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NOELI AMARANTE DA CRUZ SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE UM NOVO COMPLEXO DE INTERESSE BIOINORGÂNICO ENTRE β-LAPACHONA E ÍONS V(III) NAVIRAÍ / MS 2013 NOELI AMARANTE DA CRUZ SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE UM NOVO COMPLEXO DE INTERESSE BIOINORGÂNICO ENTRE β-LAPACHONA E ÍONS V(III) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Química da Unidade de Naviraí da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Química. Orientador: Prof. Dr. Ademir dos Anjos NAVIRAÍ – MS 2013 2 COMISSÃO EXAMINADORA ________________________________________ Prof. Dr. Ademir dos Anjos (orientador) _________________________________________ Prof. Dr. Rogério César de Lara (titular) _________________________________________ Prof. Msc. Jusinei Meireles Stropa (titular) _________________________________________ Prof. André Molina (suplente) Naviraí, 17 de maio de 2013. 3 Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos. Albert Einstein http://pensador.uol.com.br/autor/albert_einstein/ 4 DEDICATÓRIA Á Deus sobre todas as coisas, a minha família pelo apoio e amor, em especial aos meus pais por me ajudarem tanto nesta caminhada. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a DEUS, o centro e o fundamento de tudo em minha vida, sem ele não sou nada. A minha mãe Norma, por ser tão dedicada e amiga, por ser a pessoa que mais me apoia e acredita na minha capacidade, meu agradecimento pelas horas em que ficou ao meu lado não me deixando desistir e me mostrando que sou capaz de chegar onde desejo, sem dúvida foi quem me deu o maior incentivo para conseguir concluir esse trabalho.Obrigada por cada incentivo e orientação, pelas orações a meu favor, pela preocupação para que estivesse sempre andando pelo caminho correto. Ao meu pai Noel, por todo amor e dedicação que sempre teve comigo, homem pelo qual tenho maior orgulho de chamar de pai, meu eterno agradecimento pelos momentos em que esteve ao meu lado, me apoiando e me fazendo acreditar que nada é impossível, pessoa que sigo como exemplo, pai dedicado, amigo e batalhador, Aos meus irmãos Natali, Junior e Rubens, por todo amor e carinho, que sempre estiveram presentes nesta fase da minha vida. Ao meu namorado Cristiano, por todo amor, carinho, paciência e compreensão que tem me dedicado esse tempo todo. Aos meus colegas de classe, em especial Débora, Deluana e Elisandra, a quem aprendi a amar e construir laços eternos. Obrigada por todos os momentos em que fomos estudiosas, brincalhonas e cúmplices. Porque em vocês encontrei verdadeiras irmãs. Obrigada pela paciência, pelo sorriso, pelo abraço, pela mão que sempre se estendia quando eu precisava, esta caminhada não seria a mesma sem vocês. Agradeço muito a Lis, Natalia, Geziel e a Vanessa, por terem me ajudado muito quando comecei na iniciação cientifica, muito obrigada pelo conhecimento, pelo apoio, e pela amizade. Vocês são profissionais que me inspiram. Ao grupo de pesquisa Débora, Tamires e Alice, por tudo que me ensinaram, por serem tão especiais e sempre estarem prontas para me ajudar. 6 Muito obrigada! Agradeço muito ao professor Ademir, por me orientar tanto no TCC como na iniciação científica. Obrigada, pela paciência, dedicação e orientação segura e competente, seu estímulo constante e testemunho de seriedade, permitiram-me concretizar este estudo. Agradeço também pela sua compreensão auxiliando-me com sua imensa sabedoria de forma imprescindível para a elaboração deste trabalho. Foram valiosas suas contribuições para o meu crescimento intelectual e pessoal. A todos os professores por participarem do meu aprendizado e minha formação, de forma especial aos professores Rogério, Jusinei e André Molina, por aceitarem participar da minha banca. A toda comunidade acadêmica da unidade de Naviraí, e a todos que direta ou indiretamente colaboraram para que eu chegasse até aqui. 7 RESUMO A β-lapachona é uma substância natural facilmente obtida a partir do lapachol e possui um amplo espectro de atividade biológica como antitumoral, antiinflamatórias, antimalárica, antiviral, entre outras. Entretanto, sua utilização ainda é restrita devido aos efeitos colaterais que apresenta em determinadas dosagens. Uma das opções é a utilização da β-lapachona como ligante em compostos de coordenação como estratégia para eliminar seus efeitos negativos, além de proporcionar uma melhora nas atividades biológicas. Nesse sentido, optou-se pela síntese de um novo complexo da β-lapachona com o íon V III (íon metálico macio de Pearson) por possuir importante variedade de propriedades farmacológicas, entre elas a mimetização da insulina. Nesse trabalho, são descritos os procedimentos de extração do lapachol a partir do ipê roxo, a conversão química do lapachol em β-lapachona, e a partir da quinona a síntese do complexo e o estudo das suas propriedades espectroscópicas e eletroquímicas. Palavras-chave: β-lapachona, Espectroscopia, Eletroquímica, Vanádio(III). 8 Lista de Figuras Figura 1 Representação esquemática das estruturas: (a) lapachol e (b) -lapachona. 13 Figura 2 Estruturas básicas dos três grupos de quinonas. 14 Figura 3 Ilustração mostrando o lapachol (sólido amarelo) após o isolamento na etapa final. 21 Figura 4 Esquema de síntese da -lapachona a partir do lapachol extraído do ipê roxo. 22 Figura 5 Ilustração mostrando o -lapachona (sólido laranja) após o isolamento na etapa final. 22 Figura 6 Reação da extração do lapachol. 23 Figura 7 Ilustrações da extração do lapachol: (a) etapa inicial em solução de Na2CO3; (b) etapa intermediária após a adição de HCl e (c) etapa final com o precipitado amarelo. 23 Figura 8 Esquema de síntese da -lapachona a partir da lausona ou do lapachol extraído do ipê roxo [Ferreira, 2010]. 