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25/09/2020 1 ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO Disciplina: Fisioterapia na Saúde da Mulher Docente: Thaís Passos INTRODUÇÃO O período puerperal (puerpério, pós-parto, sobreparto) inicia-se ao final do parto, prolonga-se por 6 a 8 semanas e termina quando todos os órgãos da reprodução retornam ao estado não gravídico. É um período de intensas e importantes modificações maternas corporais e psíquicas. O puerpério requer uma atenção integral da puerpéra e de sua família. Por isso .. 25/09/2020 2 Acontecimentos associados a esse período incluem mudanças fisiológicas locais, como: Involução uterina e da mucosa vaginal (crise genital) Recuperação da mucosa vaginal e uterina (recuperação genital) Alterações no períneo e na parede abdominal Variações do peso Variações da temperatura Variações do sangue Variações das mamas Varação do hábito urinário entre outros. INTRODUÇÃO O período puerperal é dividido em três estágios: ESTÁGIOS Pós-parto imediato: 1º ao 10º dia Pós-parto tardio: 11º ao 40º dia Pós-parto remoto: a partir do 41º dia. 25/09/2020 3 No estágio de pós-parto imediato, ocorrem as mais importantes alterações fisiológicas do puerpério, bem como o surgimento de complicações clinicocirúrgicas, as quais ocasionam o puerpério patológico. PÓS – PARTO IMEDIATO Dor e problemas psicoemocionais e com o aleitamento são as queixas mais frequentes que levam a puérpera a procurar atenção médica, sendo mais frequentes nas primíparas. Durante as primeiras semanas após o parto, processam –se os fenômenos involutivos mais críticos, nos quais também se estabelece a contrução principal do vínculo mãe e filho, de modo mais evidente pelo aleitamento materno. Fica evidente que a promoção de cuidados de saúde neste período é de vital importância para a completa recuperação da mulher e evita os agravos de saúde. PÓS – PARTO IMEDIATO É um período extremamente delicado e difícil para a mulher, em especial, pois se estende para o pai e entorno familiar, com muitas incertezas e dúvidas, em particular na estréia funcional frequentemente negligenciada, o que pode acarretar problemas para o recém – nascido e para a mãe, com prejuízo irrecuperável para seu futuro reprodutor. 25/09/2020 4 PUERPÉRIO TARDIO No puerpério tardio, idealmente a puérpera deve ser examinada com 10 e 30 ou 40 dias de pós-parto. Na primeira consulta, realiza-se exame clínico completo à procura: de pontos infecciosos inspeciona-se a ferida cirúrgica avalia-se a cicatrização retiram-se os pontos da ferida cirúrgica observa-se a involução uterina examinam-se minuciosamente as mamas fornecem-se esclarecimentos sobre o aleitamento PUERPÉRIO TARDIO Na consulta de 30/40 dias pós-parto: realiza-se exame ginecológico completo verificam - se a integridade do períneo e da musculatura perineal a involução uterina as condições das mamas Nessa consulta, portanto, é oportuno comentar e discutir com o casal: sobre o reinício da atividade sexual e a anticoncepção( lembrando da associação de intervalos curtos entre as gestações com o abortamento) que o aleitamento não é um método eficaz de anticoncepção havendo necessidade de usar um método anticonceptivo não natural, este deve ter repercussões mínimas tanto quantitativas como qualitativas sobre a lactação 25/09/2020 5 ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO IMEDIATO ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA Em razão das transformações ocorridas no puerpério, a mulher deve ser vista como um ser integral, recebendo atenção física e psíquica. O fisioterapeuta tem um papel importante na equipe interdisciplinar que assiste a puérpera: Detecta as deficiências dos MAP após o parto Favorece uma recuperação física mais rápida Ajuda a restabelecer as funções dos sistemas circulatório e respiratório Reorganiza os padrões posturais adquiridos na gravidez (na intenção de retorno às condições pré-gravídicas) Incentiva o aleitamento materno e orientando posições corporais adequadas, a fim de evitar sobrecargas posturais durante os cuidados com o bebê Ajuda a abreviar o tempo de internação hospitalar 25/09/2020 6 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA É interessante o acompanhamento fisioterapêutico se iniciar logo após o parto para oferecer às puérperas, independentemente da via de parto a qual foram submetidas, orientações para facilitar o retorno às atividades de vida diária (AVD) e prevenir complicações pós operatórias. Se a intervenção for feita precocemente, diminuem as chances de complicações tardias. Casos de disfunções do assoalho pélvico, principalmente a incontinência urinária, e a diástase abdominal são comuns no período puerperal tardio, tendo, a maioria deles, indicação de tratamento fisioterapêutico. Idealmente, as puérperas deveriam receber atendimento fisioterapêutico também em domicílio (implementação do fisioterapeuat em Unidades Básicas de Saúde) propiciando o planejamento de ações com base no seu modo de vida, no ambiente e nos recursos de que dispõem. