Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BRUNNA SIMON VECCHI ANÁLISE DA APLICAÇÃO DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA LEI N° 12.846/13 E ANTICORRUPÇÃO LEI 9.429/92 NO ORDENAMENTO JURIDICO BRASILEIRO SAO PAULO RESUMO O fato de ser um tema pouco explorado faz com que eu tenha, o tema abordado na Rol 3 – pelo Prof. Fernando me trouxe uma acerta afeição pelo conteúdo. Sendo assim, com objetivo de trazer um entendimento um pouco mais aprofundado realizei uma análise objetiva e subjetiva da aplicação das leis. 1 ANALOGIA DAS LEIS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA N° 8.429/92 E LEI ANTOCORRUPÇÃO 1.1 ANTÍNOMIA JURIDICA OU COMPLEMENTAÇÃO DA NORMA O Art. 37 §2° da Constituição Federal traz a responsabilidade da Administração Pública e Privada em nosso ordenamento jurídico, diante da prática de atos ilícitos por agentes públicos e privados. Dito isso, importante mencionar que, antes do ano de 2013, a única lei que especificava as penalidades e responsabilidades dos agentes públicos e privados ante práticas lesivas ao erário, era a Lei 8.429/92 denominada de Lei de Improbidade Administrativa. Porém, após a sequência de escândalos políticos envolvendo escalas dos mais diversos representantes do poder executivo e legislativo brasileiro, promulgou-se a Lei Anticorrupção N° 12.846/13(permaneceu por muito tempo como um projeto de Lei) com o intuito de responsabilizar de forma objetiva e subjetiva, todos aqueles que praticavam atos lesivos e ilícitos de forma direta e/ou indireta ao patrimônio nacional. O Advogado Mauro Roberto Gomes de Mattos, em um texto realiza uma análise complexa e interessante sobre:“ Do Conflito da Lei Anticorrupção (Lei. 12.486/13) com a Lei de improbidade administrativa (Lei 8.429/92) no que pertence à responsabilidade da pessoa jurídica privada Antinomia Jurídica” abordando os conflitos normativos, que envolvem a Lei de Improbidade Administrativa e Lei Anticorrupção, dos quais, é possível concluir que em alguns artigos das Leis ocorre uma espécie de Antinomia Jurídica entre as leis. Sobre o tema, o Autor Flavio Tartucce definiu o significado de Antonímia Jurídica da seguinte forma: “A antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto (lacunas de colisão)” Como exposto pelo advogado, é possível identificar algumas categorias de antinomias, das quais o legislador acaba aplicando penalidades para as mesmas espécies de crimes nas duas legislações, gerando“ bis is idem” . Tal hipótese é vedada em no nosso ordenamento jurídico, pelo fato de um sujeito não poder ser responsabilizado 2x (duas vezes) por um mesmo crime. Porém, apesar de as normas serem conflitantes em alguns aspectos, elas também são complementares por trazerem complementos e novos sujeitos punitivos para todos aqueles que podem prejudicar a economia nacional. Isso porque, apesar da antinomia jurídica entre as Leis, é visto que, na verdade, a Lei Anticorrupção trouxe a responsabilização objetiva, do âmbito privado publico e privado, abrangendo todos os agentes infratores que contribuírem para as práticas lesivas, sejam elas nacionais ou internacionais, praticadas em face do patrimônio nacional. Sendo assim, a seguir será apresentado como essas normas se complementam e, como elas podem ser ainda mais complementadas com novos institutos, para se tornarem cada vez mais efetivas e punitivas na hora da aplicação do caso em concreto, além de prevenir que haja determinados“ meios jurídicos” para que os agentes pratiquem atos contra a Administração Pública. 