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1
2
Alessandro Almeida
Essa obra foi criada com o intuito de darsequência à primeira edição do livro#entreparágrafos, uma vez que visa fornecer
aos estudantes de ensino médio e de pré-
vestibulares as técnicas essenciais para romper as
barreiras que separam um bom escritor de um não
tão bom. Essa distinção é feita a partir de inúmeros
pilares, tais como: estilo, normas, estrutura e ideias
para que você, aluno, consiga romper essa barreira
e alcance êxito na produção de redações para
vestibulares e concursos. Logo, essa obra foi
publicada com intuito de auxiliá-lo.
Alessandro Almeida, Dr. em História, professor uni-
versitário e da rede privada de ensino, em Montes
Claros, demonstra, nesta obra, a sua bagagem e
seu repleto repertório, em parágrafos, sobre temas
variados e complexos, sempre presentes em provas
de vestibulares e concursos. Esses temas contem-
plam assuntos diversos, como: política, redes so-
ciais, violência, saúde, cultura, entre outros. A
composição dos parágrafos oferece ao leitor a capa-
cidade de interpretar temas e aplicar, no processo
de escrita, um riquíssimo repertório, repleto
de conceitos, autores, mídias e outras ferramen-
tas necessárias para a nota máxima nessas avalia-
ções. Portanto, o livro #entreparágrafos é uma dá-
diva concedida aos estudantes, professores e pes-
quisadores, em geral, ávidos na pretensão de com-
preenderem e compor textos, aliando qualidade,
estrutura e extensa bagagem intelectual.
Professor Jaques Braga de Azevedo
E
3
Alessandro Almeida
Montes Claros
Editora Caminhos Iluminados
2020
Clarissa Rodrigues Soares (Org.)
2ª Edição
4
Alessandro Almeida
ALMEIDA, Alessandro.
#entreparágrafos. 2. ed./Alessandro Almeida.
–
Montes Claros: Caminhos Iluminados, 2020.
225 p.: il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-86653-09-0
1. História. 2. Narração - Prosa. 3. Crítica. 4.
Sociedade. 5. Internet. I. Título.
CDU: 82-3(815.1)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Vinícius Silveira de Sousa – Bibliotecário – CRB6/3073
A447e
Direitos autorais:
Alessandro Almeida
Professor Doutor em História
@hg6alessandro
Organizadores:
Alessandro Almeida
Clarissa Rodrigues Soares
Capa:
Nobilis! MKT
Diagramação:
Maria Rodrigues Mendes
Editora Caminhos Iluminados
e-mail: mariarmendesci@gmail.com
(38)99102-0024
5
Introdução.....................................................
Democratização da educação...................
Prevenção do uso de drogas no ambiente escolar.
Lutas pela educação..........................................
Homem de Ferro..............................................
O porte de armas no Brasil................................
Educação, violência e brasilidade.......................
Desafios do atraso tecnológico no Brasil.............
Educação financeira para crianças....................
Educação brasileira inserida na educação de
todo mundo........................................................
Dia das Crianças.............................................
Alfabetização e construção da identidade.........
Educação a distância no Brasil..........................
Racionais MC’s.................................................
Direito à aprendizagem......................................
Valorização da dignidade humana...........
“Brasil em chamas”: tragédia da boate Kiss e
do Ninho do Urubu...........................................
Violência em sala de aula..................................
Falta de segurança nas escolas..........................
Violência na escola.........................................
O Brasil em chamas: os desastres da boate Kiss
e do Ninho do Urubu........................................
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Sumário
6
Alessandro Almeida
Como lidar com o problema dos refugiados no
Brasil...............................................................
Violência e criminalização dos pobres no Brasil..
Limites do humor no Brasil.............................
Humilhação na Internet..................................
Desigualdade e desumanização........................
A persistência do assédio sexual na sociedade
brasileira.........................................................
Combate ao crime no Brasil.............................
Corrupção (Lúcifer)...........................................
Filme Coringa.................................................
Curso de Medicina............................................
Crianças desaparecidas no Brasil....................
Huck e Homer na redação...............................
A pedofilia no Brasil........................................
Tik Tok e a violação da privacidade infantil.......
Pantera Negra.................................................
Privacidade infantil e aborto..............................
Tabagismo e COVID..........................................
Igualdade de direitos................................
Dia Internacional das Mulheres.......................
Ética e corrupção no Brasil................................
Democracia cultural “A gente quer comida,
diversão e arte”................................................
Combate à homofobia.......................................
A persistência do assédio sexual na cultura
brasileira........................................................
Zilda Arns.......................................................
Arte e urbanização - expressão ou depredação
do patrimônio material?.....................................
Corrupção, “Dom Casmurro” e o futebol..............
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Sumário
7
Reforma da Previdência.....................................
Democratização do cinema no Brasil................
Democratização do cinema no Brasil................
Djonga na redação Enem.................................
Corte real x justiça por Miguel..........................
Marx e as meninas............................................
Show Drive-in: entretenimento ou exclusão?.....
As crianças indígenas e a COVID......................
Arlequina e a emancipação feminina.................
Laicidade do estado...................................
Fé x dinheiro...................................................
Stan Lee – eterno..............................................
Criança e aborto no Brasil...............................
Corrupção e fé no Brasil...................................
Separação igreja e estado.................................
Fé no lucro!......................................................
Respeito às diferenças e à diversidade...
Tatuagem........................................................
Skate, esporte e educação...............................
Liberdade de expressão e discurso de ódio no
Brasil..............................................................
Limites do humor no Brasil..............................
Liberdade de expressão e ódio no Brasil.............
Thor................................................................
Liberdade de expressão e ódio no Brasil.............
Como combater a depressão no Brasil................
Independência ou morte do humor: república e
censura no Brasil.............................................
Batman: a piada mortal....................................
Bullying e evasão escolar...................................
Civismo e patriotismo no Brasil.........................
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Sumário
8
Alessandro Almeida
Cultura do cancelamento e os impactos às
relações sociais................................................
O desembargador e Machado de Assis?..............
Mudança nos padrões familiares e perseguição
digital...............................................................
Fifa 20 na redação Enem.................................
Transtorno dismórfico corporal.........................
“O inferno são os outros”...................................
Melancolia, humor e modernidade....................
Futebol: dramaou símbolo do Brasil..................
Globalidade, vivência e transver-
salidade........................................................
Carnaval..........................................................
Geração Z: inteligentes ou violentos?................
A Caverna e as influências digitais....................
Jogos eletrônicos: violência e compulsividade.....
Imigração e globalização....................................
Redes sociais e desumanização “Vivemos
tempos líquidos - nada é para durar”..................
Riso e subversão...............................................
Patrimônio histórico..........................................
Jovens e o suicídio (Nirvana)............................
Capitão América..............................................
Viúva Negra......................................................
Hulk...............................................................
Mídia social, saúde e bem-estar........................
Globesidade......................................................
A necessidade de se coibir crimes na Internet
obscura............................................................
Jovem e as drogas...........................................
Tráfico de órgãos no Brasil.................................
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Sumário
9
Surto de sarampo no Brasil...............................
Som, fúria e ação social.....................................
Future-se.........................................................
Coronavírus e globalização: preconceitos com o
Oriente e ações para prevenção........................
Coronavírus e globalização: preconceito com o
Oriente e ações de prevenção............................
Vida, festa e memória.......................................
“Rells”, Instagram e Mark Zuckerberg na
redação Enem...................................................
Game na redação do Enem..............................
Cultura local e globalização...............................
Gerac’aÞo Z e a tecnologia................................
A guerra fria das vacinas..................................
Valorização da cultura brasileira e suas
manifestações..................................................
Amor e ódio no mundo contemporâneo..............
Valorização do meio ambiente e
sustentabilidade........................................
Tragédia de Brumadinho (MG).........................
Água................................................................
Caminhos para combater os maus-tratos contra
animais..........................................................
Arte e urbanização............................................
A importância do turismo no Brasil...................
Como melhorar a mobilidade urbana no Brasil...
Agronegócio no Brasil.......................................
Crise ambiental no Brasil.................................
Papel da ciência no mundo contemporâneo........
Ilha das Flores.................................................
Toy Story..........................................................
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Sumário
10
Alessandro AlmeidaSumário
Covid-19 e os catadores de lixo...........................
“Dia que virou noite em São Paulo”: crise
ambiental no Brasil contemporâneo..................
Revolução Verde no Brasil................................
Modelos de redações completas...........
A importância da educação financeira nas
escolas infantis.................................................
Os jovens, a música e a “Terra de gigantes” -
Como equilibrar desenvolvimento econômico e
valorização da vida no Brasil contemporâneo?.....
Caminhos para combater a idosofobia no Brasil..
Realidade Brutal..............................................
A importância da educação profissional e
tecnológica no Brasil.........................................
Metodologias ativas na educação e na saúde....
Saúde pública e COVID-19...............................
Viver como um “Bacurau”................................
Valorização do patrimônio histórico nacional.....
Obesidade e COVID..........................................
Ética e profissionais de saúde..........................
Vivemos no “poço”.............................................
Discriminação racial e direitos humanos...........
Economia colaborativa e os impactos na
educação..........................................................
Reforma da previdência....................................
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11
Racismo, intolerância e ódio marcaram o sé-culo XX. Nesse cenário, os extremismos e abusca incessante por riquezas deram
condições à eclosão da “era da catástrofe” ou “guerra
total”, denominações do historiador Eric Hobsbawm
para os trinta e um anos que marcaram o assassinato
de Francisco Ferdinando, em 1914, e a rendição
japonesa, em 1945, logo após o lançamento das
bombas atômicas. Diante desse genocídio mundial,
emerge a construção da cidadania universal e a
criação da Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948), com a finalidade central de garantir
a paz e o futuro da humanidade.
