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>Componentes químicos das células e alimentação: As células são compostas de moléculas inorgânicas, como água e sais minerais, e de moléculas orgânicas, ou seja, que apresentam carbono em sua composição, como vitaminas, carboidratos, lipídios e proteínas. Esses nutrientes são obtidos por meio dos alimentos, que fornecem energia e elementos necessários para que as células realizem suas atividades. A energia presente nos alimentos é medida em calorias ou quilocalorias (kcal, forma mais usada). Dessa forma, quanto maior a quantidade de calorias de um alimento, maior é a quantidade de energia fornecida por ele. >Sais minerais: Eles participam da composição de várias estruturas do organismo e podem corresponder a até 4% da massa corporal de um ser humano adulto. Eles desempenham importantes funções de regulação no organismo, porém a quantidade diária desses nutrientes que precisamos consumir é pequena e quando ingerimos em excesso, eles são eliminados no suor e na urina. Cálcio, sódio, potássio, ferro e iodo estão entre os principais sais minerais de que o corpo humano precisa. >Vitaminas: As vitaminas são nutrientes reguladores (como os sais minerais) e a quantidade diária necessária ao organismo também é relativamente pequena. Elas são classificadas de acordo com a solubilidade: hidrossolúveis, quando se dissolvem em água, como as vitaminas do complexo B e a vitamina C; e lipossolúveis, quando se dissolvem bem em gorduras, como as vitaminas A, D, E e K. >Carboidratos: Também chamado de glicídios ou açúcares, os carboidratos são a principal fonte de energia das células e, consequentemente, do organismo. Geralmente, são encontrados em produtos de origem vegetal, como cereais, leguminosas, frutas e raízes. O mel e os alimentos açucarados, como balas, chocolates e sorvetes., também são ricos em carboidratos. >Lipídios: As gorduras (ou lipídios) são utilizadas como fonte de energia e na construção de estruturas celulares e hormônios, além de proteger o corpo contra choques físicos (amortecendo impactos) e variações de temperatura. Por isso, dizemos que os lipídios desempenham no organismo tanto funções energéticas como estruturais. São alimentos ricos em lipídios: leite integral, ovos, carnes gordurosas, castanhas, coco, azeite, etc. >Proteínas: Carne, leite, queijo, ovos e feijão são exemplos de alimentos ricos em proteínas. Esses nutrientes desempenham diversas funções no organismo e são a principal matéria-prima de construção do corpo. Por isso, dizemos que eles têm função plástica ou estrutural. As proteínas são formadas por moléculas menores, chamadas de aminoácidos. Na natureza, existem cerca de 20 tipos distintos de aminoácido. Porém, pelo menos 9 deles (no caso das crianças, 10) não são produzidos pelo organismo e precisam ser obtidos por meio da alimentação. Eles são chamados de aminoácidos essenciais.. >Digestão: ∙ Ao contrário da água, dos sais minerais e das vitaminas, que são formados por moléculas pequenas o suficiente para entrar nas células, as proteínas, os lipídios e a maioria dos carboidratos presentes nos alimentos são constituídos por moléculas que precisam ser quebradas em partes menores por meio de um processo chamado digestão. Depois de digeridos, os nutrientes presentes nos alimentos podem ser distribuídos pelo organismo e utilizados pelas células como fonte de energia, crescimento e produção de outras substâncias ou de novas células. >Sistema digestório: ∙O sistema digestório é formado por diversos órgão que compõem o tubo digestório. Fazem parte desse sistema: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus. Também participam da digestão algumas glândulas, como o fígado, o pâncreas e as glândulas salivares. Além disso, anexa ao fígado há a vesícula biliar, responsável pelo armazenamento da bile. ∙É o trabalho combinado desses órgãos e glândulas a absorção dos nutrientes necessários ao com funcionamento do organismo. >Boca: ∙A boca é a primeira estrutura do tubo digestório a entrar em contato com o alimento. Em seu interior, ocorrem 2 tipos de digestão: a digestão mecânica, que quebra os alimentos em partes menores por meio da mastigação, e a digestão química, que transforma os nutrientes do alimento em moléculas menores pela ação das enzimas digestivas. Na boca estão as glândulas salivares, a língua e os dentes. O que são as enzimas? São proteínas com funções específicas que facilitam as reações químicas. >Glândulas salivares: ∙As glândulas salivares produzem e secretam a saliva por meio de canais que se abrem no interior da boca. A saliva umidifica o alimento facilitando a mastigação e a deglutição – ato de engolir. Além disso, é indispensável