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Pesquisa de Mercado Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz de Souza Lima e Profa. Esp. Isabel Souza Lima Revisão Técnica: Prof. Esp. Willians de Abreu Revisão Textual: Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti 5 • Introdução • Processo de Pesquisa de Marketing São fundamentais discussões sobre um dos assuntos abordados, associando os mesmos com os seguintes temas: • Pesquisa de Mercado; • Segmentação, Definição do Público-Alvo e Posicionamento; • Mix de Marketing (popularmente chamado de quatro “Ps“, ou seja, produto, preço, praça e promoção); • Implementação; e • Controle (onde deve ser obtido o feedback e avaliado os resultados, além da revisão e melhoria da estratégia de SDP e das táticas de MM). A expectativa é poder conduzir o assunto como uma excelente oportunidade de interação dos conceitos versus atividades empresariais. · Nesta unidade, vamos procurar compreender um pouco melhor o que é Pesquisa de Mercado e quais são as principais definições do tema. O Marketing eficaz começa com a Pesquisa de Mercado (PM). A Pesquisa em um mercado vai revelar vários segmentos, que consistem em compradores com diferentes necessidades. · Apresentamos os conceitos teóricos que trabalharemos na unidade, a Pesquisa de Marketing envolve a coleta de informações relevantes sobre problemas de marketing específicos com os quais a empresa se defronta. Todo Profissional de Marketing necessita de Pesquisas de Marketing, e muitas empresas têm seus próprios departamentos de pesquisa. A Pesquisa de Marketing envolve um processo de quatro etapas. Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing 6 Unidade: Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing Contextualização Entender o mercado é sem dúvida uma missão árdua para o profissional de Marketing, além da expertise e talento individual de cada indivíduo é preciso também, conhecer os conceitos que englobam as necessidades do Marketing em um mercado cada vez mais competitivo. Nesta primeira unidade, veremos os conceitos básicos que regem toda esta esfera mercadológica, ensinamentos estes, que abrirão nossa mente para nos aprofundarmos na importância da Pesquisa de Mercado. Para abrir a discussão, assistiremos a alguns vídeos que abordam de forma dinâmica parte dos tópicos que analisaremos futuramente. Atenção e bastante leitura nos ajudarão a compreender os novos desafios. ExplorE AssistA: • Negócios & Soluções - Pesquisa de Mercado Parte 1 http://youtu.be/qfHIiTS1T88. • Negócios & Soluções - Pesquisa de Mercado Parte 2 http://youtu.be/Qqr54HglEaY. • Negócios & Soluções - Pesquisa de Mercado Parte 3 http://youtu.be/_4yex69zLgQ. http://youtu.be/qfHIiTS1T88 http://youtu.be/Qqr54HglEaY http://youtu.be/_4yex69zLgQ 7 Alguns conceitos básicos a respeito de pesquisa de marketing são fundamentais para o estudo dessa área. Então, vamos a eles? O Marketing envolve uma pesquisa cuidadosa sobre as oportunidades existentes no mercado e a preparação de estimativas financeiras baseadas nas estratégias propostas que indiquem se os retornos atenderiam aos objetivos financeiros da empresa. A Pesquisa de Marketing, por sua vez, envolve a investigação contínua a respeito das forças do mercado e das tendências da indústria, de modo a identificar novos processos, tecnologias e serviços que venham a melhorar o produto final para o cliente. Inclui a revisão de processos e tecnologias em uso, visando à sua melhoria contínua. A Pesquisa de Marketing levará a empresa a reconhecer que os compradores em qualquer mercado normalmente diferem em suas necessidades, percepções e preferências. A Figura 1 apresentam as interfaces e a integração da Pesquisa de Marketing com os demais Processos Mercadológicos da empresa. Figura 1 - Visão dos Processos Mercadológicos Fonte: Lima, 1996. Essa integração deve ser incisiva, visando, assim, possibilitar a melhor integração da empresa com as suas estratégias mercadológicas. O processo de Pesquisa de Marketing consiste em quatro passos: • Definição do problema e dos objetivos da pesquisa; • Desenvolvimento do plano de pesquisa; • Implementação do plano de pesquisa e interpretação; • Apresentação dos resultados. Introdução 8 Unidade: Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing A Figura 2 apresenta o processo de pesquisa de mercado, definido por Kotler & Armstrong (1991). Figura 2 - Processo de Pesquisa de Mercado - Fonte: Kotler & Armstrong, 1991. Definição do Problema e dos Objetivos da Pesquisa O Profissional de Marketing é o responsável pela pesquisa e deve trabalhar da melhor forma possível para definir o problema e os objetivos da pesquisa com precisão. O profissional