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AULA 06 PERÍCIA E ARBITRAGEM CONTÁBIL - NOÇÕES GERAIS SOBRE PERÍCIA NA ESFERA ARBITRAL

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PERÍCIA E ARBITRAGEM 
CONTÁBIL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Tassiani Aparecida dos Santos 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Vamos iniciar a nossa sexta aula da disciplina de Perícia e Arbitragem 
Contábil. O objetivo desta aula é discorrer sobre os aspectos relativos à 
arbitragem contábil. Como veremos adiante, a arbitragem é uma alternativa de 
resolução de conflitos fora da esfera judicial. Portanto, essa última aula do curso 
oferecerá subsídios para que os nossos alunos compreendam quais aspectos 
são importantes na arbitragem contábil e o papel do perito nesse ambiente de 
atuação. 
Iniciaremos nossa última aula abordando as noções gerais sobre perícia 
na esfera arbitral, indicando o que é a arbitragem e o papel do perito. O Tema 2 
desse material versa sobre a arbitragem no Direito Empresarial e como solução 
de conflitos internacionais, assim, contextualizaremos historicamente a 
arbitragem e as vantagens da utilização dessa esfera. Em seguida, o Tema 3 
trata dos princípios de arbitragem: da autonomia privada, da boa-fé, da 
autonomia da cláusula da convenção de arbitragem em relação ao contrato, da 
competência-competência, da força vinculante e obrigatoriedade da cláusula 
arbitral, do princípio da temporariedade e das garantias processuais. O Tema 4 
explicita a problemática das atribuições usuais do órgão arbitral. E, por fim, o 
Tema 5 aborda os requisitos da sentença arbitral. Muito assunto, não? Então, 
mãos à obra! 
CONTEXTUALIZANDO 
A nossa última aula do curso de Perícia e Arbitragem Contábil versará 
sobre aspectos gerais da arbitragem contábil. Na prática de sua atividade 
profissional, o perito se vê cercado de possibilidades de atuação, a arbitragem é 
a esfera que permite ao profissional mediar um conflito, normalmente amigável, 
que ocorre fora da esfera judicial. As regras e diretrizes também existem, 
contudo, serão definidas pelo órgão arbitral ou pelo próprio perito. Assim, 
veremos que o ambiente na arbitragem, embora ainda normatizado, é mais 
flexível e ágil quando comparado à esfera judicial. 
Mas qual a diferença da esfera arbitral para a esfera judicial? As decisões 
da esfera arbitral têm validade jurídica? Se sim, quais são as normas e regras 
desse ambiente? E como o profissional perito-contador ou assistente técnico 
deve atuar? 
 
 
3 
Bem, essas e outras questões devem ser refletidas de antemão, contudo, 
a partir de agora, vamos explorar esses questionamentos. 
TEMA 1 – NOÇÕES GERAIS SOBRE PERÍCIA NA ESFERA ARBITRAL 
Estamos iniciando a nossa última aula do curso de Perícia e Arbitragem 
Contábil. Trataremos, nesse primeiro tema, das noções gerais sobre perícia na 
esfera arbitral, especificamente os conceitos e as definições, além do papel do 
perito nessa esfera. Mas, no final das contas, o que é arbitragem? 
A arbitragem é o procedimento extrajudicial de resolução de conflitos. 
Esse processo foi normatizado pela Lei n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 
atualizado pela Lei n. 13.129, de 26 de maio de 2015, a qual ficou conhecida 
como Lei da Arbitragem. Segundo Campolina (2008, p. 26), a arbitragem é o 
meio eficaz, seguro, sigiloso e técnico de solução definitiva de litígios referentes 
a direitos patrimoniais disponíveis, no qual as partes elegem um árbitro, por meio 
de documento assinado, para proferir laudo arbitral. 
Dessa maneira, podemos definir a arbitragem como uma alternativa à 
esfera judicial para a resolução de conflitos por meio da intervenção de um 
terceiro (árbitro). Os poderes desse terceiro são de uma convenção privada, ou 
seja, assume a eficácia de uma sentença judicial (Carmona, 1998). 
Complementarmente, Vilela (2004, p. 32) assevera que o conceito de 
arbitragem perpassa os seguintes elementos: a arbitragem como instituição, a 
necessária existência de um litígio a ser pacificado, a intervenção indispensável 
e decisiva de um terceiro não vinculado e que não represente a jurisdição estatal, 
a manifestação obrigatória de vontades das partes (caráter facultativo) para a 
formalização do juízo arbitral, a inexistência de vedação legal de submissão do 
litígio a um juízo não estatal, e ainda, a obrigatoriedade da decisão prolatada. 
Sumariamente, podemos citar Rabay (2012) em relação aos cinco pontos 
principais que caracterizam a esfera arbitral, sendo eles: 
1. Configura-se como meio alternativo à esfera judicial para a resolução de 
conflitos; 
2. Tem como objeto o direito patrimonial disponível, ou seja, todo direito que 
pode ser transacionado (venda, compra, doação, etc.) pelas partes sem 
intervenção do estado; 
 