Sob essa inspiração, desde 1998, com o tema “Viver
e Aprender”, o Exame Nacional do Ensino Médio pro-
cura propor temáticas que estejam adequadas aos
principais eixos balizadores das leis internacionais
mediadas pela Organização das Nações Unidas
(ONU). Ademais, o candidato, ao realizar a avalia-
ção, deve também se fundamentar nos direitos hu-
manos, pois discursos preconceituosos são avalia-
dos negativamente e podem resultar em grave pre-
juízo para seu desempenho na escrita. Dessa for-
ma, o Ministério da Educação está ciente do caráter
pedagógico do exame e, em 2020, deixou isso ainda
mais evidente com a divulgação do “Manual de cor-
Introdução
R
12
Alessandro Almeida
retores da avaliação do Enem” que destaca os se-
guintes princípios:
1) Democratização da Educação
2) Valorização da dignidade humana
3) Igualdade de Direitos
4) Laicização do Estado
5) Respeito às diferenças e à diversidade
6) Globalidade, vivência e transversalidade
7) Valorização do meio ambiente e sustentabilidade.
Para o leitor atento, o tema “Viver e Aprender”, de
1998, enquadra-se, facilmente, na “democratização
da educação” e na noção de “vivência”. Está aí o
“GRANDE SEGREDO” que já faz parte de nossas di-
cas e prática pedagógica há décadas. Qual é? Ao
invés de atentar aos “possíveis temas que serão con-
tados na prova”, inquietação que já enriqueceu
blogueiros e professores, o candidato deve organizar
seus estudos de redação fundamentado nos sete
princípios dos Direitos Humanos citados, pois os te-
mas de redação são construídos a partir deles; e as
teses defendidas na escrita dos candidatos neces-
sita de seguir esses princípios. Logo, o aluno
secundarista pode organizar um projeto de texto con-
siderando esses pontos e ter um resultado eficiente
na prova, instrumento para a realização de um so-
nho: a inserção do discente em uma universidade
pública ou particular, nacional ou internacional.
É com esse intuito, da busca pela REDAÇÃO 1000 e
SUA aprovação em “QUALQUER PROCESSO SELE-
TIVO”, é que preparamos o “ENTREPARÁGRAFOS”,
livro relevante para refletirmos sobre temáticas e
estrutura de escrita, com vistas a melhorar nosso
repertório sociocultural e estarmos prontos para os
desafios que o mundo no século XXI nos impõe.
13
Democratização
da educação
14
Alessandro Almeida
PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS NO
AMBIENTE ESCOLAR
Fonte: Guia dos Quadrinhos1
“Uma história que precisa ter fim”. Esse é o título
da história em quadrinho da “Turma da Mônica”
que visa a contribuir com o combate ao consumo de
drogas ilícitas nas escolas. Maurício de Sousa, com
a linguagem simples e atrativa, intenta corroborar,
de forma crítica, esse mal comum nas escolas
brasileiras. A esse respeito, Vera Nigro de Sousa
Placco elucida que “Prevenção Baseada na Redução1 Disponível em: http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/turma-
da-monica-uma-historia-que-precisa-ter-fim-a/tu493109/78149.
Acesso: 20 out.2020
15
de Danos” é o caminho mais eficaz para atenuar os
problemas causados pelo uso de entorpecentes.
Porém, muitos professores se furtam ao debate com
os alunos, preferindo proibir sem educar a
demonstrar os riscos do uso dessas substâncias.
Diante desses argumentos, torna-se imprescindível
a ampliação dos debates sobre drogas, por meio do
uso de uma linguagem lúdica e inteligente, como
proposto por Maurício de Sousa. Assim, a exposição
criativa do problema é uma função pedagógica da
qual os docentes não podem se furtar.
LUTAS PELA EDUCAÇÃO
Fonte: Acervo do autor2
2 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro>
Acesso em 20 out. 2020.
Democratização da educação
16
Alessandro Almeida
Paulo Freire acredita que a “pedagogia crítica” se
sustenta na construção de possibilidades de
conhecimento e não na sua transmissão estéril e
sem crítica. Apesar de reconhecido internacional-
mente, suas ideias, no Brasil, põem em risco líderes
políticos e classes econômicas abastadas. Sob esse
prisma, no dia 15 de maio de 2019, professores e
estudantes, em todo o país, manifestam-se contra
o corte de verbas na educação que pode sucatear
as universidades, as escolas públicas e os rumos
do ensino no país. Em uma reação democrática,
novamente, a população brasileira demonstra estar
firme na construção de uma democracia pautada
pela corrupção e pelo desrespeito aos direitos
básicos garantidos pela Constituição nacional.
HOMEM DE FERRO
Fonte: Entretenimento UOL3
3 Disponível em <https://entretenimento.uol.com.br/noticias/
redacao/2019/05/02/cena-decisiva-de-homem-de-ferro-em-vingado-
res-ultimato-nao-estava-em-roteiro.htm>Acesso em 20 out. 2020.
17
Os avanços da vida material e do capitalismo tornam
o homem refém da tecnologia. Na Era do Ouro, início
da Guerra Fria (1945-91), o conforto e os benefícios
da ciência contrastavam com mal-estar, venda de
armas e terrorismo, conforme elucida Eric
Hobsbawm. Essa foi a inspiração para Stan Lee criar
o “Homem de ferro”, em 1963. Industrial, milionário
e engenheiro, o personagem da Marvel é desafiado
pelas disfunções sociais dos anos 1960. O “herói”
dos quadrinhos tem seu sucesso fundamentado nos
terrores do século XX e problemas sociais não
resolvidos na atualidade. A compreensão dessas
tensões é indispensável para a criação de uma
educação crítica e lúdica fundamentada na
inteligência, na ética e no respeito às contradições
humanas presentes na ficção do mestre Stan Lee.
O PORTE DE ARMAS NO BRASIL
Fonte: Superinteressante 4
4 Disponível em <https://super.abril.com.br/sociedade/e-se-o-por-
te-de-armas-fosse-liberado-no-brasil/> Acesso em 20 out. 2020
Democratização da educação
18
Alessandro Almeida
A violência e o medo são marcas do agravamento
da crise que marca o Brasil hodierno. Esse mal-
estar social e a incapacidade de combate ao crime
impulsionam o país para a radicalização e o apoio
ao porte de armas. Concomitantemente a esse
cenário, a redução nos investimentos educacionais
aponta para um cenário caótico, pautado pela
ignorância e pelo aumento da brutalidade. Na
contramão desse cenário, Norberto Bobbio assevera
que o respeito “às regras do jogo”, invariavelmente,
depende da educação e do combate ao crime
organizado. Destaca ainda que a violência e o
armamento civil não garantem segurança, pois
estimulam o fortalecimento do crime organizado,
os lucros das empresas de armas e a camuflagem
das ingerências políticas. Sob essa ótica, o futuro
da democracia no país depende da educação, setor
essencial na prevenção da violência e no controle
da maldade humana.
19
EDUCAÇÃO, VIOLÊNCIA E BRASILIDADE
Fonte: Nova Escola5
Em “Conto de Escola”, publicado no final dos
oitocentos, Machado de Assis critica o modelo
educacional violento e autoritário, simbolizado pela
palmatória. O enredo versa sobre a história de um
discente narrador que é estimulado à corrupção por
seu colega, filho do professor “Policarpo”. Denunciado
por um outro aluno da escola e molestado pelo
educador, o narrador aprende uma grande lição, a
percepção de que a delação, a violência e a simulação
são marcas de um país caracterizado pela hipocrisia.
Sob essa inspiração, Lima Barreto, em “Triste fim
de Policarpo Quaresma”, também nos mostra uma
personagem de ficção caracterizada por uma postura
5 Disponível em <https://novaescola.org.br/conteudo/3171/conto-
de-escola>. Acesso em 20 out. 2020.
Democratização da educação
20
Alessandro Almeida
pedagógica tradicional e nacionalista, frustrada pela
corrupção e pela grave crise vivida no “Brasil real”
na transição do império para a república. Dessa
forma, as obras ficcionais supracitadas nos
apresentam raízes da brasilidade que estão
engendradas em nosso cotidiano. Nesse sentido, a
crítica ao “Brasil oficial”, fundamentado em uma
hipocrisia nacionalista, foi uma missão bem cumprida
pela literatura e deve nos servir de exemplo para,
realmente, combatermos enganação e truculência
em nossa “pátria amada Brasil”.
DESAFIOS DO ATRASO
TECNOLÓGICO NO BRASIL
Fonte: Blog Brazilian Space6
Vivemos um mundo global marcado pela cultura de
convergência, caracterizada pela inteligência
6 Disponível em <https://brazilianspace.blogspot.com/2014/06/
charge-do-dia.html> . Acesso em 20 out. 2020.
21
coletiva, pela cultura participativa e pela associação
entre os meios de comunicação, conforme destaca
Henry Jenkins. Nesse cenário, no Brasil, a
dependência histórica do capital estrangeiro e uma
educação técnica e científica fragilizada são entraves
para o desenvolvimento econômico nacional. Diante
desses impasses, Milton Santos propõe o
investimento em projetos tecnológicos que estejam
articulados à sustentabilidade, ao uso de tecnologias
de comunicação e à participação solidária da
população, corroborando as ideias de Jenkins,
supracitadas. Logo, o investimento em pesquisas e
a educação digital devem instrumentalizar a
formação de jovens melhor preparados para
desenvolver o país no mundo da era digital.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA CRIANÇAS
Fonte: Revista Exame7
7 Disponível em <https://exame.com/seu-dinheiro/turma-da-moni-
ca-lanca-serie-de-gibis-sobre-educacao-financeira/> Acesso em 20
out. 2020.
Democratização da educação
22
Alessandro Almeida
Conhecimento, segurança e bem-estar são questões
fundamentais para o futuro das crianças e do Brasil.