de marketing compreende melhor o problema para o qual a informação é necessária, além de conhecer o melhor processo de pesquisa de mercado e das formas de obter a informação. Os Profissionais de Marketing devem dominar os procedimentos de pesquisa de mercado para, dessa forma, ajudarem no planejamento e na interpretação dos resultados obtidos. Por outro lado, desconhecer tais procedimentos implica obter a informação inadequada, aceitar conclusões erradas ou pedir informações muito caras. Num primeiro momento, em qualquer processo de pesquisa mercadológica, o primeiro passo deve envolver também os responsáveis pela pesquisa para que possam compreender o problema da empresa. Assim, cabe aos Profissionais de Marketing ajudar a empresa a definir seu problema e sugerirem meios de pesquisa que possam ajudar seus gestores a tomarem as melhores decisões. A definição do problema e dos objetivos da pesquisa constitui o passo mais difícil no processo de pesquisa. Normalmente, os Profissionais de Marketing sabem que algo está acontecendo, mas não sabem precisar as causas especificas. Kotler & Armstrong (1991) citam como exemplo que os gerentes de uma determinada cadeia de lojas varejistas deduziram, apressadamente, que uma queda nas vendas teria sido causada por um trabalho ineficiente de propaganda e ordenaram que fosse feita uma pesquisa para testar a propaganda da empresa. Quando tal pesquisa mostrou que a propaganda estava atingindo o público certo e usando a mensagem correta, os gerentes ficam confusos. Contudo, descobriu-se, depois, que a cadeia de lojas não fornecia o que sua propaganda prometia. Processo de Pesquisa de Marketing 9 Uma cuidadosa definição do problema teria evitado os gastos de dinheiro e tempo com a referida pesquisa e teria sugerido a execução de outra pesquisa acerca do problema real que a empresa enfrentava: a reação dos consumidores aos produtos, serviços e preços oferecidos pelas lojas da cadeia. Após o problema ter sido cuidadosamente definido, o Profissional de Marketing deve definir os objetivos de sua ação. O projeto de uma Pesquisa de Marketing pode ter um dentre três tipos de objetivos. Os objetivos exploratórios consistem em reunir informações preliminares que ajudarão a definir o problema e sugerir hipóteses. Já os descritivos apontam possíveis potenciais de mercado para consumidores de determinada marca, produto ou serviço e, por fim, os casuais testam hipóteses sobre relações de causa e efeito. Para ilustrar tais objetivos, Kotler & Armstrong (1991) citam como exemplo: uma redução de 10% no valor da mensalidade de uma escola particular resultaria um aumento efetivo do número de matrículas que seria suficiente para compensar a redução? Para tanto, deve-se começar com uma pesquisa exploratória para, em seguida, utilizar uma pesquisa descritiva ou casual. Nesse sentido, como se vê, a definição do problema e os objetivos da pesquisa guiarão todo o processo, cabendo ao Profissional de Marketing definir tais dados, os quais devem ser registrados por escrito, de forma a se certificarem de que os gestores estão de acordo com o propósito da pesquisa. Desenvolvimento do plano de pesquisa para coleta de informações O segundo passo do processo dePesquisa de Marketing consiste na identificação necessária, no desenvolvimento de um plano para coletá-la de maneira eficiente e na apresentação do plano para a gerência de marketing. Esse plano estabelece as fontes de dados secundários e explica, detalhadamente, os métodos específicos utilizados na pesquisa, os planos de caracterização de amostragem e os instrumentos de coleta dos dados primários. Esse segundo passo do processo de pesquisa de mercado envolve as seguintes etapas: Identificação da informação necessária Os objetivos da pesquisa devem ser traduzidos em necessidades informacionais especificas. Como exemplo, suponhamos que o Carrefour decida executar uma pesquisa para descobrir como os consumidores reagiriam se a empresa substituísse seus conhecidos sacos plásticos de embalagem por novos sacos em papelão reciclado, ou que os consumidores viessem às suas lojas com sacolas reutilizáveis, visando, assim, ao atendimento aos aspectos de preservação ambiental. Essa pesquisa poderia exigir as seguintes informações específicas: • As características demográficas, econômicas e o estilo de vida dos atuais consumidores (casais que trabalham fora e estão sempre muito atarefados e poderiam considerar que a conveniência da nova embalagem compensa o preço; famílias com crianças poderiam preferir pagar menos e ter o trabalho de usar as novas embalagens); 10 Unidade: Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing • Os padrões de uso das embalagens, por