 
4 
3. É instituída pela autonomia privada, ou seja, por vontade/consenso entre 
as partes; 
4. A livre escolha do árbitro que decidirá a controvérsia; 
5. As partes envolvidas se comprometem a aceitar e acatar a decisão 
arbitral, não cabendo recurso. 
Neste momento, é necessário fazer um adendo, com o objetivo de tornar 
muito clara a questão da validade jurídica da esfera arbitral: a lei arbitral 
estabelece a cláusula compromissória. Isso significa dizer que a convenção 
arbitral é um negócio jurídico resultante do acordo entre as partes. Assim, esse 
acordo tem poder coercitivo e, assim, não se admite que uma das partes desista 
unilateralmente e recorra ao Judiciário; caso esse fato ocorra, o magistrado deve 
dar supremacia à esfera arbitral (Campolina, 2008). 
Bom, mas qual é o papel do perito na esfera arbitral? Por que tratamos da 
esfera arbitral em contabilidade? 
Aqui, dois aspectos devem ser observados: primeiro, o objeto da esfera 
arbitral; segundo, as características do árbitro. Vamos à análise. 
O objeto da arbitragem é definido por lei como o direito disponível. O 
conceito de direito disponível é todo aquele bem ou direito que as partes podem 
transacionar, ou seja, vender, comprar, doar, de livre e espontânea vontade, sem 
que o Estado tenha que intervir na relação jurídica. São exemplos a compra de 
um carro, a doação de um imóvel, etc. É relevante atentar ao Código Civil, artigo 
1035, que estabelece que “o direito material só admite a transação quanto a 
direitos patrimoniais de caráter privado”. Resumindo, é passível de arbitragem 
todo direito material de caráter privado, atrelado a questões patrimoniais, na 
existência de contrato, verbal ou não (Campolina, 2008). 
O árbitro é a pessoa escolhida em comum acordo entre as partes da 
esfera arbitral. Nesse sentido, é premissa do processo de arbitragem que ambas 
as partes tenham plena confiança no árbitro escolhido. Adicionalmente, esse 
profissional deve possuir alguns atributos para exercer a função, tais como: 
 Alta qualificação; 
 Boa reputação e atendimento aos requisitos éticos; 
 Imparcialidade; 
 Conhecimento técnico-científico sobre a matéria a ser resolvida. 
 
 
5 
Dessa maneira, o árbitro tem o papel de substituir o magistrado, contudo, 
deve ser extremamente técnico e qualificado para exercer tal função, assim 
como o perito na esfera judicial (Campolina, 2008). 
Quando discorremos sobre o objeto da arbitragem, vimos que se trata de 
questão patrimonial, envolvimento de bens e direitos e normalmente o perito-
contador é o profissional mais habilitado para emitir opinião econômica e 
financeira sobre o bem ou o patrimônio objeto da discussão arbitral. 
Paralelamente, o árbitro precisa atender a características muito similares às do 
perito, tal como a imparcialidade e a extrema capacidade técnico-científica na 
matéria da lide arbitral. 
Assim, nesse cenário, podemos apreender que o perito-contador é 
comumente solicitado para a esfera arbitral e, portanto, é muito importanteconhecer os mecanismos dessa esfera e como o perito-contador, na função de 
árbitro, irá desenvolver suas atividades. Vamos analisar esses pontos nos temas 
seguintes dessa aula. 
TEMA 2 – ARBITRAGEM NO DIREITO EMPRESARIAL E COMO SOLUÇÃO DE 
CONFLITOS INTERNACIONAIS 
Como aspecto introdutório desse tema, abordaremos brevemente o 
histórico do Direito Empresarial e o surgimento da esfera arbitral. 
O Direito Comercial surgiu com o intuito de solucionar conflitos existentes 
na esfera mercantil. Há vestígios muito antigos do Direito Comercial, como no 
Código de Hammurabi, na Grécia Antiga, e na Lex Rhodia de Lactu, dos 
romanos. A expansão da complexidade das operações mercantis acarretou em 
uma expansão do Direito Comercial e a sua posterior denominação de Direito 
Empresarial (Campolina, 2008). 
O Direito Empresarial não é voltado estritamente para o comércio, mas 
engloba todas as relações que envolvem a atividade mercantil, a prestação de 
serviços e a circulação de mercadorias, conforme o artigo 997 do Código Civil. 
Enquanto o Direito Comercial passa a contemplar o comerciante, a atividade 
empresária, o cliente consumidor, o Estado e toda matéria que está direta ou 
indiretamente ligada ao comércio, à indústria e à empresa (Campolina, 2008). 
Mas, e o Direito Arbitral? Ele surgiu em qual contexto? Qual foi seu 
objetivo? Campolina (2008) afirma que o Direito Arbitral surgiu a partir do século 
XVIII com o intuito de resolver conflitos comerciais internacionais. 
 