24 Figura 9 Espectro no IV do lapachol. 25 Figura 10 Estrutura dimérica do lapachol. 25 Figura 11 Espectros no IV do lapachol e da -lapachona. 26 Figura 12 Espectros no infravermelho do complexo e da β-lapachona. 27 Figura 13 Espectros no UV-Vis do lapachol: (a) Metanol; (b) DMSO e (c) Acetonitrila. 29 Figura 14 Espectro eletrônico do sal lapacholato de sódio, realizado em solução de Na2CO3 0,024 mol.L -1 . 30 Figura 15 Espectros no UV-Vis do lapachol e da -lapachona. 30 Figura 16 Espectros eletrônicos da lapachona e do complexo. 31 Figura 17 Voltamogramas cíclico (superior) e diferencial de pulso (inferior) do par redox ferrocínio/ferroceno (Fc + /Fc) utilizado como padrão interno. Condições experimentais: metanol (solvente), carbono vítreo (trabalho), Ag/Ag + (referência), fio platina (auxiliar). 32 Figura 18 Voltamograma cíclico (a) e diferencial de pulso (b) do lapachol puro. 34 Figura 19 Voltamograma de diferencial de pulso da β-lapachona. 35 Figura 20 Voltamograma cíclico do complexo. 36 9 Figura 21 Voltamograma de diferencial de pulso do complexo. 37 10 Lista de Tabelas Tabela 1 Principais bandas e atribuições, em cm -1 , dos espectros no IV para a β- lapachona e o lapachol. 26 Tabela 2 Principais bandas e atribuições, em cm -1 , dos espectros no IV para a β- lapachona e o complexo. 28 Tabela 3 Comparação entre os comprimentos de onda máximos obtidos a partir dos espectros eletrônicos do lapachol e da -lapachona. 31 Tabela 4 Potenciais (V versus Fc/Fc + ) de pico catódico e anódicocomparativos para a técnica de diferencial de pulso do lapachol e da β-lapachona . 35 11 Lista de Abreviaturas DMSO – Dimetilsulfóxido HCl- Acido cloridrico IV – Infravermelho Na2CO3- Carbonato de sódio UV-Vis – Ultravioleta – Visível Fc + /Fc – Ferrocínio/Ferroceno 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 13 2. OBJETIVOS 19 3. MATERIAIS E MÉTODOS 19 3.1. MATERIAIS 19 3.2. MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO 19 3.2.1. Ponto de fusão 19 3.2.2. Espectroscopia no Infravermelho 19 3.2.3. Espectroscopia no UV-Vis 20 3.2.4. Eletroquímica 20 3.2.5. Extração do Lapachol 21 3.2.6. Conversão Química do Lapachol em β-lapachona 21 3.2.7. Síntese do Complexo 22 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 23 4.1. EXTRAÇÃO DO LAPACHOL 23 4.1.2. Conversão química do lapachol em β-lapachona 24 4.2. PONTO DE FUSÃO 24 4.3. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO 24 4.3.1. Lapachol 24 4.3.2. β-Lapachona 25 4.3.3. Complexo 27 4.4.. Espectroscopia no UV-Vis 28 4.4.1. Lapachol 28 4.4.2. β-Lapachona 30 4.4.3. Complexo 31 4.5. Estudos Eletroquímicos 32 4.5.1. Lapachol 32 4.5.2. β-lapachona 34 4.5.3. Complexo 35 5. CONCLUSÕES 37 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 13 1. INTRODUÇÃO As quinonas naturais e sintéticas são substâncias reconhecidamente possuidoras de potentes e variados tipos de atividades biológicas como antitumorais, moluscicidas, leishmanicidas, anti-inflamatórias, antifúngicas, tripanocidas, antiprotozoárias e inibidoras da enzima transcriptase reversa do vírus HIV-1 [SUN, 1998; DA SILVA, 2003; ALVES, 2008; DA SILVA, 2009; FERREIRA, 2009; FERREIRA, 2010; JÚNIOR, 2010; LOURENÇO, 2011]. A grande variedade estrutural de quinonas de origem natural, como por exemplo, -lapachona, estreptonigrina e urdamicinona, obtidas de extratos vegetais, têm despertado grande interesse da comunidade científica. Este fato pode ser comprovado pelo grande número de trabalhos encontrados na literatura, explorando a atuação destas substâncias em múltiplas funções biológicas [FERREIRA, 2010]. No Brasil, muitos grupos de pesquisa fizeram do estudo destas substâncias uma de suas linhas de pesquisa. O lapachol e a β-lapachona (Figura 1) podem ser consideradas as naftoquinonas que mais influenciaram os grupos brasileiros de pesquisa em química e farmacologia de quinonas. (a) (b) Figura 1 – Representação esquemática das estruturas: (a) lapachol e (b) -lapachona. As quinonas são metabolitos secundários presentes nas plantas e células animais, onde exercem funções na respiração, fotossíntese, toxinas defensivas, e como elementos essenciais no processo de acoplamento energético [HARADA, 2009]. Por serem fortemente coloridas, desde as mais simples, são frequentemente utilizadas como corantes [FARIAS, 1998]. São moléculas altamente redox, conduzindo assim á formação de espécies reativas de oxigênio, como peróxido de hidrogênio (H2O2), O 2- , O O OH O O O 14 OH - [GOULART et.al, 2003; JÚNIOR, 2009]. Este grupo que vem cada vez mais ganhando espaço nas pesquisas devido a suas variadas biodinamicidades, destacando-se, dentre muitas, as propriedades microbicidas, tripanossomicidas, viruscidas, antitumorais e inibidoras de sistemas celulares reparadores, processos nos quais atuam de diferentes formas [DA SILVA et.al, 2003]. De acordo com a estrutura molecular, as quinonas podem ser divididas em três diferentes grupos, que diferenciam-se pelo tipo de sistema aromático que sustenta o anel quinonoídico (Figura 2): benzoquinonas (um anel benzênico), naftoquinonas (um anel naftalênico) e antraquinonas (um anel antracênico) [HARADA, 2009]. O O O O O O O O O O p-benzoquinona o-benzoquinona p- naftoquinona o-naftoquinona p-antraquinona Figura 2 – Estruturas básicas dos três grupos de quinonas. A principal característica eletroquímica das quinonas é a redução dos dois grupos quinônicos que podem ocorrer através do mecanismo geral pela transferência de dois elétrons e captura de dois prótons em uma única etapa, quando em meio aquoso, onde a quinona (Q) é reduzida originando a hidroquinona (QH2) ou em duas etapas monoeletrônicas, em meio aprótico, onde na primeira ocorre a redução da quinona (Q) dando origem ao radical ânion (Q •- ) e