parte dos consumidores, ou seja, quanto, onde e quando consomem; • O número de idas ao mercado, por parte do consumidor; • A reação dos consumidores às novas embalagens; • A atitude dos consumidores em relação à nova embalagem (os consumidores as aceitariam?) • A previsão de vendas tanto para as novas, quanto para as atuais embalagens. Os gerentes do Carrefour necessitarão desses e de muitos outros tipos de informações para decidirem se irão introduzir a nova embalagem no mercado. Coleta de Informações Secundárias Para atender às necessidades de informações dos gerentes, os responsáveis pela pesquisa podem coletar dados secundários, dados primários, ou ambos. Dados secundários consistem informações que já existem em algum lugar, tendo sido coletadas para algum outro propósito. Dados primários consistem informações coletadas para o propósito específico em questão. Em geral, os responsáveis pela pesquisa iniciam seu trabalho coletando dados secundários. Os dados secundários podem ser obtidos mais rapidamente e a custo menor do que os dados primários. Por exemplo, uma visita a uma biblioteca pode prover, a um custo quase zero, toda a informação de que as Casas Bahia necessitam sobre o uso de forno de microondas. Um estudo para coletar informações primárias pode tornar semanas ou mesmo meses e custar milhares de reais. Além disso, fontes secundárias podem, algumas vezes, fornecer dados que uma empresa não poderia coletar por sua própria iniciativa - informação que não está diretamente disponível ou que custaria muito caro para ser coletada, assim, seria muito caro para a Electrolux conduzir uma contínua auditoria sobre seus varejistas para levantar dados sobre a participação de mercado, preços e displays das marcas de seus concorrentes. Mas a empresa pode adquirir o índice Nielsen de Varejistas, que fornece informações advindas de auditorias realizadas regularmente em supermercados, drogarias e lojas varejistas de massa. Contudo, dados secundários também podem apresentar certos problemas. As informações necessárias podem não existir. Os responsáveis pela pesquisa raramente conseguem obter todos os dados necessários de fontes secundárias. Por exemplo, o Carrefour não encontrará informações sobre a reação dos consumidores à nova embalagem que ela ainda não lançou no mercado. Mesmo quando os dados são encontrados, eles podem ser pouco úteis. Por isso, o Profissional de Marketing deve analisar a informação cuidadosamente para certificar-se de que é relevante, ou seja, se é adequada às necessidades do projeto de pesquisa; precisa, isto é, coletada e apresentada de forma confiável; atual, se é suficientemente atualizada para servir de base para a tomada das decisões em questão; e, por fim, imparcial, ou seja, coletada e apresentada de forma objetiva. 11 Dados secundários é um bom ponto para uma pesquisa e, com frequência, ajudam a definir seus problemas e objetivos. Contudo, na maior parte dos casos, os dados secundários não fornecem toda a informação necessária e a empresa necessita coletar dados primários. Planejamento da coleta de dados primários Da mesma forma que os responsáveis pela pesquisa devem avaliar cuidadosamente a qualidade da informação secundária que obtêm, devem também tomar cuidado ao coletar dados primários, de forma a se assegurarem de que sejam relevantes, precisos, atuais e imparciais. Várias empresas vendem informações coletadas por meio de observações mecânicas. Por exemplo, a A.C. Nielsen Company e O IBOPE conectam “medidores” junto a aparelhos de televisão em lares selecionados, para gravar quem vê quais programas. Com base nessa técnica, a Nielsen e o IBOPE providenciam dados acerca do tamanho e a constituição demográfica das audiências para vários programas de televisão. As emissoras de televisão usam essas estatísticas para verificar a popularidade de seus programas e definir os preços para o tempo de propaganda. Por sua vez, as agências de propaganda utilizam-se dessas estatísticas ao selecionarem programas para seus comerciais. Scanners de checagem posicionados em lojas de vendas a varejo também fornecem dados por meio de observação mecânica. Esses scanners a laser gravam com detalhes as compras feitas por consumidores. Empresas de produtos de consumo e varejistas utilizam essa informação para acompanhar e melhorar as vendas de seus produtos e o desempenho de suas lojas. Há, ainda, algumas empresas de pesquisa de mercado que oferecem sistemas de informação de fonte única que monitoram eletronicamente tanto as compras dos consumidores, quanto sua exposição aos vários esforços de Marketing, numa tentativa de avaliar melhor a correlação entre os dois. A pesquisa através de observação pode