para a digestão do amido e possui substâncias que ajudam a evitar infecções na boca e na garganta. Três pares de glândulas são responsáveis pela produção da saliva: a parótida, a sublingual e a submandibular. >Língua: ∙A língua é o principal órgão responsável pela gustação. Por meio dela somos capazes de distinguir cinco estímulos básicos: o doce, o amargo, o azedo, o salgado e o umami (termo de origem japonesa que significa “sabor agradável”). Ela possui em sua superfície uma série de pequenas elevações, chamadas papilas gustatórias. Algumas papilas apresentam botões gustatórios, estruturas sensoriais que permitem a percepção do sabor dos alimentos. Além disso, a mobilidade da língua é indispensável à fala e auxilia na mastigação e na deglutição dos alimentos. >Dentes: ∙Os dentes têm a função de mastigar e tritura os alimentos. O ser humano, por ser um animal onívoro, isto é, que pode obter alimentos tanto de fontes animais quanto vegetais, possui uma dentição mista, com dentes de diferentes tamanhos e formatos que possibilitam cortar, perfurar e moer os alimentos. >Transformação do alimento na boca: ∙Durante a mastigação, o alimento é triturado pelos dentes e sofre a ação da amilase salivar, uma enzima presente na saliva. Essa enzima é responsável pela digestão do amido, carboidrato encontrado em alimentos como pães e batata, que é quebrado em moléculas menores antes de ser absorvido pelo organismo. Por isso é tão importante mastigarmos bem os alimentos: ao serem quebrados em pedaços menores, a sua área de contato com as enzimas digestivas aumenta. Depois de triturado e misturado à saliva, o alimento deglutido passa a ser chamado de bolo alimentar e segue para a faringe. >Faringe: ∙A faringe é um órgão comum aos sistemas digestório e respiratório. Da faringe, o alimento segue em direção ao estômago, passando pelo esôfago; o ar, por sua vez, segue em direção aos pulmões, passando pela traqueia. >Esôfago: ∙O esôfago é um órgão em forma de tubo que mede aproximadamente 25 centímetros. Sua principal função é conduzir o bolo alimentar para o estômago por meio dos movimentos peristálticos, resultantes da contração da musculatura lisa, de controle involuntário. O que é a musculatura lisa? ∙O tecido muscular liso, também chamado de tecido muscular não estriado ou tecido muscular visceral, é constituído por células mononucleadas e alongadas. Esse tipo de músculo pode ser encontrado nas paredes dos órgãos ocos, como estômago, útero, bexiga, artérias, veias, vasos sanguíneos, etc. >Estômago: ∙O estômago é um órgão com capacidade de aproximadamente um litro e meio, mas pode se expandir e chegar a quatro litros. Em cada uma de suas extremidades existe um esfíncter, um anel muscular que controla a entrada e saída de alimentos. Seu interior apresenta muitas glândulas, que produzem o suco gástrico. As paredes internas do estômago são revestidas de uma grossa camadade células que secretam muco, chamada mucosa. O muco secretado por essas células protege a parede do estômago da ação do suco gástrico, que é muito ácido por conter, em sua composição, ácido clorídrico. ∙Esse ácido favorece a atuação de uma protease, enzima produzida no estômago e responsável pela digestão de proteínas. Nesse estágio, o bolo alimentar é denominado quimo. Ao sair do estômago, o quimo ácido chega à primeira porção do intestino delgado, onde participará de outras transformações. >Pâncreas: ∙O corpo humano possui estruturas especializadas na produção e liberação de substâncias. São as glândulas. Embora não façam parte do tubo digestório, algumas delas são fundamentais para a digestão dos alimentos e, por isso, são chamadas glândulas anexas. Além do pâncreas, o fígado e as glândulas salivares também são considerados glândulas anexas. O pâncreas está localizado próximo ao estômago e é responsável pela produção e pela liberação do suco pancreático. Apesar de ser produzido no pâncreas, esse suco atua no intestino delgado, onde contribui para a digestão e neutraliza a acidez do quimo proveniente do estômago. Além da sua atuação no processo digestório, o pâncreas também é responsável pela produção e secreção de hormônios, substâncias que participam da regulação do funcionamento do corpo. >Fígado: ∙O fígado é a maior glândula do corpo humano e está localizado no lado direito do abdome. Ele é responsável pela produção da bile, substância sem enzimas que facilita a digestão das gorduras. ∙As gorduras são moléculas insolúveis em água e tendem a se agrupar, formando grandes glóbulos. A bile cria uma ponte entre as partículas de gordura e as de água, atuando como um detergente. Isso faz com que os glóbulos formem inúmeras gotículas de gordura, aumentando a superfície