a segunda a formação do diânion (Q 2- ) [SELVA, 2010]. As benzoquinoas possuem como característica estrutural um anel benzênico e apresentam importante papel na cadeia respiratória e na fotossíntese de plantas, no entanto sua importância biológica e farmacológica não foi devidamente estabelecida [DA SILVA, 2009]. As antraquinonas, caracterizadas por apresentarem três anéis benzênicos são presentes nas plantas das famílias e Leguminoseae, Liliaceae, Poligonaceae, 15 Rhamnaceae, e apresentam atividades antifungica, antimicrobiana, anticancerígena e antioxidante. Alguns derivados de antraquinonas são reconhecidos como importantes componentes ativos biológicamente, sendo sua presença frequentemente utilizada como critério para o controle de qualidade de plantas utilizadas com propósito medicinal [BENITE, 2007]. As naftoquinonas são quinonas relacionadas com o sistema naftalênico. Quando duas carbonilas estão nas posições 1,2 do anel naftaleno são chamadas de o- naftoquinonas e quando nas posições 1,4 de p-naftoquinonas. Estão disseminadas no reino vegetal e, devido às suas propriedades redox, podem interferir em diferentes processos oxidativos biológicos. As plantas que possuem estas quinonas são amplamente utilizadas na medicina popular no tratamento de diversas enfermidades [SALUSTIANO, 2010]. Os primeiros relatos da utilização de extratos de plantas que possuem naftoquinonas datam do Antigo Egito (cerca de 4.000 anos atrás). O extrato das folhas de Lawsonia inermis, rico em lausona, era empregado como cosmético para a pintura de cabelos, unhas e pele. Posteriormente, o extrato também passou a ser usado no tratamento de micoses e feridas. Na Grécia, entre os séculos V e IV a.C, o uso do extrato das raízes de Alkania tinctoria, rico em shiconina, era utilizado no tratamento de úlceras, feridas, ferimentos de guerra e picadas de cobra [FERREIRA, 2010]. A β-lapachona (7,8-benzo-2,2-dimetil-3,4-diidro-5,6-oxo-2H-cromeno) é descrita na literatura como um dos mais importantes cromanos derivados do lapachol. É uma substância natural encontrada como constituinte minoritário do cerne de árvores da família Bignoniaceae, conhecidas no Brasil como ipês. Esta naftoquinona natural é conhecida desde 1858, e é facilmente extraída da serragem da madeira de espécies de ipês [HOOPER, 1892]. Apesar de ainda não ser um fármaco comercial, a -lapachona é uma substância muito importante do ponto de vista da pesquisa científica. Suas atividades farmacológicas contra o Trypanossoma cruzi, agente etiológico causador da doença de Chagas, e contra células cancerosas, a distingue de outras naftoquinonas [Salustiano, 2010]. Devido à sua citotoxicidade, a -lapachona não pode ser utilizada no tratamento da doença de Chagas, mas sua estrutura tem servido de inspiração para os químicos medicinais, para a síntese de substâncias mais seletivas contra o T. cruzi. A -lapachona é eficaz, in vitro, contra diversas linhagens de células malignas humanas: de melaloma, 16 leucemia, câncer colorretal, cancêr de pulmão, de mama e de próstata [JÚNIOR, 2010; SALUSTIANO, 2010]. Outra atividade surpreendente da -lapachona é a sua ação sinergística no tratamento radioterápico de tumores. Por exemplo, ela aumenta em 79% a eficiência da radiação sobre células de melanoma humano (U1-Mel), resistentes à radiação. Este efeito é devido a indução da apoptose, morte celular programada, causada pela energia ionizante e por substâncias indutoras deapoptose. Tanto a radiação, quanto os inibidores do complexo DNA-topoisomerase, provocam danos ao DNA das células cancerosas [FERREIRA, 2010]. Na tentativa de melhorar suas atividades biológicas, diversas modificações estruturais foram realizadas a partir da β-lapachona [FERREIRA, 2003; FERREIRA, 2010]. Entretanto, é praticamente escasso relatos na literatura envolvendo a utilização da mesma na complexação de íons metálicos [SOKOLOV, 2007], o que poderia ser útil na regulação de processos redox e, por conseguinte melhorar seu desempenho natural. Uma vez que tem uma função cetoenol que apresenta um bom potencial quelante (assim como ocorre em acetonaftonatos, flavonatos e hidroxipironatos) [MOLINA, 2007], e possuir uma característica lipofílica devido ao resíduo de hidrocarboneto, pode ser de grande interesse farmacológico o uso da β-lapachona na complexação de íons metálicos. Este processo de complexação pode servir como estratégia para eliminar alguns efeitos negativos, além de proporcionar uma melhora em atividades biológicas. Íons metálicos são essenciais para um enorme número de processos biológicos, sendo de considerável interesse a interação desses íons (principalmente quanto a sua acidez de Pearson, esta atrelada ao seu estado de oxidação) com ligantes ativos biologicamente, por exemplo, em drogas [CASTILLO-BLUM, 2000; DIEKMANN et.al, 2002]. O vanádio é um metal de transição de número atômico 23 presente na família cinco na tabela periódica. É um elemento microtraço amplamente distribuído na natureza (como por exemplo em combustíveis fósseis), sendo o 22º elemento mais abundante na crosta terrestre, conhecido por ser essencial para várias espécies, porém seu papel como um micronutriente em humanos ainda tem que ser estabelecido [DOMINGO, 1996; EVANGELOU, 2002; PEIXOTO, 2006]. Este elemento entra no organismo por inalação, ou através dos alimentos (nos quais a quantidade é dependente do seu teor no solo de cultivo) na área gastrointestinal e especificamente na pele, e é armazenado dentro de certos órgãos, como fígado, rim, 17 baço e ossos [PEIXOTO, 2006]. Sua ausência no organismo causa retardo no crescimento enquanto seu excesso provoca depressão. A química deste íon metálico é complexa, pois este elemento pode existir em estados de oxidação de -1 à +5, onde os relevantes