ser utilizada para obter informações que as pessoas não desejam ou não podem fornecer. Em alguns casos, a observação pode ser o único meio para se obter a informação necessária. Por outro lado, certos dados não são acessíveis à observação, tais como: sentimentos, atitudes, motivos ou comportamentos privados. Comportamentos a longo prazo ou esporádicos também são difíceis de se observar. Devido a tais limitações, os responsáveis pela pesquisa normalmente se valem da observação aliada a outros métodos de coleta de dados. O levantamento é o método mais adequado da coleta de informações descritivas. Uma empresa que deseja obter dados sobre o conhecimento, atitudes, preferências ou comportamentos de compra dos consumidores pode indagá-las diretamente. O levantamento pode ser estruturado ou não. Pesquisas estruturadas usam questionários formais, os quais são aplicados a todos os entrevistados da mesma forma. Pesquisas não estruturadas permitem que o pesquisador conduza a entrevista de acordo com as respostas dos entrevistados. O levantamento pode ser direto ou indireto. Na forma direta, o pesquisador propõe perguntas diretamente sobre padrões de comportamento ou ideais, por exemplo, “por que você não compra roupas na Wal-Mart”? Por outro lado, o pesquisador pode usar o método indireto, indagando questões do tipo: “que tipos de pessoas compram roupas na Wal-Mart?”. Da resposta obtida para essa questão indireta, o pesquisador pode ser capaz de descobrir por que os consumidores evitam as roupas da Wal-Mart. De fato, a resposta pode sugerir razões das quais o consumidor não tem consciência. 12 Unidade: Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing O levantamento é o método mais utilizado para coleta de dados primários e, frequentemente, o único métodoutilizado em uma pesquisa. A principal vantagem do levantamento é sua flexibilidade. Ele pode ser utilizado para se obter muitos tipos diferentes de informação em diversas situações de Marketing, dependendo do projeto de pesquisa, ele também pode fornecer informações com mais rapidez e a um custo mais baixo do que a pesquisa pela observação ou experimental. Contudo, o levantamento também apresenta alguns problemas. Por vezes, as pessoas sentem- se incapazes de responder as questões por não se lembrarem ou nunca terem pensado sobre o que fazem e por que fazem. Ou as pessoas podem não desejar responder a entrevistadores que não conhecem ou sobre assuntos que consideram particulares. Pessoas ocupadas podem não querer perder tempo respondendo um questionário. Algumas pessoas respondem a questões para as quais não têm as respostas a fim de causarem a impressão de serem inteligentes ou bem informadas. Ou ainda, podem tentar ajudar o entrevistador dando respostas agradáveis. Um projeto de pesquisa cuidadoso pode ajudar a minimizar esses problemas. Enquanto a observação é mais adequada à pesquisa exploratória e o levantamento à pesquisa descritiva, a pesquisa experimental é mais adequada para a coleta de informação do tipo causal. Esse tipo de pesquisa envolve: seleção de grupos experimentais, controle de fatores aleatórios e checagem das diferenças de comportamento e respostas dos grupos. A pesquisa experimental tenta explicar as relações causa e efeito. A observação e o levantamento podem ser usados para coletar informações em pesquisas experimentais. Responsáveis por uma pesquisa a serviço do McDonald’s podem valer-se da pesquisa experimental para responder as seguintes questões, antes de acrescentarem um novo sanduíche ao cardápio: em quanto este novo sanduíche irá aumentar as vendas do McDonald’s? Como o novo sanduíche afetará as vendas dos outros itens do cardápio?1 Por exemplo, para testar os efeitos de dois preços diferentes, o McDonald’s poderia realizar o seguinte experimento: introduzir o novo sanduíche por um dado preço em uma cidade e por outro preço em outra. Se as cidades forem similares e se todos os esforços de Marketing para o sanduíche forem os mesmos, as diferenças de vendas que ocorrerem nas duas cidades estarão relacionadas à diferença no preço. Experimentos mais complexos podem ser elaborados para incluir outras variáveis e outros locais. Formas de contato Pode-se coletar informações por carta, telefone ou entrevistas pessoais, já questionários postais apresentam muitas vantagens. Eles podem ser utilizados para coletar grande quantidade de informações a um custo baixo por entrevistado o qual pode oferecer respostas mais honestas do que dariam às questões apresentadas de uma forma mais pessoal ou pelo telefone e, ainda, o entrevistador não está envolvido e, portanto, não influenciaria as respostas do entrevistado. Contudo, os questionários postais também apresentam algumas desvantagens. Não são muito flexíveis, exigem questões mais simples e claras. Todos os entrevistados respondem às mesmas questões, seguindo uma ordem pré-fixada, e o pesquisador não pode adaptar o questionário com base em respostas anteriores. Pesquisas pelo correio demandam muito tempo e a taxa de retorno é média, o número de pessoas que devolvem os questionários completos é, na maioria 1 Kotler & Armstrong (1991). 