Diante dessa premissa, em tempos de consumo
desenfreado e exposição dos infantes às propagandas
midiáticas, a educação financeira se torna infalível
para a garantia de uma vida segura, estável e
sustentável. Com essa ótica, Milton Santos enfatiza
a necessidade de construção de uma consciência
universal pautada pela solidariedade, pela
humanização e pelo bom uso das tecnologias e da
distribuição de capital. Para a realização dessa
tarefa, os meios de comunicação de massa, como as
histórias em quadrinhos e os desenhos animados,
são mecanismos indispensáveis para a proposição
pedagógica do bom uso do dinheiro pessoal. Com essa
finalidade, Maurício de Souza, criador da “Turma da
Mônica”, em consonância com o Poder Público, propõe
a criação de histórias ficcionais lúdicas que ensinem
as crianças a lidar com suas finanças. Destarte,
esse exemplo, articulado à economia solidária
proposta pelo geógrafo brasileiro, deve servir de
inspiração pedagógica para os docentes das escolas
infantis que têm responsabilidade ímpar na
construção do bem-estar e da segurança daqueles
que representam o futuro do Brasil.
23
EDUCAÇÃO BRASILEIRA INSERIDA NA
EDUCAÇÃO DE TODO MUNDO
Fonte: Página do INEP no Facebook8
Desde a globalização dos séculos XV e XVI, a “Terra
de Santa Cruz” despertou o interesse de inúmeros
intelectuais que, em detrimento dos intentos
mercantis, realizaram pesquisas importantes sobre
a cultura indígena e as características naturais do
Brasil. Nessa perspectiva, na atualidade, a educação
brasileira deve ser pautada em aspectos da
globalização que facilitema relação ensino-
aprendizagem de jovens brasileiros com estrangeiros.
Para tanto, o investimento em pesquisas científicas
8 Disponível em <https://www.facebook.com/Inep.oficial/photos/
a.1249716311786574/2451594768265383/?type=3> Acesso em 20
out. 2020.
Democratização da educação
24
Alessandro Almeida
no exterior e o bom uso dos imigrantes presentes no
país são ações relevantes para que a educação
brasileira esteja articulada ao mundo globalizado.
Dessa forma, a premissa de inteligência coletiva e
cultura participativa de Pierre Lévy pode ser
realizada, notadamente, por meio do uso de
tecnologias digitais que possam baratear o
intercâmbio de ideias e o desenvolvimento do país.
Tais ações articuladas farão com que a brasilidade
seja exportada e os intelectuais sejam projetados
da “Terra de Vera Cruz” para a formação de um
mundo novo, mais humano e sustentável.
DIA DAS CRIANÇAS
Fonte: Imagens Google
O estímulo à ciência é uma missão vital para o futuro
do Brasil. Nesse sentido, o “eu quero saber” ideia
25
central proposta pela animação “O show da Luna”
aponta um caminho interessante, pois propõe o
método científico, associado ao cotidiano, como um
elemento primordial para a educação das crianças e
para a resolução de problemas cotidianos.
Apresentado pelo “Discovery Kids” e canais abertos,
o desenho estimula a inteligência coletiva nas redes
sociais, conforme destaca Pierre Lévy, isto porque,
por meio da difusão em massa, fomenta a indagação
como elemento propulsor para a melhoria das relações
sociais. Essa constatação corrobora a necessidade
de criações audiovisuais que contribuam para a dúvida
e a busca de conhecimento científico, questões
importantes para a melhoria da vida e o desenvolvi-
mento do Brasil no futuro.
ALFABETIZAÇÃO E
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
Fonte: Pinterest 9
A experiência cotidiana é a base para a construção
do conhecimento humano, afirmou John Locke. Sob
9 Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/
466404105134417792/> Acesso em 20 out. 2020.
Democratização da educação
26
Alessandro Almeida
esse prisma, a educação é a base para a construção
da identidade individual e nacional, pois “um país
se faz com homens e livros”, conforme máxima
assinada por Monteiro Lobato. Essas constatações
apontam para a leitura como base da construção
identitária, essencial para o futuro do país. Nesse
sentido, o processo educacional informal tem nos
meios de comunicação digital e Histórias em
Quadrinhos formas de comunicação de massa
importantes para a reflexão e sugestão de temáticas
caras ao bem-estar social. Exemplo disso, são os
quadrinhos de Mauricio de Sousa, difundidos de
forma impressa e digital, que versam sobre o combate
ao uso de drogas nas escolas; educação financeira;
preconceito linguístico e diversos temas relevantes
para a harmonia das relações humanas. Tal ação,
também realizada por Monteiro Lobato, autor
dedicado à literatura infantil, é necessária para a
formação de crianças críticas e inteligentes no futuro
próximo, pois interpretar bem as aventuras do “Sítio
do pica-pau amarelo” e da “Turma da Mônica” são
práticas lúdicas de alfabetização que fortalecem o
sentimento de brasilidade.
27
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Fonte: Acervo do autor
A priori, nota-se que o uso das tecnologias digitais
é imperioso para a democratização da educação e a
transformação social. Nessa concepção, Jürgen
Habermas enfatiza que a racionalidade técnica,
representada pelos recursos presentes na internet,
deve ser utilizada para a ampliação do conhecimento
e a expansão dos saberes, aspecto decisivo para a
ação política e a melhoria da relação entre os
homens. Sob essa premissa, no século XXI,
professores do Brasil e do mundo utilizam o
Instagram e o YouTube para disponibilizarem
gratuitamente palestras e documentários para
jovens de diversas partes do mundo. Zygmund
Bauman, por exemplo, em “Fronteiras do
Pensamento”, nos deixou um documentário peculiar
que esclarece os perigos do uso indevido das redes
Democratização da educação
28
Alessandro Almeida
sociais para a vida humana. Dessa forma, as
ferramentas provenientes da modernização
comunicacional são meios determinantes para a
ampliação democrática do acesso à informação que,
se bem utilizadas, podem transformar a vida de
milhares de estudantes que buscam o acesso ao
conhecimento científico.
RACIONAIS MC’s
Fonte: Acervo do autor
“Se bater no cadeado, girar e a porta abrir, você
vive. Se não, vou te executar”. Essa foi a ameaça
sofrida por Sidney Sales, no dia 02 de outubro de
1992, na “Chacina da Candelária” que vitimou 111
detentos. O episódio violento ilustra a desigualdade
social e a violência de um sistema penitenciário
frágil, fruto de políticas públicas que não privilegiam
29
a educação e o combate à pobreza, conforme alertou,
em 1982, Darcy Ribeiro. Ele afirma que, se “os
governantes não investirem em escolas, em 20 anos
faltará dinheiro para construir presídios”. Esse é o
contexto da criação do clipe “Diário de um detento”,
lançado em 1998, do disco “Sobrevivendo no Inferno”
em que, de forma pedagógica, a produção audiovisual
destaca o ambiente hostil e brutal do cotidiano do
Carandiru onde os “cidadãos” vivem sob “o olhar
sanguinário do vigia”. O exemplo artístico e real
evidencia, indiscutivelmente, a necessidade de
ampliação de investimentos educacionais e de
combate à fome nas periferias, aspectos
indispensáveis para o bem-estar social, conforme
ressaltou Mano Brawn, Darcy Ribeiro e aqueles que
acreditam no poder transformador da educação.
Democratização da educação
30
Alessandro Almeida
DIREITO À APRENDIZAGEM
Fonte: Página do Facebook da UNICEF10
“Um país se faz com homens e livros”. A assertiva
de Monteiro Lobato já aponta o hábito da leitura
como essencial para o desenvolvimento do país,
evidenciando que apenas a presença na escola não
garante a aprendizagem. Nesse entendimento, ler
passa a ser a questão central, bastante agredida
pelo uso excessivo de tecnologias digitais e pela
pobreza, os quais afastam crianças e jovens do
contato direto com livros. No que tange à internet,
além do acesso limitado, infantes urbanos ocupam
muito tempo distraídos com entretenimentos
10 Disponível em <https://www.facebook.com/UNICEFBrasil/posts/
3248695595186884/> Acesso em 20 out. 2020.
31
difundidos nas redes sociais, em detrimento de ler
um livro, mesmo que pela via digital. Acerca da
falta de recursos financeiros, inúmeros infantes
frequentam o ambiente das escolas públicas
preocupados com o acesso à merenda e não à
biblioteca, situação que inviabiliza a busca pelo
conhecimento. Com essas vulnerabilidades,
professores e pais, por vezes, não conseguem
garantir a democratização do saber, aspecto que
põe em risco o futuro do Brasil.
Democratização da educação
32
Alessandro Almeida
Valorização da
dignidade humana
33
 “BRASIL EM CHAMAS”: TRAGÉDIA DA BOATE
KISS E DO NINHO DO URUBU
Fonte: Acervo do autor11
Victor Turner enfatiza que o drama é o momento
em que as normas sociais entram em crise e devem
ser pensadas de forma reflexiva. No Brasil, os
incêndios da Boate Kiss, no Rio Grande do Sul, e
do “ninho do Urubu”, no centro de treinamento do
Flamengo, ilustram o desrespeito às normas de
segurança e a negligência de empresas e de chefes
de Estado com a vida humana. Atuando sem
infraestrutura adequada, a irresponsabilidade de
grupos capitalistas ceifou sonhos e alegrias de
11 Disponível em < https://www.instagram.com/hg6alessandro>.
Acesso em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
34
Alessandro Almeida
inúmeros jovens. Entretanto, tais episódios
representam a incompetência de órgãos públicos e
a impunidade de investidores que colocam em risco
o futuro de muitos jovens no país. O desrespeito às
normas constitucionais marca as tragédias de nossa
história recente, simbolizada por chamas que
desestruturam a vida de muitas famílias
desamparadas pela morte de seus filhos.
VIOLÊNCIA EM SALA DE AULA
Fonte: Folha BV12
A comunicação e o diálogo são bases para evitar a
violência egarantir a condição humana, afirma
Hannah Arendt. No Brasil, desestruturação familiar
e educacional impede a ação comunicativa e
estimula a brutalidade e a maldade. Exposto a esse
12 Disponível em < https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Capi-
tal/Violencia-em-sala-de-aula-tem-levado-professores-a-se-afasta-
rem-do-trabalho/31718> Acesso em 20 out. 2020.