 
6 
Faz-se necessário, também, nessa fase dos nossos estudos, 
compreender porque a arbitragem surge como uma alternativa à esfera judicial. 
As organizações empresariais, assim como as pessoas físicas, precisam 
de saúde e paz de espírito para desenvolverem suas relações com todos os 
stakeholders, tais como a cadeia de valores (clientes e fornecedores), os 
funcionários e a comunidade, englobando todos os aspectos sociais e 
ambientais envolvidos. 
Assim, quando surge um impasse nesse ambiente, as organizações 
podem resolver esse conflito na esfera arbitral. Essa decisão auxiliará na 
manutenção do bom relacionamento futuro com os stakeholders da empresa, 
visto que a esfera arbitral é uma alternativa mais amigável em relação ao 
processo judicial, que é sempre desgastante. A arbitragem leva em consideração 
a conservação das relações existentes, objetivando resolver o impasse de forma 
célere, discreta e com critérios e valores aceitos pelas partes envolvidas 
(Campolina, 2008). 
Portanto, podemos apontar, de maneira sucinta, três aspectos que são 
considerados por Campolina (2008) como as principais vantagens da esfera 
arbitral em detrimento da esfera judicial: a celeridade processual, a informalidade 
e a economia financeira. 
A celeridade processual é a rapidez com que o processo arbitral se inicia 
e conclui-se. Segundo Campolina (2008), o que geralmente leva três anos para 
ser resolvido em primeira instância da esfera judicial, pode ser resolvido, em 
média, com seis meses de arbitragem. 
A informalidade é comum às esferas extrajudiciais, aplicando-se, também, 
à esfera arbitral. Exemplos de informalidade: as partes podem se comunicar 
diretamente com o árbitro (fato que não ocorre na esfera judicial), e as partes 
podem expor suas razões sem se preocupar com aspectos formais de 
comunicação, tais como as petições (Campolina, 2008). 
E, por último, temos a economia financeira. De cara, poderíamos citar a 
economia de tempo (relativo à celeridade processual) como uma conversão em 
economia financeira. Contudo, além desse aspecto, que também é válido, temos 
que o procedimento arbitral é mais econômico do que as custas e taxas pagas 
para a máquina do Judiciário (Campolina, 2008). 
 
 
 