13 das vezes, muito baixo. Por fim, o pesquisador tem pouco controle sobre a amostra obtida por correspondência, mesmo com uma boa lista de mala direta, é difícil controlar quem preencherá o questionário, dentre os residentes no endereço de destino. Já entrevistas por telefone é o melhor método para a coleta rápida de informações e proporcionam mais flexibilidade do que o questionário postal. Os entrevistadores podem explicar as questões que não forem compreendidas. Dependendo das respostas dos entrevistados, podem-se deixar de lado algumas questões ou aprofundar-se mais em outras. Entrevistas por telefone também permitem mais controle de amostras. Os entrevistadores podem pedir para falar com as pessoas que possuem as características desejadas ou com determinada pessoa, por exemplo, com o chefe da família. A taxa média de respostas tende a ser mais elevada do que a obtida com questionários enviados pelo correio. No entanto, a entrevista pelo telefone também tem suas desvantagens. O custo por entrevistado é mais alto do que os questionários postais, e as pessoas podem não desejar discutir questões pessoais com o entrevistador. A presença de um entrevistador no processo aumenta a flexibilidade, mas pode introduzir distorções, pois, a maneira como os entrevistadores falam e pequenas diferenças na maneira como propõem as questões, ou seja, vários fatores podem afetar as respostas dos entrevistados. Por fim, diferentes entrevistadores podem interpretar e registrar as respostas de maneiras diferentes e, sob a pressão do tempo, alguns deles podem mesmo registrar respostas sem fazer perguntas. Entrevistas pessoais assumem duas formas: entrevistas individuais e grupais. As individuais envolvem a relação com pessoas em seus lares, escritórios, nas ruas ou em shopping centers. O entrevistador precisa conquistar a cooperação dos entrevistados, e o tempo gasto no processo pode variar de uns poucos minutos a vários. Algumas vezes, oferece-se uma pequena recompensa as pessoas em troca de seu tempo. Entrevistas grupais consistem em convidar de seis a dez pessoas para se reunirem por algumas horas com um entrevistador treinado para discutirem sobre o produto, serviço ou organização. O entrevistador deve ser objetivo e conhecer o assunto em questão e os padrões de comportamento de grupos e consumidores. Normalmente, os participantes recebem um brinde simbólico pela participação. A reunião ocorre em locais agradáveis, a fim de deixar os participantes à vontade e, assim, construir um ambiente informal. O entrevistador começa fazendo perguntas abrangentes, antes de abordar temas específicos e procura encorajar discussões livres, na esperança de que as interações do grupo produzam sentimentos e reflexões reais. Ao mesmo tempo, o entrevistador direciona a discussão para o tema principal. Os comentários são registrados por meio de anotações ou em videotapes, os quais são estudados posteriormente. Entrevistas com grupos estão se tornando uma das principais ferramentas de marketing para se obter acesso às ideias e sentimentos dos consumidores. Entrevistas pessoais são mais flexíveis e podem ser utilizadas para coletar grande quantidade de informação. Entrevistadores treinados podem conseguir a atenção de uma pessoa durante muito tempo e explicar questões difíceis. Eles são capazes de conduzir as entrevistas, explorar assuntos e direcionar os entrevistados de acordo com cada situação. Entrevistas pessoais podem recorrer a qualquer tipo de questionário. Os entrevistadores podem exibir produtos reais, propagandas ou embalagens aos entrevistados e observar suas reações e comportamentos. 