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA IDEAL* Em geral, o ideal seria que num Serviço de Fisioterapia da maternidade, todas as puérperas sejam avaliadas em um primeiro momento e receberem, pelo menos, um atendimento diário individual enquanto permanecem hospitalizadas. No ato da alta hospitalar, seriam orientadas a retornar ao serviço de fisioterapia em nível ambulatorial após 30 dias, para que haja continuidade ao trabalho iniciado no puerpério imediato. *Modelo de protocolo de atendimento do Serviço de Fisioterapia da Santa Casa de Belo Horizonte 25/09/2020 7 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Antes de realizar a avaliação detalhada da puérpera, é muito importante o fisioterapeuta saber todas as etapas que ela enfrentou até o parto propriamente dito. Os registros do prontuário médico trarão informações relevantes sobre a história gestacional atual e anteriores (se houver), dados sobre o trabalho de parto (partograma), presença de complicação, como a ocorrência de grande sangramento durante a cesariana, realização de episiotomias ou existência de laceração perineal com necessidade de sutura. Deve –se estar atento ao horário do término do parto, visto que se recomenda que a puérpera tenha um período de recuperação pós – parto. A literatura não é clara quanto ao tempo exato que se d eve aguardar e varia entre as vias de parto: Para as mulheres de parto via vaginal: o tempo vai de 6 a 8 h Para as mulheres de parto cesariana: em razão da anestesia e da utilização da sondagem vesical, o intervalo varia de 8 a 12h Após todas essas informações, o fisioterapeuta terá condições de estabelecer parâmetros para uma avaliação mais específica e determinar sua forma de abordagem, que deve focar dois pontos principais: anamnese e exame físico. ANAMNESE A partir da anamnese, será possível confirmar os dados obtidos no prontuário e relacioná – los com as queixas apresentadas pela puérpera. Deve – se interroga – la sobre a funcionalidade do sistema gastrintestinal, presença de sintomas urinários e dores que limitem seus movimentos. Coletar dados referentes ao estado físico durante a gestação (história obstétrica pregressa), como desconfortos musculoesqueléticos (lombalgias, pubalgias, etc.), alterações linfovasculares (varizes, edemas, etc.), incontinência urinária e fecal, entre outros. Se atentar para o estado emocional, o contexto e o momento em que a puérpera está vivenciando. 25/09/2020 8 ANAMNESE Muitas vezes, a puérpera não tem disponibilidade para o atendimento fisioterapêutico, visto que as atenções estão centradas no recém – nascido. Além do mais, o cansaço e as visitas podem constituir fatores que afetam diretamente a abordagem. Após pontuar e ponderar esses aspectos, e caso a puérpera esteja receptiva ao atendimento, a avaliação física deverá ser feita pelo fisioterapeuta para traçar a abordagem correta. EXAME FÍSICO SINAIS VITAIS Antes de iniciar qualquerexercício com a puérpera, o fisioterapeuta deve verificar: • frequência cardíaca (FC) • frequência respiratória (FR) • pressão arterial (PA) A ocorrência de anormalidades pode limitar a conduta do fisioterapeuta Se a puérpera estiver com a PA elevada, por exemplo, não deverá ser feita a cinesioterapia envolvendo elevação de membros inferiores na posição de decúbito dorsal, pois isso poderá aumentar ainda mais a PA. 25/09/2020 9 EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA É importante verificar o padrão respiratório, a expansibilidade torácica e a mobilidade diafragmática em todas as puérperas. A ausculta respiratória deve ser feita naquelas com queixas de desconforto respiratório. A mecânica da respiração está sujeita a alterações tanto em puérperas que tiveram o parto por via vaginal quanto naquelas submetidas à cesariana. Durante o parto por via vaginal, já foram encontradas evidências de fadiga diafragmática, o que pode predispor a uma hipocinesia muscular pós-parto. No caso do parto cesariano, deve-se ter em mente que são cirurgias abdominais de médio porte, com todos os riscos e complicações que as acompanham, inclusive diminuição da ventilação alveolar. EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DO ABDOME No abdome, realiza-se a palpação do útero a fim de acompanhar o processo de involução uterina. Para que isso ocorra de maneira adequada, é necessário que toda a placenta tenha sido expulsa e que não existam infecção, hiperdistensão e concentrações inadequadas de hormônios. Logo após o parto, o útero se contrai a ponto de ser medido na altura da cicatriz umbilical. Quando a involução uterina é inadequada, geralmente é acompanhada de sangramento aumentado. Se o fisioterapeuta detectar qualquer alteração nesse sentido, deverá comunicar imediatamente ao médico que assiste a puérpera. 