35
problema, o professor Paulo Rafael Procópio, de 62
anos, foi agredido por um aluno de 14 anos, na
cidade de Lins em São Paulo. O caso evidencia
desrespeito e falta de comunicação, marcas
geradoras da violência nas escolas, notadamente
contra profissionais da educação, expostos
diariamente a atitudes intolerantes e desumanas
que marcam os educandários em todo o país.
FALTA DE SEGURANÇA NAS ESCOLAS
Fonte: Site do SISMAC13
Alan Leschied argumenta que a “community
violence” é um aspecto decisivo para a violência
nas escolas. Por um lado, o comportamento de
13 Disponível <https://www.sismmac.org.br/noticias/2/informe-se/
4339/violencia-nas-escolas-reproduz-a-desigualdade-e-violencia-da-
sociedade> Acesso em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
36
Alessandro Almeida
isolamento dos jovens pode torná-los antissociais;
mas por outro, o relacionamento com pares
violentos, principalmente quando esses são
recompensados pelo seu comportamento, reforçam
os valores “pró-violência”. No Brasil, os excessivos
casos de bullying e uma postura pedagógica
mercenária e pouco humana atenuam o problema
da rivalidade entre discentes, docentes e
instituições de ensino. Segundo o Ministério da
Educação, a violência escolar é um assunto
recorrente na mídia causado pela falta de estrutura
e estimulada por rivalidades hostis nas redes
sociais entre alunos, professores e escolas,
notadamente, as particulares. Sob essa ótica o
investimento no capital humano deve se sobrepor
às ações que estimulem a violência e a rivalidade,
mesmo diante de um cenário em que o investimento
em educação não é a prioridade política.
37
VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Fonte: Acervo do autor14
O mal-estar social, o pouco investimento na
educação e os estímulos violentos difundidos pelas
mídias digitais marcam o Brasil no século XXI. A
má formação educacional condiciona uma
vulnerabilidade dos jovens a jogos e a produções
audiovisuais que suscitam a violência nas escolas.
Além disso, o desemprego, os resultados acadêmicos
negativos e o bullying também são fatores que
explicam ações terroristas nos educandários
brasileiros, como nos assassinatos ocorridos na
Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano,
São Paulo. Diante desse cenário, o investimento na
educação pública deve ser prioridade no combate à
14 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
38
Alessandro Almeida
violência nas escolas, conforme defendeu o professor
Darcy Ribeiro ao longo de sua trajetória intelectual
e política.
O BRASIL EM CHAMAS: OS DESASTRES DA
BOATE KISS E DO NINHO DO URUBU
Fonte: O Globo15
À primeira vista, constata-se que, em função do lu-
cro, empresários reduzem os investimentos em se-
gurança e colocam a vida das pessoas em risco, con-
forme ressalta Milton Santos. Nesse cenário, em
2013, o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria,
Rio Grande do Sul, vitimou centenas de jovens, com
242 mortes. Desse modo, 90% (noventa por cento)
deles chegaram ao óbito por causa da inalação de
fumaça tóxica e falta de infraestrutura do estabele-
15 Disponível em <https://oglobo.globo.com/brasil/mais-dois-acusa-
dos-pela-tragedia-na-boate-kiss-vao-juri-popular-em-porto-alegre-1-
24253644 >. Acesso em 20 out. 2020.
39
cimento. A tragédia aponta para a necessidade de
melhoria de fiscalização dos órgãos públicos e a exi-
gência de aparelhagem de aspersão nas empresas
privadas com vistas a atenuar casos tristes como o
ocorrido na discoteca.
COMO LIDAR COM O PROBLEMA DOS
REFUGIADOS NO BRASIL
Fonte: Jornal Relações Internacionais16
Zygmund Bauman alertou: “os refugiados
simbolizam, personificam nossos medos”. A perda
do emprego, a fome, o desabrigo e a insegurança
são receios que marcam a vida dos seres humanos
ao longo da história. Ao nos depararmos com os
refugiados, temos nossa sensibilidade humana
posta à prova. Diante desse impasse, colocado para
os brasileiros com a migração forçada dos refugiados
16 Disponível em <http://jornalri.com.br/artigos/os-refugiados-
venezuelanos-no-brasil-uma-questao-humanitaria> Acesso em 20
out. 2020.
Valorização da dignidade humana
40
Alessandro Almeida
da Venezuela para o país, torna-se necessário o
acolhimento e o estímulo à dignidade humana,
conforme orientação da Organização das Nações
Unidas. Dessa forma, ações conjuntas de
comunidades locais, órgãos públicos e
internacionais devem postular o retorno à
humanização e à solidariedade, por ações de
combate à fome e estímulo ao trabalho, aspectos
que podem, a longo prazo, atenuar o problema.
VIOLÊNCIA E CRIMINALIZAÇÃO
DOS POBRES NO BRASIL
Fonte: RioOnWatch17
Loïc Wacquant destaca que a discriminação étnico-
racial, a desigualdade social e a pobreza marcam a
marginalização de grupos sociais economicamente
desfavorecidos. Nesse sentido, nos Estados Unidos,
negros e miseráveis são punidos como bandidos,
17 Disponível em <https://rioonwatch.org.br/?p=21553> Acesso em
20 out. 2020.
41
muitas vezes, de forma injusta ou equivocada. No
Brasil, a morte do músico Evaldo Santos Rosa, no
Rio de Janeiro, após 80 disparos, aponta para uma
reflexão sobre violência, marginalização e
insegurança no país. O musicista, negro,
brutalmente assassinado, foi confundido com um
bandido. Para além do equívoco, a ação brutal,
dificilmente explicável, apresenta um cenário triste,
instável e incerto vivenciado no Brasil em 2019.
Esse exemplo demonstra que o discurso de ódio, de
extremismo ou de armamento não solucionará
problemas históricos e estruturais da sociedade
brasileira.
LIMITES DO HUMOR NO BRASIL
Fonte: Pinterest18
18 Disponível em <https://br.pinterest.com/mfa1607/mussum/>
Acesso em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
42
Alessandro Almeida
Vladmir Saflate, em “Cinismo e falência da crítica”,
clarifica que “a falsa consciência esclarecida”
consiste na atuação dos sujeitos que afirmam
desvelar reflexivamente os pressupostos de suas
ações alienadas. A partir dessa proteção, utilizam o
humor para consolidar estereótipos de gênero, raça,
região, religião ou nacionalidade, demonstrando-se
cúmplice do que parece condenável. Prova disso pode
ser percebida no personagem “Mussum” de “Os
trapalhões”, programa apresentado na TV Excelsior,
em 1969, ano em que o humorista integrou o quarteto
de sucesso da televisão brasileira. Sua raça, condição
de favelado e estímulo ao alcoolismo foram elementos
de uma sátira que consolidava o preconceito e o
incentivo à droga lícita, o álcool. Por meio de tal
recurso risível, sua performance não incomodava a
censura do regime de exceção da época. Ademais,
com essa reflexão conformada, o riso presta um
serviço negativo à nação, caracterizado pela
manutenção do preconceito e pouca reflexão crítica
sobre as desigualdades e pluralismo, marcas
indiscutíveis da brasilidade. Confirma, ainda, uma
“arrasadora aceitação do mundo”, conforme afirmou
Theodor Adorno, o que estimula o desrespeito à
dignidade humana e que só pode ser limitado pelo
esclarecimento, pela educação e pela inteligência,
tripé que evitará injustiças e melhorará a reflexão e
a análise da risada dos brasileiros contemporâneos.
43
HUMILHAÇÃO NA INTERNET
Fonte: Jornal Opção19
Após a morte da mãe, o futebolista Sidão sofreu
com depressão e pensou em suicídio. No dia 12 de
maio, dia das mães, o goleiro do Vasco da Gama,
homenageou sua mãe, mas falhou na derrota de
seu time para o Santos Futebol Clube. Assim,
recebeu ironicamente o prêmio “Craque do Jogo”
da Rede Globo de Televisão, baseado nas votações
em redes sociais. Desse modo, a humilhação
colocou em risco a dignidade humana. Além disso,
esse fato evidenciou o que Umberto Eco chamou de
“imbecisda internet”, indivíduos em que a maldade
ficava apenas em um bar e não prejudicava a
coletividade. O triste episódio, endossado pela
emissora que transmitiu o jogo, demonstrou que o
ódio está presente no Brasil e no ciberespaço.
19 Disponível em < https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/
imprensa/globo-pisa-na-bola-e-choro-do-goleiro-sidao-comove-ate-
reporter-da-rede-185014/> Acesso em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
44
Alessandro Almeida
Portanto, o jogo democrático, nesse caso, não teve
nenhum craque.
DESIGUALDADE E DESUMANIZAÇÃO
Fonte: Acervo do autor20
“Logo se viu a escravidão e a miséria germinarem
junto com as colheitas”. A máxima de Rousseau,
filósofo do século XVIII, aponta para o trabalho e a
propriedade como bases para a desigualdade entre
os homens. Essa premissa foi consolidada no século
XIX, acrescida do racismo e das justificativas
imperialistas que corroboram os extremismos
fortalecidos no século XX. Sob essas bases
históricas, a corrupção e a desumanização das
relações sociais são percebidas na atualidade com
a ascensão do ódio e da intolerância, aspectos que
sempre favoreceram os abusos e a ampliação das
20 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
45
desigualdades entre os homens. As colheitas
aumentam, mas poucos têm acesso ao capital,
resta-lhes serem explorados e desrespeitados.
Portanto, a dignidade humana é superada pela
busca de capital.