14 Unidade: Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing Na maior parte dos casos, as entrevistas tomam bem pouco tempo. As principais desvantagens de entrevista pessoal são os custos, pois custam três ou quatro vezes mais do que a entrevista por telefone; e os problemas de amostragem, já que os grupos de discussão utilizam pequenas amostras, até como forma de reduzirem os custos e, ainda, o tempo despendido tornando-se, assim, difícil fazer uma generalização com base nos resultados obtidos. Outro problema consiste no fato dos entrevistadores têm mais liberdade de ação, aumentando o risco de distorção. Os avanços na área de computação e de comunicações tiveram um grande impacto nos métodos de obtenção de informações. Por exemplo, a maioria das empresas de pesquisa faz entrevistas auxiliadas por computador. O entrevistador lê uma série de questões exibidas em uma tela e digita as respostas do entrevistado diretamente no computador. Embora esse processoexija um grande investimento em equipamentos de informática e treinamento de entrevistadores, elimina a edição e codificação de dados, reduz o número de erros e poupa tempo. Outras empresas de pesquisa colocam terminais em shopping centers, nos quais os entrevistados sentam-se diante de um terminal, lêem as questões na tela e digitam suas próprias respostas no computador. Plano de amostragem Os responsáveis pela Pesquisa de Marketing geralmente tiram conclusões sobre grandes grupos de consumidores estudando uma pequena amostra da população total de consumidores. Uma amostra é um segmento da população selecionado para representar seu total. O ideal é que a amostra represente o mais fielmente seu segmento, para que, assim, o pesquisador possa fazer estimativas precisas das ideias e do comportamento da população pesquisada. Definir a amostra exige três decisões, segundo Kotler & Armstrong (1991): 1) Quem será entrevistado (qual a unidade de amostragem)? Responder a esta questão não é tarefa fácil. Por exemplo, para estudar o processo de tomada de decisão de uma família para a compra de um automóvel, o pesquisador deveria entrevistar o marido, a mulher outros membros da família, o revendedor, ou todos eles? O pesquisador deve determinar qual a informação é necessária e quem tem mais condições de fornecê-la. 2) Quantas pessoas devem ser entrevistadas (qual o tamanho da amostra)? Amostras maiores proporcionam resultados mais confiáveis. Contudo, não é necessário usar como amostra todo o mercado-alvo ou mesmo uma grande parcela para se conseguir resultados confiáveis. Quando bem definida, uma amostra de menos 1% da população pode ser bem confiável. 3) Como as pessoas que irão compor a amostra devem ser escolhidas (qual o procedimento de amostragem)? Para obter uma amostra representativa, os responsáveis pela pesquisa devem utilizar um dos três tipos de amostras probabilísticas. Mas quando essa amostra revela-se demasiadamente onerosa ou demandam muito tempo, os responsáveis pela Pesquisa de Marketing escolhem amostras não probabilísticas as quais podem ser úteis em muitas situações, ainda que o erro na amostragem não possa ser mensurado. Essas várias formas de definição de amostras têm diferentes custos e limitações de tempo, bem como precisão e propriedades estatísticas diversas. A escolha do método mais apropriado dependerá das exigências da pesquisa. 15 O Quadro 1 apresenta os tipos de amostras definidos por Kotler & Armstrong (1991): Quadro 1 – Tipos de Amostras Amostra Probabilística Amostra Aleatória Simples. Amostra Aleatória Estratificada. Amostra por Conglomerado (Área). Amostra Não-Probabilística Amostra por Conveniência. Amostra por Julgamento. Amostra por Quotas. Fonte: Kotler & Armstrong (1991). Instrumentos de pesquisa Na coleta de dados primários, os responsáveis pela pesquisa têm à sua escolha dois instrumentos: o questionário e os aparelhos eletrônicos. O questionário é o instrumento mais comum. De maneira geral, um questionário consiste uma série de questões apresentadas a uma pessoa entrevistada para obter suas respostas. O questionário é muito flexível, existem muitas formas de se fazer perguntas. Um questionário deve ser cuidadosamente elaborado e pré-testado antes que possa ser utilizado em grande escala. Um questionário preparado sem o devido cuidado pode conter muitos erros. Ao se preparar um questionário, o pesquisador de marketing deve decidir quais questões nele constará, qual a forma que tais questões irão assumir, bem como qual vocabulário será utilizado e sua ordem. Muitas vezes, um questionário não inclui questões importantes. Ao mesmo tempo, contém outras que não podem ser respondidas, não serão respondidas ou não precisam ser respondidas. Deve-se conferir se cada questão contribui para os objetivos da pesquisa. A forma da questão pode influenciar a resposta. Os responsáveis pela pesquisa de marketing distinguem entre questões fechadas e abertas. Questões fechadas incluem todas as respostas possíveis, e os entrevistados podem optar por aquelas que melhor retratam sua realidade ou opinião. Questões abertas permitem aos entrevistados responder com suas próprias palavras as formas principais desse tipo de questão as quais, frequentemente, são mais reveladoras que questões fechadas, uma vez que os entrevistados não ficam limitados em suas