7 
TEMA 3 – PRINCÍPIOS DE ARBITRAGEM 
Antes de discorrermos sobre cada um dos sete princípios da arbitragem, 
faremos uma breve explanação sobre o conceito de princípios jurídicos e suas 
funções e o papel dos princípios na esfera arbitral. 
De forma sintética e superficial, podemos dizer que os princípios, no 
Direito, cumprem um papel de fundamentos, normas elementares ou requisitos 
primordiais. Nesse sentido, são os axiomas ou verdades universais de um 
sistema jurídico. As funções dos princípios, segundo Rabay (2012), podem ser 
sintetizadas em estrutural, interpretativa, axiológica e social. A função estrutural 
mantém a coerência e harmonia do sistema jurídico. A função interpretativa tem 
os princípios como direções seguras, ou seja, eles auxiliam e contribuem para a 
interpretação das normas jurídicas. A função axiológica é a utilização dos 
princípios para a solução de divergências concretas. E, por fim, a função social 
prescreve que o magistrado deverá atender a fins sociais e ao alcance do bem 
comum, ao aplicar a legislação para resolução de um impasse. 
Assim sendo, podemos abordar os princípios da arbitragem transpondo a 
conceituação dos princípios e de suas funções do ambiente judicial para o 
arbitral. Para tanto, os seguintes princípios devem ser considerados ao tratarmos 
da esfera arbitral (Rabay, 2012): 
a. Princípio da autonomia privada: esse princípio confere às partes o 
poder de autorregulamentação e autodeterminação de seus interesses, 
em esfera arbitral, desde que não sejam contrários à ordem pública, aos 
bons costumes e às normas vigentes. 
b. Princípio da boa-fé: inspirado no Código Civil, o princípio da boa-fé foi 
transportado também para a esfera arbitral. Ele veda o abuso de direito, 
o comportamento contraditório, o ato emulativo e/ou eivado de boa-fé, 
bem como alegação em juízo, por qualquer das partes que 
voluntariamente elegeram a esfera arbitral para resolução de conflito. 
c. Princípio da autonomia da cláusula da convenção de arbitragem em 
relação ao contrato: no direito contratual temos o princípio da 
conservação dos contratos, que é subdividido em preservação, conversão 
e aproveitamento e está presente no Código Civil. Contudo, na esfera 
arbitral, temos o princípio da autonomia da cláusula da convenção de 
arbitragem sobre o contrato. Isto significa dizer que, independentemente 
 
 
8 
da nulidade do contrato, a cláusula da convenção arbitral é soberana. 
Portanto, a nulidade do contrato não implica nulidade da cláusula arbitral. 
d. Princípio da competência-competência: esse princípio versa sobre a 
soberania da decisão arbitral. Assim, cabe aos próprios árbitros a decisão 
sobre a invalidade da cláusula arbitral e do contrato. O árbitro tem a 
capacidade para julgar sua própria competência, ou seja, ele mesmo 
decide com imparcialidade nesse processo arbitral. Importante salientar 
que não há como admitir a interferência do Poder Judicial na esfera 
arbitral. Outrossim, a esfera arbitral perderia sua efetividade. 
e. Princípio da força vinculante e obrigatoriedade da cláusula arbitral: 
esse princípio é correlacionado ao princípio da força obrigatória das 
convenções, no qual as partes devem cumprir com os acordos 
estipulados entre si e lavrados por meio das convenções. Nesse sentido, 
a cláusula arbitral assume um caráter de convenção e, 
consequentemente, as partes são obrigadas a submeterem-se à esfera 
arbitral para a resolução dos problemas, excluindo-se a possiblidade de 
jurisdição estatal. 
f. Princípio da temporariedade: em contraponto ao princípio da força 
vinculante e obrigatoriedade da cláusula arbitral, o princípio da 
temporariedade apresenta-se como um elemento que visa limitar a 
validade da cláusula arbitral a fim de não a tornar vitalícia, configurando-
se como sujeição eterna. Assim sendo, após o período estabelecido no 
arbitramento ou decorrido um prazo de seis meses, se não houver 
mençãona sentença arbitral, existe a possibilidade de ação judicial para 
resolução do conflito. 
g. Princípio das garantias processuais: esse princípio versa sobre os 
procedimentos necessários para garantir validade ao processo arbitral. 
Nesse sentido, garantias mínimas processuais devem ser atendidas, tais 
como o devido processo legal, a ampla defesa, o contraditório, a 
igualdade entre as partes, a imparcialidade e o livre convencimento do 
árbitro, a decisão fundamentada, entre outros aspectos. Caso o princípio 
das garantias processuais não seja cumprido, torna-se de difícil a 
aceitação, tanto juridicamente quanto socialmente, a legitimidade e a 
credibilidade da sentença arbitral. 
 