para o sistema biológico são +3, +4 e +5, sendo V +4 seu estado de oxidação mais estável. As formas predominantes do vanádio em fluídos extracelulares dentro das células são vanadato (VO3 - , V +5 ), e vanadila (VO +2 , V +4 ), respectivamente, onde o primeiro entra nas células sendo reduzido pela glutadiona transformando-se em VO +2 , já o segundo liga-se facilmente a proteínas, aminoácidos, ácidos nucléicos, entre outros [DOMINGO, 1996; TEIXEIRA, 2005]. Nos estados de oxidação III, IV e V o vanádio forma facilmente ligações com oxigênio, nitrogênio e enxofre, formando compostos de coordenação. No estado de oxidação V apresenta estereoquímica diversificada, podendo variar sua geometria de tetraédria e octaédrica para piramidal trigonal e bipiramidal trigonal. Este metal possui geometria bem definida de sua esfera de coordenação interna em relação aos estados de oxidação habituais do metal (V(III), V(IV) e V(V)), existindo uma doação de par de elétrons a partir de ligantes para a esfera interna do metal [DOMINGO, 1996; TEIXEIRA, 2005]. Compostos de vanádio são conhecidos por uma variedade de propriedades farmacológicas, entre as quais estão o regulamento de anomalias de tireóides e atividade anti-câncer. Muitos deles apresentam efeitos antitumorais e osteogênicos em diversas linhagens. Seus complexos possuem potente efeito insulino-mimético, estimulando a captação e oxidação da glicose, bem como a síntese do glicogênio e apresentam também alta afinidade por várias enzimas, os quais merecem maior atenção [ETCHEVERRY et.al, 2008; COSTA et.al, 2011]. A vantagem de se utilizar ligantes orgânicos coordenados ao vanádio são diversas como, por exemplo, minimizar a toxicidade; otimizar a estabilidade nas condições pertinentes para o estômago (pH~2) e intestino delgado (pH 7,2); otimizar a absorção pelas células da mucosa e dessorção para o sangue; controlar a estabilidade contra a troca de ligantes e redox durante o transporte com a corrente sanguínea; controle da degradação dentro da célula. A química de coordenação deste metal, especialmente na oxidação trivalente não tem sido amplamente desenvolvida devido a sua baixa estabilidade eletrônica, porque este é oxidado facilmente para estados de 18 oxidação mais altos [COSTA et.al, 2011]. Entretanto, sua interação com determinados ligantes, como o lapachol, pode vir a permitir uma maior estabilização. Por apresentar variedade de propriedades importantes é de extremo interesse a síntese de complexos de vanádio, e sendo ultimamente ampla a utilização de ligantes biologicamente ativos, este trabalho tem como objetivo a síntese de um novo complexo β-lapachona e íons V(III). 19 2. OBJETIVOS Dessa forma, este projeto foi desenvolvido visando atingir os seguintes objetivos: 1. Promover a extração e purificação do lapachol do ipê roxo. 2. Conversão química do lapachol em β-lapachona. 3. Sintetizar o complexo β-lapachona com íons vanádio(III). 4. Caracterizar e estudar as propriedades físico-químicas do complexo obtido através de ponto de fusão e técnicas espectroscópicas e eletroquímicas. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. MATERIAIS Os seguintes reagentes e solventes utilizados na síntese do complexo, extração do lapachol, conversão química do lapachol em β-lapachona e análises, foram adquiridos de fontes comerciais (com exceção do lapachol que foi extraído pelo grupo de pesquisa): acetilacetanoato de vanádio(III), trietilamina, acetonitrila, metanol (HPLC e P.A), ácido sulfúrico, ácido cloridrico e etanol (P.A). 3.2. MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO 3.2.1. Ponto de fusão Foi obtido em um aparelho para determinação do ponto de fusão Tecnopon modelo PFM-II, com capacidade de 3 amostras simultâneas por aquecimento a seco, utilizando-se capilar de vidro fechado. 3.2.2. Espectroscopia no Infravermelho Os espectros na região do infravermelho foram obtidos em um aparelho FT-IR JASCO modelo PS-4100, na região de 4000 a 400 cm-1. A amostra foi preparada por dispersão em KBr de grau espectroscópico e prensadas (∼10 toneladas), formando pastilhas com cerca de 1 cm de diâmetro e 0,5 mm de espessura. Estas pastilhas foram introduzidas diretamente no caminho óptico do equipamento para leitura do percentual de transmitância (%T). Foi utilizado como branco uma pastilha de KBr. A análise foi 20 realizada no Laboratório de Óptica no Departamento de Química da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Colaboração com o Prof. Dr. Gleison Antonio Casagrande. 3.2.3. Espectroscopia no UV-Vis Os espectros eletrônicos nas regiões do ultravioleta e visível foram obtidos em um espectrofotômetro Varian modelo Cary 50, no Laboratório de Pesquisa da Unidade de Naviraí/UEMS. As análises foram realizadas utilizando-se metanol e DMSO (grau espectroscópico) e celas de quartzo com capacidade para 4,0 mL com 1 cm de caminho óptico. 3.2.4. Eletroquímica O comportamento redox do lapachol e do complexo foi investigado por voltametria cíclica e voltametria de diferencial de pulso em potenciostato/galvanostato Metrohm Autolab PGSTAT 302 interfaceado a um microcomputador e gerenciado pelo software GPES (Versão 4.9) para aquisição dos dados. Os experimentos foram realizados no Laboratório de Química Ambiental do CINAN/UEMS (em colaboração com o Prof. Dr. Antonio Rogério Fiorucci) em solução de metanol, sob atmosfera ambiente. Um sistema convencional de três eletrodos foi usado, composto porum eletrodo de carbono vítreo (diâmetro de 2,0 mm) como eletrodo trabalho, um eletrodo de Ag/Ag + usado como eletrodo de referência e um fio de platina usado como eletrodo auxiliar (contra-eletrodo). O eletrodo de trabalho foi cuidadosamente polido antes de cada experimento com alumina, lavado com água bidestilada e posteriormente seco. Para este sistema, uma célula convencional com capacidade máxima de 10,0 mL foi usada para as medidas. Uma solução de hexafluorfosfato de tetrabutilamônio (0,1 mol L -1 ) foi utilizada como eletrólito suporte. Para calibrar o eletrodo de referência utilizou-se o par redox ferrocínio/ferroceno (Fc + /Fc) como padrão interno [Gagné, et.al 1980]. 