A PERSISTÊNCIA DO ASSÉDIO SEXUAL NA
SOCIEDADE BRASILEIRA
Fonte: Site Pesquisa Escolar21
John B. Thompson, em “O escândalo político”,
argumenta que, na era da mídia, lideranças
políticas brasileiras ameaçam suas respectivas
imagens políticas. Em 1994, Itamar Franco foi
ameaçado de impeachment por flertar com uma
modelo no carnaval, conforme destacou José Murilo
de Carvalho, na obra “Pontos e Bordados”. Esse fato
demonstra que o assédio e a malandragem sexual,
21 Disponível em < https://pesquisaescolar.site/homofobia/>. Aces-
so em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
46
Alessandro Almeida
ao serem expostos, podem fragilizar a imagem do
infrator, colocando-o sob o júri popular, fato que
estimula a necessidade de denúncias dos assédios
sexuais nas redes sociais e nos demais veículos de
imprensa.
COMBATE AO CRIME NO BRASIL
Fonte: Fotograma retirado do filme Ônibus 147, 2002. Acervo
do autor
Sandro Barbosa do Nascimento tornou-se um dos
criminosos mais famosos do Brasil, após sequestrar
o “ônibus 174”, no Rio de Janeiro. Vítima da “Chacina
da Candelária, no ano 2000”, sobreviveu ao genocídio
e se tornou um bandido perigoso e midiático após
ser protagonista do crime e da violência urbana
supracitada. O episódio, nesse contexto, aponta para
dois problemas: em primeiro lugar, para a “guerra
de todos contra todos”, defendida por Thomas Hobbes,
em que violência gerou maior brutalidade; em
47
segundo plano, a projeção midiática do sequestrador
fez com que a busca por audiência colocasse o
bandido como protagonista, ato real que pode inspirar
ações similares de crianças e de jovens
telespectadores da maldade humana. Sob essa ótica,
as políticas de combate ao crime devem privar pelo
combate aos elementos de vulnerabilidade ao crime
como a pobreza e a falta de educação. Além disso, o
enriquecimento de empresários de mídia, com a
difusão da violência, deve ser coibido para não expor
infantes a atitudes tão brutais. Dessa forma,
bandidos não se tornarão heróis e serão punidos
para a garantia da harmonia social.
CORRUPÇÃO (LÚCIFER)
Fonte: Blog Adoro Cinema22
“Vocês humanos gostam de dinheiro”. A constatação
é proposta por Lúcifer Morningstar, personagem de
22 Disponível em < http://www.adorocinema.com/noticias/series/
noticia-140884/> Acesso em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
48
Alessandro Almeida
ficção, que representa a volta do demônio para a
terra, cidade de Los Angeles, Estados Unidos. No
primeiro episódio da série “Lúcifer”, a busca
incessante pelo dinheiro norteia as fragilidades da
condição humana, marcada pela vulnerabilidade à
corrupção e à luxúria. Com perspectiva similar
apresentada na ficção, Rousseau, filósofo do século
XVIII, destaca que a desigualdade social e moral
entre os homens está associada à busca pela
propriedade individual. Desse modo, o sucesso da
série “Lúcifer”, no Brasil, aponta para duas
possibilidades: a primeira associa-se à identificação
dos brasileiros com o personagem provocador de
ações corruptas imorais e sem ética; a segunda,
vincula-se à proposição reflexiva da série à condição
humana, aspecto caro à revisão das ações ilícitas
que marcam a história do país. Diante dessas
possibilidades, o seriado, ao refletir sobre a
fragilidade humana diante das tentações
capitalistas, possibilita uma autoavaliação dos atos
cotidianos, corrupção velada na realidade nacional
que é colocada em evidência na produção
audiovisual. Logo, as simulações e enganações
devem ser combatidas em nosso cotidiano e não
apenas direcionadas a representantes estadistas.
O patrimonialismo não pode continuar persistindo
nas ações reais dos brasileiros, pois o “diabo” não
pode ser o culpado por esses delitos.
49
FILME CORINGA
Fonte: Acervo do autor23
Nos anos 1980, a hegemonia do capital financeiro e
as políticas neoliberais do governo de Ronald Reagan
(1981-1989) foram pautadas na redução dos gastos
com a assistência social. As ações beligerantes e a
redução de investimentos em ações sociais para
pessoas carentes, como o “Medicaid”, programa de
saúde social para pessoas pobres sem planos de
saúde, geram consequências desastrosas para os
americanos. Essas práticas ampliaram a
desigualdade social, a pobreza e a violência. Esse é
o cenário do filme “Coringa” (2019), personagem
23 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
50
Alessandro Almeida
excluído da insana cidade de “Gotham” que, diante
da exclusão e das frustrações, torna-se um criminoso
louco que ameaça a segurança pública e a vida das
pessoas. Ironicamente, no Brasil hodierno, a
intolerância, o ódio e a ampliação da crise econômica
e social colocam os brasileiros em uma condição
perturbadora que também é caracteriza pela
ampliação da violência e do aumento de casos de
indivíduos com problemas graves de saúde mental.
Talvez essa seja a tônica do sucesso da película
lançada em 2019, fato que soa como um alerta para
os tormentos cotidianos presentes no país e em
várias cidades “desenvolvidas” do mundo ocidental
capitalista.
CURSO DE MEDICINA
Fonte: Site Fundação Astrojildo24
24 Disponível em < https://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/
2016/11/23/a-escolha-da-medicina/> Acesso em 20 out. 2020.
51
Os desafios do homem diante dos segredos do corpo,
da mente, da vida e da morte estimulam a escolha
pela medicina, realizada por jovens pré-
universitários. Sob essa inspiração, conforme o
“Juramento de Hipócrates”, o profissional da saúde
deve usar seus conhecimentos em prol do enfermo
sem causar danos ou buscar fins lucrativos. Nesse
sentido, a ética médica sugere que a opção por essa
profissão necessita de ser vinculada à busca da
valorização da vida e da cura de doenças que
incomodam o ser humano. Assim, a busca pelo curso
de medicina, apesar do atrativo brasileiro de melhor
remuneração, precisa estar associada a salvar vidas
e garantir o bem-estar da população, opondo-se à
corrupção e ao uso indevido dessa área do
conhecimento. Contrariar essa premissa
fundamental pode fazer com os jovens, motivados
pelo viés mercantil, sintam-se frustrados diante
desse belo trabalho que no percurso da história
desafia o conhecimento e a inteligência humana.
Valorização da dignidade humana
52
Alessandro Almeida
CRIANÇAS DESAPARECIDAS NO BRASIL
Fonte: Site Conselho Federal de Medicina25
Emmanuel Kant assevera que o ser humano deve
dar fim a si mesmo, e não deve ser subjugado a
inclinações de outros, pressuposto central para
garantir a dignidade humana. A partir dessa
prerrogativa, no Brasil, a desigualdadesocial e o
tráfico de pessoas deixam, principalmente, as
crianças em uma condição de vulnerabilidade social
que corrobora o seu desaparecimento. Essa mazela
desumana é uma marca da globalização que
contribui para que 50.000 crianças desapareçam
por ano no Brasil, conforme dados do Instituto
25 Disponível em <https://portal.cfm.org.br/index.php?option=
com_content&view=article&id=22768:medicos-reforcam-a-luta-para-
encontrar-criancas-desaparecidas&catid=3>. Acesso em 20 out.
2020.
53
Brasileiro de Geografia e Estatística. Diante desse
fato, o uso das tecnologias digitais e a articulação
com as lideranças políticas de várias instâncias são
parcerias indispensáveis para a garantia da
dignidade humana e a redução desses dados
alarmantes que afetam os responsáveis pelo futuro
do país.
HUCK E HOMER NA REDAÇÃO
Fonte: Acervo do autor26
Turismo sexual
Simone de Beauvoir, em “O segundo sexo”,
questiona as definições preconceituosas vinculadas
à mulher, comumente associando-a à sexualidade,
26 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
54
Alessandro Almeida
à promiscuidade ou à fragilidade em relação ao
masculino. Esse machismo, no Brasil, manifesta-
se de várias maneiras, ora associado a estereótipos
estrangeiros, ora a ações de homens brasileiros.
No âmbito externo, em 2014, no episódio de “Os
Simpsons”, intitulado “Você não precisa viver como
um árbitro”, as mulheres brasileiras são
representadas como afeitas ao sexo de forma
pejorativa. Na mesma época, período da Copa do
Mundo de Futebol de 2014, o apresentador Luciano
Huck estimulou em suas redes sociais a busca por
“um príncipe encantado” para realização de um
concurso na televisão. Em ambos os casos, a
construção do estereótipo sexual da brasileira
fomenta o turismo sexual, a submissão feminina e
a prostituição, mazelas presentes no país que
devem ser contestadas.
55
A PEDOFILIA NO BRASIL
Fonte: Acervo do autor27
Violência, sedução e manipulação de menores são
bases para a prática de pedofilia no Brasil. Mesmo
com a criação do Estatuto da Criança e do
Adolescente, em 1990, os casos de abusos sexuais
contra menores são uma prática cruel que persiste
na sociedade. Coevo ao documento que garantia o
respeito à dignidade humana e direitos específicos
para os infantes, a expansão das mídias digitais
ampliou as informações falsas e o descontrole das
famílias, cada vez mais precoce, sobre crianças em
processo de formação de identidade. Nesse
contexto, ainda adquirindo conhecimento e
experiência, conforme ressalta John Locke na
27 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
56
Alessandro Almeida
“teoria da tábula rasa”, menores de até 16 anos
estão frequentemente expostos a estratégias
criminosas de aliciadores infantis. Essa exposição,
inegavelmente, contribui para o aumento do número
de casos no país e a efetivação das penalidades e
coibições presentes na Construção de 1988 e na
ECA, aspectos decisivos para a permanência do
problema.
