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A leucemia aguda é a principal neoplasia que acomete as crianças e adolescentes, possuindo um período de latência curto com história de surgimento dos sintomas em poucas semanas. Descrever a epidemiologia e a fisiopatologia da leucemia aguda Epidemiologia A LLA afeta principalmente crianças, sendo a doença maligna mais comum na infância. Apesar disso, ela pode também acometer adultos, principalmente entre os 25 e 37 anos de idade, sendo que nesse grupo, o prognóstico da doença é pior em relação ao acometimento pediátrico. No Brasil, a LLA tem incidência de 6,5 casos a cada um milhão de pessoas, por ano. O pico de incidência da doença ocorre aos quatro anos de idade; 85% dos pacientes são diagnosticados entre os 2 e 10 anos de idade. Crianças com síndrome de Down apresentam um aumento de 14 vezes na taxa total de leucemia. Fisiopatologia (fonte: resumo Juca) Em geral, as leucemias agudas caracterizam-se pela proliferação rápida de um clone que também perde sua capacidade de diferenciação, com consequente acúmulo de células de aspecto citológico imaturo ou blastos no sangue periférico e na medula óssea. A proliferação exagerada do clone dentro da medula óssea leva a uma inibição da hematopoese normal, resultando em anemia, plaquetopenia e neutropenia e nos sintomas secundários a tais citopenias, como cansaço, fraqueza, síndrome purpúrica e febre. A biologia da doença depende da idade. Nos idosos, a doença é mais frequentemente associada a síndromes mielodisplásicas, mieloproliferativas, cariótipos de mau prognóstico e à expressão de fenótipos de resistência a múltiplas drogas. A fisiopatologia da leucemia mielóide aguda envolve grande quantidade de alterações moleculares que alteram os processos de regulação de proliferação, diferenciação, apoptose e reparo do DNA, entre outros. É possível encontrar mutações dos genes FLT-3, Rãs, CKit, P53, fusão dos genes PML- RARalpha, CBFbetaMYH11 e expressão exagerada de Bcl2, entre muitos outros. Estas alterações se traduzem na proliferação descontrolada de um clone de células de linhagem mielóide, com consequente infiltração da medula óssea à falência desta Detalhar o quadro clínico da leucemia aguda As manifestações clínicas da leucemia aguda são secundárias à proliferação excessiva de células imaturas (blásticas) da medula óssea, que infiltram os tecidos do organismo, tais como: amígdalas, linfonodos (ínguas), pele, baço, rins, sistema nervoso central (SNC) e outros. LLA ▪ Palidez cutâneo-mucosa. ▪ Fadiga. ▪ Irritabilidade. ▪ Sangramentos anormais sem causa definida. ▪ Febre. ▪ Dor óssea, articular, generalizada. ▪ Hepatoesplenomegalia. ▪ Linfadenomegalia generalizada. ▪ Aumento do baço (esplenomegalia) e sinais decorrentes da trombocitopenia, tais como epistaxe (sangramento nasal), hemorragias conjuntivais, sangramentos gengivais, petéquias (pontos violáceos na pele) e equimoses (manchas roxas na pele). Geralmente, a evolução é de dias ou semanas, com piora gradativa ou mesmo súbita. A dor óssea é frequente, em geral ocorre em membros, principalmente inferiores, e pode tornar-se muito intensa, impedindo a deambulação. Ocorre em qualquer horário, diurno ou noturno, e é de difícil controle com analgésicos habituais. Artralgias e eventualmente artrites, resultantes de infiltrações articulares, podem ser confundidas com doenças reumatológicas. Alguns pacientes podem apresentar dor em determinado segmento de coluna vertebral, geralmente toracolombar, e, à radiografia, pode ser observado colapso vertebral. A febre também é um sintoma muito prevalente e pode ocorrer em cerca de 50 a 60% dos casos, sendo uma manifestação relacionada à produção de citocinas pelas células normais ou leucêmicas. LMA O quadro clínico é decorrente do comprometimento infiltrativo da medula óssea por células leucêmicas (mieloblastos), com consequente diminuição das células progenitoras normais. Também