21 3.2.5. Extração do Lapachol A extração do lapachol foi realizada utilizando-se a serragem do ipê coletada em uma serraria do município de Naviraí/MS, conforme modificações dos procedimentos descritos na literatura [DA SILVA, 2009; CRUZ, 2011]. Nesse procedimento foram solubilizados 182 g de serragem de ipê roxo em 2,6 L de uma solução saturada de Na2CO3 (150 g/L), deixando-se sob agitação e aquecimento durante 30 minutos. Observou-se uma coloração vermelha. A seguir filtrou-se a solução, lavando-se o precipitado até que toda coloração vermelha desaparecesse. Ao filtrado resultante adicionou-se HCl concentrado até a formação de uma espuma amarela que foi levada para filtração a vácuo. O sólido resultante foi recristalizado em um béquer de 100 mL, com 20 mL de etanol a quente, sendo obtido um sólido amarelo que foi lavado com água destilada, seco (rendimento bruto de 1,59 g) e caracterizado (Figura 3). Figura 3. Ilustração mostrando o lapachol (sólido amarelo) após o isolamento na etapa final. 3.2.6. Conversão Química do Lapachol em β-lapachona A conversão química do lapachol em β-lapachona foi realizada a partir da ciclização do lapachol catalisada por ácido sulfúrico (Figura 4) de acordo com metodologia descrita na literatura [HOOPER, 1982], onde em um béquer contendo 5,0 g de lapachol, em banho de gelo, adicionou-se cuidadosamente 15 mL de ácido sulfúrico concentrado gelado. A mistura resultante foi agitada por aproximadamente 15 minutos (observando-se uma coloração vermelha intensa), sendo posteriormente adicionada a mesma 500 mL de água destilada gelada. Filtrou-se o sólido laranja formado (Figura 5), 22 que na seqüência foi recristalizado em etanol a quente, sendo isolado, seco e caracterizado por espectroscopias no infravermelho, UV-Vis e eletroquímica. Figura 4. Esquema de síntese da -lapachona a partir do lapachol extraído do ipê roxo. Figura 5. Ilustração mostrando o -lapachona (sólido laranja) após o isolamento na etapa final. 3.2.7. Síntese do Complexo A síntese do complexo foi realizada através de uma reação 2:1 entre a quinona natural β-lapachona e o sal acetilacetanoato de vanádio(III). A uma solução de 0,121 g de β-lapachona em 10 mL de acetonitrila, sob agitação e aquecimento, adicionou-se 3 gotas de trietilamina e posteriormente uma solução do sal acetilacetanoato de vanádio(III) (0,3328 g em acetonitrila). A solução vermelha continuou sob agitação e aquecimento por aproximadamente 3 h. Então filtrou-se e manteve-se em repouso. Após alguns dias obtiveram-se cristais de coloração verde escuro, os quais foram secos e caracterizados por espectroscopia no infravermelho, UV-Vis e eletroquímica. 23 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. EXTRAÇÃO DO LAPACHOL A extração do lapachol é realizada através de uma reação ácido-base (Figura 6). Sendo o lapachol uma substância com características ácidas (ácido monotrópico, sendo assim, dissocia-se facilmente), ao adicionar-se a serragem do ipê em uma solução de carbonato de sódio (Na2CO3), o lapachol contido nela reagirá formando seu sal sódico, água e gás carbônico (Figura 6 e 7a). Devido à solubilidade do sal em água, este pode ser facilmente separado da serragem, e novamente regenerado o lapachol através da adição de ácido clorídrico (HCl) (Figura 6 e 7b). Após a filtração a vácuo o sólido resultante (lapachol) (Figura 7c) é recristalizado em etanol repetidas vezes (a fim de sua purificação) e sua precipitação induzida com água destilada [FERREIRA, 1996]. OH O O + Na2CO3(aq) O O O Na + H2O(l) + CO2(g) 2 2 O O O Na + 2 HCl(aq) OH O O 22 + 2 NaCl(aq) (s) (s) (aq) (aq) Figura 6. Reação da extração do lapachol. (a) (b) (c) Figura 7. Ilustrações da extração do lapachol: (a) etapa inicial em solução de Na2CO3; (b) etapa intermediária após a adição de HCl e (c) etapa final com o precipitado amarelo. 24 4.1.2. Conversão química do lapachol em β-lapachona A síntese da β-lapachona pode ser realizada pela ciclização do lapachol catalisada por ácido ou a partir da 2-hidroxi-1,4-naftoquinona (lausona) (Figura 8). Figura 8. Esquema de síntese da -lapachona a partir da lausona ou do lapachol extraído do ipê roxo [FERREIRA, 2010]. 4.2. PONTO DE FUSÃO O ponto de fusão medido do lapachol ficou entre 138-140 ºC, estando de acordo com o que é estabelecido pela literatura (139-143 ºC) [ARAÚJO], o que comprova que o mesmo foi obtido com elevado grau de pureza. A temperatura de fusão da β-lapachona ficou na faixa de 153-155 ºC, ficando também de acordo com o que é estabelecido pela literatura (155-156 ºC) [ALVES 2008]. Este resultado demonstra claramente a total conversão do lapachol em β- lapachona. O ponto de fusão obtido para o complexo, comparativamente a β-lapachona, demonstrou alteração significativa, estando seu ponto de fusão na faixa de 196ºC a 198 ºC frente a 155 ºC da β-lapachona. Este resultado mostra-se como forte indício de que ocorreu a coordenação do íon V(III) à β-lapachona. 4.3. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO 4.3.1. Lapachol Na espectroscopia no infravermelho (Figura 9) podemos destacar as principais bandas apresentadas pelo lapachol, enfatizando-se a banda em 1639 cm -1 referente ao grupamento C=O pré sente no C-1 e o estiramento O-H de fenol em 3352 cm -1 , banda de suma importância, pois, o lapachol em seu estado sólido apresenta sua estrutura 25 estabilizada por ligações de hidrogênio intermoleculares entre o oxigênio da carbonila e hidrogênio da hidroxila orto (Figura 10), sendo assim, esta banda é correspondente a hidroxila em interação de hidrogênio [DA SILVA, 2009]. A banda referente ao outro grupo C=O, presente na posição C-4 apresenta-se aproximadamente em 1662 cm -1 , no entanto, não pode-se afirmar com certeza pelo fato da superposição das bandas. A banda em 2910 cm -1 é referente ao estiramento C-H de aromáticos. 