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Esôfago de Barret Conceito: É uma complicação da DRGE. Metaplasia da transição esofagogástrica de epitélio habitual do tipo escamoso para epitélio colunar (do tipo intestinal) observada durante o exame endoscópico da região distal do esôfago. É uma das complicações do refluxo. Foi definida primeiramente como uma úlcera esofágica associada a epitélio colunar em esôfago. O grande problema do esôfago que Barrett é a sua predisposição para o adenocarcinoma de esôfago (é uma condição pré-neoplásica). Fatores de risco: ✓ Idade: a partir dos 50 anos ✓ Sexo masculino, raça caucasiana ✓ Obesidade ✓ Sintoma de refluxo prolongado Fatores protetores: ✓ Anti-inflamatórios ✓ Estatinas ✓ Consumo de antioxidantes (vinho tinto) ✓ H. pylori: causadora de gastrite atrófica a longo prazo, estimulando diminuição da secreção ácida ✓ Raça negra ✓ Uso de estatinas (previnem a dislipidemia) Fisiopatologia: • Reflexo ácido persistente • Predisposição genética • Sais biliares • Obesidade O epitélio escamoso do esôfago é lesado continuamente pelo refluxo persistente, gerando um status pró- inflamatório na mucosa do esôfago (citocinas inflamatórias). Essas proteínas ativam a proteína BMP4, o que vai ser responsável pela ativação das células- tronco na camada basal do epitélio esofágica, induzindo à diferenciação por um epitélio de maior resistência (transformando o epitélio escamoso em colunar). O epitélio colunar especializado do tipo intestinal é uma condição pré-neoplásica. Portanto, essa transformação/metaplasia ocorre por meio da indução de um processo inflamatório. Diagnóstico: • EDA: Indicações da EDA: ✓ Sintomas de DRGE persistentes (>5 anos) ✓ Caucasianos e mais prevalente em homens ✓ Idade > 50 anos ✓ Histórico familiar de Esôfago de Barrett, adenocarcinoma de esôfago e refluxo crônico Classificação: A avaliação endoscópica pode classificar o esôfago de Barrett em curto e longo. Barrett curto (<3 cm) ou longo (>3 cm) - Classificação Praga C&M (classifica a circunferência e extensão máxima) - Protocolo Seattle (biópsia 4 quadrantes em intervalos de 2 cm) → intuito é classificar o Barrett e verificar se já há a existência de uma displasia e até mesmo uma neoplasia iminente. • HISTOLOGIA: Presença de metaplasia intestinal em qualquer nível do esôfago. Primeiro evidencia-se uma metaplasia, depois uma displasia até desenvolver uma neoplasia de baixo e alto grau. Prevenção: • PREVENÇÃO: Fatores de risco modificáveis → tratamento DRGE, redução do peso, cessação do tabagismo • QUIMIOPREVENÇÃO PRIMÁRIA: ✓ IBP (redução de 70% do risco de câncer) → melhor tratamento ✓ AINH e AAS: pode prevenir o Barrett, mas induz uma gastrite erosiva ✓ Estatina (redução de 43% risco EB) → estatina serve para o tratamento da dislipidemia, quem toma estatina tem menor chance de desenvolver Barrett. Tratamento: • TRATAMENTO ANTI-REFLUXO: O tratamento é o mesmo da DRGE. Uso de inibidores da bomba de prótons (IBP) é a primeira linha de tratamento. Uso de medicamentos (uso dos IBP) – dose dobrada em relação a DRGE. A medicação é parecida com o refluxo de esôfago, mas no Barrett a medicação é por período prolongado, indefinido. • TERAPIA ENDOSCÓPICA: Terapias ablativas (fotodinâmica, crioablação, radiofrequência, laser argônico) – para remoção do epitélio metaplásico e restabelecer o epitélio original através da camada basal. • TRATAMENTO CIRÚRGICO: Existem duas possibilidades: tratar o próprio refluxo (fundoplicatura) ou tratar a displasia de alto grau/ ou até o adenocarcinoma (esofagectomia). O tratamento cirúrgico é indicado em casos de refluxo intenso, com a intenção de reduzir o agravamento. FUNDOPLICATURA: mesma indicação dos pacientes com DRGE. ESOFAGECTOMIA: no caso de neoplasia documenta, pacientes com displasia de alto-grau. Ou puxa o estômago, ou tira um pedaço do colo e adapta para virar o esôfago. Seguimento endoscópico: Em torno de 0,5 a 1% dos indivíduos com Barrett vão desenvolver adenocarcinoma por ano. Logo, deve sempre ser realizada biópsia dos quatro quadrantes (norte, sul, leste e oeste) em intervalos de 2 m de extensão, sempre de baixo para cima, pois se realizada de cima para baixo e ocorrer sangramento, o sangue irá escorrer e você não conseguirá enxergar. Se não houver displasia pode apenas fazer o acompanhamento com EAD a cada ano. Se não for certeza a displasia, fazer seguimento com nova EAD em 6 meses. Conclusões: ✓ Os pacientes devem ser informados que apresentam risco aumentado para adenocarcinoma esofágico. ✓ Terapia supressora de ácido (IBP), cirurgia anti-refluxo ou ambos são uteis no controle dos sintomas. ✓ Em pacientes com displasia de alto grau pode fazer tratamento endoscópico ou cirúrgico (depende da condição do paciente). Caso clínico: Homem, 56 anos, obeso, com refluxo gastroesofágico de longa data que recentemente recebeu um diagnóstico de esôfago de Barrett se apresenta para uma consulta de acompanhamento. Toma omeprazol na dose de 20 mg duas vezes ao dia e atualmente não apresenta sintomas de refluxo. Ele não tem disfagia ou perda de peso. Os exames endoscópicos e histopatológicos mostram segmento de esôfago de Barrett de 2 cm sem displasia. Qual é a conduta mais apropriada para o paciente? a) Mucosectomia endoscópica b) Ablação por radiofrequencia c) Fundoplicatura d) Esofagectomia e) Manutenção do IBP e seguimento endoscópico