respostas. Questões abertas são especialmente úteis em pesquisas exploratórias, nas quais o pesquisador deseja descobrir o que as pessoas pensam ao invés de determinar quantas pessoas pensam de uma determinada forma. Questões fechadas, por outro lado, contém respostas que são mais fáceis de interpretar e tabular. Deve-se tomar cuidado também com o vocabulário utilizado. O pesquisador deve utilizar palavras simples, diretas e objetivas. É necessário testar as questões antes de apresentá-las ao público pesquisado. Outro item que precisa ser previamente estudado é a ordem das questões. Se possível, a primeira questão deve gerar interesse. Para evitar que os entrevistados assumam uma atitude defensiva, questões pessoais ou difíceis devem ser colocadas em último lugar. As questões devem ser ordenadas em sequência lógica. 16 Unidade: Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing Embora os questionários sejam o instrumento de pesquisa mais comum, existem também instrumentos eletrônicos, os quais foram citados anteriormente: medidores e scanners de supermercados. Outro grupo de instrumentos eletrônicos é utilizado para medir as reações físicas das pessoas. Um deles é o galvanômetro que mede a intensidade do interesse ou as emoções provocadas quando o indivíduo é submetido a diferentes estímulos: por exemplo, um anúncio ou uma foto. Já o taquistoscópio apresenta um anúncio em uma média de tempo de exposição que varia de um centésimo de segundo a vários segundos. Após cada exposição, os entrevistados devem descrever tudo de que se lembram. Câmeras oculares são utilizadas para estudar os movimentos dos olhos do entrevistado, de forma a determinar quais pontos os olhos focam em primeiro lugar e quanto tempo de demoram em um dado item (Kotler & Armstrong, 1991). Apresentação do plano de pesquisa Nesse estágio, o Profissional de Marketing deve resumir o plano sob a forma de uma proposta escrita. Uma proposta escrita é especialmente importante, quando o projeto é grande e complexo, ou quando será conduzido por outra empresa. A proposta também deve enfatizar os problemas de gerenciamento apontados, os objetivos da pesquisa, seus custos, informações a serem obtidas, fontes de informação secundária ou os métodos para coleta de dados primários, bem como os motivos pelos quais os resultados serão úteis no processo de tomada de decisão. Apresentar um plano ou proposta de pesquisa por escrito assegura que o Profissional de Marketing, responsável pela pesquisa, considere todos os aspectos importantes e que estão de acordo com a finalidade e a maneira como a pesquisa será realizada. Implementação do plano de pesquisa e interpretação Nesse passo, o Profissional de Marketing deve colocar o plano de pesquisa em ação. Envolve a coleta, processamento e análise de informação. A coleta de dados pode ser conduzida pela própria empresa ou por terceiros. Quando conduzida por ela, consegue manter mais controle sobre o processo de coleta e a qualidade dos dados utilizando seu próprio pessoal. Contudo, empresas especializadas em coleta de dados podem, em geral, realizar o trabalho com mais rapidez a um custo menor. Normalmente, a fase da coleta de dados é a mais cara e a que está mais sujeita a erro durante o processo de pesquisa de mercado. O pesquisador deve controlar todo o trabalho de campo e assegurar de que o plano esteja sendo implementado de forma correta. As possíveis situações que podem gerar problemas incluem contato com os entrevistados, que se recusam a cooperar ou fornecem respostas distorcidas ou desonestas e entrevistadores que cometam oserros, ou ainda, tentam reduzir seu trabalho. A coleta de dados deve ser processada e analisada para identificar informações e resultados importantes. Deve-se checar, aleatoriamente, os dados contidos nos questionários e codificá-los para a análise por computador. A seguir, o pesquisador utiliza os programas de computador para tabular os resultados e computar outras médias estatísticas, bem como para a interpretação e apresentação dos resultados. 