1.2 A IMPORTANCIA DA COMPLEMENTACAO E EXTENSAO DAS RESPOSABILIDADES COM O ADVENTO DA LEI 12.486/2013 Diante da Tese da possível complementação da norma em seu Artigo 2° da Lei de Improbidade Administrativa, segue uma analogia das características subjetivas e complementares do Artigo 3° Lei Anticorrupção: Lei 12.846/13: Art. 2o AS PESSOAS JURÍDICAS serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos ATOS LESIVOS PREVISTOS NESTA LEI PRATICADOS EM SEU INTERESSE OU BENEFÍCIO, EXCLUSIVO OU NÃO.” (g.n.) Lei 8.429/92: Art. 3o As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, aquele QUE, MESMO NÃO SENDO AGENTE PÚBLICO, INDUZA OU CONCORRA PARA A PRÁTICA DO ATO DE IMPROBIDADE OU DELE SE BENEFICIE SOB QUALQUER FORMA DIRETA OU INDIRETA.” (g.n.) De antemão, já podemos identificar que a Lei Anticorrupção em seu Artigo. 3° da Lei 12.846/13 esta caracterizada por meio da responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público e privados, bem como daqueles que contribuírem para a lesão do Patrimônio da Nacional. A responsabilidade objetiva possui 03 (três) elementos essenciais para ocorrer a sua penalidade: conduta lesiva ou omissiva em relação ao ato ilícito, nexo de dano entre a conduta e o crime contra a administração pública e por fim, não estar dentro de uma causa de excludente de responsabilidade administrativa. Ora, tal denominação é muito relevante tendo em vista que a punição fica mais severa e descreve todos os tipos de ações e punições de práticas ilícitas cometidas em face da administração pública. Fato é que, caso houvesse apenas a Lei de Improbidade Administrativa nos eventos ocorridos na operação “Lava Jato”, muitas empresas teriam saído impunes de seus atos, diante da ausência de fundamentação da norma jurídica no que se diz as práticas lesivas de crimes praticados por pessoas jurídicas de direito privado, como, por exemplo o Acordo de Leniência realizado com a Odebrecht. Ocorre de forma simultânea uma certa antinomia jurídica entre as Leis e, uma espécie de complementação, pelo fato da Lei N° 12. 486/12 responsabilizar agentes infratores estrangeiros e pessoas jurídicas de direito privado por causarem prejuízos ao patrimônio publico. Esse é um dos elementos que demonstra como, na verdade, com uma interpretação mais aprofundada sobre as leis, conclui-se que a Lei Anticorrupção é um complemento da Lei de Improbidade Administrativa, de forma que, a aplicação das duas leis em casos concretos penaliza de forma abrangente todos aqueles que concorrem para as práticas abusivas em face do erário. No que tange a questão de responsabilização objetiva das pessoas jurídicas, incluindo os seus sócios, a Lei 12.429/2013, é necessário considerar que tal responsabilização pode vir a ser excluída, caso a empresa consiga demonstrar que o ato ilícito fora praticado de forma exclusiva pelo sujeito, não tendo essa contribuído para o dano. Isso porque, atualmente surgiu o programa de e“ Compliance” que nada mais é do que, a implementação de programas que prevenção, ação, detenção e resposta para atos ilícitos praticados por todos os funcionários de uma empresa. O programa de compliance deveria ser um elemento taxativo na norma de para que houvesse uma descaracterização da responsabilidade da pessoa jurídica em atos lesivos e ilícitos praticados contra a economia popular, inclusive nas hipóteses de Acordos de Leniência e Deleções Premiadas. O Compliance deveria ser incluído em caráter obrigatório norma jurídica da Lei Anticorrupção N° 12. 846/13. Do mesmo jeito que empresas deixam de ser responsáveis de forma civil e administrativa por atos praticados por particulares em decorrência do compliance, assegurando cada vez mais que sejam diminuídas as práticas ilícitas no âmbito publico e privado. 