25/09/2020 10 EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DO ABDOME Pela percussão, é possível avaliar os desconfortos gastrintestinais caracterizados pelo sinal de timpanismo abdominal, presente principalmente em mulheres submetidas a parto transabdominal, devido a uma diminuição do ritmo peristáltico. Verifica-se a presença de diástase do músculo reto abdominal com os dedos. Mensuração da diástase do músculo reto abdominal EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DO ABDOME Na maioria das mulheres, a separação do reto é nítida, a medida é feita nas regiões supraumbilical, umbilical e infraumbilical, quando a paciente realiza a flexão anterior do tronco em decúbito dorsal, com os quadris e os joelhos flexionados. Diástase visível do músculo reto abdominal A diástase abdominal é mais evidente no nível da cicatriz umbilical e menos perceptível próximo ao apêndice xifoide e ao púbis, que são os locais de inserção muscular. 25/09/2020 11 EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DO ABDOME Uma diástase do reto abdominal superior a 3 cm logo acima da cicatriz umbilical poderá ser significativa. O fisioterapeuta deverá ter bom senso em relação à avaliação da diástase abdominal nas puérperas submetidas à cesariana, pois, nesse tipo de parto, nem sempre é possível proceder a essa avaliação devido ao desconforto na região abdominal. EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO No parto, podem ocorrer lesões aos músculos e/ou nervos do AP, às estruturas conectivas de suporte da pelve, às estruturas vasculares ou diretamente ao trato urinário. Desde o período gestacional, os MAP tendem ao enfraquecimento devido ao efeito dos hormônios e à sobrecarga causada pelo aumento da pressão abdominal. É importante destacar que a avaliação do AP deve ser feita em todas as puérperas, independentemente da via de parto, já que a gravidez por si só pode favorecer a ocorrência de disfunções. 25/09/2020 12 EXAME FÍSICO As lacerações perineais espontâneas podem ser classificadas, de acordo com o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, em: 1º grau (lesão de mucosa) 2º grau (lesão envolvendo a musculatura perineal, mas não o esfíncter anal) 3º grau (lesão envolvendo o complexo esfincteriano anal) 4º grau (lesão envolvendo o complexo esfincteriano anal e a mucosa retal) As lesões musculares do AP podem resultar de lacerações perineais espontâneas ou de episiotomia. EXAME FÍSICO Desse percentual, até 11% das mulheres podem lesar os MAP em 3º e 4º graus, o que sinaliza, mais uma vez, a importância de se fazer um trabalho de preparação dos MAP durante a gravidez, para que as mulheres possam ter desfechos de parto menos lesivos. Segundo o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG, 2016), as lacerações de 1º a 4º graus acontecem em 53 a 79% dos partos vaginais. 25/09/2020 13 As lacerações de 3º e 4º graus, apesar de serem as menos frequentes, são fatores de risco para IA (Incontinência Anal) e ocorrem principalmente associadas ao uso de fórceps e a segundo estágio do trabalho de parto prolongado. Nos casos de lesões graves instaladas, é mandatório que o fisioterapeuta conscientize a mulher acerca da importância de realizar atendimentos no pós-parto visando a reabilitação dos MAP e prevenção de DAP (Disfunção do Assoalho Pélvico), principalmente IA (Incontinência Anal). EXAME FÍSICO • A IA pode ocorrer durante a gravidez e após o parto. • É um sintoma pouco relatado ao longo da gravidez, apesar de estar presente em parte das mulheres. • Pode surgir após o parto em decorrência de lacerações perienais. • Graus mais avançados de lacerações pode mafetar o esfíncter anal. • Nos partos cesarianos a prevalência de incontinência fecal é menor, porém pode aumentar de acordo com o número de gestações. EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES A avaliação dos membros inferiores (MMII) torna – se necessária para detectar qualquer alteração capaz de indicar trombose venosa profunda (TVP) e edema de MMII. Para avaliação de TVP, existem testes específicos. Os sinais clínicos comuns são: • Edema em membro inferior (geralmente unilateral) • Sensibilidade localizada (dor) ao longo da distribuição do sistema venoso profundo e panturrilha edemaciada (pelo menos 3 cm a mais que o membros assintomático) • Rubor • Hiperemia • Aumento de temperatura local (palpação) Mesmo sem esses sinais, a partir do teste de contração dos músculos posteriores da perna (solicitada uma flexão dorsal) e palpação da massa muscular, é possível observar, em casos positivos de TVP uma massa na panturrilha e dor muito acentuada (a paciente não consegue tocar o pé no chão) SINAL DE HOMAN, BANDEIRA E BANCROFT Qualquer relato de dor pela puérpera deve ser considerado, pois esta é uma complicação possível e deve ser relatada imediatamente ao obstetra que acompanha a paciente, para que testes específicos e tratamento imediato sejam realizados. 25/09/2020 14 SINAL DE BANCROFT SINAL DE HOMAN Dorsiflexão do pé sobre a perna e o doente vai referir dor na massa muscular na panturrilha. SINAL DA BANDEIRA Quando palpada a musculatura da panturrilha contra a estrutura óssea o doente refere dor. Quando um membro inferior é comparado com outro durante a palpação, nota-se menor mobilidade da panturrilha que fica empastada. EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES No puerpério imediato, verifica –se a redução do edema de MMII, quando presente na gravidez. Em algumas mulheres, observa – se seu surgimento ou sua exacerbação, pela redistribuição hídrica, podendo regredir em poucos dias. Na avaliação de edema de MMII, o método mais utilizado é a palpação. Porém, essa avaliação é subjetiva, pois o edema geralmente se dá em ambos os MMII, não havendo parâmetros de comparação (essa comparação só poderia ser feita se houvesse mensuração de circunferência de MMII anterior ao parto) por esse motivo, deve – se observar o sinal do cacifo. 