TIK TOK E A VIOLAÇÃO
DA PRIVACIDADE INFANTIL
Fonte: Acervo do autor28
Segundo Phillipe Áries, a criança, no século XX, é
alvo de empresas que as compreendem como
mercado consumidor. Nesse contexto, indústrias
de comunicação, como a chinesa “Tik Tok”, seduzem
28 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
57
os infantes com a possibilidade de criação de vídeos
curtos de entretenimento. Considerando a
pandemia de coronavírus e a maior acessibilidade
de pessoas de menor idade às redes sociais, a
exposição de dados coloca em risco a privacidade
infantil, corroborando o consumismo. Dessa forma,
a diversão digital é usada de forma perversa, fator
que pode ocasionar uma dependência digital perigosa
para o futuro daqueles que podem usar a tecnologia
comunicacional para melhorar o mundo com ações
criativas e humanitárias. Logo, proteger as crianças
e moderar o uso de diversões do ciberespaço é uma
tarefa estatal e familiar urgente no Brasil hodierno.
PANTERA NEGRA
Fonte: Pinterest29
Em “Pantera Negra” (2018), a Marvel Comics
apresenta uma ficção que problematiza os conflitos
29 Disponível em < https://br.pinterest.com/pin/2985746503009
49391/> Acesso em 20 out. 2020
Valorização da dignidade humana
58
Alessandro Almeida
étnicos e raciais e apresenta a tecnologia como um
elemento de humanização e instrumento de
construção da paz. Porém, na realidade, cada vez
mais difícil com o aumento do número de mortes
causados pela pandemia de Covid-19 e pelo câncer,
os avanços científicos estão postos à prova e não
conseguem impedir milhares de mortes pelo
mundo. É nesse cenário que Chadwick Boseman,
ator que representou “T’Chala”, rei da fictícia nação
Africana de “Wakanda”, morreu aos 42 anos vítima
de câncer de cólon, doença para a qual buscou a
cura desde 2016 com todos os recursos físicos,
médicos e científicos possíveis. O óbito ocorreu em
2020, período peculiar em que a violência contra
negros e a fragilidade dos avanços técnicos e
científicos são marcas da fragilidade humana. Logo,
esses desencantos e tristezas sugerem a urgência
da retomada de princípios solidários, afetivos e
humanos que na produção cinematográfica, ou nos
depoimentos dos amigos sobre a vida de Chadwick
Boseman, são exemplos imortalizados pela
trajetória desse ser humano na terra.
59
PRIVACIDADE INFANTIL E ABORTO
Fonte: Acervo do autor30
Em tempos de globalização, empresas como YouTube
capturam os dados de crianças de forma ilegal. No
Brasil, além desse problema, influenciadores
digitais também agem de forma condenável para
legitimar ideologias ou opiniões que incitam o ódio
e desrespeitam as leis. Foi dessa forma que a
menina de 10 anos, estuprada pelo tio, teve sua
família e pessoa expostas nas redes sociais após
tentar realizar, legalmente, um procedimento de
aborto. O caso gerou ataques ao médico responsável.
Ele ressaltou que a retirada do feto, naquele caso,
foi uma forma de garantir a vida da criança gestante
e evitar sequelas físicas e psicológicas irreparáveis
para o ser humano em risco. O episódio demonstrou,
novamente, a falta de privacidade e sigilo quanto
30 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Valorização da dignidade humana
60
Alessandro Almeida
aos dados das crianças e como isso é preponderante
para a garantia do bem-estar psicológico de pessoas
em fase de formação social, traumatizadas pelo
interesse de empresas ou indivíduos cujos
interesses econômicos e políticos estão acima dos
ditames das leis e da ética jurídica.
 TABAGISMO E COVID
Fonte: Acervo do autor31
Nos anos 1980 até 1994, a miìdia pró-tabaco foi
predominante nas propagandas televisivas e
impressas no Brasil. Empresas como Malboro,
Camel e várias outras usavam a Fórmula 1,
campeonato de automobilismo internacional, e
figuras nacionais como Ayrton Senna da Silva, para
naturalizar o uso social do cigarro no país. Apenas
31 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
61
no ano 2000, a Comissão de Tabagismo da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia iniciou
trabalhos que resultaram na “Lei Antifumo de
2011”, que restringe o uso de cigarros e propagandas
em prol desse comércio. Com esse intuito, as ações
recentes contra essa prática são imprescindíveis
para evitar várias doenças como o câncer de pulmão
e outras complicações. Esse cenário letal, em 2020,
foi agravado pela Síndrome Respiratória Aguda
Grave que marca a pandemia de Coronavírus no
país, ampliando a vulnerabilidade dos fumantes à
pandemia internacional que já vitimou mais de 120
mil pessoas no país. Diante dessa combinação fatal,
torna-se fulcral a criação de propagandas contrárias
ao tabagismo, notadamente, associadas à Covid-19,
visando corrigir um erro histórico, estimulado por
interesses mercantis, perversões marcantes nos
anos 1980.
Valorização da dignidade humana
62
Alessandro Almeida
Igualdadesde direitos
63
DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES
Fonte: Blog Nova Cultura32
Consideradas como parte das “classes perigosas”,
inúmeras mulheres sofreram com discriminação,
exploração, violência e desrespeito. Nesse contexto,
em 1910, Clara Zetkin, membro do Partido
Comunista Alemão, propôs a criação do “08 de
março” em homenagem à conscientização da
importância das mulheres nas relações sociais.
Nesse sentido, para além do voto, dos direitos
trabalhistas e da liberdade sexual, o
reconhecimento da importância das lutas femininas
é imprescindível para a melhoria das relações
humanas. Assim, extremismos, maldade e
brutalidade não devem ser a principal lembrança
32 Disponível em < https://www.novacultura.info/post/2018/06/
21/clara-zetkin-e-sua-luta-pelos-direitos-das-mulheres> Acesso em
20 out. 2020
Igualdade de direitos
64
Alessandro Almeida
no dia Internacional da Mulher, associado
erroneamente a um incêndio ocorrido nos Estados
Unidos em 1911. Distorcer a história, sem dúvida,
não é o caminho para o diálogo e a valorização da
condição humana. Segundo Hannah Arendt, a ação
política, a comunicação e o diálogo são pressupostos
melhores para a vida e o combate à violência.
ÉTICA E CORRUPÇÃO NO BRASIL
Fonte: Jornal O Imparcial33
Platão ao versar sobre ética afirmou que “a ideia
de Bem” consiste na busca pela felicidade pautada
no respeito ao bem comum. Paradoxalmente, no
Brasil, a falta desse princípio é percebida nos
escândalos de corrupção que marcam a nação. A
33 Disponível em < https://jornaloimparcial.com.br/charges/charge-
temer-preso/> Acesso em 20 out. 2020.
65
prisão do ex-presidente Michel Temer, em 2019,
envolvido na lavagem de dinheiro público, evidencia
o caos político que assola o país. Nesse sentido, a
falta de ética e a imoralidade política impedem a
felicidade dos brasileiros. Além disso, contribui para
um mal-estar político que marca a pedagogia do
crime no país.
DEMOCRACIA CULTURAL “A GENTE QUER
COMIDA, DIVERSÃO E ARTE”
Fonte: Acervo do autor34
A frase cantada por Arnaldo Antunes, na música
“Comida”, difundida em 1987, ilustra a busca por
liberdade e democracia por meio do respeito à arte.
Imersos em um contexto de redemocratização e
34 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Igualdade de direitos
66
Alessandro Almeida
crise econômica, os músicos da banda de rock
“Titãs” reivindicaram a valorização da democracia
cultural e sua diversidade. A propagação da arte,
nesse sentido, é colocada como um mecanismo de
combate às desigualdades e à fome, aspectos que
caracterizam os anos 1980 e a “década perdida” no
Brasil. Corrobora essa tese a perspectiva de que a
propagação de bens simbólicos é um mecanismo
indispensável para atenuar os problemas sociais
dos países latino-americanos, conforme atesta
Nestor Garcia Canclini. Logo, a música e as demais
manifestações artísticas são instrumentos
indispensáveis para aliviar a fome e amadurecer
os valores democráticos no país.
COMBATE À HOMOFOBIA
Fonte: Acervo do autor35
35 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
67
“Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu
para julgá-la?”. A frase do Papa Francisco aponta
para uma perspectiva humana, desprovida de
preconceitos contra a opção sexual de um cidadão
universal. Porém, no Brasil, o patriarcalismo e a
premissa familialista associada à procriação e à
prática heterossexual é, muitas vezes, utilizada para
justificar a violência contra casais homoafetivos.
Nesse viés, Michael Warner esclarece que a
heterossexualidade foi criada, historicamente, para
determinar o anti-homossexual, confirmando para
a criação de polos opostos que devem ser rompidos
para a manutenção do respeito à dignidade humana.
É com esse viés que a ONU propõe a criação do dia
internacional de combate à homofobia, lembrado no
17 de maio, para que a alteridade prevaleça sobre a
violência.
A PERSISTÊNCIA DO ASSÉDIO SEXUAL NA
CULTURA BRASILEIRA
Fonte: SECOM UFG36
36 Disponível em < https://secom.ufg.br/n/106677-campanha-naoenao-
tem-cartilha-contra-o-assedio-sexual> Acesso em 20 out. 2020.
Igualdade de direitos
68
Alessandro Almeida
Machismo e patriarcalismo, esses conceitos marcam
a persistência do assédio sexual no Brasil. Mesmo
com a condenação jurídica e as campanhas contra
essa brutalidade no carnaval em 2019, muitos
homens insistem em não entender que “não é não!”.
Sobre esse assunto, Simone de Beauvoir afirma que
a inferiorização da “fêmea” e o orgulho de ser
“macho” está enraizado em tradições cristãs
ocidentais. Sob essa ótica, desde “as vergonhas à
mostra” descritas na “Carta de Caminha”, em 1500,
a inferiorização feminina, associada ao pecado
original, corrobora para enraizar o preconceito e
vitimar inúmeras mulheres que sofrem com o
desrespeito e assédio moral. Em ambientes de
trabalho, a injusta divisão de tarefas ainda se baseia
na desigualdade de gênero tornando, por vezes, o
ambiente propício para assédio moral pautados no
machismo e patriarcalismo. Desse modo, O patrão
“transar” com a serviçal é uma prática condenável
desde os tempos da “Casa grande e Senzala”,
conforme averiguou Gilberto Freyre. Assim, diante
desse costume nacional, a exposição pública dos
casos é indispensável, por meio do “Disk denúncia”
e do uso das mídias digitais.