de ação da lipase, uma enzima que atua na digestão de lipídios. Por isso, dizemos que a bile não tem função digestória, mas emulsificante (substância que aumenta o contato entre líquidos que não se misturam). ∙Além disso, o fígado desempenha outras funções no organismo, como o armazenamento de algumas vitaminas e minerais; o armazenamento de glicose na forma de glicogênio, que é a principal substância que fornece energia para o funcionamento do corpo; e a desintoxicação do organismo, pois envia as toxinas para os rins para serem eliminadas. >Vesícula biliar: ∙A vesícula biliar situa-se próxima à parte inferior do fígado. Ela é responsável pelo armazenamento e pela liberação da bile durante a digestão, mas não é considerada uma glândula anexa porque não produz nenhuma substância. A bile é liberada por um canal que desemboca na primeira porção do intestino delgado, chamado duodeno. >Intestino delgado: ∙O intestino delgado é um órgão tubular que pode medir até nove metros de comprimento. Seu tamanho está relacionado à sua função, pois a grande extensão aumenta a capacidade de absorção dos nutrientes. Esse órgão é dividido em 3 regiões: duodeno, a porção inicial, jejuno, a porção mediana, e íleo, a porção final. ∙É no intestino delgado que a digestão se completa e os nutrientes presentes nos alimentos são absorvidos, depois da ação simultânea do suco pancreático, da bile e do suco entérico. O suco pancreático contém enzimas que digerem proteínas (proteases), carboidratos (amilase pancreática) e lipídios (lipase); a bile emulsifica gorduras; e o suco entérico, produzido pelo intestino delgado, contém enzimas que atuam na digestão de proteínas e carboidratos. · Após as transformações que sofre no intestino delgado, o bolo alimentar passa a se chamar quilo. Os nutrientes presentes no quilo, já transformados em moléculas muito pequenas, são absorvidos pelas células do intestino. · As paredes do intestino delgado apresentam diversas dobras, chamadas vilosidades intestinais. As membranas das células das vilosidades, por sua vez, possuem dobras ainda menores, as microvilosidades. O papel dessas dobras é aumentar a superfície de contato do alimento digerido no intestino, potencializando sua capacidade de absorção. · Na pessoas com doença celíaca, partes não digeridas das proteínas do glúten são absorvidas, provocando uma reação inflamatória que ataca as células da superfície do intestino delgado. Com o tempo, as vilosidades do intestino são danificadas e deixam de absorver os nutrientes. >Intestino grosso · O intestino grosso mede aproximadamente 1,5 metros e se divide em 3 partes: ceco, colón e reto. O ceco é a parte inicial do intestino grosso associada à porção final do intestino delgado. Anexa ao ceco, encontra- se uma pequena estrutura em formato de saco alongado chamada apêndice. O cólon apresenta 4 segmentos (cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e cólon sigmoide) e corresponde à parte mais longa do intestino grosso. O reto é a parte final do tubo digestório e se comunica com o exterior pelo ânus. · O intestino grosso não possui vilosidades, mas é responsável pela absorção de parte da água e dos sais minerais que não foram absorvidos pelo intestino delgado. Os restos alimentares que não foram digeridos são compactados e formam as fezes. Por isso, as bactérias que constituem a microbiota intestinal (antigamente chamada de flora intestinal) são fundamentais. Além de auxiliar na formação das fezes, elas contribuem para a absorção de nutrientes, o combate a bactérias nocivas e a produção de vitaminas do complexo B e da vitamina K. · Além disso, para o bom funcionamento do intestino, é preciso incluir alimentos ricos em fibras e muitos líquidos na dieta. As fibras, estão presentes em diversos tipos de alimento, especialmente em frutas, verduras e alimentos integrais, e, embora não sejam digeridas, aumentam o volume das fezes, facilitando sua passagem pelo intestino, acelerando o trânsito intestinal e evitando a constipação (intestino preso). Depois de formadas, as fezes podem permanecer no intestino grosso por até 24 horas antes de serem eliminadas pelo ânus. >Metabolismo e alimentos · Precisamos de energia para o coração bater, para manter a temperatura corporal constante, para realizar os movimentos respiratórios, etc. Além disso, somos formados por tecidos que estão em constante renovação e, portanto, necessitam de material para a construção de novas células. A energia necessária para a construção, o crescimento e a regulação do organismo provém dos alimentos e todos esses processos dependem da atuação integrada de diversos sistemas. · Chamamos de metabolismo o conjunto de reações químicas que ocorrem em um