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Entrevista Opinião do especialista Especialistas falam sobre os pontos mais relevantes referentes a como manter o paciente seguro e garantir a proteção do profissional de anestesia em plena pandemia. Empoderamento no RA. Cada vez mais se torna imprescindível uma atuação empoderada da Enfermagem na SRPA. Iniciativas para promoção da segurança e da qualidade da assistência ao paciente Ano VII • Nº 3 • Jul - Set/2020 Segurança do paciente no Bloco Operatório Editorial 4 Pare! Precisa ser seguro! Agenda 5 Programação de eventos. Giro de Notícias 8 Destaques da SOBECC. Especial 22 Segurança do paciente no Bloco Operatório: iniciativas para promoção da segurança e da qualidade da assistência ao paciente. Entrevista 28 Segurança do paciente e do profissional em anestesia frente à COVID-19. Entrevistamos especialistas sobre os pontos mais relevantes referentes a como manter o paciente seguro e garantir a proteção do profissional de anestesia em plena pandemia. nesta edição Diretoria da SOBECC — Gestão 2019-2021 Presidente: Giovana Abrahão de Araújo Moriya *Vice-presidente: Marcia Cristina Pereira de Oliveira *Primeiro-secretário: Rafael Bianconi *segunda-secretária: Liraine Laura Farah *Primeira-te- soureira: Cecília da Silva Ângelo *Segunda-tesoureira: Maria Lucia Leite Ribeiro *Diretora do Conselho Fiscal: Andréa Alfaya Acunã *Membro do Conselho Fiscal: Thiago Franco Gonçalves *Membro do Conselho Fiscal: Fernanda Torquato Salles Bucione *Diretora da Comissão de Assistência: Simone Garcia Lopes * Membro da Comis- são de Assistência: Juliana Rizzo Gnatta *Membro da Comissão de Assistência: Ana Lucia Gargione Sant´Anna *Diretora da Comissão de Educação: Vanessa de Brito Poveda *Membro da Comissão de Educação: Debora Cristina Popov *Membro da Comissão de Educa- ção: Marcia Hitomi Takeiti * Diretora da Comissão de Publicação e Divulgação: Rachel de Carvalho *Membro da Comissão de Publi- cação e Divulgação: Rita Catalina Aquino Caregnato *Membro da Comissão de Publicação e Divulgação: Maria Belén Salazar Posso *Diretora de Eventos Regionais: Soraya Palazzo. Órgão oficial da Associação Brasileira de Enfermagem em Centro Ci- rúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Comissão de Publicação e Divulgação – Diretora: Dra. Rachel de Carva- lho – Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), São Paulo *Membros: Dra. Rita Catalina Aquino Caragnato – Universi- dade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Dra. Maria Belén Salazar Posso – Faculdade de Pindamonhangaba (FUBVIC). Equipe Técnica — Coordenação: Sirlene Aparecida Negri Glasenapp e Simone Batista Neto • Redação: Luciano Milici • Revisão: Profa. Dra. Rachel de Carvalho • Projeto Gráfico: Ages Comunicação Integrada • Secretaria: Maria Elizabeth Jorgetti e Claudia Martins Stival • Tiragem: 6.000 exemplares • Impressão: Editora Cartago Editorial. A SOBECC com Você é uma publicação trimestral da SOBECC, dirigida a profissionais de Enfermagem do Bloco Operatório, com o objetivo de divulgar informações sobre boas práticas de assistência de Enferma- gem. A reprodução parcial ou total de qualquer matéria desta edição só é permitida mediante autorização. Rua Vergueiro 875 • Conj. 64 • Liberdade • 01504-001 • São Paulo • SP CNPJ: 67.185.215/0001-03 Fone: (11) 3341-4044 • www.sobecc.org.br CONTATO, DÚVIDAS E SUGESTÕES: sobecc@sobecc.org.br EXPEDIENTE SOBECC com Você 3 Opinião do especialista 35 Empoderamento na RA. Cada vez mais se tor- na imprescindível uma atuação empoderada da Enfermagem na SRPA. Somente assim, há autonomia com motivação e reconhecimen- to, além da essencial troca de informações entre membros da equipe. Fora da profissão 37 A Enfermeira Coach. Lembre todos os dias qual foi sua motivação para escolha da Enfer- magem como profissão. Bem-estar 40 Quarentena: Vamos nos mexer? Atividades práticas que envolvem o corpo e a mente ao mesmo tempo protegem o cérebro e necessitam apenas de uma hora por dia de dedicação. Resenha 42 Manual de libras para Ciências: A Célula e o Corpo Humano. EDITORIAL SOBECC com Você EDITORIAL Pare! Precisa ser seguro! O Bloco Operatório é considerado um ambiente com cenários de grandes ris- cos pelo alto nível tecnológico e pelas especificidades de funções que exigem o desenvolvimento de práticas complexas. Por esse motivo, é um local favorável a momentos de conflitos, estresse, tensões emocionais e relacionais, resultando na alta prevalência de erros e incidentes indesejados ao paciente ou às pessoas envolvidas durante a assistência no bloco operatório. Nesta edição, abordaremos a Segurança do paciente no Bloco Operatório, tema que tem assumido grande relevância nos últimos tempos em âmbito nacional e internacional. Importância essa comprovada pela intensa preocupação com ini- ciativas para promoção da segurança e da qualidade na assistência envolvendo, desde a alta direção das instituições, até os colaboradores da linha de frente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem tratado o tema como prioridade, le- vando o debate para instituições e profissionais da área da saúde, com o intuito de promover a assistência ao paciente de maneira segura e com qualidade, objetivando evitar / mitigar a ocorrência de eventos adversos durante o procedimento cirúrgico. Em 2009, a OMS criou, com adesão do Mistério da Saúde (MS), a Campanha “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, que inclui o checklist de cirurgia segura, com base na metodologia dos três passos: SIGN IN, TIME OUT e SIGN OUT. O obje- tivo é melhorar a segurança do cuidado cirúrgico em todo o mundo, definindo padrões que podem ser aplicados em todos os países membros da OMS. Em quase 12 anos desde o lançamento do protocolo, a adesão em nosso País ainda não é absoluta e a prática não está consolidada. Infelizmente, essa rea- lidade é resultado do desconhecimento e da falta de comprometimento de profissionais que interpretam a prática como algo burocrático e desnecessário, dificultando o cumprimento de etapas de segurança críticas e imprescindíveis. No dia 17/09, data em que comemoramos o dia Mundial da Segurança do Paciente, a SOBECC realiza a campanha “PARE: PRECISA SER SEGURO!”, que segue por todo o mês. A programação está imperdível e pode ser acessada nas mídias sociais oficiais da SOBECC. Há grande envolvimento da diretoria e de convidados especiais em conteúdos educativos, lives e webinars que têm como objetivo sensibilizar profissionais para aderirem ao checklist de cirurgia segura e à realização das boas práticas recomendadas, oferecendo a máxima segurança possível ao paciente. Portanto, se envolva e participe da nossa campanha para alcançarmos o objeti- vo, afinal #SomosTodosSobecc. Nesta edição, você encontrará o Especial “Segurança do paciente no bloco operatório“, além da Entrevista com grandes nomes da área de anestesia para falarmos sobre “Segurança do paciente e do profissional em anestesia frente à COVID-19”. No Opinião de Especialista, conversamos com Débora Popov a respeito do “Empoderamento na RA”; na seção de Bem-Estar, falaremos sobre atividades simples, mas muito importantes para realizarmos na quarentena e no Fora da Profissão, conheceremos Regiane Faria Machado, a Enfermeira Coach. Boa leitura! Giovana Abrahão de Araújo Moriya Presidente SOBECC Giovana Abrahão de Araújo Moriya Presidente SOBECC Gestão 2019/2022 O objetivo é melhorar a segurança do cuidado cirúrgico em todo o mundo 4 AGENDA 12º SIMPÓSIO SOBECC 2020 100% ONLINE E GRATUITO Início: de 11 a 14 de novembro de 2020 Local: Evento Online Inscrições pelo site: www.sobecc.org.br 12º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTERILIZAÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO Data: de 30 de agosto a 03 de setembro de 2021 Local: Paláciodas Convenções do Anhembi - São Paulo Informações: www.sobecc.org.br GLOBAL SURGICAL CONFERENCE AORN & EXPO 2021 Data: de 7 a 11 de agosto de 2021 Local: Orlando - Flórida - EUA Informações: www.aorn.org/surgicalexpo/ information-and-schedule IAHCSMM ANNUAL CONFERENCE & EXPO Data: de 02 a 05 de maio de 2021 Local: Columbus Convention Center - Columbus - Ohio - EUA Informações: https://10times.com/iahcsmm- annual-conferenceinformation-and- schedule SOBECC com Você 5SOBECC com Você Revista Científica SOBECC Editorial: Gestão do Bloco Cirúrgico em tempos de Pandemia: de onde partimos e onde queremos chegar. Pauta Revista (Julho / Setebro 2020) Artigos originais: • Protocolo de cirurgia segura: proposição de solução para execução a partir do Design Thinking; • Cultura de segurança do paciente: percepções e atitudes dos trabalhadores do bloco cirúrgico; • Medição da qualidade em centro cirúrgico: quais indicadores utilizamos? • Resíduos de serviços de saúde: perfil e análise de custos em um centro cirúrgico; • Disposição afetiva para o cuidado na recuperação: o cotidiano da equipe de enfermagem. Relato de experiência: • Centro Cirúrgico: recomendações para o atendimento de pacientes com suspeita ou portadores de COVID-19. Artigos de revisão: • O trabalho do enfermeiro no centro de material e esterilização: uma revisão integrativa; • Causas institucionais para cancelamento de cirurgias eletivas. Anuidade SOBECC AFILIADOS: profissionais que atuam nas áreas relacionadas à SOBECC e representantes comerciais das empresas da área de saúde. ESTRANGEIROS: enfermeiros, técnicos e auxiliares de en- fermagem de outros países que comprovem atuação nas áreas relacionas à SOBECC. São associados da SOBECC os profissionais que realizarem a quitação do pagamento da anuidade do ano vigente. 