pode estar associado ao comprometimento extramedular. Os sintomas mais frequentes são palidez, astenia e fenômenos hemorrágicos, geralmente com início súbito e piora gradativa. Pode haver febre secundária à infecção associada. A doença extramedular pode se manifestar como hipertrofia gengival, hepatoesplenomegalia, linfonodenomegalias, aterações de pele (lesões nodulares, avermelhadas ou purpúricas), comprometimento de SNC e, raramente, testicular. Listar os principais métodos complementares para o diagnóstico da leucemia aguda, bem como os achados esperados LLA No hemograma desses pacientes, normalmente encontramos leucocitose com presença de blastos. Contudo, em alguns pacientes observamos leucopenia, isto é, ausência de blastos na circulação, estando as células leucêmicas somente na medula óssea e o hemograma indica pancitopenia. Quando realizado o mielograma, observa-se a presença de mais de 20% de blastos. Faz-se também a fenotipagem e a citogenética do material de medula óssea coletado para a definição do diagnóstico. Na primeira avaliação, devem ser solicitados ureia, creatinina, eletrólitos, ácido úrico, gasometria, enzimas hepáticas, albumina, desidrogenase lática e sorologias. Caso o paciente tenha histórico de febre, também devem ser solicitadas hemoculturas, uroculturas e proteína C reativa. A radiografia de tórax deve ser feita em todos os pacientes, e a do esqueleto, em situações mais específicas de acordo com as queixas dolorosas. O envolvimento extramedular da doença pode ser detecta- do clinicamente ou demonstrado por exames e procedimentos específicos. Eletroencefalograma, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) de crânio e/ou de coluna vertebral podem ser indicados em situações muito eventuais e bem específicas, conforme as apresentações clínicas LMA O hemograma geralmente é sugestivo da doença, evidenciando anemia normocrômica normocítica, leucopenia e, mais frequentemente, leucocitose, associados a plaquetopenia e presença de mieloblastos. Os tempos de trombina e tromboplastina parcial podem ser prolongados, além da presença de hipofibrinogenemia, que é comum na leucemia promielocítica aguda. Caso o paciente tenha histórico de febre, também devem ser solicitadas hemoculturas, uroculturas e proteína C reativa. O mielograma, incluindo diferenciação morfológica, imunofenotipagem e citogenética, confirma o diagnóstico, bem como direciona o tratamento e correlaciona com o prognóstico. Análise do LCR para pesquisa da doença no SNC também deve ser realizada Diferenciar leucemia aguda das outras patologias citadas no caso (calazar, esquistossomose, doença de chagas e mononucleose infecciosa) Calazar A leishmaniose visceral (LV), ou calazar, é uma infecção intracelular sistêmica causada por um protozoário do gênero Leishmania. O período de incubação varia de 10 dias a 34 meses, geralmente 3-8 meses. A forma assintomática é a mais encontrada nos indivíduos infectados em áreas endêmicas, podendo ser identificada através de inquéritos sorológicos. A forma oligossintomática cursa com sintomas inespecíficos, como diarreia, tosse seca, adinamia, febrícula, sudorese e discreta hepatoesplenomegalia. Na maioria dos casos observa-se resolução espontânea sem tratamento, podendo evoluir para a forma clássica da doença. A forma aguda caracteriza-se por febre alta de início súbito ou insidioso, tosse, diarreia, hepatoesplenomegalia pouco expressiva e alterações hematológicas discretas, assemelhando-se a um quadro séptico. Em geral, a história é inferior a 2 meses de evolução. Na forma clássica, o curso é insidioso e prolongado (duração de semanas a meses), com febre e hepatoesplenomegalia, com esplenomegalia volumosa. Observam-se com frequência perda de peso, dor e distensão abdominal,tosse e diarreia. Icterícia e envolvimento renal com proteinúria e hematúria têm sido descritos. Linfadenomegalia generalizada não é comum. Na fase mais