organismo. É por meio dessas reações que as células transformam as moléculas que chegam até elas em novas substâncias ou as utilizam como fonte de energia. >Tipos de alimentos · Os alimentos, em sua maioria, são uma combinação de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais. A partir da presença dessas moléculas nos alimentos, em maior ou menor quantidade, é possível classificá-los, de acordo com a sua função metabólica, em energéticos, estruturais (construtores ou plásticos) ou reguladores. · Alimentos energéticos: são aqueles que fornecem energia para o nosso organismo; os carboidratos e os lipídios são os principais exemplos de alimentos desse tipo. · Alimentos estruturais: são aqueles que auxiliam na construção dos tecidos. As proteínas constituem a principal molécula construtora do organismo, porém os lipídios também têm esse papel. Os músculos, por exemplo, são formados essencialmente por proteínas, enquanto a membrana plasmática de todas as nossas células é constituída por proteínas e lipídios. · Alimentos reguladores: são responsáveis pelaregulação de diversas reações metabólicas. Fazem parte desse grupo as vitaminas e os sais minerais. Essas moléculas, presentes especialmente em frutas, verduras e legumes, atuam no funcionamento de muitas enzimas e sua deficiência ou seu excesso podem ter consequências para a nossa saúde. O bom funcionamento do organismo depende de uma alimentação variada e balanceada, com refeições que incluam os 3 tipos de alimentos. >Hábitos alimentares saudáveis · De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”. Nesse contexto, a alimentação é um fator importante para nos mantermos saudáveis. Para ter uma alimentação saudável, são recomendados alguns hábitos, como: · dar preferência a alimentos in natura ou minimamente processados; ∙ ter uma alimentação variada, ingerindo carnes magras, leite, ovos e, principalmente, frutas, verduras e legumes; ∙ fracionar mais os alimentos ingeridos, ou seja, fazer mais refeições com porções menores de comida, pois isso aumenta a sensação de saciedade e evita a ingestão de guloseimas; ∙ comer devagar e mastigar bem os alimentos, pois, quanto mais triturados eles estiverem, maior é a superfície de atuação das enzimas na digestão. >Massa corpórea e saúde ∙As facilidades da vida moderna e a tecnologia nos propiciaram um estilo de vida cada vez mais sedentário, ou seja, com pouca ou nenhuma atividade física. Além disso, a oferta e o consumo de alimentos industrializados e processados, ricos em sal, gordura e açúcares, são cada vez maiores. · A variação de massa corpórea depende da relação entre energia gasta e energia obtida pela ingestão dos alimentos. Se o gasto for inferior à ingestão, haverá aumento de massa (engorda); se for superior, haverá redução (emagrecimento). Diversos fatores podem influenciar esse balanço, sendo os hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos os mais importantes. · Assim, o consumo de alimentos deve ser equilibrado e coerente com as demandas energéticas de cada indivíduo. Isso significa que a quantidade de alimentos consumida diariamente deve variar de acordo com o sexo, a idade e o estilo de vida da pessoa. Um adulto sedentário, por exemplo, deve ingerir cerca de 2.500 kcal/dia, enquanto alguém que trabalhe com algo que exija esforço físico ou um atleta pode precisar ingerir mais de 5.000 kcal/dia. · É preciso lembrar, porém, que a saúde de uma pessoa não é determinada apenas por sua massa corpórea. Uma pessoa considerada magra e que se alimenta de forma inadequada, por exemplo, pode ter mais problemas de saúde do que uma pessoa sobrepeso, mas que se alimente de forma saudável. >Transtornos alimentares · Quando um indivíduo apresenta comportamento alimentar que causa grandes prejuízos à sua saúde, dizemos que há um transtorno alimentar. Os transtornos alimentares mais comuns atualmente são a anorexia e a bulimia. As pessoas que desenvolvem esses transtornos, geralmente, têm uma imagem distorcida de seu corpo. · A anorexia consiste em suspender a alimentação ou reduzi-la ao mínimo, com o objetivo de emagrecer. Caso não seja tratado a tempo, esse transtorno pode levar a magreza excessiva, desnutrição e morte. · A bulimia geralmente está associada a episódios de compulsão alimentar seguidos de indução ao vômito ou ingestão de laxantes e diuréticos. Outras atitudes, como jejum prolongado ou a prática excessiva de atividades físicas, também podem estar associadas a esse transtorno. · O tratamento desses transtornos exige, além da orientação de um nutricionista, acompanhamento médico e psicológico de longo prazo. Além disso, o apoio e a compreensão de familiares e amigos desde o diagnóstico são fundamentais.