25/09/2020 15 EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO DAS MAMAS E AMAMENTAÇÃO Nas mamas, verifica-se a condição mamilar, além da presença de colostro. É importante esclarecer as dúvidas em relação à amamentação e garantir quea puérpera se sinta o mais segura possível em relação a esse processo antes da alta. Como fisioterapeutas, devemos avaliar sempre as posturas adotadas pelas mulheres durante a amamentação, incluindo o posicionamento do bebê, e, junto a elas, definir as melhores posições. A postura adequada é um ponto-chave para o sucesso da amamentação, pois facilita a pega do bebê e evita dores e desconfortos musculoesqueléticos, diminuindo a incidência de complicações e tornando o processo mais prazeroso. CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA Após uma breve explicação à paciente sobre o período puerperal, o objetivo da abordagem fisioterapêutica será: amenizar /solucionar as queixas da puérpera e as alterações encontradas na avaliação, orientar a mobilização, incentivar a deambulação precoce, promover a reeducação da função respiratória, incentivar a contração adequada dos músculos abdominais (prevenção ou tratamento da DMRA), orientar e ensinar exercícios para os músculos do assoalho pélvico (prevenção ou tratamento de disfunções do assoalho pélvico), orientar a posturas adequadas (para atividades como deambular e cuidados com o bebê). Nesse período, é essencial a adequação do horário da abordagem fisioterapêutica às necessidades da mãe e do recém – nascido, ou seja, deve ser nos intervalos entre as mamadas, para não interferir na assimilação das orientações. 25/09/2020 16 CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA EXERCÍCIOS ATIVOS DE MEMBROS INFERIORES E DEAMBULAÇÃO A prática de exercícios ativos de MMII, denominados exercícios metabólicos, representa uma das orientações primárias dada a puérpera. Têm como função prevenir a TVP pela ativação da bomba muscular (Bombas impulso aspirativas ou BIA’S), que promove diminuição ou impede a estase venosa e edema de MMII. CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA EXERCÍCIOS ATIVOS DE MEMBROS INFERIORES E DEAMBULAÇÃO Caso a puérpera já esteja apta, deve ser incentivada a deambular, pois também promove ativação da BIA’S (bombas impulso aspirativas), aumento da motilidade gastrintestinal , o que evita cólicas e constipação intestinal, além de acelerar o retorno às AVD’S Caso a puérpera exagere nas atividades orientadas durante esse período, pode haver interferência no retorno das estruturas ligamentares e articulares ao estado pré – gravídico.Isso acontecer pela provável ação prolongada da relaxina. Caso a mulher apresente gases, distensão abdominal e dor abdominal, a massagem abdominal deve ser realizada e orientada, pois favorecerá o peristaltismo intestinal. 25/09/2020 17 CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA TREINAMENTO DOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO A sobrecarga na musculatura do assoalho pélvico durante a gestação e os traumas ao longo do trabalho de parto favorecem o desenvolvimento de incontinência urinária (IU) de esforço, tanto durante a gestação quanto no período pós – parto. O treinamento dos Músculos do Assoalho Pélvico (TMAP) deve ser orientado desde a gestação, porém muitas pacientes não têm acesso a essa informação. Nesse caso, durante o período puerperal, deve – se enfocar a realização desses exercícios. Antes de iniciar a orientação dos exercícios, é interessante fornecer à mulher informações sobre anatomia, fisiologia do sistema urinário e músculos do assoalho pélvico, bem como a fisiopatologia da IU no puerpério. A orientação é fundamental, pois possibilita sua prática em domicílio. CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA TREINAMENTO DOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO Os TMAP devem ser orientados prioritariamente às mulheres com maior risco para desenvolver IU, ou seja, as primíparas, as que apresentam perda urinária durante a gravidez, as que forma submetidas ao parto vaginal a fórceps e as que tiveram bebês com peso superior a 4 Kg. 25/09/2020 18 CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA EXERCÍCIO PARA DIÁSTASE DO MÚSCULO RETO ABDOME A DMRA deve ser prevenida/reduzida ainda durante a gestação com a prática de exercícios aeróbicos e abdominais. O tratamento da DMRA pode ser por meio de correção cirúrgica, considerada um método invasivo e passível de riscos. Existe o tratamento conservador, que se baseia em exercícios de fortalecimento da parede abdominal que quando feito precoce, pode contribuir para a redução da diástase. CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA EXERCÍCIO PARA DIÁSTASE DO MÚSCULO RETO ABDOME Pela literatura escassa desse treinamento no puerpério imediato, acredita –se que os melhores exercícios para reduzir a DMRA são os específicos para o músculo transverso do abdome e consequentemente, dos músculos retos do abdome. Muitas mulheres, em decorrência do estado puerperal, principalmente as que sofreram a cesariana, têm dor na região abdominal baixa, o que não torna possível uma variedade de exercícios. 