20 20 ANUIDADE CATEGORIA PROFISSIONAL (BRASILEIROS/ESTRANGEIROS) 2º LOTE VALORES 3º LOTE VALORES 01/05/2020 a 31/10/2020 01/11/2020 a 28/12/2020 Estudantes do curso técnico de enfermagem R$ 160,00 R$ 170,00 Auxiliares e técnico de enfermagem Instrumentadores cirúrgicos Estudantes de graduação em enfermagem CATEGORIA PROFISSIONAL (BRASILEIROS/ESTRANGEIROS) 2º LOTE 3º LOTE 01/05/2020 a 31/10/2020 01/11/2020 a 28/12/2020 Enfermeiros R$ 280,00 R$ 300,00 Outros Profissionais Afiliados SOBECC com Você6 Garanta as condições especiais para se associar, com a possibilidade do parcelamento da anuidade em 3 vezes no cartão de crédito sem juros. ASSOCIE-SE JÁ para garantir a sua vaga no evento! Venha fazer parte da SOBECC! #unidosonlinesomostodossobecc A SOBECC prorrogou o prazo para se associar com menor valor da anuidade até o dia 31/10 para que TODOS participem do 12º Simpósio SOBECC 100% Online e gratuito, pois não ha- verá outra modalidade de inscrição, APENAS PARA ASSOCIADOS. SOBECC com Você 7 CURSOS Curso de Gestão em OPME Este curso tem como objetivo atender as demandas na for- mação de profissionais aptos a desenvolver atividades rela- cionadas às Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME). Desenvolver as competências necessárias à realização de atividades relacionadas à gestão de OPME. O curso será organizado e coordenado pela SOBECC, com Professores, Doutores e Especialistas, com larga expertise na área. Curso de Boas Práticas para Representantes Comerciais A SOBECC já esta com a grade completa para o Curso de Boas Práticas para Representante Comerciais que atuam nas áreas de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. O objetivo da SOBECC é preparar tecnicamente os represen- tantes comerciais em áreas restritas como Bloco Cirúrgico, para que possam realizar suas atividades com segurança, sem colocar em risco pacientes e profissionais envolvidos. SOBECC apresenta novos cursos importantes para 2021 Fique atento! Em breve divulgaremos as datas para inscrições. SOBECC com Você8 GIRO DE NOTÍCIAS Wania Regina Mollo Baia 2020 Ano marcado por campanhas importantes para SOBECC Webinar com Wania Regina Mollo Baia Campanha #TimeOutSalvaVidas reforça o protocolo do checklist de cirurgia segura A ação que leva a hashtag #TimeOutSalvaVidas tem como objetivo compartilhar experiências da prática, discussões cientificas e metodologias de implantação e aplicação do protocolo, considerando a vivência dos profissionais con- vidados para contribuir com as discussões. O Enfermeiro Rafael Bianconi, que atua no Bloco Cirúrgico do Hospital Israelista Albert Einstein e é membro da direto- ria da SOBECC, atua como o porta voz da campanha pela Associação, compartilhando seu conhecimento, didática e realizando interfaces com os convidados e expertos da prática assistencial, que abordam o tema do checklist de cirurgia segura. Para verificar os conteúdos publica- dos, basta buscar pela hashtag #Ti- meOutSalvaVidas nas redes sociais. As lives podem ser acessadas no IgTV do perfil oficial da SOBECC no Insta- gram @sobeccnacional. Desde março, a SOBECC compartilha conteúdos educa- tivos, realiza lives e promove discussões sobre a impor- tância do checklist de cirurgia segura para a segurança do paciente no Bloco Operatório. A campanha reforça o protocolo criado há 12 anos pela Organização Mundial da Saúde, com adesão do Ministério da Saúde aqui no Brasil. “Vivenciando o empoderamento da enfermagem e a implantação do modelo gerencial com a cultura organizacional”, foi o tema debatido entre a Dire- tora do Conselho Fiscal da SOBECC, Andrea Alfaya Acuña e a Dra Wania Regina Mollo Baia, Diretora Assistencial do Hospital Sírio Libanês. O bate papo foi realizado ao vivo via plataforma de webinar, dis- ponível também no canal do Youtube da SOBECC. ACESSE Entrevista em vídeo com REBRAENSP Além das lives, a SOBECC realizou uma entrevista em vídeo com Antônio José de Lima Júnior, coor- denador do Conselho Nacional da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente - RE- BRAENSP, para abordar a pauta sobre cultura de segurança do paciente. Na entrevista, foram discu- tidos alguns aspectos de processos, protocolos e implantação, considerando o cenário nacional. Você confere esse vídeo em nosso canal oficial no Youtube: ht- tps://www.youtube.com/c/ sobeccnacional. ASSISTA SOBECC com Você 9SOBECC com Você 9 GIRO DE NOTÍCIAS Agenda 2020 Unidade de Recuperação Pós-Anestésica: conceitos e atualizações para a prática segura O calendário de ações digitais da SOBECC se- gue com diversas atividades até o final do ano. Para acompanhar as novidades, convidamos todos a seguirem nossos canais digitais. Temos em nossa programação de 2020 mais lives e entrevistas sobre: • Assuntos relacionados ao checklist de cirurgia segura • Discussões sobre o empoderamento da enfermagem e a campanha Nursing Now no Brasil • Conteúdos sobre a campanha SRPA Segura E muito mais! Acesse agora mesmo os canais digitais da SOBECC Foi realizado no período de 29 de junho a 27 de julho de 2020 o curso EAD com tema UNIDADE DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA: CONCEITOS E ATUALIZAÇÕES PARA PRÁTICA SEGURA. O curso foi coordenado pela professora convidada pela SOBECC, Profa. Dra. Cassiane de Santana Lemos, Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). SOBECC promove campanha que favorece o reconhecimento e o empoderamento da enfermagem A SOBECC, alinhada aos propósitos de capacitação profis- sional, educação continuada e empoderamento dos pro- fissionais da Enfermagem, fortalece as ações da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que escolheram 2020 para celebrar o ano in- ternacional de profissionais de enfermagem e parteiras. Além disso, a campanha Nursing Now, que objetiva valorizar a contribuição dos profis- sionais de enfermagem na garantia e ampliação do acesso à saúde da população, foi prorrogada e seguirá até junho de 2021. A iniciativa também conta com a adesão da SOBECC, como objetivo de disseminar o conhecimento e o reconhecimento dos profissionais da área. ACESSE A celebração acontece quando vivemos um cenário mui- to delicado e com grande atuação, esforço e dedicação dos profissionais da Enfermagem e da saúde em geral, devido ao enfrentamento do novo coro- navírus. As ações da SOBECC em apoio a estes movimen- tos ocorrem nos canais digitais da Associação, com base em geração de conteúdo relevante, lives, entrevistas e artigos da área, fortalecendo a Enfermagem para o reconhecimento e a va- lorização da sua prática profissional. Você pode conferir todas as lives e materiais em nosso Ins- tagram @sobeccnacional. Webinar com Maria Clara Padoveze “A retomada das cirurgias eletivas na pandemia da COVID-19”, foi o tema do bate papo entre a presidente da SOBECC, Dra. Giovana Abrahão de Araújo Moriya e a Profa. Dra. Maria Clara Padoveze, Professora Associada do Departamento de Enfer- magem em Saúde Coletiva, Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo (USP). O bate papo foi realizado ao vivo via plataforma de webinar, com vários questionamentos, de como retomar as cirurgias eletivas diante da situação de pandemia que estamos vivenciando neste momento. Vídeo disponível no canal do Youtube da SOBECC. Maria Clara Padoveze SOBECC com Você10 GIRO DE NOTÍCIAS Logotipo da SOBECC confeccionado com sucata de instrumentais cirúrgicos. Área social da nova sede da SOBECC. Sonho realizado É com grande alegria que chegamos ao final desta grande conquista, tarefa as- sumida com muito empenho e muitas horas de dedicação. No dia 10 de julho, inauguramos a nova sede e, em respeito ao distanciamento social, apenas alguns membros da diretoria puderam estar pre- sentes. Outros optaram pela presença por meio de videoconferência. Toda diretoria se sente realizada em inaugu- rar uma ampla área de 300m², com infraes- trutura equipada e moderna. A mudança nasceu da necessidade de um espaço maior para atendimento a todos os profissionais e parceiros envolvidos no bloco operatório. Com uma estrutura composta por auditó- rios, centro de simulação para realização de cursos e treinamento de habilidade técnicas, a nova sede está inteiramente dedicada ao aperfeiçoamento com excelência na pres- tação de serviço e assistência, no âmbito regional, nacional e internacional. Na área social da nova sede, encontramos um grande painel com o nome da associa- ção e 19 pássaros que simbolizam todos os membros da diretoria e que foram confec- cionados em sucatas de instrumentais ci- rúrgicos. A inspiração veio do artesão Lucio Bittencourt que, com sua sensibilidade, de- SOBECC com Você 11 GIRO DE NOTÍCIAS Galeria. Edições das Práticas da SOBECC. Área reservada para associados. senvolveu o projeto de uma linha de obras de arte com exclusividade para a SOBECC. O artista também assina outras obras que decoram os ambientes da nova sede. Com apoio nas doações das sucatas dos Hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Beneficência Portuguesa, além das empresas Quinelato e Cirar, foi possível realizar o projeto. Há uma galeria com várias imagens que contemplam a evolução da Enfer- magem Perioperatória, iniciando com a nossa percursora Florence Nighin- gale até a sala de operação altamente tecnológica. Também, visualizamos a progressão das edições das Práticas Recomendadas e a Edição das Di- retrizes de Práticas em Enfermagem Cirúrgica e Processamento de Produ- tos para Saúde, lançadas pela nossa associação, desde 2000 até 2017. Área do associado Carga de sucata de instrumental cirúrgico. Claudia Martins Stival e Simone Batista Neto. Foi planejada uma área reservada para associados realizarem consultas científicas do nosso acervo digital com maior tranquilidade. Empenho e muita dedicação Nossos agradecimentos pelo empe- nho e dedicação da Simone e da Clau- dia, que não só foram responsáveis por todo o recolhimento dos instrumentais nas instituições da cidade de São Pau- lo, como também viajaram muitos qui- lometros para retirar instrumentos no interior do estado de São Paulo. Foram