69
ZILDA ARNS
Fonte: Acervo do autor37
Higiene, fome e desidratação são as principais causas
de morte no mundo, atesta a Organização Mundial
de Saúde. Sob esses pilares, a Zilda Arns procurou,
por meio de ações humanitárias, criar mecanismos
para melhorar a vida de crianças e idosos em regiões
pobres do globo, como no caso do Haiti. A pediatra e
sanitarista brasileira criou a Pastoral da Criança e
do Idoso com o fito de preservar a vida, a partir do uso
da multimistura, soro caseiro e princípios de limpeza
que são necessários para erradicar a desnutrição, a
desidratação e as doenças provenientes da
higienização inadequada. Esse exemplo e conceito
de humanismo são essenciais para atenuar as
37 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Igualdade de direitos
70
Alessandro Almeida
desigualdades e garantir o bem-estar de pessoas
desfavorecidas pelas perversidades da globalização e
do capitalismo. Portanto, tornar saudável esse
processo foi sua missão de vida e não apenas uma
ação da ONU.
ARTE E URBANIZAÇÃO - Expressão ou
depredação do patrimônio material?
Fonte: Acervo do autor38
Michel Foucault, em “A microfísica do poder”, afirma
que o lugar social do marginal é construído
socialmente e instrumentalizado por órgãos de
repressão e sistemas de vigilância para privilegiar
38 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
71
elites políticas e econômicas. Nesse viés, loucos,
pobres e toxicômanos tiveram suas manifestações
comunicativas reprimidas e discriminadas. No
Brasil, por exemplo, grafiteiros foram presos e
perseguidos pela polícia por depredarem instituições
públicas, principalmente nos anos 1980. Grande
parte desses agentes desordeiros são subprodutos
de um processo de modernização excludente que
amplia a criminalidade e torna o ambiente urbano
no país violento e perigoso. Apesar dessa realidade,
a arte de rua, no século XXI, é utilizada, muitas
vezes, como um instrumento de inclusão social, pois,
presidiários, pobres e deficientes mentais usam
suas manifestações linguísticas como um
mecanismo que alivia sofrimento, humaniza as
cidades e expõe de forma crítica mazelas da lógica
capitalista. Tais ações apontam para a necessidade
de valorização das manifestações artísticas como
uma forma inteligente e sustentável de estimular
o capital humano, com vistas a atenuar os
problemas vivenciados por citadinos do Brasil e do
mundo.
Igualdade de direitos
72
Alessandro Almeida
CORRUPÇÃO, “DOM CASMURRO”
E O FUTEBOL
Fonte: Acervo do autor39
A simulação, as trocas de favores, a insegurança e
a corrupção são características marcantes da obra
“Dom Casmurro”, escrita por Machadode Assis no
século XIX. Entristecido por uma República
excludente e preconceituosa, o escritor brasileiro
apresenta o caráter amargo da realidade
mesquinha e dissimulada do cotidiano dos
brasileiros. Essas premissas machadianas, no
século XXI, nominaram dois esquemas de corrupção
que envolvem o Cruzeiro Esporte Clube, time
mineiro, nos escândalos “Operação Capitu” e
“Operação Escobar”. Em ambos os casos investigados
pela polícia, interesses mercantis, corrupção ativa
39 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
73
e passiva, além de troca de favores envolvem
dirigentes do time mineiro, como o ex-presidente
Itair Machado, em um cenário aterrorizante que
entristece brasileiros e inúmeros torcedores
futebolistas mineiros. Logo, diferentemente do que
ocorre na ficção dos oitocentos, a torcida é para
que os envolvidos sejam punidos, não restando
dúvida de que o futebol nacional está corroído por
advogados e políticos criminosos que atrapalham o
desenvolvimento do país.
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Fonte: Acervo do autor40
Os movimentos estudantis dos anos 1960 e a crise
da Organização de Países Exportadores de Petróleo
(OPEP) já apontavam o desmantelamento do Estado
40 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Igualdade de direitos
74
Alessandro Almeida
de bem-estar social. Sob essa ótica, o Banco Mundial
sugeriu aos países da América Latina a instalação
do projeto “Envelhecer sem crise”, perspectiva que
apontava para a reformulação da previdência. Na
contramão do cenário de crise internacional, os
debates da constituinte, influenciados pela
redemocratização, organizaram a regulamentação
da previdência fundamentados na premissa de
assistência social que, em curto prazo, resultaria
em uma crise financeira inevitável. Soma-se a isso,
o discurso da herança de ampliação da
desigualdade social proveniente da “década
perdida”, caracterizada pela crise econômica dos
governos militares. Nesse contexto, a necessidade
de Reforma da Previdência, na atualidade, é um
fato, porém seus parâmetros não devem privilegiar
elites políticas e militares que foram responsáveis
diretas pela ingestão política nacional,
fundamentada na troca de favores, corrupção e
responsabilização dos trabalhadores como os
culpados pelo cenário caótico vivenciado pelos
brasileiros. Logo, garantir a cidadania consiste em
estimular o labor, a dignidade humana e o respeito,
aspectos que permitem a todos, realmente,
envelhecer sem crise.
75
DEMOCRATIZAÇÃO DO CINEMA NO BRASIL
Fonte: Acervo do autor41
O cinema foi um dos meios de comunicação de
massa que serviu a interesses mercantis e
estadistas que corroboraram a ascensão do ódio e
da distinção social nos tempos da Segunda Grande
Guerra (1939-1945). Porém, a sétima arte foi
utilizada por Charles Chaplin para fomentar a
inteligência, o respeito às diferenças e a reflexão
sobre as mazelas sociais. Diante desta
potencialidade, facilitar o acesso ao cinema, no
Brasil hodierno, torna-se uma questão relevante
para a valorização da cultura nacional e o estímulo
à inteligência.
41 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Igualdade de direitos
76
Alessandro Almeida
DEMOCRATIZAÇÃO DO CINEMA NO BRASIL
Fonte: Entretenimento Uol42
É importante pontuar, de início, que a elitização do
acesso a salas de cinemas no Brasil contrasta com
as críticas de Charles Chaplin, no início do século
XX. O artista britânico, ícone do cinema mudo,
questionou o autoritarismo e usou a arte audiovisual
contra o imperialismo em favor da democracia. De
maneira similar, no Brasil, Ariano Suassuna,
literato brasileiro, entendia o cinema como um lugar
fundamental para a valorização da cultura
nordestina e o estímulo à inteligência e à reflexão
difundida no cinema. Sob essa ótica, a cidadania
depende do direito ao acesso às salas
cinematografas que não devem estar restritas às
cidades brasileiras de melhor poder aquisitivo, visto
que artistas, temáticas e atores são oriundos de
regiões economicamente desfavorecidas.
42 Disponível em < https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/
2019/10/25/bacuringa-diretor-de-bacurau-mostra-personagem-do-fil-
me-com-maquiagem-do-coringa.htm> Acesso em 20 out. 2020.
77
DJONGA NA REDAÇÃO ENEM
Fonte: Acervo do autor43
“Com a corda no pescoço” é a figura de linguagem
utilizada no clipe “Junho de 94” para afirmar o
racismo, a desigualdade e o preconceito presentes,
historicamente, no cotidiano das famílias brasileiras.
Sob essa inspiração, o rapper Djonga, na letra da
música citada, apresenta as angústias de um negro
quando consegue mobilidade social defendendo sua
identidade cultural. Em um estilo “banzo”,
caracterizado por saudades de seu passado simples,
a melancolia do musicista reitera as dificuldades de
felicidade de um afrodescendente no país. Esse
problema foi ressaltado, também, na trajetória
43 Disponível <https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/
2019/10/25/bacuringa-diretor-de-bacurau-mostra-personagem-do-
filme-com-maquiagem-do-coringa.htm> Acesso em 20 out. 2020.
Igualdade de direitos
78
Alessandro Almeida
intelectual de Gilberto Freyre, pois o sociólogo
evidencia a persistência da discriminação racial no
cotidiano dos lares brasileiros, mesmo após o fim da
escravidão em 1888, no livro “Ordem e progresso”.
Diante desses incômodos, a valorização e o respeito
às diferenças, indiscutivelmente, são práticas que
podem evitar a violência, o suicídio, a segregação e o
sofrimento com a pobreza, aspectos que marcam o
Brasil, mas que inquietam de maneira triste e
peculiar os afro-brasileiros que não querem apenas
dinheiro, desejam respeito às suas bases
socioculturais.
CORTE REAL X JUSTIÇA POR MIGUEL
Fonte: Site Sindicato dos bancários de
Pernambuco44
44 Disponível em <https://bancariosdf.com.br/portal/nota-publica-
do-sindicato-dos-bancarios-de-pernambuco-justica-por-miguel/>
Acesso em 20 out. 2020
79
É indispensável salientar que, embora as distinções
sociais, econômicas e raciais, sejam marcas do país
desde os tempos de escravidão, ainda explicam o
descaso e a vulnerabilidade ao óbito de crianças
negras. Em Pernambuco, por exemplo, Miguel Otávio
Santana, de 5 anos, caiu do nono andar de um
prédio, após sua mãe, empregada doméstica, ir
passear com o cachorro, deixando-o aos cuidados
da empregadora Sari Corte Real, primeira dama da
cidade de Tamandaré. Após a tragédia, Sari foi
condenada por homicídio culposo, pagou fiança de
20 mil reais e responde em liberdade. Esses fatos,
além de relembrarem a relação de “Casa Grande e
Senzala”, ressaltada por Gilberto Freyre,
demonstrando as distinções socioeconômicas e
racistas como uma lógica da sociedade brasileira,
demonstram, ainda, a fragilidade das punições
contra essas infrações. Logo, torna-se
imprescindível que a justiça seja mais eficaz no
trato com questões que versem sobre crianças e
adolescentes no Brasil, independentemente de
questões financeiras ou raciais.
