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BAUER, M. W.; GASKELL, G.; ALLUM, N. C. (2012). Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento - evitando confusões. in: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (orgs). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petropolis: Vozes, 10 ed., p. 17-36. Tayonara Aillana dos Santos Jesus1 O texto inicia-se narrando parte de uma partida de futebol, visando analisar o que ele chama de uma situação social, que caracteriza como o “campo da ação”. Em sua análise destaca conceitos como “campo de observação ingênua” e campo de observação sistemática”, sendo este último, onde estaria o pesquisador que realiza uma análise “fria” da situação. Segundo Bauer et al. (2012), a investigação da ação empírica exige um pluralismo metodológico, demandando: a) observação sistemática; b) técnicas de entrevista e interpretação e; c) uma análise sistemática. A investigação social é então dividida em quatro dimensões que descrevem o processo de pesquisa: a) primeiramente tem-se o delineamento que varia de acordo com os princípios estratégicos; b) em segundo lugar estaria a geração de dados, o método de coleta a ser adotado; c) em terceiro estaria a análise de dados; d) e por fim, estaria os interesses do conhecimento, referindo-se ao que Habermas classifica em termos de controle, construção de consenso e emancipação dos sujeitos do estudo. Nesse sentido, essas escolhas devem ser vistas como relativamente independentes, de modo que, a escolha entre qualitativa e quantitativa é uma decisão sobre geração de dados e métodos de análise. Bauer et al. (2012) aponta que a pesquisa social fundamenta-se em dados sociais, os quais divide em comunicação formal e informal. De modo que os dados formais, reconstroem as maneiras pelas quais a realidade social ´é representada por determinados grupos. Afirma ainda que o objetivo do livro é superar a “lei do instrumento”, apoiando assim o pluralismo metodológico. Em termos da discussão qualitativa versus quantitativa a primeira lida com interpretação das realidades sociais e é considerado como um modo de pesquisa soft. Enquanto a quantitativa lida com números, estatística e é considerada pesquisa hard. Superar a dicotomia entre a pesquisa qualitativa e quantitativa também fazem parte do objetivo do texto, o autor aponta alguns pontos importantes tais como o fato de não haver quantificação sem qualificação; não existe análise quantitativa sem interpretação, afinal nenhum programa de dados, por exemplo, entrega os dados interpretados e prontos; bem como a importância do pluralismo metodológico, indo além da lei do instrumento, sendo necessária uma visão mais holística do processo de pesquisa. O autor ainda aborda questões como a relação entre a retórica e a ciência, e trabalha ao final, sobretudo sobre os interesses do conhecimento e métodos. Apresentando, nesse sentido, um modo alternativo de se pensar os objetivos da pesquisa social e sua relação com a metodologia levando em conta a filosofia de Habermas (1987) onde ele identifica três “Interesses do conhecimento” que devem ser compreendidos visando dar sentido a prática da ciência social e de suas consequências na sociedade. A implicação dessa tipologia, é portanto, que o questionamentos dos pesquisadores sobre seus próprios pressupostos e interpretações, junto a como os resultados são recebidos é muito mais importante para a possibilidade de uma escolha emancipatória do que a escolha da técnica a ser utilizada. 1 Graduanda do bacharelado em antropologia na Universidade Federal da Bahia - UFBA; Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - FFCH.
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