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 100 90 80 70 60 50 40 30 20 7 5 4 ,9 9 4 8 9 7 2 ,9 1 1 6 1 5 0 4 ,2 0 4 2 3 8 4 9 ,2 2 7 2 4 ,1 3 9 3 8 4 7 ,5 6 1 2 1 0 4 7 ,1 5 7 6 1 3 6 9 ,2 1 1 5 1 6 3 9 ,1 9 6 9 2 1 6 9 ,5 2 5 4 3 3 5 2 ,6 3 9 6 2 9 1 2 ,6 2 7 9 9 1 6 0 7 ,1 8 1 2 3 0 ,1 1 u .a cm -1 Figura 9. Espectro no IV do lapachol. O OO H O O O H Figura 10. Estrutura dimérica do lapachol. 4.3.2. β-Lapachona O espectro no infravermelho da β-lapachona mostra claramente as bandas dos grupos funcionais (Figura 11), como a banda de absorção característica de deformação axial de C-H aromático e alifático na região de 2977 e 2909 cm -1 , respectivamente. Verificou-se a presença de harmônicas de combinação entre 2000 e 1800 cm -1 e de banda em 1591 cm -1 referente à deformação axial C=C do anel. Podem ainda ser destacadas duas bandas na região de 1313 e 1117 cm -1 correspondentes às respectivas deformações axial assimétrica e simétrica de C-O-C. Foi observado também o sinal na 26 região de 1694 cm -1 atribuído à banda de deformação axial de C=O; esta bandade absorção situada numa freqüência menor pode ser explicada pela forte influência do ângulo de ligação do anel que contém a carbonila. No caso da β-lapachona o ângulo é menor que 120 graus [ALVES, 2008]. Uma das principais comprovações da conversão química do lapachol em β-lapachona pode ser verificada pelo desaparecimento da banda correspondente ao estiramento de OH fenólico (3350 cm -1 ). Outras alterações também foram encontradas e são descritas na Tabela 1. Figura 11. Espectros no IV do lapachol e da -lapachona. Tabela 1. Principais bandas e atribuições, em cm -1 , dos espectros no IV para a β- lapachona e o lapachol. Atribuições Lapachol Lapachona (O-H fenol ) 3350 - (C=O) 1639 1639 (C=O) 1651 1694 δ(C-O fenol) 1274 - (CH2) 2855 2975 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 100 90 80 70 60 50 40 30 A b s o rb â n c ia cm -1 Lapachol Lapachona 27 4.3.3. Complexo Alterações podem ser verificadas ao se comparar os espectros no infravermelho da β- lapachona e do complexo: primeiramente, o deslocamento da banda atribuída ao grupo carbonila (C=O) é deslocada para um menor comprimento de onda (1639 na lapachona para 1530 e cm -1 no complexo), sendo que esse deslocamento é também observado em outros complexos encontrados na literatura [DE OLIVEIRA, L. G.; et.al, 2011; FARFÁN, R.A.; et.al, 2012; PARRILHA et.al, 2012]. O deslocamento é provocado pela coordenação do oxigênio ao metal, que enfraquece o caráter da dupla ligação. Os dados de IV também indicam que o oxigênio carbonílico da lapachona pode estar se coordenando aos centros metálicos. Pode-se visualizar no espectro de IV, uma percepção mais efetiva dos deslocamentos apresentados para o complexo quando comparado ao ligante, como por exemplo, o estiramento C=C que sofreu um deslocamento passando de 1591 cm -1 para 1511 cm -1 . O espectro no infravermelho comparativo entre o complexo e a lapachona pode ser observado na Figura 12, bem como na tabela contendo as principais bandas e atribuições (Tabela 2). Figura 12. Espectros no infravermelho do complexo e da β-lapachona. 4000 3000 2000 1000 100 90 80 70 60 A b s o rb â n c ia (cm -1 ) Complexo Lapachona 28 Tabela 2. Principais bandas e atribuições, em cm -1 , dos espectros no IV para a β-lapachona e o complexo. Atribuições Lapachona Complexo (O-H fenol ) - - (C=O) 1639 1530 (C=O) 1694 1630 (C=C) 1591 1511 (CH2) 2975 2975 4.4. Espectroscopia no UV-Vis 4.4.1. Lapachol De acordo com a literatura [FARIAS, 1998] os ligantes naftoquinônicos apresentam bandas referentes às transições π π * da naftoquinona localizadas entre 211-280 nm, bem como absorções referentes às transições n π * das carbonilas das quinonas, observadas entre 300-344 nm. O lapachol apresenta no espectro eletrônico bandas características em solução de metanol, etanol e propanol, sendo estas em 330, 390, que podem ser referentes ao sistema mesomérico conjugado: p-quinona o- quinona[DA SILVA, 2009; FARFÁN, R.A. et.al, 2012], bem como em 225 nm (observadas somente em soluções muito diluídas) e 249 nm, sendo a primeira referente ao anel aromático e a segunda ao sistema quinonoídico [BODINI, 1989]. Já em solventes que não possuem hidrogênio facilmente ionizável, como é o caso do DMSO, o espectro eletrônico apresenta apenas duas bandas em 330 e 390 nm. Na Figura 13 apresentam-se os espectros eletrônicos do lapachol em metanol, contendo 4 bandas, sendo estas em 249, 275, 329 nm e um ombro em 399 nm, em DMSO apresentando duas bandas em 330 e 394 nm e em acetonitrila, realizado devido a não solubilização do complexo nos demais solventes para a melhor comparação, contendo também 4 bandas em 249, 276, 329 e 391 nm. 29 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 A b s o rb â n c ia (nm) 300 400 500 600 700 800 0 2 4 290,07416255,01376 A b s o rb â n c ia (nm) (a) (b) 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 A b s o rb â n c ia (nm) (c) Figura 13. Espectros no UV-Vis do lapachol: (a) Metanol; (b) DMSO e (c) Acetonitrila. O lapachol quando em meio básico (por exemplo, Na2CO3) reage formando seu sal sódico, como citado no item 4.1.1, esta solução apresenta absorção característica no espectro eletrônico, sendo esta entre 400-600 nm, pois evidencia a forma ionizada do ligante, caracterizando sua forma desprotonada [OSSOWSKI et.al, 2008]. O espectro UV-Vis do lapacholato de sódio encontra-se na figura abaixo (Figura 14). 