17 Apresentação dos resultados O Profissional de Marketing deve, agora, interpretar os resultados, tirar conclusões e apresentá-las à gerência. O Profissional de Marketing não deve sobrecarregar os gerentes com números e técnicas estatísticas complexas. Ele deve apresentar os principais resultados úteis para a gerência, a fim de subsidiar o processo de tomada de decisões. Contudo, a interpretação de dados não deve ser feita somente pelos pesquisadores. Eles costumam ser especialistas em pesquisas e estatísticas, mas um Profissional de Marketing tem mais conhecimento dos problemas e das decisões a serem tomadas. Em muitos casos, os resultados podem ser interpretados de muitas formas diferentes, e discussões entre a gerência e os pesquisadores contribuirão para alcançar a melhor interpretação. A gerência deve estar atenta à execução adequada do projeto de pesquisa e certa de que toda a análise necessária foi feita. Após estudar os resultados, a gerência pode ter perguntas adicionais que devem ser respondidas pela análise mais profunda dos dados. É a gerência a responsável pela decisão das ações sugeridas pela pesquisa. Os responsáveis pela pesquisa podem, inclusive, apresentar os dados diretamente aos Profissionais de Marketing, para que possam empreender outras análises e testar novas relações entre os dados. A interpretação é uma fase importante do processo de marketing. Uma pesquisa não tem sentido se a gerência aceitar cegamente interpretações erradas dos responsáveis pela pesquisa. Da mesma forma, essa gerência pode ter interpretações distorcidas: eles tendem a aceitar os resultados que mostram aquilo que esperavam e rejeitar os demais. Portanto, os profissionais de marketing e os responsáveis pela pesquisa devem trabalhar em estreito contato ao interpretar seus resultados, já que ambos partilham a responsabilidade pelo processo de pesquisa e pelas decisões que dela resultam. A Pesquisa de Marketing envolve a coleta de informações relevantes sobre problemas de marketing específicos com os quais a empresa se defronta. Todo Profissional de Marketing necessita de Pesquisas de Marketing e muitas empresas têm seus próprios departamentos de pesquisa. Em síntese, A Pesquisa de Marketing envolve um processo de quatro etapas. A primeira refere-se à cuidadosa definição do problema e dos objetivos da pesquisa. Os objetivos podem ser exploratórios, descritivos ou causais. Coleta de dados primários exige: a escolha de um método de pesquisa (por observação, levantamento e experimental); a escolha de uma forma de contato (postal, telefônico e pessoal); a definição de um plano de amostragem (quem entrevistar, quantos entrevistar e como escolher estas pessoas); e a elaboração de instrumentos de pesquisa (questionário e instrumentos eletrônicos). Já o segundo passo consiste no desenvolvimento do plano de pesquisa para coleta de dados de fontes primárias e secundárias. Por sua vez, o terceiro passo consiste na implementação do plano de pesquisa de mercado por meio de coleta, processamento e análise da informação. E, por fim, o quarto, e último passo, consiste na interpretação e registro dos resultados. Uma análise adicional das informações ajuda os Profissionais de Marketing a aplicá-las e fornece procedimentos e modelos estatísticos avançados para obtenção de resultados mais rigorosos. Processo de Pesquisa de Marketing 18 Unidade: Conceitos Básicos de Pesquisa de Marketing Material Complementar Aproveitando um pouco mais das informações nesta unidade, vamos compreender melhor o que é Pesquisa de Mercado e quais são as principais definições do tema. Com o material complementar poderemos ler algumas informações simplificadas e iniciarmos esta unidade com textos que auxiliarão, futuramente, no contexto geral que engloba o Sistema de Pesquisa de Mercado. É fundamental a atenção e o interesse dos alunos nas leituras a seguir, lembre-se que elas servirão na visualização de novas informações e contribuirão na busca por um conteúdo extra e capaz de auxiliá-los na fluidez e aprofundamento desta disciplina. Acesse e leia os links abaixo, anote os pontos que julgar necessário durante a leitura. Veja o artigo “Pesquisa de Marketing” escrito por Fernando Rebouças para o portal Info Escola em: http://www.infoescola.com/publicidade/pesquisa-de-marketing/. Agora confira a matéria “As 10 maiores redes atacadistas do Brasil” de Daniela Barbosa para o portal da Revista Exame e compreenda um pouco mais sobre a mudança no hábito das compras das famílias brasileiras, que passaram a optar por idas às redes atacadistas ao invés dos tradicionais supermercados, acesse: http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/ as-10-maiores-redes-atacadistas-do-brasil. http://www.infoescola.com/publicidade/pesquisa-de-marketing/ http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/as-10-maiores-redes-atacadistas-do-brasil http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/as-10-maiores-redes-atacadistas-do-brasil 19 Referências CHURCHILL JR, G. A. & PETER, J. P. Marketing – Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2003. KOTLER, P. Marketing. São Paulo: Atlas, 1988. ______. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 2000. ______. Marketing de A a Z. Rio de Janeiro: Campus, 2003. ______. Marketing para o século XXI. 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