25/09/2020 19 CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA EXERCÍCIO PARA DIÁSTASE DO MÚSCULO RETO ABDOME Os exercícios mais indicados, inicialmente, são os mais leves, isto é, os que não exigem amplitude de movimento de pelve (por ex. exercício para o músculo transverso do abdome com base na expiração). A correta orientação é fundamental para que se faça o exercício de maneira adequada: uma inspiração profunda seguida por uma expiração forçada, executar o movimento do abdome no sentido da coluna vertebral (o comando pode sugerir que a puérpera realize um movimento como se fosse abotoar uma calça apertada ou mesmo encolher a barriga). Durante a execução, o fisioterapeuta toca o abdome da mulher na região da crista ilíaca anterossuperior para conferir se há contração efetiva do transverso abdominal. Foto: Sabrina Baracho ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO/REMOTO 25/09/2020 20 INTRODUÇÃO Nos primeiros 45 dias, o corpo feminino já passou pelas mudanças mais críticas; porém, no puerpério remoto, ainda persistem queixas dermatológicas, musculoesqueléticas, posturais e do assoalho pélvico (AP). Soma-se às queixas citadas a mudança na rotina, que o bebê exige. As demandas se tornam maiores naquelas mulheres que amamentam exclusivamente, nas que cuidam sozinhas de seus bebês e nas que precisam retornar ao trabalho precocemente (seja por questões financeiras, porque são profissionais liberais, ou empreendedoras). INTRODUÇÃO Muitas vezes, ao avaliarmos uma puérpera, focamos nas alterações musculoesqueléticas e disfunções estéticas ou do AP e nos esquecemos de abordar o desgaste físico e emocional que essa nova fase demanda; afinal, a maternidade exige bastante, tanto física quanto emocionalmente. A privação do sono (em quantidade e qualidade) que a mãe passa a ter, a adaptação do bebê, as posturas para amamentá- lo e carregá-lo e a atenção extra que alguns membros da família podem exigir nessa nova fase são alguns fatores que causam exaustão e estresse na mulher. 25/09/2020 21 As principais queixas neste período subsequente ao parto são: fadiga, dor lombar, dores de cabeça, dor perineal, dor na ferida operatória da cesárea, infecção no trato urinário, incontinência urinária, problemas oriundos da amamentação, disfunção sexual, ansiedade e depressão. O objetivo da fisioterapia é: Minimizar as dores e modificações Propor técnicas para prevenir e tratar as possíveis patologias e disfunções apresentadas Orientar na prática de exercício global, com enfoque no abdome e no AP Realizar reeducação postural Auxiliar no retorno das atividades de vida diária Melhorar a qualidade de vida da puérpera ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO Estudos indicam a mensuração da DMRA de modo subjetivo, por meio da medida do número de dedos do examinador; contudo, essa prática deve ser substituída e/ou complementada por um método objetivo. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO DIÁSTASE O MÚSCULO RETO ABDOMINAL (DMRA) O ideal é adotar um padrão internacional de medidas (em milímetros ou polegadas) com a utilização, por exemplo, do paquímetro – medidor de diâmetros e espessuras, comum na Engenharia. 25/09/2020 22 A literatura ainda não obteve consenso sobre osvalores considerados relevantes, aceitáveis e/ou prejudiciais na medida da DMRA. Alguns autores determinam seu surgimento quando há qualquer separação entre os músculos retos abdominais; outros, quando a distância entre os feixes musculares é superior a 1 cm, dois dedos ou até 3 cm. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO DIÁSTASE O MÚSCULO RETO ABDOMINAL (DMRA) Considere prejudicial qualquer DMRA com valor acima de 3 cm, a qual poderá interferir na capacidade da musculatura abdominal de estabilizar o tronco e, funcionalmente, na postura, no parto, na defecação, na parturição, nos movimentos do tronco, na contenção visceral e na estabilização lombar. O prejuízo da estabilização lombar pode predispor ao desenvolvimento de dor lombar. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO DIÁSTASE O MÚSCULO RETO ABDOMINAL (DMRA) Realize somente exercícios isométricos até o 3º mês após o parto, podendo ser realizados de maneira associada à musculatura do AP. O decúbito dorsal é a posição favorável para o treinamento funcional do abdome, pois os músculos estão em repouso. No treinamento avançado, pode ser utilizado o exercício de “prancha”. Fortalecimento abdominal isométrico inicial Fortalecimento abdominal isométrico avançado (prancha) 25/09/2020 23 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO DIÁSTASE O MÚSCULO RETO ABDOMINAL (DMRA) A utilização criteriosa da eletroestimulação com corrente de média frequência (corrente russa), com finalidade de recrutar o maior número de fibras musculares e reduzir a impedância à passagem da corrente, respeitando os parâmetros de contração e relaxamento para não fadigar a musculatura. Corrente russa no puerpério remoto ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO DIÁSTASE O MÚSCULO RETO ABDOMINAL (DMRA) A ginástica abdominal hipopressiva, associada à aspiração diafragmática, pode ser sugerida como método auxiliar na reeducação abdominal e na estabilização vertebral, pois objetiva restituir o tônus e a força dos músculos envolvidos na sustentação visceral abdominal, ambos pautados pela variação de pressão intracorpórea. Ginástica abdominal hipopressiva no puerpério remoto. A. Fase de inspiração. B. Fase da aspiração diafragmática. 