 
9 
TEMA 4 – ATRIBUIÇÕES USUAIS DO ÓRGÃO ARBITRAL 
Neste tema veremos orientações e explicações quanto às atribuições 
usuais do órgão arbitral. 
Depois de as partes, de livre acordo, terem concebido a esfera arbitral 
para a resolução de conflitos, como se dá a formação e a escolha do árbitro? O 
que é esse órgão arbitral? 
Na esfera arbitral, cabe às partes disciplinar os procedimentos, em 
comum acordo e respeitando os sete princípios arbitrais que estudamos no tema 
anterior, ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou de uma 
entidade especializada para tal fim. Nesse sentido, o órgão arbitral é formado 
por pessoas especializadas, com regras e procedimentos próprios. A escolha de 
um órgão arbitral e/ou a formação de um tribunal de árbitros responsáveis pelo 
processo deve estar formalizada na cláusula compromissória. Segundo 
Campolina (2008), é comum que cada parte indique o seu árbitro, os dois árbitros 
indiquem um terceiro e, de comum acordo, os três árbitros indiquem o presidente 
do órgão arbitral; caso não haja consenso, elege-se o mais idoso. 
As partes podem escolher livremente como querem solucionar o litígio, 
conforme o art. 10º da Lei de Arbitragem. Ainda, o princípio da autonomia permite 
que as partes escolham como será resolvido o conflito, em qual prazo e por quais 
árbitros. Essa escolha perpassa o órgão arbitral e podem ser fundamentadas 
nas regras do Direito, na equidade ou, ainda, nos usos e costumes do comércio 
internacional. Na ausência de regras, os árbitros disciplinarão os procedimentos 
(Campolina, 2008). 
Por fim, discorreremos sobre o procedimento arbitral, que é composto por 
audiências, sem formalidades ou solenidades. O objetivo da arbitragem é propor 
uma conciliação entre as partes, visto que a esfera arbitral tem como 
pressuposto a manutenção das relações comerciais existentes entre as 
organizações litigantes. Se houver acordo, será proferida a sentença arbitral. 
E caso não haja acordo? Como é o procedimento? Novamente, 
salientamos que a esfera arbitral pressupõe, diferentemente da esfera judicial, 
uma boa vontade no sentido de resolução dos problemas de forma amigável 
entre as partes. Caso não haja um acordo inicial, as partes devem apresentar 
seus questionamentos e suas assertivas e indicar as provas que pretendem 
 
 
10 
produzir para embasamento dos pontos levantados em audiência. Essas provas 
podem ser documentais, testemunhais ou periciais. 
Em seguida, outra audiência será agendada com o intuito de resolver os 
fatos contraditórios apresentados. Assim, as provas são apresentadas, quando 
houver, e julgadas. Por fim, dentro de prazo estabelecido pelas partes, fica o 
árbitro encarregado de proferir uma sentença arbitral. 
TEMA 5 – REQUISITOS DA SENTENÇA ARBITRAL 
Neste tema, após termos aprendido sobre o que é arbitragem, o papel do 
perito-contador, os princípios norteadores e os procedimentos arbitrais, 
explicitaremos o aspecto final, o xeque-mate do nosso processo arbitral: a 
sentença arbitral. 
A sentença arbitral deve ser proferida dentro do prazo estabelecido no 
termo de compromisso arbitral, ou, se nada tiver sido acordado, dentro do prazo 
de seis meses. As partes podem, de comum acordo, optar pela prorrogação do 
prazo, devendo expressar essa vontade de forma escrita. Todavia, em casos em 
que o prazo não tenha sido prorrogado e tampouco respeitado pelos árbitros, as 
partes deverão entregar uma notificação por escrito decretando um prazo final 
para a sentença arbitral (Campolina, 2008). 
Um aspecto fundamental e que torna a esfera arbitral ainda mais legítima 
é a força executória de sentença transitada em julgado que possui o laudo 
arbitral e que, portanto, produz os mesmos efeitos da esfera judicial. Podemos 
citar os seguintes efeitos idênticos nas duas esferas, decorrentes da sentença 
arbitral (Campolina, 2008): 
 Tornar certa a relação (ou situação) jurídica incerta; 
 Pôr fim à atividade jurisdicional arbitral; 
 Constituir título executivo, se condenatória; 
 Sujeitar o devedor à execução; 
 Produzir hipoteca judiciária. 
Não objetivamos, aqui, nos aprofundar nesses aspectos supracitados, 
contudo, queremos enfatizar a o efeito produzido pela sentença arbitral. 
Ratificamos com a seguinte assertiva de Campolina (2008, p. 64): 
Assim, o laudo ou a sentença arbitral possui a mesma natureza da 
decisão emanada pelo Judiciário, decidindo questões de fato e de 
 