responsáveis por toda separação e or- ganização das caixas enviadas até Mogi das Cruzes, onde se localiza o ateliê do artesão Lucio Bittencourt. SOBECC com Você12 GIRO DE NOTÍCIAS A associação conta com infraestrutura completa para eventos, cursos, simula- ção realística, demonstração de produ- tos e treinamento em equipamentos Conheça mais sobre a nova sede da SOBECC e as oportunidades que este espaço pode oferecer Em breve, a SOBECC disponibilizará online um material interativo e completo com a descrição do portfólio de pro- dutos e serviços oferecidos pela Associação. No entanto, você pode conferir por aqui alguns destaques sobre o que a SOBECC pode oferecer para os profissionais da Enfer- magem Perioperatória, instituições de ensino, hospitais e empresas que desejam realizar treinamentos. Localizada na Alameda Santos, região da Avenida Paulista, em São Paulo, a nova sede oferece infraestrutura completa para acolher o associado, não-sócio e instituições que quei- ram usar as dependências da SOBECC para promover cur- sos, treinamentos com simulação realística e até eventos. Auditório. Auditório Moderno e com espaço para receber eventos com capa- cidade de até 60 pessoas, confortavelmente acomodadas, o auditório da SOBECC conta com infraestrutura capaz de se moldar para conduzir até 2 eventos simultâneos, já que possui uma divisória retrátil que pode dividir o espaço em 2 ambientes isolados. O auditório conta, ainda, com projetores multimídia, ca- bine de tradução simultânea, Internet Wi-Fi, sistema de audio, espaço para convivência entre os participantes, coffee break, copa para apoio do serviços de buffet, além de servicos de vallet para os participantes. Fachada da nova sede da SOBECC. SOBECC com Você 13 GIRO DE NOTÍCIAS O Centro de Simulação SOBECC No centro de Simulação há toda uma infraestru- tura adequada contendo vestiário, lavabo, uma sala de centro cirúrgico e o centro de material e esterilização, que recriam um bloco operatório de um hospital, com a possibilidade de criar ce- nários e realizar técnicas que replicam as situa- ções e os desafios vividos no dia a dia hospitalar, para que os profissionais realizem procedimen- tos na prática e adquiram habilidades para o seu desenvolvimento profissional. Os espaços estão montados com equipamen- tos reais de alta tecnologia e, dessa forma, preparados para receber treinamentos com aulas de simulação, gravação de cursos e es- tágios para estudantes que precisam treinar a prática cirúrgica. O Centro de Simulação é completo, oferecendo uma sala de operação, lavabo para realização de técnica de esco- vação e centro de material e esterilização. A estrutura apresenta diversas possibilidades de treinamento com exe- cução das boas práticas nos métodos de limpeza manual e automatizado nas montagens de cargas, bem como no processo de esterilização. O centro de simulação também é ideal, para a prática da assistência segura de posiciona- mento cirúrgica, intubação de via aérea difícil, emergên- cias cirúrgicas e outras situações que ocorrem no dia a dia. Sala cirúrgica. Área de preparo e esterilização do CME. Vestiário e área do lavabo. Área de recepção e descontaminação do CME SOBECC com Você14 GIRO DE NOTÍCIAS Área de administração e atendimento da SOBECC. Infraestrutura para cursos e eventos Hospitais, universidades e instituições de ensino ou até de outras áreas podem contar com o espaço da SOBECC para a realização de cursos, eventos, lançamento de produtos, livros, aulas e reuniões. Seja qual for a necessidade, a nova sede da SOBECC oferece a estrutura necessária para realizar o evento. Área de administração Temos um espaço amplo e aconchegante para atender os nossos clientes nos eventos e vendas de produtos personali- zados da SOBECC. SOBECC com Você 15 GIRO DE NOTÍCIAS Espaço reservado para a Presidente e a Diretoria. Espaçoreservado para a Presidente e a Diretoria. Área dos toaletes com acessibilidade. Área dos toaletes com acessibilidade. Treinamento e aulas práticas ofereci- das pela SOBECC Membros da nossa diretoria são expertos em diversas áreas do Bloco Operatório, seja na experiência prática ou aca- dêmica. Por isso, a SOBECC também oferece treinamento e atualização científica para profissionais da área, com palestras e treinamentos conduzidos por profissionais do nosso membro diretivo. Visita monitorada Em breve, por meio de agendamento prévio, a SOBECC abrirá as portas da nova sede para conhecimento e visita técnica ao Centro de Simulação Realística e toda área. Educação continuada A SOBECC tem como propósito fomentar as boas práticas em Centro Cirúrgico e, por isso, oferece, para sócios e não-sócios, cursos de educação à distância e eventos com temáticas relacionadas à área de Bloco Operatório. Palestras e aulas presenciais ou online Quer oferecer um curso para seu público ou formatar um conteúdo de infoproduto para trabalhar nos canais digitais? A SOBECC oferece estrutura completa para gra- vações de aulas e realização de palestras, seja de forma presencial ou online. SOBECC com Você16 12º SIMPÓSIO Se você enviou trabalhos para 12º Simpósio fique atento às datas! 1. Resultado da seleção: divulgação da forma de aceite (formato e-Pôster ou oral) prevista para 19 de outubro de 2020, no site da SOBECC. 2. Envio dos trabalhos aprovados na versão final para divulgação (PowerPoint): até 26 de outubro de 2020. ATENÇÃO: O não envio até esta data implica em desclassificação automática. Divulgação e apresentação dos trabalhos Haverá apenas o formato e-Pôster, com a finalidade de divulgar informações científicas e a troca de experiências entre profissionais. A apresentação do e-Pôster em sala virtual (Oral) se dará APENAS para os trabalhos indicados pela Comissão de Avaliação. Como preparar a apresentação em formato eletrônico Todos os trabalhos serão enviados em formato digital e estarão disponíveis na sala virtual durante o Simpósio online. O Power Point deverá ser a configuração PPT na Horizontal (Paisagem). Estará disponível um Modelo de apresentação em Power Point na divulgação do aceite, prevista para 31 de outubro de 2020, no site da SOBECC. O modelo poderá sofrer alterações de design do slide (preenchimento gradual, textura, imagem ou permanecer sólido), conforme preferência do autor. Corpo do e-Pôster: deve ser autoexplicativo, de preferência com o mínimo possível de texto e o máximo de ilustrações (figuras, diagramas e tabelas). O e-Pôster enviado pelos autores deverá conter os quatro slides, conforme recomendado no site da SOBECC. A Comissão Organizadora se reserva o direito de alterar a forma dos pôsteres enviados para que os mesmos se adequem as necessidades de configuração. Certificados e anais 1. Somente será emitido o certificado aos trabalhos que tenham sido submetidos no prazo determinado. 2. Para cada trabalho apresentado será emitido um certificado com o nome de todos os participantes, que será enviado ao término do evento no e-mail do autor que realizou a submissão. 3. O não cumprimento das normas inviabilizará a emissão do certificado e publicação do trabalho nos Anais do evento. Premiação Serão premiados dois trabalhos dentre os selecionados e apresentados na sala virtual – Oral. Para a seleção dos trabalhos, serão considerados: • Relevância e impacto da pesquisa; • Objetivos claros; • Qualidade da Metodologia empregada; • Originalidade da pesquisa. Coordenação de Temas Livres 12º Simpósio de Esterilização e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde SOBECC 2020 SOBECC com Você 17 12º SIMPÓSIO A diretoria da SOBECC não poderia deixar passar 2020 sem o nosso encontro anual, devido à Pandemia. Mesmo que não possamos nos abraçar e nem bater aquele papo descon- traído pessoalmente, faremos o 12º Simpósio de Esterilização de forma on-line, com o propósito de compartilhar conhecimentos, atualizações e avaliar as mais recentes novidades da nossa área. A SOBECC prorrogou o prazo para se associar com menor valor da anuidade até o dia 31/10, para que todos participem do evento, pois não haverá outra modalidade de inscrição, APENAS ASSOCIADOS Você ainda pode parcelar o valor da anuidade em 3 vezes no cartão de crédito sem juros. Confira na o valor da anuidade e associe-se. SOBECC com Você18 12º SIMPÓSIO 11 de novembro de 2020 Cursos Pré-Simpósio Programação Científica HORÁRIO HORÁRIO HORÁRIO HORÁRIO HORÁRIO 9h – 11h 9h – 11h 11h - 13h 11h - 13h 17h - 17h20 20h20 20h30 13h 17h20 - 18h 18h - 18h40 18h40 - 19h30 19h30 - 20h20 OFICINA OFICINA OFICINA OFICINA TEMAS MONITORES MONITORES MONITORES PALESTRANTES PALESTRANTES SALA 1 SALA 2 SALA 1 SALA 2 SALA 4 Mitos e realidades das propriedades do aço inoxidável: são todos iguais? Hands-On: Como realizar a limpeza dos materiais utilizados em procedimentos robóticos? Quais são as alternativas para combater as dificuldades na limpeza dos endoscópios flexíveis? Gestão de OPME no CME é possível! Cerimônia de Abertura Sorteios Encerramento Encerramento Chrystina Barros – Rio de Janeiro (RJ) Kazuko Uchikawa Graziano - São Paulo (SP) Margarete Kavetski – Curitiba (PR) Larissa G. Thimoteo Cavassin – São Paulo (SP) Palestra Magna: 2020! O ano mundial da enfermagem: eixo de sustentação da assistência em cuidar Palestra: Evolução da enfermagem em CME: uma era de descobertas Palestra: A inteligência artificial como ferramenta de gestão para CME Palestra: Gestão e controle do ambiente: todas as superfícies “tocadas” estão contaminadas? Rafael Bianconi - São Paulo (SP) Debora Moura Miranda Goulart – Goiás (GO) Wagner de Aguiar Junior – São Paulo (SP) Cecilia da Silva Ângelo – São Paulo (SP) Elaine Regina de Souza Bueno - Barretos (SP) Fernanda Torquato Salles Bucione – São Paulo (SP) Juliana Dibai – Belo Horizonte (MG) Vinicius Muniz Peres Bezerra - São Paulo (SP) Idalina Brasil Rocha da Silva - São Paulo (SP) Andrea Alfaya Acuña - São