25/09/2020 24 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO DIÁSTASE O MÚSCULO RETO ABDOMINAL (DMRA) Ginástica abdominal hipopressiva A depender do tipo de parto, a mulher poderá apresentar processo cicatricial. Quando este for identificado, o fisioterapeuta deverá avaliá-lo, seja no abdome (devido ao parto cesáreo) ou no AP (devido ao parto vaginal). ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO CICATRIZAÇÃO O processo cicatricial varia de indivíduo para indivíduo, como também de uma região corpórea para outra. Existem algumas diferenças entre elas: A CH regride espontaneamente em 1 ano, e sua hipertrofia característica acontece dentro dos limites da lesão. O queloide não regride espontaneamente, e a fibrose que se forma ultrapassa os limites originais da lesão. Podem-se constatar no puerpério remoto alterações como: cicatriz hipertrófica (CH), queloide, aderência e fibrose. 25/09/2020 25 Utilizar o ultrassom (US) de 3 MHz a fim de otimizar a cicatrização, diminuir a dor local e tornar a cicatriz mais maleável Manipular somente após 30 dias do parto Realizar massagem em “S” ou de “fricção” em toda a extensão da cicatriz, podendo ser associada a endermologia quando o aspecto da mesma estiver uniforme e sem sinais flogísticos Quando o tipo de parto tiver sido vaginal, com concomitante episiotomia (aderência e/ou ponto de dor), a mulher poderá ter sua vida sexual abalada. Desse modo, o fisioterapeuta habilitado poderá utilizar algumas técnicas para massagem na cicatriz a fim de reduzir a hipertrofia e os pontos dolorosos. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO CICATRIZAÇÃO Massagem na cicatriz do parto cesáreo Uma porção considerável das puérperas fica incontinente durante o pós-parto. cerca de 1/3 das mulheres tem IU após o parto, enquanto 1/10 apresenta IF. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO TREINAMENTO DO ASSOALHO PÉLVICO O TMAP é recomendado durante a gravidez e após o parto tanto para prevenir quanto para tratar as incontinências (IU e IF). O TMAP é de fácil adesão durante o período puerperal, visto que o uso de alguns fármacos é incompatível com a lactação, e as intervenções cirúrgicas só devem ser realizadas quando a mulher não desejar mais engravidar (exceto na ocorrência de ruptura do esfíncter anal, a qual deverá ser diagnosticada e corrigida imediatamente após o parto). 25/09/2020 26 Um programa de TMAP pode ser prescrito às puérperas com o intuito de se alcançar um destes objetivos ou uma combinação de mais de um deles: Aumentar a força (máxima força alcançada por um músculo em uma única contração) Incrementar a endurance/resistência (habilidade de contrair repetidamente ou de sustentar uma única contração com o passar do tempo) Melhorar a coordenação da atividade muscular (como, por exemplo, na pré-contração do AP antes do aumento da pressão intra-abdominal, ou para suprimir a urgência) ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO TREINAMENTO DO ASSOALHO PÉLVICO Pode-se instituir a reabilitação do AP com outros recursos fisioterapêuticos, tais como eletroterapia, biofeedback, exercícios de mobilização pélvica, cinesioterapia global, terapia manual e até gameterapia. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO TREINAMENTO DO ASSOALHO PÉLVICO A ginástica abdominal hipopressiva (GAH), associada à aspiração diafragmática, pode ser sugerida como método auxiliar de reforço do AP. Exercícios hipopressivos no puerpério remoto 25/09/2020 27 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO TREINAMENTO DO ASSOALHO PÉLVICO Exercícios no solo para o puerpério remoto A cinesioterapia visa fortalecer os músculos abdominais isometricamente até 3 meses depois do parto (com ativação prioritária do músculo transverso abdominal). Esses exercícios podem ser realizados na bola suíça, no colchonete, de pé ou apoiado na parede, desde que o afastamento dos retos abdominais não seja reforçado. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO CINESIOTERAPIA GLOBAL E ATIVIDADE FÍSICA O fortalecimento dos extensores de tronco e glúteo e o alongamento dos músculos paravertebrais, iliopsoas, isquiotibiais, peitorais e extensores cervicais também são necessários. 