprofissional dos doentes e sua família, prestado por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e odontólogos, podendo ter também, a depender da composição do NASF, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, farmacêutico e fonoaudiólogo, entre outros e a ações como atendimento individual, atendimento no domicílio, grupo terapêutico e atividade coletiva, de forma planejada e programada, podendo ser acolhidas também demandas espontâneas para serem avaliadas e, se necessário, serem direcionadas para outros serviços de saúde com continuidade de coordenação dos cuidados no âmbito da Atenção Básica. Desta maneira, entre as ações recomendadas na Atenção Básica estão: Realizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças, mantendo-se atenção à Até entre indivíduos que possuem um mesmo genótipo CFTR, como irmãos dos mesmos pais, há considerável heterogeneidade na gravidade da doença, principalmente com relação ao quadro pulmonar. Estima-se que 85-90% dos pacientes com FC tem insuficiência pancreática, sendo a síndrome disabsortiva a apresentação clássica. Em lactentes, principalmente nos menores de 6 meses, a primeira manifestação de FC pode ser uma síndrome de edema e hipoproteinemia, algumas vezes associada a anemia hemolítica e esteatose hepática. As manifestações radiológicas da FC também espelham a fisiopatologia desta doença. Diferentes técnicas de imagem radiológica podem ser utilizadas para o estadiamento e a avaliação do prognóstico da lesão pulmonar na FC, incluindo radiografia de tórax convencional, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética. 2021.1 | Lorena Almeida 8 vigilância e ao cuidado desde o pré-natal até a puericultura, favorecendo o vínculo e o reconhecimento da necessidade de acompanhamento de forma mais sistemática; Definir agenda para acompanhamento periódico das crianças pelas eSF, eAB e Nasf, seja por meio de atendimento individual, atendimentos compartilhados, grupos ou visitas domiciliares; A equipe de saúde, perante resultados alterados da triagem neonatal, deve contatar o serviço de referência estadual de triagem neonatal, para os encaminhamentos devidos e orientados pelos protocolos do Programa Nacional de Triagem Neonatal; A partir do nascimento, orientar sobre os imunobiológicos indicados: vacina contra influenza, vacina contra hepatite A (HA), vacina pneumocócica conjugada 7 valente (Pnc7) e polissacarídica 23 valente (Pn23), além de indicar e programar as vacinas contempladas no Calendário Básico de Vacinação de Rotina da Criança no Brasil; Articular-se com outros serviços de atenção à saúde; Articular-se com outras unidades assistenciais, como creches, escolas, Centros de Referência da Assistência Social e associações; e Promover atividades de educação permanente, de acordo com as necessidades dos doentes, das famílias, dos cuidadores e das equipes. Assim, a identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos, também contribuindo com os cuidados assistenciais relacionados às principais manifestações clínicas (pulmonares e pancreáticas), psicológicas e sociais dos doentes de fibrose cística. Por sua vez, a Atenção Domiciliar é uma modalidade de cuidados estratégica para os doentes em fase avançada – em geral devido à redução da sua capacidade funcional e à ocorrência de infecções respiratórias recorrentes. Os Serviços de Atenção Domiciliar/SAD são chamados com frequência a acompanhar estes casos, principalmente nas necessidades de antibioticoterapia parenteral e fisioterapia respiratória. Os cuidados ofertados pelos SAD são usualmente pautados no atendimento multiprofissional e dependentes de poucos equipamentos. 4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 4.1 Alfadornase Serão incluídos pacientes com diagnóstico clínico e laboratorial de FC e com mais de 6 anos de idade. NOTA: O uso contínuo de alfadornase está associado à melhora ou manutenção da função pulmonar, diminuição do risco de exacerbações respiratórias e melhora da qualidade de vida (15-18). 4.2 Tobramicina (19) Serão incluídos pacientes com diagnóstico clínico e laboratorial de FC acima de 6 anos de idade nas seguintes situações: Isolamento de Pseudomonas aeruginosa em culturas de secreção respiratória (18). A primeira identificação desse germe em culturas de secreção respiratória deve ser seguida de tentativa de erradicação (tratamento por 28 dias com tobramicina inalatória, 300 mg duas vezes ao dia) para retardar ou prevenir a infecção crônica e suas consequências clínicas agudas e em longo prazo, que podem influir negativamente no prognóstico da doença; Infecção pulmonar crônica (colonização) por Pseudomonas aeruginosa (16, 18). Em caso de falha da erradicação da Pseudomonas aeruginosa, a infecção é considerada crônica e o tratamento em longo prazo com tobramicina inalatória deve ser iniciado. 5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Serão excluídos deste Protocolo pacientes que apresentarem hipersensibilidade comprovada a alfadornase ou a tobramicina ou a seus componentes. 2021.1 | Lorena Almeida 9 6. CASOS ESPECIAIS 6.1 Alfadornase Estudos preliminares em pacientes com diagnóstico de FC e menores de 6 anos sugerem benefício clínico (20, 21), boa deposição pulmonar e segurança nessa faixa etária (22). O uso da alfadornase por estes doentes pode ser considerado nos pacientes com sintomas respiratórios persistentes, exacerbações frequentes ou sinais radiológicos de progressão da doença pulmonar (9). Ensaios clínicos envolvendo um número maior de pacientes dessa faixa etária são necessários para que a indicação de alfadornase possa ser feita de forma mais ampla (9, 20, 21, 23). 6.2 Tobramicina O uso de tobramicina em pacientes menores de 6 anos de idade com Pseudomonas aeruginosa em culturas de secreção respiratória pode ser considerado. Esse medicamento deve ser usado com cautela em grávidas ou em mulheres durante período da amamentação, e apenas nos casos em que os benefícios clínicos sejam evidentes, especialmente nas mulheres com doença respiratória grave por Pseudomonas aeruginosa (24). O tratamento das manifestações pulmonares de pacientes com FC deve incluir um programa de fisioterapia respiratória, suporte nutricional, tratamento precoce das infecções respiratórias e fluidificação das secreções. Recomenda-se monitorizar a resposta terapêutica com controle clínico periódico a cada 2-3 meses, com avaliação pela equipe assistente a cada consulta: dose em uso, nebulizador utilizado, horário de administração, efeitos adversos, transporte e armazenamento adequado do medicamento. A cada consulta, culturas de secreção respiratória são realizados de rotina em todos os pacientes (18). As reações adversas da alfadornase são raras e incluem alteração da voz (rouquidão), erupção cutânea, faringite, laringite, dor torácica e conjuntivite (29, 52). Na maioria dos casos são leves e transitórias e não indicam suspensão do tratamento. Os efeitos adversos em crianças de 3 meses a 5 anos foram semelhantes aos das crianças entre 5 e 10 anos (22, 39). As reações adversasda tobramicina inalatória podem incluir tosse, faringite, rinite, dispneia, disfonia e broncoespasmo. A suspensão do tratamento deve ser considerada se essas reações forem graves ou persistentes (19) PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS FIBROSE CÍSTICA – MANIFESTAÇÕES PULMONARES - Componente Especializado da Assistência Farmacêutica – Portaria Conjunta SAS-SCTIE/MS nº8, de 15 de agosto de 2017 SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia Humana. 7 ed.. Porto Alegre: Artmed Editora, 2017. Fisiopatologia e Manifestações Clínicas da Fibrose Cística - Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ (artigo) - Ano 10, Outubro/Dezembro de 2011 PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE FIBROSE CÍSTICA SERVIÇO DE REFERÊNCIA PEDIÁTRICO E ADULTO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - 2016
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