Paulo (SP) Coordenador: Leandro Lopes Muranda - São Paulo (SP) SOBECC com Você 19 12º SIMPÓSIO 12 de novembro de 2020 Apresentação Simpósio-satélite Programação Científica HORÁRIO HORÁRIO HORÁRIO 14h - 16h 14h - 16h 17h - 17h45 17h45 - 18h45 19h30 - 20h40 20h40 20h50 18h45 - 19h30 OFICINA OFICINA TEMAS MONITORES MONITORES PALESTRANTES SALA 1 SALA 2 SALA 4 Mitos e realidades das propriedades do aço inoxidável: são todos iguais? Hands-On: Como realizar a limpeza dos materiais utilizados em procedimentos robóticos? Palestra: Atuação em projetos arquitetônicos em CME Simone Garcia Lopes - São Paulo (SP) Larissa G. Thimoteo Cavassin – São Paulo (SP) Daniele Aparecida Araujo Stuchi – São Paulo (SP) Leandro Lopes Miranda – São Paulo (SP) Ana Tércia Barijan – São Paulo (SP) Raquel de Souza Garcia - Porto Alegre (RS) Izabel Kazue Damas Crisol Iamaguti – São Paulo (SP) Mesa Redonda: Discutindo com especialistas situações adversas em CME Mesa Redonda: Diferentes métodos de esterilização físico-químicos: eficácias comprovadas? Sorteios Encerramento Palestra: Compêndio de indicadores: a busca contínua por melhores resultados no CME Rafael Bianconi – São Paulo (SP) Debora Moura Miranda Goulart – Goiás (GO) Wagner de Aguiar Junior – São Paulo (SP) Cecilia da Silva Ângelo – São Paulo (SP) Elaine Regina de Souza Bueno - Barretos (SP) 10h - 11h 14h - 15h 10h - 11h 15h - 16h 10h - 11h 16h - 17h Sala 1 Sala 3 – 1º Horário Sala 2 Sala 3– 2º Horário Sala 3 Salas 1, 2 e 3 – 3º Horário HORÁRIO HORÁRIO SIMPÓSIO-SATÉLITE SIMPÓSIO-SATÉLITE MÓDULO COMERCIAL - SALAS 1, 2 E 3 MÓDULO COMERCIAL Reapresentação dos cursos pré-sompósio Apresentação sImpósio-satélite SOBECC com Você20 12º SIMPÓSIO 13 de novembro de 2020 Apresentação Simpósio-satélite HORÁRIO HORÁRIO 10h - 11h 10h - 11h 10h - 11h 17h15 - 18h 18h - 19h 20h 20h1519h - 20h SIMPÓSIO-SATÉLITE TEMAS PALESTRANTES MÓDULO COMERCIAL - SALAS 1, 2 E 3 SALA 4 Sala 2 Sala 1 Reapresentação dos cursos pré-sompósio Sala 3 Palestra: Ações da Anvisa frente à pandemia histórica de 2020 Magda Machado de Miranda Costa – Brasília (DF) Gonzalo Vecina Neto – São Paulo (SP) Apresentação dos trabalhos orais Sorteios Encerramento Palestra: Defender o SUS é defender um país melhor para viver... HORÁRIO HORÁRIO 14h - 16h 14h - 16h OFICINA OFICINA MONITORES MONITORES SALA 1 SALA 2 Quais as alternativas para combater as dificuldades na limpeza dos endoscópios flexíveis? Gestão de OPME no CME é possível! Fernanda Torquato Salles Bucione – São Paulo (SP) Juliana Dibai – Belo Horizonte (MG) Vinicius Muniz Peres Bezerra - São Paulo (SP) Idalina Brasil Rocha da Silva - São Paulo (SP) Andrea Alfaya Acuña - São Paulo (SP) Coordenador: Leandro Lopes Muranda - São Paulo (SP) 14h - 15h 15h - 16h 16h - 17h Sala 3 – 1º Horário Sala 3– 2º Horário Salas 1, 2 e 3 – 3º Horário HORÁRIO SIMPÓSIO-SATÉLITE MÓDULO COMERCIAL - SALAS 1, 2 E 3 Apresentação sImpósio-satélite Programação Científica SOBECC com Você 21 14 de novembro de 2020 Programação Científica HORÁRIO 9h - 9h45 9h45 - 10h30 11h30 - 12h15 12h15 - 13h 13h 13h15 10h30 - 11h30 TEMAS PALESTRANTES SALA 4 Palestra: Desafios na limpeza dos PPS: conhecidos pouco explora- dos, cada vez mais utilizados Jeane Aparecida Gonzalez Bronzatti – São Paulo (SP) A confirmar Daniela Silva Santos Schneider - Porto Alegre (RS) Andrea Alfaya Acuña – São Paulo (SP) Cristina Fast - Canadá (CA) Palestra: Cases de sucesso: redução de custos com materiais não reembolsáveis no Bloco Operatório Palestra: O encantamento na trajetória de Enfermagem Perioperatória: da graduação à expertise. Palestra: Trabalho com alegria: um convite para repensar o seu modelo de gestão Sorteios Encerramento Mesa Redonda: Experiências internacionais: qual o aprendizado que a Pandemia trouxe? 12º SIMPÓSIO Expositores: Organização e realização: Apoio: SOBECC com Você22 ESPECIAL Segurança do paciente no Bloco Operatório “Não há como negar que hospitais são locais perigosos e que representam ris- cos a todos os ocupantes de suas insta- lações” Dr. José Valverde SOBECC com Você 23 O dia 17 de setembro é considerado o Dia Mundial de Se- gurança do Paciente. Criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e seu objetivo é alertar para a importância da assistência com segurança. A data é uma convocação para gestores, profissionais de saúde, pacientes, cuidado- res e familiares entregarem-se fielmente à missão de lutar pela segurança do paciente. Foi durante a 72ª Assembleia Mundial da Saúde em 2019, cujo tema foi “Segurança do Paciente: uma prioridade global de saúde”, que a data foi definitivamente consolidada. Nosso País trabalha com base no Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que foi criado para ampliar o cuidado com pacientes e profissionais. Foi levado em conta que a Segurança do Paciente é um dos seis atri- butos da qualidade do cuidado e tem adquirido grande importância para todo o ecossistema. Assim, por meio da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, o Governo Federal passou a articular políticas de saúde, promover a integração e a soma de esforços para a melhoria constante da qualidade dos serviços e a segurança dos cuidados no sistema de saúde. A OMS estima que milhões de pacientes são prejudicados por cuidados não seguros em todo o mundo, o que leva a mais de 2,6 milhões de óbitos anuais em países de baixa e média renda. Tais mortes poderiam ser evitadas. O impacto pessoal, social e econômico do dano ao paciente leva a perdas de trilhões de dólares no mundo. José de Lima Valverde Filho é médico, professor, palestrante internacional no tema Qualidade e Segurança em Saúde e Cirurgia Segura. Além disso, Valverde também integra o Joint Commission International (JCI), é Coordenador de Acreditação do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) tendo lecionado no Brasil e em Portugal. Conversamos com ele sobre Segurança do Paciente no Bloco Operatório. SOBECC COM VOCÊ: Como garantir ou, pelo me- nos, perseguir o objetivo da segurança e da qualida- de em saúde? José Valverde: Há exemplos remotos de como a qua- lidade e a segurança proporcionam desfechos signifi- cativamente melhores nos cuidados em saúde, como evidenciaram, apenas para citar dois ícones da qualidade em saúde: Florence Nightingale e Ernest Amory Codman, tendo a primeira, em dezembro de 1846, que em resposta à morte de um mendigo numa enfermaria em Londres, e que acabou evoluindo para escândalo público, se tornou a principal defensora de melhorias no tratamento médico e o segundo que pode ser considerado o precursor dos processos atuais de acreditação de organizações de saúde, em 1914, com seu método de avaliação dos cirurgiões do Massachusetts General Hospital. O plano de avaliação do Dr Codman foi recusado e, como se não bastasse houve uma retaliação contra o autor, a quem foi retirado o seu privilégio no Hospital. Inconformado, criou seu próprio hospital, que chamou End Result Hospital, que em tradu- ção livre seria Hospital de Resultados Finais e mostrou à sociedade, transparentemente, que de 337 pacientes que tiveram alta entre 1911 e 1916, havia 123 “erros” e que a causa raiz desses erros era a qualificação profissional. Ape- sar desses e de vários outros trabalhos que mostram como qualidade e segurança são importantes apesar, felizmente, de progressos, há resistência em se considerar que exclu- sivamente a qualidade e a habilidade dos profissionais da saúde seja o fator único para desfechos favoráveis. Dados demonstram números assustadores, como o número de mortes no Brasil, por ano, relacionados a eventos adver- sos, algo em torno de 300 mil, o que daria cerca de 830 óbitos por dia. Não nos parece que isso seja suficiente para que qualidade e segurança sejam incluídos nas grades de nossas faculdades, de modo alertar os jovens, o mais pre- cocemente possível, sobre a importância desses aspectos. Lembro de uma apresentação que fiz há alguns anos sobre Cirurgia Segura, para um grupo de professores, em uma universidade e um dos seniores antes que eu começasse a explanação me alertou dizendo o seguinte: “doutor, me desculpe, mas Cirurgia Segura significa uma coisa só...bom cirurgião”. Resultados e ações do programa nacional de segu- rança do paciente • Criação de 3780 Núcleos de Segurança do Pacien- te no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) • Mais de 5 mil profissionais especializados em Segu- rança do Paciente no SUS • Mais de 255 hospitais em projetos do MS de me- lhoria de Segurança do Paciente • 6650 alunos cursando EAD de Segurança do Paciente • Construção da Agenda Global - Desafio Global e Dia Mundial • Atualização de currículos dos profissionais da saúde com a inclusão do tema “Segurança do Paciente” • Redução de desperdício R$ 149 milhões • Redução de danos: mais de 978 vidas salvas e 2.888 infecções evitadas ESPECIAL SOBECC com Você24 ESPECIAL Saiba como contribuir para a segurança do paciente: 1. Se você ou um ente querido é um paciente, envolva-se ativamente em seus cuidados; 2. Comunique aos profissionais em caso de sen- tir-se mal após o uso de medicamentos; 3. Informe aos profissionais em caso de alergias; 4. Evite quedas: peça ajuda se sentir mal-estar; 5. Faça perguntas para estar ciente sobre sua condição de saúde e tratamento; 6. Visitas e acompanhantes também devem lavar as mãos antes de tocar no paciente; 7. Confirme sempre o nome do paciente antes de cada procedimento; 8. Lave as mãos antes e depois de tocar o paciente; 9. Profissional de saúde, envolva os pacientes como parceiros sob seus cuidados. Encoraje as notifi- cações sem culpas e aprenda com os erros; 10. Gestor, invista na segurança do paciente e faça dela a sua prioridade. listas e médicos de família capazes de resolver,de maneira eficiente, grande parte das situações”, explica o médico, exemplificando com outra questão