 
11 
direito, podendo ser executada em caso de descumprimento. Se 
condenatória, constituirá título executivo judicial. A sentença arbitral 
terá definitividade, não cabendo recurso, salvo quanto a erro formal, 
como por exemplo, se desrespeitado algum princípio do juízo arbitral. 
A nulidade deverá ser requerida na justiça comum. 
Nesse sentido, só cabe recurso à sentença arbitral, caso seja cometido 
algum erro formal. E este deve ser requerido na justiça comum. Como exemplo, 
podemos citar algum tipo de vício em relação à sentença arbitral: o árbitro era 
suspeito e apenas uma das partes detinha o conhecimento prévio no decorrer 
do arbitramento. Assim, tomada ciência do fato, a parte que se sentir lesada 
poderá solicitar, na justiça comum, ação de nulidade da sentença arbitral 
proferida, de acordo com os arts. 32 e 33 da Lei da Arbitragem (Campolina, 
2008). 
TROCANDO IDEIAS 
Nessa última aula do nosso curso sobre Perícia e Arbitragem Contábil, 
aprendemos como funciona o processo de arbitragem, em seus detalhes, e a 
importância para a área contábil e para o profissional perito-contador. Em um 
mundo tão complexo e dinâmico, as organizações empresariais buscam 
direcionar seus esforços para o core business (seu negócio principal) e, portanto, 
quando surge um impasse com seus parceiros de negócios e stakeholders, no 
geral, essas empresas podem optar pela arbitragem como solução dos conflitos 
existentes e manutenção do bom relacionamento com os parceiros de negócios, 
visto que todas as empresas visam à continuidade. 
Nesta atividade de fórum, você deverá pesquisar, refletir e expor a sua 
opinião sobre a seguinte questão: 
A arbitragem é um processo que visa à resolução de conflitos de forma 
rápida, informal e com a diminuição dos custos processuais. Dessa maneira, 
vimos que existem muitas vantagens em relação à utilização da arbitragem em 
detrimento da esfera judicial. Contudo, questiona-se: qual a efetividade da 
arbitragem no cenário brasileiro? Existe confiança entre os parceiros de 
negócios? A cultura do brasileiro é mais propensa ao processo judicial ou ao 
arbitral? E, por fim, a possível ineficiência da máquina judicial brasileira 
impulsiona para a arbitragem? 
 
 
 
 
12 
Saiba mais 
Dica: leia sobre a seguinte caso de disputa bilionária de ações da 
Odebrecht com possível solução arbitral. Disponível em: <https://stj.jusbrasil.co
m.br/noticias/269208448/contrato-disputa-bilionaria-de-acoes-da-odebrecht-
sera-resolvida-por-arbitragem>. Acesso em: 4 out.2018. 
NA PRÁTICA 
Vamos agora para uma atividade prática. Coloque os conceitos 
aprendidos nessa aula como base para resolução de um problema pericial. 
Nesta atividade, você deverá refletir e aplicar o conceito de tribunal arbitral: 
A empresa X e a empresa Y são sócias da empresa MAX. A empresa 
MAX possui seu capital social segmentado da seguinte maneira: 9.000 ações, 
sendo 3.000 ações da empresa X e 5.000 ações da empresa Y, as demais ações 
pertencem a acionistas minoritários, sem direito a decisão. 
Para organizar as relações entre os sócios, em dezembro de 2009, os 
grupos de acionistas, representados pelas empresas X e Y, celebraram um 
acordo entre acionistas na empresa MAX. Nesse acordo, previam uma série de 
questões, tais como exercício de voto, controle, questões de governança 
corporativa, política de comunicação com o mercado, venda de ações, entre 
outras. O acordo previa a resolução de problemas pela esfera arbitral. 
Em maio de 2011, a empresa Y, até então controladora da empresa MAX 
e com grandes influências no acordo celebrado em 2009, se viu obrigada a 
vender 40% de suas ações da empresa MAX. Nessa ocasião, objetivando 
adquirir controle na empresa MAX, a empresa X comprou as 2.000 ações que 
pertenciam à empresa Y. 
A estrutura acionária, a partir de maio de 2011, ficou da seguinte maneira: 
empresa X com 5.000 ações, a empresa Y com 3.000 ações e outros acionistas 
minoritários com 1.000 ações da companhia MAX. 
Em janeiro de 2012, as empresas X e Y enfrentaram um impasse 
relacionado à política de comunicação de informações estratégicas ao mercado 
acionário. Acionando o acordo, a empresa Y solicitou um tribunal arbitral para 
resolução do problema. Contudo, o grupo de acionistas que representavam a 
empresa X, atual controladora da companhia MAX, não achou legítima a esfera 
arbitral e decidiu entrar com um processo judicial para resolver tal empecilho. 
 
