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1. Fibromialgia Doença caracterizada por dor crônica generalizada associada a fadiga e a sono não reparador dor crônica, simétrica acima e abaixo do diafragma. Doença primária com alterações de base que são comuns a vários pacientes, como alterações no eixo hipotálamo-hipofise-adrenal, alteração no fluxo sanguíneo talâmico. Explicação da dor crônica Menor concentração de serotonina no LCR a serotonina interpreta estímulos álgicos e está relacionada ao sono profundo) Maior concentração de substancia P no LCR a substancia P inibe as descargas neuronais na presença de serotonina. Alteração no neuroeixo que predispõe a liberação do estímulo de dor, de modo que o paciente tem hiperalgesia, alodinia e perda de controle desse estímulo. WIND – UP Potencialização dos estímulos nociceptivos no corno posterior da medula Mecanismo de sensibilização central do SNC que é uma forma do cérebro interpretar que esses estímulos de dor não são novos, são na verdade estímulos de dor crônica que são potencializados e amplificados, de modo que o paciente apresenta: Alodinia redução do limiar de dor Hiperalgesia resposta exacerbada a dor Dor persistente aumento da duração da dor A RM funcional (RMf) e a RM com espectroscopia (RMe) demonstraram alterações no encéfalo: Hiperatividade do córtex sensorial primário hipervigilancia e castatrofização Aumento do glutamato no córtex posterior da ínsula menor limiar de dor Hiperatividade da amígdala eleva grau de alerta a estímulos externos Sistema límbico grande resposta emocional Alterações da atividade inibitória normal de estímulos nociceptivos >>> disfunção da área rostral do giro do cíngulo, baixos níveis de GABA na ínsula, falha no sistema de antecipação do alívio da dor (queda dos níveis de dopamina e GABA) Epidemiologia 0,2-5% da população, sendo mais comum em mulheres (9:1) dos 25 aos 65 anos, acometendo todas as classes sociais. Manifestações Clínicas Dor crônica generalizada de padrão inespecífico Início insidioso e progressão gradual Predomínio em região axial e cinturas cervical e pélvica Poliarticular com ritmo inespecífico Rigidez matinal curta (< 30 minutos) Periarticular dor que não é propriamente nas juntas, paciente refere como dor no osso ou na carne Sensação de edema e parestesia com padrão anárquico Estado geral preservado, sem evidencia de doença sistêmica Exame físico com tender points Sintomas associados Transtorno de sono e humor insônia ou cansaço ao acordar Cefaleia crônica tensional ou migranea Alterações gastrointestinais: SII, diarreia, constipação, constipação e diarreia Fadiga crônica Zumbido, tonteiras Alterações cognitivas (FIBROFOG – esquecido, avoado) Dificuldade de concentração Irritabilidade Disfunção ATM Síndrome das pernas inquietas Diagnóstico Essencialmente clínico, mas exames laboratoriais ajudam no diagnóstico diferencial Hemograma anemia CK miopatias VHS e PCR doenças inflamatórias FSH, LH perimenopausa Sorologias virais hepatite C e HIV Autoanticorpos suspeita forte de doenças reumatológicas Exames de imagem apenas para avaliação pormenorizada de queixas localizadas. Classificação do Colégio Americano de Reumatologia (1990) Dor generalizada > 3 meses Bilateral Acima e abaixo da cintura Envolve esqueleto axial Presença de pelo menos 11 pontos dolorosos (tender points) Sensibilidade 88,4% e especificidade 81,8% Vantagens baixo custo, homogeinização do diagnóstico Desvantagens examinador dependente e valorização da dor difusa em detrimento de outros sintomas Outros critérios publicados para avaliação dos sintomas IDG maior ou igual a 7 + SS maior ou igual a 5 OU IDG maior ou igual a 3 + SS maior ou igual a 9 IDG tabela 1: índice de dor generalizada SS tabela 2: escala de gravidade de sintomas Sensibilidade de 90,9% e especificidade de 85,9% Prognóstico Interfere na qualidade de vida, perda da libido, hipotrofia muscular por desuso, piora dos transtornos