fundamental; a criação de um prontuário único de saúde do cidadão que evitaria uma série de desperdícios e de problemas oriundos do uso repetitivo e desnecessário de procedimentos. O Brasil também acerta. Existem progressos em qualidade e segurança, como a determinação pela ANVISA da criação e implantação de Núcleos de Segurança dos Pacientes, nas organizações de saúde. A incorporação gradativa de ou- tros profissionais às equipes também é positiva. “O enge- nheiro clínico e o farmacêutico clínico, por exemplo, são essenciais. Este último, inclusive, com papel significante na conciliação medicamentosa”. SOBECC COM VOCÊ: Quais os maiores pontos de atenção para garantir a segurança do paciente? José Valverde: Entendo que as lideranças devem de- monstrar às equipes determinação clara e objetiva de que se preocupam com qualidade e segurança. Incluir qualidade e segurança como valores da organização de saúde, traz à tona que a instituição trabalhará nessa direção. Isso feito di- ria que medir, medir, medir e implantar melhorias, por meio da análise de indicadores obtidos por dados confiáveis é o sustentáculo para garantir a segurança do paciente. Vejo um outro ponto que é a transparência. Pacientes e familiares devem ser honestamente informados de eventuais falhas que lhes tenham ocasionado danos. A participação efetiva de pacientes e familiares nas decisões sobre cuidados é também importante. Para as equipes de saúde, pacientes familiares e cuidadores, a educação customizada e conti- nuada sobre qualidade e segurança é outro pilar. SOBECC COM VOCÊ: Como o profissional de En- fermagem pode integrar e somar na busca constante pela segurança? José Valverde: Na minha experiência como educador e avaliador para acreditação, a Enfermagem é essencial e o grupo mais envolvido com qualidade da segurança dos cuidados. Sem Enfermagem não se faz acreditação ou qualquer outro processo para a melhoria da qualidade e segurança dos cuidados em saúde. A avaliação inicial e continuada dos pacientes pela Enfermagem identifica barreiras aos cuidados e riscos individuais. A participação da Enfermagem nos planos de cuidados confere a integra- lidade das ações das equipes multiprofissionais. Estando a maior parte do tempo com os pacientes do que qualquer outro profissional, o Enfermeiro tem papel chave na obser- vação e na notificação de eventos adversos. Além da formação escolar, para se perseguir o objetivo da segurança e da qualidade em saúde, uma série de medidas precisam ser implantadas a partir dos gestores: avaliação contínua dos desfechos, comparando suas instituições com outras, com a literatura e entre seus profissionais, como fez Codman; premiar desfechos e não volume; manter um escritório da qualidade ativo e que colete da- dos confiáveis para indicadores de estrutura, processo e resultado; procurar avaliações externas, como para acredi- tação e, sobretudo, não valorizar a “cultura da culpa” e sim a da segurança, estimulando notificações de quase falhas, eventos adversos e eventos sentinela, analisando, com profundidade, esses eventos e definindo com as equipes planos de melhorias. Para Valverde, o Brasil está errando na formação dos pro- fissionais da saúde, tanto em suas habilidades, quanto na conscientização sobre qualidade e segurança dos cuida- dos. O número de escolas médicas, segundo ele, é incom- patível com a disponibilização de professores qualificados e a oferta de locais aptos ao bom treinamento. Também há a questão do modelo remuneratório, o fee-for-service, ou seja, o pagamento por volume e não por valor agregado. O modelo atual estumula o uso desnecessário de proce- dimentos e tecnologias. As fontes pagadores públicas ou privadas não estimulam a qualidade e a segurança, mas premiam os desfechos favoráveis. “Há a procura de parce- rias por um preço. Além disso, a formação não controlada de especialistas que se sobrepõe à necessidade de genera- SOBECC com Você 25 Acreditação Acreditação hospitalar é um sistema de avaliação e certi- ficação de qualidade de serviços de saúde conferido por meio de um processo voluntário e periódico. É um proces- so no qual instituições prestadoras de serviços na área de saúde verificam o cumprimento dos requisitos criados para aperfeiçoar a segurança e a qualidade no cuidado. SOBECC COM VOCÊ: Por favor, nos fale mais sobre a Acreditação e o trabalho da JCI no Brasil e no mundo? José Valverde: A Joint Commission International (JCI) é a maior organização mundial de acreditação de organizações de saúde no mundo, com mais de mil organizações acredi- tadas. A missão da JCI é melhorar a segurança e a qualidade do cuidado na comunidade internacional, por meio da pres- tação de serviços de educação, publicações, consultoria e avaliação. No Brasil, o primeiro hospital a ser acreditado foi o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, que no ano 2000 obteve sua primeira acreditação e, desde então, tem sido reacreditado a cada três anos. A JCI confere acreditação a organizações de saúde hospitalares e centros médicos aca- dêmicos, ambulatórios, atenção domiciliar, cuidados conti- nuados e transporte médico, além de certificar programas clínicos de organizações já acreditadas. Valverde explica que “Atualmente 63 organizações de saúde estão acreditadas pela JCI no Brasil. Os padrões da JCI são de responsabilidade de uma força-tarefa interna- cional, da qual me orgulho de ter participado e, portanto, os padrões são internacionais. Quando um conceito é abordado pelos padrões da JCI e pelas leis ou regulamen- tos de uma autoridade nacional ou local, a JCI exige que uma organização siga o que estabelece a exigência mais alta ou mais rigorosa”. Um exemplo dado pelo médico é que a JCI exige que as organizações usem dois identificadores de pacientes em uma variedade de processos. Se o padrão nacional requer o uso de três identificadores, o hospital deve, portanto, usar três identificadores para atender à norma nacional, que é mais rigorosa do que o padrão da JCI. No entanto, se essa mesma norma nacional permitir o uso do núme- ro de leito como identificador - prática que a JCI proíbe explicitamente -, a organização está proibida de fazê-lo. Uma instituição para ser acreditada tem que atender às regras de acreditação e manter conformidade durante os ciclos de acreditação. Para uma organização de saúde ser acreditada existem requisitos, entre os quais: permitir avaliações no local de padrões e conformidade com as políticas, ou verificação de questões relacionadas à qua- lidade e à segurança, relatórios ou sanções da autoridade reguladora, a critério da JCI; permitir que a JCI solicite (da organização ou de agência externa) e revise original ou có- pia autenticada dos resultados e dos relatórios de avaliação externos de agências publicamente reconhecidas; que a organização selecione e utilize medidas como parte de seu sistema de monitoramento de melhoria de qualidade; que qualquer membro individual da equipe da organização (clí- nico ou administrativo) possa relatar preocupações sobre a segurança do paciente e a qualidade dos cuidados à JCI, sem ação de retaliação; e que a organização notifique o público que atende sobre como entrar em contato com a administração do hospital e a JCI, para relatar questões sobre a segurança do paciente e a qualidade dos cuidados. Os padrões para acreditação hospitalar da JCI são didati- camente divididos entre padrões centrados nos pacientes (Metas Internacionais de Segurança do Paciente, Acesso e Continuidade dos Cuidados, Cuidados Centrados no Paciente, Avaliação do Paciente, Cuidados ao Paciente, Anestesia e Cuidado Cirúrgico e Gerenciamento e Uso de Medicamentos) e padrões centrados na gestão (Melhoria da Qualidade e Segurança do Paciente, Prevenção e Controle da Infecção, Governo, Liderança e Direção, Gerenciamento e Segurança dasInstalações, Educação e Qualificação dos Profissionais e Gerenciamento da Informação). Para Centros Médicos Acadêmicos, por exemplo, Hospitais Universitários existem padrões exclusivos (Educação Médica Profissional e Programas de Pesquisa em Sujeitos Humanos). Existem regras de decisão para acreditação e uma delas. Para hos- pitais, é a comparação entre o hospital avaliado e a média de não conformidades e conformidades parciais obtidas por outras organizações, em determinado período. SOBECC COM VOCÊ: Quais são os maiores pontos de atenção para uma instituição ser acreditada? José Valverde: Os fatores críticos para lograr acreditação podem ser resumidos ao seguinte: entender acreditação como um meio para a qualidade e não um fim, por si só; motivação de todas as equipes, há necessidade da absoluta compreensão de que o processo de acreditação, longe de ser uma “burocracia extra”, traz benefícios a todos, ou seja, pacientes e profissionais da saúde; determinação clara, ní- tida, objetiva das lideranças, o alcance da acreditação deve estar dento do planejamento estratégico da organização e é preciso que todos saibam disso; enfrentamento de resistências, que uma vez vencidas consolidam os novos processos; a adesão de profissionais terceirizados coope- rativados ou com outros vínculos ao processo pode ser um desafio, pela diferença da governabilidade entre esses e os funcionários da organização; igualmente importante é compreender todo o processo como investimento, com retorno, ou seja, credibilidade, diminuição de riscos jurídi- ESPECIAL SOBECC com Você26 ESPECIAL cos e financeiros, entre outros; a implantação da cultura da segurança e do comportamento seguro são condições sine qua non, substituindo a cultura da culpa, porém res- ponsabilizando as pessoas por seus atos e, finalmente, a manutenção do “ciclo da qualidade” (avaliar, medir, im- plantar melhorias, reavaliar...). SOBECC COM VOCÊ: Existe alguma métrica refe- rente à ocorrência de incidentes em instituições