 
13 
Com base no caso relatado, questiona-se: o que ocorre se o grupo de 
acionistas que não aderiu ao procedimento arbitral (empresa X) tiver a solução 
diferente, na esfera judicial, em relação ao grupo de acionistas que aderiu ao 
procedimento arbitral (empresa Y)? 
FINALIZANDO 
Estamos finalizando a disciplina de Perícia e Arbitragem Contábil. Foi um 
curso extenso e denso no que tange à quantidade de detalhes e informações 
normativas e procedimentais das esferas pericial e arbitral. 
A primeira aula discorreu sobre aspectos conceituais, tais como a 
definição da prática pericial, seu objeto, conceito, aspectos históricos, além das 
normas relativas à profissão de perito. 
A segunda aula do curso tratou dos aspectos normativos da profissão 
pericial, dentre eles, as obrigações normativas da profissão, incluindo as 
limitações e alcance, além do tratamento sobre os honorários e aspectos 
periciais da prova. 
A terceira aula do curso se preocupou em apresentar as técnicas 
empregadas e as principais metodologias de trabalho relativas a erros, fraudes, 
laudo pericial e parecer técnico. 
A nossa quarta aula desse curso focou no planejamento dos trabalhos 
periciais, indicando caminhos para que o profissional diminua riscos inerentes à 
profissão e possa cumprir seu planejamento inicial. 
A quinta aula, e última sobre perícia contábil, versou sobre a execução 
dos trabalhos, mostrando exemplos de tipos de perícia aplicada à Contabilidade 
em diversas esferas judiciais, tais como criminal, cível estadual, da família, 
justiça federal, do trabalho, entre outras. E, por fim, a última aula do curso de 
Perícia e Arbitragem Contábil se concentrou no processo de arbitragem. 
Os dois primeiros temas dessa aula sobre arbitragem introduziram esses 
atributos para o mundo dos nossos alunos. Assim, no Tema 1, abordamos as 
noções gerais sobre perícia na esfera arbitral, especificamente os conceitos e as 
definições, além do papel do perito nessa esfera. Já o segundo tema dessa aula 
destacou a arbitragem no Direito Empresarial e como solução de conflitos 
internacionais, perpassando os aspectos históricos da arbitragem no Direito e a 
relevância e vantagens da resolução de conflitos na esfera arbitral. 
 
 
14 
Em seguida, foram apresentados os princípios norteadores do processo 
arbitral e os procedimentos relativos à resolução de conflitos nesse ambiente. 
Assim, o Tema 3 apresentou e explicou os sete princípios direcionadores do 
tribunal arbitral, os quais devem ser seguidos sempre, pois são verdades 
universais. O Tema 4 versou sobre as atribuições usuais do órgão arbitral, 
especificamente a formação desse órgão e os procedimentos adotadas para que 
exista uma legitimidade processual. E, por fim, discorremos sobre a sentença 
arbitral, detalhando os procedimentos em possíveis desfechos de uma primeira 
audiência conciliatória. Esperamos que você tenha aproveitado muito esse curso 
por meio dos textos, vídeos e exemplos aplicados em cada aula. A partir de 
agora você está apto para compreender o mundo pericial e arbitral, e pode se 
inserir e participar desse universo. Agradecemos a sua companhia durante 
essas seis aulas! 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
CARMONA, C. A. Arbitragem e processo: um comentário à Lei 9.307/96. São 
Paulo: Malheiros, 1998. 
CAMPOLINA, I. M. C. Arbitragem no direito empresarial: perspectivas dos 
sócios e da sociedade. Belo Horizonte: Faculdade de Direito Milton Campos, 
2008. 
VILELA, M. D. G. Arbitragem no direito societário. Belo Horizonte: 
Mandamentos, 2004. 
RABAY, A. Princípios da arbitragem. São Paulo: Malheiros, 2012.

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