de humor e perda do interesse no trabalho. Ciclo vicioso: fibromialgia ansiedade e estresse fibromialgia ansiedade e estresse Tratamento 1) Orientar paciente sobre o diagnóstico, prognóstico e proposta de tratamento Explicar o que é doença crônica Deixar claro que é uma síndrome clínica Explicar sobre tratamento Corresponsabilização pela resposta ao tratamento Higiene do sono 2) Atividade física Melhora qualidade de vida, qualidade do sono e do humor Fortalecimento Alongamento Atividade aeróbica 3-4x na semana 3) Psicoterapia Melhora dor e funcionalidade do sono Cognitivo comportamental Psicanálise 4) Medicamento melhora dor, qualidade de sono e transtornos de humor AINES e corticoide NÃO possuem efeito terapêutico Antidepressivos tricíclicos (ADTS) primeira linha bloqueiam recaptação de noradrenalina e serotonina, melhorando dor, qualidade do sono e fadiga. Sempre iniciar em doses baixas, aumentando gradualmente até dose antidepressiva. Efeitos mal tolerados anticolinérgicos (boca seca, constipação, arritmias) Nortriptilina e Amitriptilina Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina segunda linha bem tolerados, melhoram a dor independente da melhora do humor. Indicados em casos de intolerância aos ADT ou transtorno depressivo. Menos efeito sedativo, melhora a qualidade do sono Duloxetina, Venlafaxina, Milnacipram Inibidores seletivos da recaptação de serotonina não tolerância aos ADT e sem condições de comprar os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina. Melhoram sintomas de transtorno do humor, pouco efeito na melhora do sono e fadiga Pregabalina (dose máxima 450mg/dia) e Gabapentina (dose 1800- 2400mg/dia) Tratamento combinado ADT + ISRS Duais + anticonvulsivantes Adjuvantes: miorrelaxantes e tramadol Fatores limitantes do tratamento Má adesão Ganho secundário Condições associadas (doenças sistêmicas) Acesso ao tratamento multidisciplinar Uso de medicações em subdoses 2. Síndrome Dolorosa Miofascial Quadro de dor muscular regional associado à presença de um ou mais gatilhos/trigger points (pontos de sensibilidade exacerbada presentes em bandas palpáveis tensas nos músculos e fáscias, e sua palpação dá origem a dor em áreas referidas a seu sítio. Epidemiologia Principal causa de dor musculoesquelética Prevalência de 85% ao longo da vida 29,5% dos quadros dolorosos crônicos na população geral 54% dos casos de cervicalgia e cefaleias crônicas 85% dos casos de dor lombar crônica Ambos os sexos 30 a 50 anos Manifestações Clínicas Dor Peso, queimação ou latejante Contínua ou surtos A região dolorosa depende da localização do trigger point Trigger point ativo associado a dor espontânea e, quando palpado, reproduz a dor total ou parcial, sendo que a região referida encontra-se distal ao ponto gatilho Trigger point passivo não tem capacidade de causar dor referida Contratura ou rigidez muscular Limitação do movimento na região acometida Sintomas autonômicos locais Palidez, hiperemia, mudanças de temperatura, mudanças no padrão de sudorese, piloereção, formigamento e dormência. Outros sintomas Distúrbios do sono Estresse emocional Distúrbios do humor Sintomas funcionais gastrointestinais Diagnóstico Essencialmente clínico. Exames laboratoriais, de imagem e de neurocondução são normais e só devem ser solicitados para afastar outras possibilidades diagnósticas. Diagnósticos diferenciais Fibromialgia Artropatias mecânicas e inflamatórias Radiculopatias Tendinites, tenossinovitese bursites Tratamento Similar ao da fibromialgia, contemplando educação de estilo de vida, avaliação psicológica e tratamento dos distúrbios do sono. O tratamento para controle da dor consiste em inativação dos pontos de gatilho (agulhamento e massagem), medicamentos (AINES, tramadol, antidepressivos tricíclicos, duais ou ISRS, ciclobenzapina) e recondicionamento funcional da região afetada (alongamento e fortalecimento).
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