acreditadas e não acreditadas? Temas do programa nacional de segurança do paciente: Identificação do paciente Muitas pessoas têm nomes iguais ou parecidos. To- dos os pacientes devem receber pulseiras ou crachás de identificação com seu nome completo e mais alguma informação da pessoal. Cirurgia Segura Há procedimentos que os cirurgiões e a equipe reali- zam antes da cirurgia para diminuir os riscos. O local da cirurgia deve estar adequadamente marcado. Comunicação Efetiva Tanto os profissionais quanto os pacientes precisam entender o que está sendo comunicado, desde a informação sobre um exame até o tratamento rea- lizado. Higienização das Mãos As bactérias transmitidas pelas mãos são uma das principais causas de complicações e infecções hos- pitalares. Os profissionais envolvidos precisam lavar as mãos sempre que necessário. Prevenção de Quedas As quedas são acidentes que podem causar diversos danos para o paciente. Segurança no uso de medicamentos Todos os pacientes vão receber medicações durante a internação. A equipe precisa estar ciente do uso de medicamentos prévios, constantes e até alergias. Prevenção de lesões por pressão Essas são lesões que podem acontecer em pacientes que se movimentam pouco ou estão acamados. Elas ocorrem em locais onde as proeminências ósseas ficam em contato próximo à pele. José Valverde: Sim, publicação do SINDH RIO/ FAROL de 2010 a 2013 mostra a diferença significante entre a ocorrência de infecções do trato urinário associadas ao uso de cateter vesical de demora, de pneumonia associada à ventilação mecânica e de lesões de pele entre institui- ções acreditadas e não acreditadas. Dados apresentados pela EPIMED SOLUTIONS, de 2014, referentes ao SAPS 3 LA ajustado que significam, se maior que 1 (um), mortalidade maior que à prevista e se menor do que um, mortalidade inferior a prevista, tiveram os seguintes resultados: hospi- tais sem acreditação = 1,25; acreditados = 0,75 e acredita- dos pela JCI = 0,56. SOBECC COM VOCÊ: O que influi mais na imple- mentação de protocolos de segurança: tecnologia ou cultura? Como atuar corretamente em ambos os aspectos? José Valverde: Não se implanta protocolos de cima para baixo. Devem ser consensuados e avaliados quanto à ade- são e à efetividade. Tecnologia bem indicada é extrema- mente favorável para resultados adequados. Há necessida- de de se convencer profissionais de saúde, especialmente, médicos, de que protocolos não engessam suas atividades ou ferem suas autonomias. Para isso, devem fazer parte da elaboração de protocolos e linhas de cuidado. SOBECC COM VOCÊ: A segurança do paciente está sendo observada corretamente ou ainda estamos longe do ideal? Por quê? José Valverde: Não acredito que estejamos em um pata- mar ideal. Processos de qualidade ainda são incipientes nas nossas organizações de saúde. Em torno de 4% apenas de nossos hospitais são acreditados e muitos ainda em níveis inferiores, em metodologias que estratificam a acreditação por níveis. A adesão a determinações de órgão reguladores, como a existência de Núcleos de Segurança do Paciente, Comissão de Revisão de Prontuários, Comissão de Óbitos etc, comumente está ausente. Indicadores de desfecho não são o foco de muitas organizações. Quando não se mede, nada se sabe. Não raro, gestores desconhecem o índice e a consequência de eventos adversos em suas or- ganizações; esses eventos ficam embaixo do tapete. Fatores de risco, observância da segurança Um dos momentos mais críticos e sujeito a graves eventos adversos é o da transferência de cuidados, isto é, quando uma instituição, setor ou profissional delega os cuidados a outra instituição, setor ou profissional. Há necessidade de um processo seguro nestas situações, capaz de transferir todas as informações possíveis de diminuírem os riscos ao paciente. SOBECC com Você 27 Perguntado sobre os maiores fatores de risco e as formas de corrigi-los, Valverde é enfático: “Não há como negar que hospitais são locais perigosos e que representam riscos a todos os ocupantes de suas instalações. Para os pacientes, apresento uma lista de causas de eventos sen- tinela, por ocorrência, publicadas pela The Joint Commis- sion, como quedas; retenção não intencional de um corpo estranho; cirurgia no local errado; não esclarecidas; even- tos imprevistos, como asfixia, queimaduras, sufocamento, afogamento ou paciente irresponsivo; suicídio; atraso no tratamento; por produtos ou dispositivos; eventos crimi- nosos e erros de medicação”, explica, ressaltando que a gestão de riscos assistenciais e não assistenciais, incluindo uma verificação proativa do risco, é importante ferramenta para mitigar a ocorrências dessas situações. SOBECC COM VOCÊ: Qual é sua percepção refe- rente aos protocolos de segurança e a COVID-19? José Valverde: Tratando-se de uma pandemia, o que se espera das organizações de saúde, em especial dos hos- pitais, é que tenham colocado em prática planos de ação, previamente elaborados e testados de enfrentamento de situações de emergência, que trazem um fluxo inesperado de pacientes, em situações graves e que alteram toda a dinâmica assistencial. Durante pandemias, como ebola e outras, o risco para todos os ocupantes das instalações au- menta, em especial para os profissionais da saúde. Alguns fizeram isso. A mídia, no entanto, publicou que alguns hos- pitais não dispunham de planos de contingência, incluindo dispositivos de proteção individual para seus profissionais. A paciente não-segura e a diferença entre os hospitais José Valverde conclui, contando, com exclusividade para a SOBECC COM VOCÊ, uma experiência interessante sobre segurança do paciente e acreditação: “Durante uma avaliação para acreditação internacional em que eu fazia parte da equipe da JCI, fui encarregado de en- trevistar pacientes e familiares de pacientes que já tinham saído do hospital. Trouxeram suas experiências e uma das mais tocantes foi a de uma pacienteque teve mielite trans- versa e comparou o hospital no qual esteve inicialmente internada e o hospital para qual foi transferida (o que estava sendo avaliado). Suas colocações eram centradas em diferenças entre a humanização e a centralização dos cuidados. Ela relatou, entre outras coisas, que algo que a fez sentir-se incluída como pessoa foi o fato de, anterior- mente, a visita médica ser rápida e o médico se manter em pé. Já no hospital em avaliação, sentiu-se abrigada, aco- lhida e considerada. Também narrou que ficou marcada por ter ouvido do médico do primeiro hospital, sem meias palavras, sem tato ou sem maior aprofundamento, de que ela provavelmente nunca mais andaria. Felizmente, não foi o que ocorreu”. Médico, professor e palestrante, formado pela Uni- versidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Fez sua formação em Clínica Médica no Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ. Praticou Medicina Clínica durante 28 anos no Hospital Semic Botafogo, no qual foi Diretor Médico e como médico concursado do Hospital dos Servidores do Estado do RJ, no Serviço de Emergência. Foi Gerente Médico da Pronep Lar, In- ternação Domiciliar. Desde 2008 dedica-se à melhoria da qualidade e segurança dos cuidados em saúde, por meio de atividades no Consórcio Brasileiro De Acredi- tação – CBA, até janeiro de 2020, organismo associado a Joint Commisiion International- JCI. Responsável pela elaboração de Manuais próprios do CBA, sendo autor dos Manuais para Acreditação de Operadoras de Planos de Saúde, Cirurgia Segura e Organizações Sociais de Saúde. José de Lima Valverde Filho ESPECIAL SOBECC com Você28 ENTREVISTA Entrevistamos especialistas sobre os pontos mais relevantes re- ferentes a como manter o paciente seguro e garantir a proteção do profissional de anestesia em plena Pandemia. Segurança do paciente e do profissional em anestesia frente à COVID-19 SOBECC com Você 29 P andemia: todos os ambientes do hospital higie- nizados e com grande oferta de álcool em gel. Profissionais munidos corretamente com EPI, dis- tanciamento social e informação onipresente, mas, como está a Recuperação Anestésica (RA)? Quais são os cuidados tomados pelo profissional de anestesia e com o paciente em relação à COVID-19? A SOBECC COM VOCÊ conversou com especialistas que explicaram a respeito de suas atuações nesse novo cenário global. Os entrevistados foram Enis Donizetti Silva – médico espe- cialista em anestesiologia e co-responsável pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia do Hospital Sírio Libanês; Cas- siane de Santana Lemos - enfermeira, doutora em ciên- cias e docente de Enfermagem e Wagner de Aguiar Júnior – enfermeiro, especialista em Enfermagem e mestre em Ciências da Saúde. SOBECC COM VOCÊ: Como você recebeu o início da pandemia? Estávamos preparados? Enis Donizetti Silva: Desde quando a doença começou na China e começou a ter evidências de que poderia ser uma doença como a SARs e outras gripes, deu uma certa preocupação, mas no início ainda não tínhamos a sen- sação de que se alastraria dessa forma. Por isso, eu creio que não nos preparamos desde o começo. Refiro-me a quem está na linha de frente. A OMS, a gestão no Brasil, o Ministério da Saúde, a ANVISA e as Secretarias já tinham informações do cenário, mas nós, como profissionais da saúde, não tínhamos uma ideia muito clara. Por isso, não foi possível nos prepararmos adequadamente no primeiro momento. Cassiane de Santana Lemos: O início da pandemia foi um momento de instabilidade para a área da saúde, con- tudo, delineou-se como uma condição já prevista por pes- quisadores, diante das fragilidades presentes no sistema de saúde e as desigualdades de acesso à saúde vivenciadas pela população brasileira. Os principais fatores de vulnera- bilidade na assistência foram relacionados aos déficits de estrutura física e humana nas instituições de saúde. Wagner de Aguiar