25/09/2020 28 Criar exercícios que promovam estabilização articular, retorno do centro de gravidade, estímulo à marcha funcional, contração do músculo transverso do abdome e treino da coordenação e das cadeias cruzadas. O fisioterapeuta não poderá esquecer que as articulações ainda poderão estar sob efeito hormonal, apresentando-se com maior mobilidade e instabilidade, além das novas exigências com o bebê, em que a mulher fará movimentos assimétricos (uma mão segura seu filho, enquanto a outra realiza outra atividade). ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO CINESIOTERAPIA GLOBAL E ATIVIDADE FÍSICA Estabilização de tronco, cadeia posterior. Elevação escapular. B. Reposicionamento escapular CINESIOTERAPIA GLOBAL E ATIVIDADE FÍSICA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO O método Pilates auxilia na melhor orientação da cintura escapular e coluna, além da restauração dos sistemas respiratório, cardiovascular e musculoesquelético ao estado pré-gestacional. Esses exercícios contribuem para a mobilidade do gradil costal e o aumento da capacidade respiratória, e o princípio do alinhamento auxilia no reposicionamento das articulações e no retorno do centro de gravidade, enquanto o princípio da coordenação facilita o aprendizado motor, em especial de atividades assimétricas que o cuidado com o bebê exige. 25/09/2020 29 O princípio da força requer que a mãe desenvolva sustentação e estabilidade para o aumento contínuo de peso que o bebê exige (tantono cuidado, como nas brincadeiras mês a mês). ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO CINESIOTERAPIA GLOBAL E ATIVIDADE FÍSICA A. Exercício de lateralização na bola suíça. B. Fortalecimento de membros superiores com faixa elástica na posição sentada. C. Fortalecimento de membros superiores com faixa elástica de pé com bebê no sling. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PUERPÉRIO TARDIO CINESIOTERAPIA GLOBAL E ATIVIDADE FÍSICA O princípio do relaxamento fará com que a puérpera entre em contato consigo mesma, percebendo as tensões e sobrecargas que seu corpo apresenta, reduzindo ainda a ansiedade e melhorando o sono. Relaxamento deitada no rolo 25/09/2020 30 ORIENTAÇÕES ERGONÔMICAS NO PUERPÉRIO A grande maioria das mulheres declaram ser difícil conciliar trabalho, maternidade e casamento, e pensam que cuidar da casa e dos filhos cansa mais do que trabalhar fora. O grande desafio materno é manter o equilíbrio entre essas demandas e a capacidade de o organismo lidar com elas. MULHER CONTEMPORÂNEA A mulher precisa conciliar os vários papéis que ela representa (profissional, dona de casa, esposa e mãe, etc.) e essa realidade tem a exigido cada vez mais. Em especial, o nascimento do primeiro filho representa uma fase de transição na vida da mulher, em que surgem novas demandas físicas e emocionais com as quais ela precisa lidar. Os cuidados com crianças desde o nascimento até os 3 anos de idade são percebidos como o período de maior demanda física e emocional pelas mães (Maynard e Blain, 2005). 25/09/2020 31 No puerpério, parte das recomendações ergonômicas é relacionada às estratégias para lidar com as demandas emocionais do período, e parte visa interferir nas demandas impostas sobre o sistema musculoesquelético da mãe e dos demais cuidadores do bebê, minimizando-as. As queixas musculoesqueléticas (ombros, coluna cervical, torácica e lombossacra), nessa fase, muitas vezes estão relacionadas a posturas inadequadas adotadas e esforços estáticos e força excessiva empregados durante a realização das atividades habituais de cuidados com o bebê, como amamentar, fazer a higiene diária, carregar e transportar. Com relação à demanda física, certamente os ajustes são mais fáceis de serem adotados se comparados àqueles para minimizar as demandas emocionais. PUERPÉRIO X CUIDADOS ERGONÔMICOS As recomendações ergonômicas dizem respeito às adaptações no ambiente e aos cuidados posturais que devem ser tomados durante a execução das atividades cotidianas. A mãe deve assumir uma boa postura durante a amamentação. Isso também é válido quando o bebê se alimenta em mamadeira e fica no colo do seu cuidador. AMAMENTAÇÃO Adicionando-se uma postura inadequada e a realização de esforços estáticos desnecessários, a chance de ocorrência dessas disfunções pode aumentar . Recomenda-se postura adequada ao se assentar para amamentar o bebê. Nos primeiros meses de vida, a amamentação é realizada, pelo menos, 7 a 8 vezes/dia. A repetição sistemática da tarefa, por si só, pode representar um fator de risco para disfunções musculoesqueléticas, mais comumente na região cervical, na coluna toracolombar e em membros superiores. 