30 400 500 600 700 800 0 2 4 A b s o rb â n c ia (nm) Figura 14. Espectro eletrônico do sal lapacholato de sódio, realizado em solução de Na2CO3 0,024 mol.L -1 . 4.4.2. β-Lapachona Os espectros eletrônicos na região do UV-Vis (Figura 15) mostram diferenças nas bandas de absorção (Tabela 3) entre as duas quinonas (lapachol e β-lapachona). Todos os processos podem ser atribuídos às transições π → π* oriundas das deslocalizações eletrônicas entre os diferentes sistemas conjugados formados pelos anéis aromáticos e os outros grupos funcionais (carbonila, fenol). A maior variação espectral ocorre na banda localizada em maior comprimento de onda, que sofre um deslocamento batocrômico de 395 nm no lapachol para 430 nm na β-lapachona, o que pode ser correlacionado com a conversão da para-quinona em orto-quinona ou formação do novo anel. Figura 15. Espectros no UV-Vis do lapachol e da -lapachona. 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 A b so rb â n ci a (nm) Lapachol Lapachona 31 Tabela 3. Comparação entre os comprimentos de onda máximos obtidos a partir dos espectros eletrônicos do lapachol e da -lapachona. (nm)Lapachol (nm) - Lapachona 225 255 249 279 330 329 390 430 4.4.3. Complexo Uma alteração significativa é verificada no espectro do complexo (Figura 16), onde se observa apenas uma banda em 255 nm. Esta alteração ocorre em virtude da coordenação do íon metálico a β-lapachona e pode estar relacionada com um processo de transferência de carga ligante-metal, o qual pode estar se sobrepondo as demais bandas correspondentes ao ligante, isso pode ocorrer, pois os complexos de V(III) que possuem simetria octaédrica apresentam intensas transições de transferência de carga, o que ocasiona na sobreposição de suas demais bandas, e a banda observada pode também ser referente ao deslocamento das bandas apresentadas pelo ligante. Figura 16. Espectros eletrônicos da lapachona e do complexo. 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 A b s o rb â n c ia (nm) Lapachona Complexo 32 4.5. Estudos Eletroquímicos 4.5.1. Lapachol O comportamento eletroquímico do lapachol puro foi investigado através das técnicas de voltametria cíclica e de diferencial de pulso, sendo que todos os valores dos potenciais foram referenciados versus Fc + /Fc, 11 onde E(Fc + /Fc) = 0,95 V vs. Ag/Ag + (Figura 17). Figura 17. Voltamogramas cíclico (superior) e diferencial de pulso (inferior) do par redox ferrocínio/ferroceno (Fc + /Fc) utilizado como padrão interno. Condições experimentais: metanol (solvente), carbono vítreo (trabalho), Ag/Ag + (referência), fio platina (auxiliar). No comportamento redox do lapachol através da técnica de voltametria cíclica (Figura 18a) podemos notar a presença de dois processos de oxidação, ambos irreversíveis. Nota-se a dependência dos processos com a velocidade de varredura, o que pode ser um indicativo de processos químicos atrelados aos processos eletroquímicos. No caso da técnica de voltametria por diferencial depulso, que é uma técnica muito mais sensível, pode se observar um perfil mais detalhado dos processos eletroquímicos envolvidos. No voltamograma obtido através dessa técnica (Figura 18b), observam-se três picos de oxidação e quatro picos de redução, formando quatro pares de picos, sendo um deles irreversível e três quase-reversíveis. Antes de atribuir a que processos correspondem cada um destes picos, é necessário expor algumas considerações quanto às características eletroquímicas das quinonas. Na verdade, há muita controvérsia na literatura quanto a correta atribuição dos processos eletroquímicos obtidos a partir de quinonas, uma vez que inúmeros fatores 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 -0.00008 -0.00006 -0.00004 -0.00002 0.00000 0.00002 0.00004 0.00006 0.00008 0.00010 I (A ) E (V) vs. Ag/Ag + 25mVs 50mVs 100mVs 150mVs 200mVs 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 -0.00004 -0.00002 0.00000 0.00002 0.00004 I (A ) E (V) vs. Ag/Ag + 33 (como tautomerização, protonação/desprotonação, formação de ligações de hidrogênio, entre outros) podem influenciar no mecanismo, originando diversas espécies e consequentemente dificultando a interpretação. Recentemente, Guin e colaboradores (2011) fizeram um estudo de revisão sobre as propriedades eletroquímicas de quinonas em diferentes meios e mostram, particularmente, que a redução eletroquímica de 2- hidroxi-1,4-naftoquinonas e quinonas correlatas através das técnicas de voltametria cíclica e cronoamperometria com acompanhamento conjunto com técnicas espectroscópicas (como RPE e UV-Vis), permitem a proposição de um mecanismo redox [WIPF, 1986; FRONTANA, 2004]. Para essas quinonas ocorre inicialmente uma etapa de transferência eletrônica, seguida por uma etapa de protonação (veja equações abaixo). Os produtos da redução são a semiquinona protonada e a quinona original desprotonada. Ambas interagem com um elétron formando espécies mostradas como produtos em 1c e 1f, respectivamente. O produto de 1c mais tarde interage com outra molécula de quinona resultando em H2Q-OH e, paralelamente, formando outra quinona original desprotonada. Q-OH + e - (Q-OH) (1a) (Q-OH) + Q-OH (HQ-OH) + Q-O - (1b) (HQ-OH) + e - (HQ-OH) (1c) (HQ-OH) + Q-OH H2Q-OH + Q-O - (1d) 3 Q-OH + 2e - H2Q-OH + 2 Q-O - (1e) Q-O - + e - Q-O (1f) Dessa forma, supõe-se que para nosso estudo, o primeiro par quase-reversível é relacionado à semi-quinona [Q-OH/(HQ-OH) ] (Epa3 = 1,54 V vs. Fc + /Fc; Epc1 = 1,66 V vs. Fc + /Fc), enquanto o segundo e terceiro pares redox quase-reversíveis podem ser tentativamente atribuídos as espécies [(HQ-OH) / HQ-OH] (Epa2 = 1,37 V vs. Fc + /Fc; Epc2 = 1,47 V vs. Fc + /Fc) e [HQ-OH/(2Q-O - ] (Epa1 = 1,06 V vs. Fc + /Fc; Epc3 = 1,25 V vs. Fc + /Fc), respectivamente. O processo de redução eletrônica irreversível pode estar atrelado a conversão do diânion lapacholato na correspondente espécie semi-radicalar 34 (Q-O - /Q-O - ) (Epc4 = -0,04 V vs. Fc + /Fc) [GOULART, et.al., 2003; EBELLE, et.al., 2010; GUIN et al., 2011]. -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 -0.000014 -0.000012 -0.000010 -0.000008 -0.000006 -0.000004 -0.000002 0.000000 0.000002 0.000004 0.000006 0.000008 0.000010 0.000012 E pc4 E pc3 E pc2 E pa3 E pa2 E pc1 E pa1 E (V) vs. Fc + /Fc I (A ) Varredura Anódica Varredura Catódica (a) (b) Figura 18. Voltamograma cíclico (a) e diferencial de pulso (b) do lapachol puro. 4.5.2. β-lapachona O comportamento eletroquímico da β-lapachona foi investigado através da técnica de voltametria diferencial de pulso, sendo que todos os valores dos potenciais foram referenciados versus Fc + /Fc, 11 onde E(Fc + /Fc) = 0,95 V vs. Ag/Ag + (Figura 19). A técnica de voltametria cíclica não foi adequada para descrever o comportamento redox da β-lapachona, possivelmente devido sua baixa sensibilidade e sistema de eletrodos empregados. Como a molécula não difere tanto da estrutura do lapachol, esperar-se-ia um perfil eletroquímico muito parecido entre ambos, conforme foi descrito anteriormente. A similaridade realmente ocorre (Tabela 4), entretanto, sem a presença de um dos processos quase-reversíveis e com diferenças nos valores dos potenciais. O processo de redução irreversível atribuído a conversão do diânion lapacholato na correspondente espécie semi-radicalar (Q-O - /Q-O - ) é deslocado para potencial mais negativo (Epc3 = -0,64 V vs. Fc + /Fc) quando comparado ao do lapachol. Os processos relacionados às espécies [Q-OH/(HQ-OH) ] e [(HQ-OH) / HQ-OH] parecem estar se sobrepondo (um ombro em aproximadamente 1,21 V vs. Fc + /Fc pode ser visualizado no -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 -0,00004 -0,00003 -0,00002 -0,00001 0,00000 0,00001 0,00002 II I I (A ) E (V) vs. Fc + /Fc 25 50 100 150 200 35 voltamograma). -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 -0.000025 -0.000020 -0.000015 -0.000010 -0.000005 0.000000 0.000005 0.000010 0.000015 0.000020 0.000025 Epa2 E pc3 E pc1 E pc2 E pa1 E (V) vs. Fc + /Fc I (A ) Varredura Anódica Varredura Catódica Figura 19. Voltamograma de diferencial de pulso da β-lapachona. Tabela 4. Potenciais (V versus Fc/Fc + ) de pico catódico e anódico comparativos para a técnica de diferencial de pulso do lapachol e da β-lapachona . Epa1 Epa2 Epa3 Epc1 Epc2 Epc3 Epc4 Lapachol 1,06 1,37 1,54 1,66 1,47 1,25 -0,04 β-lapachona 0,99 1,34 - 1,30 1,02 -0,64 - 4.5.3. Complexo O voltamograma cíclico do complexo (Figura 20) apresenta apenas um pico de oxidação irreversível em -0,39 V vs. Fc + /Fc (média de todas as velocidades), e uma pequena deformação na varredura anódica a partir da velocidade de 150 mV s -1 (-0,19 V vs. Fc + /Fc), esta última provavelmente em virtude de sujidades que se aderem na superfície do eletrodo de trabalho. Nota-se claramente que o processo de oxidação é dependente da velocidade de varredura, e infere-se que pode estar atrelado a um possível mecanismo EC (eletroquímico-químico). 36 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 -0.000025 -0.000020 -0.000015 -0.000010 -0.000005 0.000000 0.000005 0.000010 0.000015 0.000020 0.000025 0.000030 E (V) vs. Fc + /Fc I (A ) 25 50 100 150 200 Figura 20. Voltamograma cíclico do complexo. Na técnica de diferencial de pulso (Figura 21), observa-se o mesmo pico de oxidação irreversível (-0,31 V vs. Fc + /Fc), assim como um pico de redução (-1,16 V vs. Fc + /Fc), sendo este também irreversível. O processo de oxidação no complexo pode estar centrado no íon metálico (V III /V IV ). As alterações no perfil e consequentemente nos valores dos potenciais são oriundas do processo de coordenação ao centro metálico, que influência significativamente na distribuição eletrônica. -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 -0.000002 -0.000001 0.000000 0.000001 0.000002 0.000003 0.000004 0.000005 E (V) vs. Fc + /Fc I (A ) Varredura Anódica Varredura Catódica Figura 21. Voltamograma de diferencial de pulso do complexo. 37 5. CONCLUSÕES Através da realização deste trabalho pode-se concluir que a síntese do complexo β-lapachona-V(III) foi realizada com sucesso, pois este apresentou significativas diferenças nas análises espectroscópicas (UV-Vis e IV), como por exemplo, a banda referente ao grupo carbonila (C=O) que foi deslocada para um menor comprimento de onda, o que indica que a coordenação pode ter ocorrido de forma bidentada, através dos oxigênios carbonílicos. O espectro no UV-Vis do complexo apresentou somente uma banda, um perfil nitidamente distinto da β-lapachona, podendo esta ser atribuída à transferência de carga ligante-metal, ou ser referente ao deslocamento das bandas do ligante. O comportamentoredox quando relacionado ao ligante in natura também apresentou características diferentes, como a presença de um pico de redução na voltametria cíclica da β-lapachona que quando da origem ao complexo pode-se observar um pico de oxidação. Do ponto de vista bioinorgânico, a formação do complexo é importante, pois, surgem novas perspectivas quanto à atividade biológica deste, pois ambos, metal e ligante apresentam propriedades biológicas interessantes o que faz com que surja o interesse em futuros testes para a avaliação das atividades biológica do complexo. 38 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, E. L.; ALENCAR, J. R. B.; NETO, P. J. R. 2002. Lapachol: Segurança e Eficácia na terapêutica. Rev. Bras. Farmacogn., v. 12, supl., p. 57-59. 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