Júnior: As primeiras notícias que eu recebi sobre o novo coronavírus (SARS-CoV-2), pro- venientes da cidade de Wuhan, na China, foram por meio dos jornais e revistas, no final de 2019. Lembro-me que, no começo do ano de 2020, estávamos muito preocupados com esta doença que estava matando muitas pessoas na Ásia e na Europa e que, provavelmente, chegaria ao Brasil depois do Carnaval. Hoje, tenho a certeza de que estar vinculado à SOBECC mudou a minha vida e a dos meus companheiros de trabalho, pois, graças às nossas reuniões, conseguimos estudar e implementar medidas de segurança contra a COVID-19, que já estavam sendo adotadas com sucesso pelos Enfermeiros dos países onde o SARS-CoV-2, chegou primeiro. Tenho um imenso carinho e gratidão por todos os profissionais que fazem parte da SOBECC e que, na época, foram decisivos para análise das boas práticas adotadas em diversos países, que nos ajudaram a enfrentar esta pandemia aqui no Brasil. Quando os primeiros casos chegaram em São Paulo, tanto eu quanto os meus colegas de profissão, estávamos muito assustados, temerosos pela vida dos membros da equipe pertencentes ao “grupo de ris- co” e com muito medo de contaminar os nossos familiares. Todavia, graças às reuniões e aos guidelines publicados pela SOBECC, tínhamos um norte a seguir, o que foi fundamen- tal para garantir a nossa segurança e a dos nossos pacientes. A SOBECC COM VOCÊ: O que mudou radicalmente na rotina e estrutura? Enis Donizetti Silva: Do ponto de vista de cuidado e do uso dos EPI, já é rotina no Centro Cirúrgico brasileiro, mas não tanto como em países europeus. Eu me lembro de que no meu primeiro estágio no Centro Cirúrgico na Inglaterra, em 1993/1994, no serviço que mais fazia transplante de fí- gado na época não tinha a rotina ou o padrão de o aneste- sista usar máscara. Nos hospitais na Alemanha já era total- mente diferente. Havia a preocupação de cobrir o rosto e o pescoço com balaclava. A máscara era obrigatória desde o momento da troca de roupa. Você colocava a máscara em um local e a roupa em outro. Um ano antes, em Pitts- burg, me espantei porque era permitido sair com a roupa do Centro Cirúrgico, ir para a rua se alimentar e retornar. Algumas pessoas que se hospedavam próximo já chega- vam ao hospital paramentados, vindos de seu hotel. Aqui, o uso correto de EPI já fazia parte do nosso cotidiano, mas o que mudou de maneira intensa foi a questão de utilizar EPI melhores e um pouco mais consistentes. Por exemplo, a máscara N95, agora, é de uso diário. A intubação comple- tamente paramentado por conta do Coronavírus também não mudou, mas o que vai mudar muito é a questão da constante higienização e de todos se cobrando, o que é ENTREVISTA SOBECC com Você30 ENTREVISTA extremamente positivo. Antes, usávamos o vídeo larin- goscópio para um caso ou outro. Agora, com a COVID, a intubação é mais rápida, não ventila muito, libera muito aerossol e isso está demonstrando maior assertividade e, principalmente, menor estresse ao paciente. A avaliação dos doentes e a continuidade do cuidado também está melhorando. A telemedicina, como estratégia de avaliação pré-operatória, foi intensificada. Estamos avaliando mais os doentes antes da cirurgia e realizando a consulta pré-a- nestésica, o que é muito legal. Cassiane de Santana Lemos: O longo período de qua- rentena reduziu, de forma significativa, o fluxo de atendi- mento no centro cirúrgico, o que exigiu dos profissionais flexibilidade para se adaptar às novas rotinas e perfis de pacientes, como o deslocamento para a atuação em uni- dades de terapia intensiva ou execução de procedimentos cirúrgicos, com um volume importante de equipamentos de proteção individual. Wagner de Aguiar Júnior: Na estrutura do centro cirúrgico, a rotina mudou completamente com a imple- mentação das precauções, das salas COVID, de encarar o plantão com temor pela nossa segurança, dos demais membros da equipe, dos pacientes e dos nossos fami- liares.O longo período de quarentena reduziu, de forma significativa, o fluxo de atendimento no centro cirúrgico, o que exigiu dos profissionais flexibilidade para se adap- tarem às novas rotinas e perfis de pacientes, como o des- locamento para atuação em unidades de terapia intensiva ou execução de procedimentos cirúrgicos com um volu- me importante de EPI. A higienização rigorosa das mãos, as técnicas de precaução por contato e aerossóis eram levadas rigorosamente ao extremo. O temor fazia parte do nosso cotidiano... não podíamos parar... não podíamos errar...não podíamos desistir...pois sabíamos, mais do que nunca, que o nosso trabalho seria decisivo para salvar vidas. Creio que, na vida pessoal, o distanciamento social foi o mais impactante. De repente, não podíamos mais abraçar e beijar nossos amigos e familiares, nossa rotina mudou completamente; tivemos que nos reinventar. SOBECC COM VOCÊ: E o que se manteve? Enis Donizetti Silva: A questão da via aérea, como citei, se manterá. Sem UTI, as unidades de recuperação pós anestésica podem ser uma grande unidade de recupera- ção pós-operatória. O centro cirúrgico e a sala pós-ope- ração passaram a ser usados como cuidado intensivo e isso foi um ganho importante. Principalmente por causa das drogas usadas em anestesia, melhoramos o despertar e a manutenção de uma hemodinâmica mais estável no polo operatório, que faz com que a sala de recuperação pós-anestésica possa ser usada como uma unidade inter- mediária ou até terapia intensiva. Cassiane de Santana Lemos: Devido o centro cirúrgico ser uma área que exige planejamento e uso constante de paramentação, mesmo com a instabilidade e as incertezas geradas durante a pandemia, os profissionais de centro cirúrgico mantiveram os fluxos preconizados, tais como o planejamento de insumos e materiais, medidas de controle de infecção e a busca constante em manter a segurança das intervenções cirúrgicas, reduzindo danos ao paciente durante o período perioperatório. Wagner de Aguiar Júnior: O espírito de união e de co- letividade não diminuiu com o avanço da pandemia; mui- tos perderam amigos, colegas e familiares este ano. Nunca estivemos mais unidos enquanto sociedade, enquanto Enfermagem. No centro cirúrgico, creio que a importância do profissional, das medidas de proteção individual, das precauções, dos protocolos assistenciais adotados contra a COVID-19, isso se manterá por muito mais tempo. SOBECC COM VOCÊ: O que está sendo feito para garantir a segurança do paciente? Enis Donizetti Silva: Na questão das vias aéreas e li- beração de aerossóis, estamos tomando maior cuidado, usando EPI, realizando higienização. Lavagem muito mais frequente, o consumo de soluções aumentou muito. Estamos tendo muito mais cuidado com o acesso vas- cular. O cuidado com itens negligenciados, por exemplo, documentação das seringas de anestesia. Isso não era rotina, agora, tudo foi intensificado e organizado. Notei o aumento do consumo de rótulos. Isso é essencial, pois 40% dos eventos adversos em anestesia estão relaciona- dos ao uso de drogas: dose errada, paciente errado ou droga errada. O importante é seguir todos os protocolos. Desde o início da pandemia, noto que todos estão muito mais atentos ao Time Out. Isso tem que se manter, por- que tivemos um ganho. Cassiane de Santana Lemos: Protocolos assistenciais foram criados nas instituições de saúde, instâncias gover- SOBECC com Você 31 namentais, sociedades e órgãos de classe, com a definição de fluxos de atendimento do paciente nas unidades de internação e no centro cirúrgico, além da implantação de fluxo de triagem para testagem de pacientes submetidos a cirurgias eletivas, permitindo, desta maneira, uma cirurgia segura, além do planejamento adequado de EPI para os profissionais. Wagner de Aguiar Júnior: Durante todo o período perioperatório, estão sendo mantidas medidas de segu- rança que envolvem, desde a testagem dos pacientes, para detecção de SARS-CoV-2, até a manutenção do dis- tanciamento social nas unidades de internação e o uso de máscaras cirúrgicas, pelos pacientes e por toda a equipe multiprofissional. As medidas de higiene e limpeza hospi- talares, que sempre foram rigorosas, foram intensificadas. Todas estas ações contribuem para garantir tanto a segu- rança dos pacientes, quanto dos profissionais de saúde. OBECC COM VOCÊ: E a segurança do profissional em anestesia? Está havendo esse cuidado? Como? Enis Donizetti Silva: Eu acredito que a primeira premis- sa é: A doença é contagiosa e usas secreções como via. Por isso, os anestesistas sempre estão usando máscara no Centro Cirúrgico. É uma enorme proteção. Em muitos lu- gares, considerando em termos de País, o Brasil teve menos adoecimento de profissionais em relação à China, Itália e Espanha. Passamos a cuidar mais disso. O reconhecimento dos equipamentos pelos profissionais aumentou muito. Os cuidados com manipulação de itens relacionados a isola- mento também cresceram. Tenho certeza de que estamos ganhando muito com isso. Passamos a ter uma estratégia a favor do cuidado, o que é essencial. Cassiane de Santana Lemos: Com uma série de estudos e análises acerca do meio de propagação do vírus SARS-CoV2, a literatura mostrou a possibilidade de transmissão na forma de aerossóis que podem ser pro- duzidos durante o procedimento anestésico, como no processo de intubação ou aspiração traqueal, ventilação não invasiva, ventilação manual antes da intubação, broncoscopias e extubação. Desta forma, foi preconi- zado pelo Ministério da Saúde a todos profissionais en- volvidos na assistência o uso de máscaras com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas (tipoN95, N99, N100, PFF2 ou PFF3), gorro, avental de manga longa, óculos de proteção e luvas de procedimento. Wagner de Aguiar Júnior: Durante a indução anes- tésica, tanto o anestesiologista quanto o profissional de