25/09/2020 32 Os pés devem estar bem apoiados no chão, de modo que os joelhos estejam a aproximadamente 90 graus de flexão e os quadris em torno de 100 graus. Assim, há adequada descarga de peso no triângulo isquiático (50% do peso), nas coxas (34% do peso) e nos pés (16%). Essa posição dos membros inferiores pode ser alternada com a elevação dos pés sobre um apoio, para evitar edema de membros inferiores. A coluna vertebral deve estar toda apoiada no encosto da cadeira, sem que este force ou modifique as curvaturas normais. O braço deve estar apoiado sobre uma almofada, para que a mãe não tenha de sustentar o peso da criança ao amamentar, mas apenas apoiar a cabeça do bebê. Pode-se utilizar um travesseiro ou uma almofada em formato de ferradura, que apóia a coluna lombar, o braço da mãe e a cabeça do bebê. AMAMENTAÇÃO Observe o suporte do braço sobre a almofada durante a amamentação, para evitar esforços estáticos de membros superiores. A coluna e os pés devem estar bem apoiados. POSIÇÕES PARA AMAMENTAR 25/09/2020 33 POSIÇÕES PARA AMAMENTAR Posição deitada lateralmente. É muito confortável para a mãe e para o bebê, sendo útil durante as mamadas noturnas ou quando a mãe está muito cansada. A criança permanece em decúbito lateral, de frente para a mãe, que também se encontra em decúbito lateral. Essa posição deverá proporcionar o contato abdome/abdome, e a cabeça do bebê deverá estar um pouco elevada para evitar refluxo. Posição tradicional. A mãe fica sentada, e o bebê é posicionado diagonalmente em relação ao corpo da mãe, com a cabeça ligeiramente mais elevada, ficando barriga com barriga. Observar se o rosto do bebê está de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo, e se o corpo do bebê está próximo ao da mãe, com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido). POSIÇÕES PARA AMAMENTAR Posição invertida, também conhecida como posição “bola de futebol americano”. Sugere- se para mulheres de mama grande. A mãe posiciona o bebê com as pernas para trás (logo abaixo de sua axila) e o corpo apoiado no seu antebraço, apoiado na almofada. A cabeça do bebê fica apoiada na mão da mãe. Sentada, com o bebê na posição “de cavalinho”. É utilizada em bebês com refluxo gastresofágico ou com fissura labial, pois fica mais verticalizada. Essa posição é ideal para bebês com mais de 3 meses e que já sustentam bem a cabeça. Posição que facilita a pega. É bastante utilizada nos primeiros dias de vida do bebê e para prematuros, pois viabiliza o manuseio da mama na hora de colocá-la na boca do bebê. 25/09/2020 34 POSIÇÕES PARA AMAMENTAR GÊMEOS TROCA DE FRALDAS Da mesma maneira que ocorre no caso da amamentação, a troca de fraldas será repetida, pelo menos, o número aproximado de vezes que o bebê é amamentado, em torno de 7 vezes. À medida que o bebê cresce, a frequência dessas trocas pode variar. Realizar essa tarefa em posturas de flexão anterior ou rotação de tronco pode favorecer a ocorrência de dores lombares e torácicas, por exemplo. 25/09/2020 35 Para a troca de fraldas e roupas do bebê, a altura da área de troca onde o bebê é posicionado deve corresponder à altura do cotovelo. Para isso, a superfície do móvel deve ser um pouco mais baixa que a altura do cotovelo do cuidador na posição de pé, aproximadamente na altura da sua crista ilíaca, ou aproximadamente 15 cm abaixo da altura de seu cotovelo. Deve haver espaço sob o móvel na forma de um recuo para a acomodação dos pés. Isso evita a inclinação do tronco anteriormente, o que exigiria contração estática dos músculos do dorso. TROCA DE FRALDAS A altura da área de trabalho para a troca de roupas do bebê deve coincidir com a altura do cotovelo do cuidador. Observe o espaço debaixo do móvel para acomodação dos pés. TROCA DE FRALDAS 25/09/2020 36 O banho, embora não seja repetido mais do que 2 vezes/dia nos primeiros meses, exige atenção extra do cuidador por questões de segurança. Isso favorece a adoção de esforços estáticos realizados com os membros superiores e a coluna, que podem ser a fonte de muitos desconfortos musculoesqueléticos. BANHO O suporte da banheira deve tornar possível que o cuidador fique com a coluna ereta. Um apoio para os pés alivia a sobrecarga sobre a coluna. Caso o cuidador decida utilizar banheira no formato clássico, a base deve estar na altura da borda superior da sínfise púbica, estando a pessoa na postura de pé. A banheira deve ser posicionada sobre suporte, móvel ou bancada que tenha recuo para acomodação dos pés, o que possibilita que o cuidador fique bem próximo ao bebê . Um apoio para os pés, de modo que seja possível alternar a descarga de peso entre eles, ajuda a reduzir a sobrecarga para a coluna lombar. Para evitaro esforço estático de membros superiores ao sustentar o bebê durante o banho, o mercado especializado oferece cadeiras de material plástico que podem ser colocadas dentro da banheira. BANHO Um suporte tipo cadeirinha a ser colocado dentro da banheira elimina os esforços estáticos de membros superiores ao dar banho no bebê. Há também banheiras com o fundo já no formato de um suporte com essa finalidade. 25/09/2020 37 Outra alternativa é o uso de baldes específicos para o banho de bebês, que minimizam a necessidade de tamanha fixação postural durante a execução da atividade, mas que requerem elevação a uma altura que evite a flexão anterior do tronco do cuidador. BANHO Sua base deve estar apoiada sobre um suporte firme, posicionado à altura aproximada da sínfise púbica. O cuidador deve desenvolver-se no método de usar o balde, uma vez que o espaço para movimentação das mãos é mais restrito. Fo to : M at er ni da de G ot a de Le ite – Fu ng ot a Fo to : S an ta C as a de O ur in ho s ( SP ) Fo to : S an ta C as a de O ur in ho s ( SP )
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