tardia da doença, os pacientes podem desenvolver edema e ascite, secundários a hipoalbuminemia. Esquistossomose Parasitose causada por um trematódeo digenético sanguícola, o Schistosoma mansoni. A doença se apresenta sob as fases aguda e crônica. A esquistossomose aguda, ou febre de Katayama, é frequente na infância, sobretudo em pré- escolares e escolares, sendo conhecida a divisão da fase aguda em dois períodos: pré-postural e postural. O período pré-postural oscila entre 4-6 semanas após o banho, com o paciente apresentando quadro gripal, reações urticariformes, edema angioneurótico e dermatite cercariana de duração variável. No período postural, o paciente apresenta febre, diarreia, cólica, hepatomegalia dolorosa em 100% e esplenomegalia em 60% dos casos. Icterícia é rara. Esse período tem duração variável e, normalmente, é de resolução espontânea. Na fase crônica, reconhecem-se as seguintes formas clínicas: intestinal, hepatointestinal, hepatoesplênica, pulmonares e ectópicas. Doença de Chagas O Trypanosoma cruzi, parasita flagelado da família Trypanosomatidae, caracteriza-se por possuir um único flagelo e cinetoplasto. Uma pequena parte das crianças infectadas pode apresentar um quadro clínico comum a outras infecções congênitas, sendo mais comumente encontrados: hepatoesplenomegalia (18%), sepse (7%), miocardite (4%), hepatite (4%), meningoencefalite (3%), edema (1,4%), febre, anemia e icterícia. Na infecção aguda, observam-se alterações inespecíficas como leucocitose, embora possam ocorrer leucocitometria normal ou leucopenia; linfocitose e linfócitos atípicos; velocidade de hemossedimentação aumentada; proteína C reativa positiva; hipoalbuminemia e hipergamaglobulinemia alfa-3 e gama. Mononucleose Infecciosa Doença infecciosa causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), uma gama de vírus DNA do grupo herpes, ao qual pertence o CMV. O quadro clínico é muito variado; em crianças, frequentemente, se apresenta assintomática, sendo o quadro típico mais comum em adolescentes e adultos jovens. Após período de incubação de 1-2 semanas, sintomas prodrômicos, como calafrios, dor de garganta, febrícula, inapetência e mialgia, precedem o início abrupto ou gradual de febre, com pico entre 5-7 dias, faringite (exsudativa em 50% dos casos), linfadenoparias, principalmente cervicais anteriores e posteriores, esplenomegalia (50-75% dos casos), hepatomegalia e exantema (5% dos casos), este último exacerbado pelo uso de penicilinas. Edema periorbitário e petéquias no palato podem ser encontrados. Citar as principais comorbidades e complicações da leucemia aguda Para o diagnóstico precoce do câncer, o pediatra e/ou médico da ESF devem estar também atentos às crianças portadoras de malformações e síndromes clínicas que estão associadas a um maior risco de desenvolvimento de neoplasias. Algumas associações são observadas com mais frequência, tais como a ocorrência maior de leucemia em pacientes com síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21) e a ocorrência de tumores de SNC e sarcomas em pacientes com neurofibromatose (doença de von Recklinghausen). Malformações do trato genitourinário, aniridia1 , hemi-hipertrofia2 , síndrome de Beckwith–Wiedemann (visceromegalias, defeitos do fechamento da parede abdominal, hipoglicemia neonatal) são exemplos de alterações associadas ao diagnóstico dos tumores de Wilms (nefroblastoma). São situações de risco de morte para o paciente, as quais indicam um encaminhamento rápido, em poucas horas, para tratamento emergencial: ▪ Sinais de sangramento ativo: petéquias, epistaxe. ▪ Plaquetopenia: contagem de plaquetas menor do que 20.000/mm3. ▪ Leucocitose: leucócitos totais em quantidade maior que 50.000/mm3. ▪ Anemia grave: hemoglobina menor do que 6,0 g/dL. Extramapa: listar os principais sinais e sintomas e alerta para as principais neoplasias pediátricas
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