1.3 A IMPORTANCIA DA EXTENSAO DA NORMA PARA CARACTERIZAÇAO DA RESPONSABILIDADE DE AGENTE ESTRANGEIRE PELA LEI 12.846/13 DIANTE DAS PRÁTICAS ILÍCITAS EM FACE DO PATRIMONIO PUBLICO NACIONAL Ao realizar uma simples análise das disposições e o Art. 1° das duasleis, já é possível identificar que as normas de certa forma se complementam, senão vejamos: LEI 12.846/13 – Anticorrupção – “ Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, NACIONAL OU ESTRANGEIRA, e dá outras providências. LEI 8.429/ Improbidade – “Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos AGENTES PÚBLICOS NOS CASOS DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO NO exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências.” Ora, antes da promulgação da lei anticorrupção no ano de 2013, não existia responsabilização objetiva para os atos lesivos praticados por agentes estrangeiros em face da administração pública. Porém, é importante ressaltarmos que o escândalo político que deu o início ao “ Compliance” iniciou-se nos Estados Unidos, razão pela qual não há como deixar de dispor da responsabilidade das pessoas jurídicas estrangeiras, pelo fato de que, caso esses agentes infratores ficassem isentos de aplicação de penalidade específica poderia gerar uma espécie de “brecha jurídica” para ocorrer punição para as práticas abusivas e ilegais no ordenamento jurídico de onde ocorreu o ilícito em face do patrimônio nacional. Ainda assim, antes da criação da Lei era possível a responsabilização de agentes estrangeiros, contudo, era necessária a aplicação das lacunas jurídicas e normas gerais para que ocorresse a punição em território nacional. Antigamente, antes da responsabilização de entes estrangeiros, era necessário observar a situação fática, as provas e objeto jurídico, para atender-se a multilateralidade das legislações para que então, ocorresse uma punição no caso concreto. Para Pontes Miranda, o conjunto de leis internas determinam aquelas a serem aplicadas aos particulares, de forma que, é possível um elemento nacional com a presença de um elemento estrangeiro. Em contrapartida, o autor Clovis Bevilaqua, em suas obras do Tratado de Direito Internacional Privado de 1938 e dos Princípios Elementares de Direito Internacional Privado de 1944, faz referência ao princípio da coação do poder publico, em que à aplicação da norma em casos que envolvam partes estrangeiras, não pode falecer em relação ao particular, pois a autoridade é autônoma-não sendo um organismo político perfeito. O jurista entendia que, as questões internacionais vão defronte com a ordem pública dos Estados, pois cada país tem sua jurisdição e sua necessidade legislativa, e assim os interesses internacionais acabam por divergir dos nacionais, não podendo prevalecer um sobre o outro (BEVILAQUA; 1938 e 1944). A partir deste preceito, conclui-se que a norma extensiva e complementar da Lei Anticorrupção amplia em sua totalidade a aplicação da norma jurídica no âmbito internacional, pelo fato de haver contabilização para aqueles que contribuem para atos lesivos. Sendo assim, não é que a Lei de Improbidade Administrativa não trouxe as penalidades necessárias ao ordenamento jurídico, o que ocorre é que com a evolução da sociedade e crescimento excessivo do capitalismo, surge a necessidade de adequação da norma ao novo cenário econômico, financeiro e político. 2. CONCLUSÃO Do estudo prévio de alguns artigos da Lei Anticorrupção 12.486/13 e da Lei de Improbidade Administrativa Lei 8.429/93 fora identificado que apesar da semelhança jurídica entre as normas, elas se complementam pelo fato da Lei 12.486/13 ter trazido inovações no tocante a punição dos agentes infratores. Mister salientar que ante o cenário político atual brasileiro, as inovações realizadas pela Lei Anticorrupção trouxeram penalidades para todos aqueles envolvidos em práticas ilegais em face ao patrimônio da união, condenando inclusive terceiros, bem como pessoas ligadas indiretamente aos delitos contra Administração Pública. Além disso, é importante mencionar como o programa de Compliance fora importante no novo advento da Lei 12.486/13, porém é possível que ele seja cada vez mais aplicável e obrigatório dentro do ordenamento jurídico brasileiro, com o intuito de prevenir práticas ilegais e ilícitas.
Compartilhar