enfermagem que o auxilia dentro da sala cirúrgica, tiveram que aderir a protocolos de segurança mais rígidos, que englobam tanto os equipamentos de proteção individual (faceshield, óculos de proteção, máscara N95 e avental im- permeável), quanto a adaptações à técnica de intubação, por meio do pinçamento do tubo endotraqueal e uso do filtro HEPA, por exemplo. Além disso, após a saída do pa- ciente, além da limpeza terminal da sala cirúrgica, também procedemos ao descarte de toda a cal sodada, efetuando a limpeza rigorosa do canister. SOBECC COM VOCÊ: O que mudará para sempre na profissão após a pandemia? Enis Donizetti Silva: Tem um tema que gosto de falar, que é a questão econômico-financeira. Ficou claro e evi- dente nos últimos 5 meses que os principais movimentos não são para procedimentos eletivos. Ficou entendido que financeiramente é essencial que o profissional tenha outros locais de atuação para pagar as suas contas. Diferente de outros profissionais, tivemos a vantagem de adaptar nossa especialidade para cuidar desses pacientes nas UTI e uni- dades intermediárias, nos grupos de resposta rápida, nos grupos de via aérea. Serão ganhos que serão incorporados. Na questão médica, ficou evidente que, em muitos lugares, faltaram intensivistas. Precisamos formar mais intensivistas e mais médicos com capacitação para paciente crítico e de alto risco. Não aumentar as vagas de médicos nas UTI, mas sim, capacitá-los ainda mais: clínicos, cirurgiões, aneste- sisas, radiologistas e outros para aprenderem a cuidar de pacientes de alto risco. Isso será incorporado. Cassiane de Santana Lemos: A percepção dos pro- fissionais quanto aos problemas de saúde pública sofreu transformações em diferentes aspectos, visto que inde- pendente do local de atuação, os profissionais evidencia- ram que as fragilidades do sistema de saúde acumuladas em anos de negligência e falta de investimentos podem acometer a sociedade, com diferentes impactos,mas com danos significativos a toda população. Wagner de Aguiar Júnior: A adesão aos protocolos de segurança institucionais. Antes, por exemplo, fazíamos campanha para higienizar as mãos, hoje, percebo que tanto esta, quando as demais medidas de precauções ENTREVISTA SOBECC com Você32 ENTREVISTA padrão, estão internalizadas nos profissionais. Ninguém mais será o mesmo. Esta pandemia mostrou para a so- ciedade a importância do profissional de Enfermagem e a necessidade da valorização de nossa profissão. Não dá mais para aceitar profissionais em burnout, por excesso de trabalho, a fim de garantir uma melhor remuneração. Acredito no crescimento e na melhoria das condições de trabalho para todos nós. SOBECC COM VOCÊ: Que conselhos daria aos Pro- fissionais de Enfermagem, no geral, e aos profissionais de anestesia que estão na linha de frente desta luta? Enis Donizetti Silva: O primeiro conselho é permanecer no estímulo e ajuda para que todos usem EPI. Não pode- mos depender da imunidade de rebanho ou da vacina. Vamos transmitir aos nossos familiares e leigos que esses pormenores são essenciais e fundamentais. A maior efi- cácia e eficiência está na higienização, no uso de máscara e no distanciamento social. Inclusive, na higienização do ambiente onde você está. Vamos respeitar a doença. Ela apresenta alta mortalidade. Temos de prosseguir porque a taxa de letalidade é alta e nossa preocupação deve ser constante. Vamos proteger a nós mesmos e ao próximo. A solidariedade e a empatia serão incorporados. Não pode- mos perder isso. Toque o paciente. Mesmo de luva, mesmo com ele protegido. Deixe que ele sinta nossa ternura, nos- so toque humano. Cassiane de Santana Lemos: Os profissionais de En- fermagem de centro cirúrgico devem buscar atualizações constantes para assistência com qualidade e segurança, dentro dos preceitos legais da profissão, obtendo, desta forma, liderança e protagonismo na atuação diária. Wagner de Aguiar Júnior: Que não se deixem abater pelo cansaço. Muitos estão sobrecarregados, sem férias, sozinhos, em distanciamento social, longe de seus familia- res. Estamos todos juntos neste barco. Nosso trabalho faz toda a diferença. Vamos vencer esta batalha juntos! SOBECC COM VOCÊ: Há algum caso para relatar re- ferente à COVID-19? Enis Donizetti Silva: Um caso emocionante e elucidativo que eu tenho: durante a pandemia, acompanhei muitas pessoas que me ligavam e pediam ajuda e, a partir daí, eu passava a monitorá-las. Compraram oxímetro, termôme- tro e até estetoscópio. Passei a acompanhar à distância. Mostravam para mim a auscultação online para eu ouvir sons do pulmão. Teve um caso de um paciente que ficou com medo de ser internado. Estávamos preocupados por- que o quadro dele parecia estar começando a ficar grave. A saturação começou a cair de 97/98% foi para 90% em dois dias. Convencido, ele foi ao hospital, mas não quis se internar. Eu o aconselhei a ser internado, recomendei e avisei sobre as dificuldades, mas principalmente os benefí- cios. Logo, ele sairia da UTI e iria para um quarto e sua filha – também da área da saúde – poderia visitá-lo. Ele não aceitou e foi para casa. Foi num final de uma manhã. Ele já estava toda a madrugada no hospital. Uma ou duas horas depois, a filha me contatou que ele tinha piorado. Cha- mamos o SAMU, mas, mesmo com a urgência, ele acabou falecendo em casa. Pacientes faleceram em casa por uma simples decisão, uma falta de cuidado. Fique em casa, mas em caso de piora, vá para o hospital. Quatro ou seis horas são suficientes para a piora e muitos morreram em casa. Um tempo depois, a esposa dele adoeceu e convencida, foi ao hospital e, em pouco tempo, se curou e está muito bem. Tivemos que lidar muitas vezes com essas situações. Cassiane de Santana Lemos: Diante da pandemia, as au- las na graduação de enfermagem foram suspensas, limitan- do as atividades práticas dos alunos em ambiente hospitalar. Enquanto docente de enfermagem, eu e colegas da disci- plina tivemos que inovar para permitir a vivência dos alunos em atividades práticas e estimular o raciocínio clínico. Nos colocamos como atores em aulas práticas filmadas, para promover a reflexão da vivência em estágio, englobando simulações de entrevistas, resolução de situações-proble- ma nas quais o aluno definia a conduta adequada para o paciente, e execução de procedimentos técnicos. Foram períodos intensos de muita discussão, elaboração de con- teúdos e desenvolvimento da criatividade. Mas a maior con- quista foi o reconhecimento dos alunos ao final do semestre do esforço dispensando pelos professores para a produção de conhecimento que refletisse a prática. Wagner de Aguiar Júnior: Uma grande amiga, enfermei- ra, que trabalhava comigo no bloco operatório começou com sintomas gripais fortes. Rapidamente a levamos até o “gripário”, onde ela realizou o teste para detecção do SAR- S-CoV-2. Na época, o resultado demorava 72 horas para ser liberado. Neste período, ela ficou isolada em casa, com SOBECC com Você 33 SOBECC COM VOCÊ: Há algo que gostaria de dizer que não foi abordado ou perguntado, mas que julga importante citar? Enis Donizetti Silva: A gestão de crise: é importante ressaltar que temos hoje dezenas de hospitais acreditados pelo País. O hospital acreditado tem como item de exi- gência a questão do plano de contingência/catástrofe/ crise. Vimos muitos serviços e hospitais naufragando. Pre- cisamos de planos mais palpáveis, que sejam de verdade, que possam ser implantados realisticamente. As pessoas precisam saber o papel e os planos precisam ser mais sim- ples e assertivos. Não podemos ficar à mercê do estado. Precisamos de uma gestão de crise federal. Não foi o que ocorreu. Na cabeceira da mesa deveria estar o Ministério da Saúde, com os secretários de saúde em uma reunião aberta e televisionada, onde mostraríamos a importância e tudo o que está ocorrendo em todos os estados, onde estão as criticidades. Precisávamos sentir a presença e a segurança do Estado. Faltou. Foi ruim e mostrou descaso com a pandemia. O descaso, eu creio, é com as pessoas. É triste que um governo não tenha enorme preocupação diuturna e completa com a sua população. Outra ques- tão é o desarranjo, econômico e financeiro. Essa é a mais grave crise sanitaria que a humanidade passou. Mesmo comparando com a gripe espanhola, pois naquela época, 95% dos lares do mundo não tinham condições sanitárias. Na situação de hoje, em 72 horas, o vírus estava com o DNA sequenciado. Já temos dezenas de vacinas sendo testadas. O desenvolvimento da humanidade foi grande e evidenciou as desigualdades. Mais de 70% dos óbitos foram de negros, pardos e periféricos Ficou escancarada a desigualdade, ainda que o SUS trabalhe bem, o custo foi alto. Temos de ter noção de custo e efetividade. Durante anos, teremos uma crise fiscal decorrente da pandemia por tudo o que foi deixado para trás: os empregos, o dinheiro que não foi investido na saúde. A crise sanitária, econômica e financeira perdurará por anos. Nosso papel é fazer uma boa escolha. Amparar em algoritmos e protocolos. Temos que mudar a nossa arrogância de desacreditar em proto- colos para, assim, ajudar mais pessoas. Não deixar de ter em mente a empatia, do se preocupar com o próximo, de estar realmente ao lado, não só de boca. A subida da bolsa não justifica, pois 80% está na mão de menos de 1% da população. O comércio não está funcionando, os que ga- nham menos de 5 salários não estão conseguindo. A bolsa subir não significa salvação de nada. Um dado americano medo de ter contaminado seus familiares, com medo de morrer. Foi muito angustiante, tanto para ela, quanto para todos nós, que acompanhávamos seu estado de saúde. O quadro respiratório dela foi forte, ela tinha comorbidades, pertencia ao grupo de risco. Mas, felizmente, o resultado do teste deu negativo,
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