Igualdade de direitos
80
Alessandro Almeida
MARX E AS MENINAS
Fonte: Acervo do autor45
Em 1999, em plena crise do Plano Real (1994), a
desigualdade social e a perda de direitos sociais
dificultavam o acesso à educação e a uma vida
digna. Nesse cenário, o grupo de sucesso relâmpago,
“As meninas”, lançou o sucesso de carnaval “Xibom
Bombom”, cuja letra destacava que “o de cima sobe
e o de baixo desse”. Dessa forma, sob uma lógica
marxista de divisão de classes pobres e ricas, o hit
foi cantado e ouvido por milhares de brasileiros que
dançavam em um ambiente caótico. Essa questão
sugere dois aspectos, o uso da música como
instrumento de crítica social e a carnavalização
como uma forma de escape dos problemas sociais.
45 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
81
Ambos os casos apontam a música e a dança como
instrumentos fundamentais para atenuar o
sofrimento brasileiro da disparidade econômica,
aspecto marcado pelo privilégio hereditário e
patrimonial desde ostempos coloniais.
SHOW DRIVE-IN: ENTRETENIMENTO
OU EXCLUSÃO?
Fonte: Acervo do autor46
“Quem tem carro no Brasil?”, diz Pablo Vittar sobre
os shows “Drive-in” nos tempos de coronavírus.
Segundo a cantora, esse tipo de evento exclui
pessoas pobres e não chama a atenção para o índice
de mortes, mais de 100 mil, devido à pandemia
internacional. Esse posicionamento aponta para
46 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Igualdade de direitos
82
Alessandro Almeida
uma perversidade da globalização que fere o direito
humano da igualdade de direitos, visto que apenas
uma parcela da população brasileira pode ter acesso
a esses shows, apresentações de cinema e vendas
de fast-food. Sobre esse assunto, nos anos 1990,
Milton Santos alertava que essas fábulas
construídas por aparatos tecnológicos e pelo
fundamentalismo de mercado não escondem a
disparidade social que assola o Brasil e o mundo
globalizado. Além disso, em inúmeras regiões,
apesar da “segurança” proposta por esses eventos,
crimes e aglomerações dos excluídos sociais no
entorno dos espetáculos aumentam o risco de
propagação da Covid-19. Posto isso, é importante
que se construa alternativas de entretenimento
seguro que também incluam grupos inferiorizados
economicamente. Assim, a democratização da
cultura e do lazer será realizada em um país onde
muitos, de fato, não possuem automóveis, alimentos
e, por vezes, segurança sanitária, extremamente
necessária nesses tempos sombrios.
83
AS CRIANÇAS INDÍGENAS E A COVID
Fonte: Portal G147
A pobreza e o descaso com as comunidades
indígenas são marcas indeléveis da história nacional
desde os tempos coloniais. Na visão de Darcy Ribeiro,
esse é um dos maiores problemas estruturais e
identitários do país, formado por “brasilíndios” que
não reconhecem seu próprio passado e tradição
cultural. Nesse cenário, no século XXI, apesar dos
avanços na diminuição da pobreza e mortalidade
infantil nas últimas décadas no setor urbano, o
índice de aldeamentos que continuam vivenciando
uma condição sanitária e de saúde deficitária é
alarmante. Soma-se a isso a expansão da Covid-19
na Amazônia que, segundo a Articulação dos Povos
47 Disponível em <https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2020/
08/12/criancas-indigenas-sao-internadas-com-covid-19-no-am-e-al-
deia-coloca-outras-15-em-observacao.ghtml>. Acesso em 20 out. 2020
Igualdade de direitos
84
Alessandro Almeida
Indígenas do Brasil (Apib), o número de mortalidade
de crianças e jovens indígenas até 19 é muito
superior à média nacional e internacional, porém, a
subnotificação e a assistência frágil do Estado tornam
o problema cada vez mais grave. Nesse sentido, os
problemas sanitários e a subnutrição ampliam a
vulnerabilidade dos infantes, principalmente recém-
nascidos, demonstrando a necessidade de ampliação
de investimentos naquelas que compõem o pilar
identitário do “Povo brasileiro”, conforme ressaltou
o antropólogo brasileiro no século XX.
ARLEQUINA E A EMANCIPAÇÃO FEMININA
Fonte: Blog Cinematologia48
Simone de Beauvoir, na obra “O segundo sexo”,
afirmou que pelo trabalho a mulher pode assegurar
48 Disponível em < https://cinematologia.com.br/cine/critica-aves-
de-rapina-arlequina-e-sua-emancipacao-fantabulosa-birds-of-prey-
and-the-fantabulous-emancipation-of-one-harley-quinn-2020/>
Acesso em 20 out. 2020.
85
uma liberdade concreta. Sob essa ótica, o filme
“Aves de Rapina: Alerquina e sua emancipação
fantabulosa” é um marco, notadamente por ter sido
o primeiro “Blockbuster” de 2019, dirigido por uma
mulher, Cathy Yan. Além disso, a performance da
atriz Margot Robbie que interpreta a psiquiatra
“Alerquina” é marcante, pois mescla sensualidade,
luta e emancipação das ações femininas em relação
ao homem, neste caso, o namorado ficcional, o
“Coringa”. Destaca-se ainda que transgressão,
dissimulação e reação aos traumas vivenciados pela
personagem, desde suas representações nos
quadrinhos, produzidos pela “DC Comics”, também
são estímulos para as atitudes de Alerquina e suas
parceiras na trama ficcional. Nesse sentido, apesar
do aspecto vilanesco da protagonista ficcional, o
filme propõe ressaltar a força e a emancipação
feminina em níveis reais que demonstram a
importância da visão feminina sobre a sociedade e
os preconceitos de herança patriarcal e machista.
Assim, pela via da direção cinematográfica, atuação
como atriz ou mesmo o exercício da psiquiatria,
mulheres “girl power” são destaques na sociedade
ocidental.
Igualdade de direitos
86
Alessandro Almeida
Laicidade do estado
87
FÉ X DINHEIRO
Fonte: Acervo do autor49
Na transição do feudalismo para o capitalismo, os
abusos cometidos pela Igreja Católica Apostólica
Romana resultaram na Reforma Protestante XVI.
A prática da Simonia, venda de favores, cargos e
objetos sagrados gerou questionamentos que
abalaram o catolicismo. De maneira similar, em
1992, o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do
Reino de Deus, foi preso por sonegação de impostos
e corrupção na Igreja. Esses exemplos históricos
demonstram que, em função do dinheiro, inúmeros
fiéis cristãos são agredidos por crimes realizados
por indivíduos de má-fé.
49 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
Laicidade do Estado
88
Alessandro Almeida
STAN LEE – ETERNO
Fonte: Acervo do autor50
A intolerância religiosa, a violência e a pobreza
impulsionam a imigração. No século XIX e XX, muitos
judeus tentaram uma vida melhor no Estados Unidos
como: Hannah Arendt, Albert Einstein e o casal Jack
e Célia Lieber, imigrantes da Romênia. Proveniente
desta família, Stanley Lieber, viveu uma infância
difícil no Bronx, periferia de Nova York, nos Estados
Unidos. Conhecido como Stan Lee, o jovem judeu
transformou seu transtornos e dificuldades da
infância em personagens das Histórias em
quadrinhos de sucesso como: Homem Aranha, Hulk
e muitos outros. Por meio de uma linguagem simples,
propôs reflexões sobre sensibilidades, preconceito,
intolerância, desigualdade, ciência, capitalismo e
inúmeras outras temáticas relevantes. O exemplo
da biografia e sucesso de Stan Lee, falecido em 2018,
50 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
89
aos 95 anos, demonstra que a leitura, a inteligência
e o respeito são pilares para o estímulo de práticas
pedagógicas indispensáveis para o equilíbrio das
ações humanas.
CRIANÇA E ABORTO NO BRASIL
Fonte: Jusbrasil51
Menina de 10 anos de idade, estuprada pelo marido
da tia, acompanhada da avó, é obrigada a sair de
Vitória, Espírito Santo para realizar um aborto em
Hospital de Pernambuco. O caso foi exposto nas
mídias digitais e despertou a fúria de radicais
religiosos, os quais insultaram o médico que realizou
o procedimento com gritos de “assassino”. Conforme
os ditames dos direitos humanos e o próprio Estatuto
51 Disponível em <https://correcaofgts.jusbrasil.com.br/noticias/
912653788/juiz-do-es-autoriza-aborto-em-crianca-de-dez-anos-viti-
ma-de-estupro>. Acesso em 20 out. 2020
Laicidade do Estado
90
Alessandro Almeida
da Criança e do Adolescente, o caso é legalizado,
pois além da violência sexual sofrida, a criança
grávida corria risco de vida, caso o procedimento
médico não fosse realizado. Considerando a laicidade
do estado, o apoio dos responsáveis diretos, as leis
nacionais favoráveis à interrupção da gestação em
caso de estupro e os traumas de uma gravidez
indesejada e criminosa, o foco das ações deve ser
na vítima, que é a criança cujo nome foi ilegalmente
divulgado. Dessa forma, os julgamentos de grupos
religiosos não devem condenar o profissional de
medicina, mas sim contribuir para que o abusador
seja encontrado e punido e para que a criança se
recupere bem do procedimento realizado.
CORRUPÇÃO E FÉ NO BRASIL
Fonte: Acervo do autor52
52 Disponível em <https://www.instagram.com/hg6alessandro> Aces-
so em 20 out. 2020.
91
Padres “não foram feitos para fortunas”. “Deus não
quer uma igreja de show. O lugar do padre não é no
palco.” As frases de Dom Silvio

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