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Resumo ATLS

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Epidemiologia 
A Necessidade De acordo com os últimos dados da OMS e do CDC, morrem mais de 9 pessoas por minuto por trauma ou 
violência e 5,8 milhões de pessoas de todas as idades e grupos econômicos morrem anualmente por lesões não 
intencionais ou violência. 
O peso do trauma é ainda mais significativo, representando 12% do custo das doenças no mundo. As colisões 
automobilísticas sozinhas causam mais de 1 milhão de mortes por ano e estima-se que causem 20 a 50 milhões de 
lesões significativas; são a principal causa de morte por trauma no mundo. 
 
Distribuição Trimodal das Mortes 
Descrita pela primeira vez em 1982, a distribuição trimodal das mortes implica que a morte por trauma ocorre em um 
de três períodos ou picos. 
O primeiro pico ocorre nos primeiros segundos a minutos após o trauma. Durante esse período inicial, as mortes 
resultam em geral de apneia, causada por lesões graves do cérebro ou da medula espinhal alta ou de ruptura de 
coração, aorta ou outros grandes vasos. Poucos desses doentes podem ser salvos devido à gravidade das lesões. Só a 
prevenção é capaz de reduzir significativamente esse pico de mortalidade por trauma. 
O segundo pico ocorre dentro de minutos a várias horas depois do trauma. As mortes que ocorrem durante esse 
período são geralmente devidas a hematoma subdural e epidural, hemopneumotórax, ruptura de baço, lacerações do 
fígado, fraturas pélvicas e/ou múltiplas outras lesões, associadas a perda significativa de sangue. A hora de ouro do 
atendimento pós-trauma é caracterizada pela necessidade de avaliação e reanimação rápidas, que são os princípios 
fundamentais do Suporte Avançado de Vida no Trauma. 
O terceiro pico, que ocorre de vários dias a semanas após a lesão inicial, é devido mais frequentemente a sepse e a 
disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. O atendimento prestado durante cada uma das fases precedentes tem 
impacto na evolução nessa etapa. A primeira pessoa que atende o traumatizado e cada uma das pessoas subsequentes 
influenciam diretamente o prognóstico do traumatizado a longo prazo. 
O propósito original do Programa ATLS foi treinar médicos que não costumam atender, de forma rotineira, vítimas de 
trauma grave. O objetivo inicial do curso não mudou. Entretanto, nos dias de hoje, o método ATLS é aceito como padrão 
de atendimento ao traumatizado na "primeira hora" por muitos profissionais da área, quer o doente seja tratado numa 
zona rural remota, quer em um moderno centro de trauma. 
 
Três conceitos nos quais se apoia o Programa ATLS tiveram, inicialmente, dificuldade para serem aceitos: 
1. Tratar primeiro a maior ameaça à vida. 
 2. A falta de diagnóstico definitivo nunca deve impedir a aplicação do tratamento indicado. 
3. A história detalhada não é essencial para iniciar a avaliação do traumatizado. 
 
O resultado foi o desenvolvimento do método ABCDE para avaliação e tratamento do traumatizado. Esses conceitos 
combinam com a observação de que o atendimento do traumatizado é muitas vezes um trabalho de equipe, que 
permite que profissionais especialmente habilitados e especializados prestem atendimento simuultâneo, num processo 
liderado por . . - um cirurgJ.ao. 
O curso ATLS enfatiza que o trauma mata de acordo com uma cronologia previsível. Por exemplo, a obstrução da via 
aérea mata mais rapidamente do que a perda da capacidade de ventilar. Esta mata mais rapidamente do que a perda de 
sangue. O problema mais letal, na sequência, é a presença de uma lesão de massa expansiva intracraniana. Assim, o 
método mnemônico ABCDE define as avaliações e intervenções específicas e organizadas que devem ser seguidas em 
todos os doentes traumatizados: 
A Via aérea com proteção da coluna cervical 
B Ventilação 
C Circulação, parar a hemorragia 
D Disfunção neurológica 
E Exposição (despir) e Ambiente (controle da temperatura) 
 
 
AVALIAÇÃO E ATENDIMENTOS INICIAIS 
O tratamento de um doente vítima de trauma grave requer avaliação rápida das lesões e instituição de medidas 
terapêuticas de suporte de vida. Visto que o tempo é essencial, é desejável uma abordagem sistematizada, que possa 
ser facilmente revista e aplicada. Esse processo é denominado "avaliação inicial" e inclui: 
• Preparação 
• Triagem 
• Avaliação primária (ABCDE) 
• Reanimação 
• Medidas auxiliares à avaliação primária e à . - rean1maçao 
• Considerar a necessidade de transferência do doente 
• Avaliação secundária (da cabeça aos pés) e história 
• Medidas auxiliares à avaliação secundária 
• Reavaliação e monitoração contínuas após a . - rean1maçao 
• Tratamento definitivo 
 
O objetivo do atendimento é prestar suporte médico às vítimas, no intuito de preservar sua vida. Portanto, o 
atendimento precisa ser ágil, e por isso, é sistematizado 
 
****A avaliação primária·deve ser repetida com frequência para identificar qualquer alteração do estado clínico do 
doente que indique a necessidade de intervenção adicional. 
**** Na prática clínica, muitas dessas atividades ocorrem em paralelo ou simultaneamente 
 
FASE PRE HOSPITALAR 
O sistema pré-hospitalar deve ser estruturado de tal maneira que o hospital de destino seja notificado antes de iniciar o 
transporte. Dessa forma, é possível a mobilização da equipe de trauma de modo que todos os recursos humanos e 
materiais necessários ao atendimento estejam presentes no serviço de emergência à chegada do doente. 
Na fase pré-hospitalar, deve ser dada ênfase à manutenção da via aérea, ao controle da hemorragia externa e do 
choque, à imobilização do doente e ao transporte imediato ao hospital apropriado mais próximo, preferencialmente a 
um centro de trauma credenciado. Todo esforço deve ser realizado para abreviar a permanência na cena, demonstrado 
no Esquema de Decisão de Triagem de Campo. 
Deve-se dar ênfase também à obtenção e documentação de informações necessárias à triagem ao chegar ao hospital, 
incluindo hora do trauma, eventos relacionados ao trauma e história do doente. 
 
FASE HOSPITALAR 
O planejamento antecipado à chegada do doente traumatizado é essencial. Uma área de reanimação deve estar 
disponível para receber os doentes traumatizados. Equipamentos apropriados para a abordagem de via aérea ( 
laringoscópios, tubos, etc. ) devem estar organizados, testados e imediatamente disponíveis. Soluções de cristaloides 
aquecidas devem estar prontamente disponíveis para serem infundidas quando o doente chegar. Também devem estar 
disponíveis equipamentos adequados de monitoração. Todo o pessoal que está em contato com o doente deve estar 
protegido contra doenças transmissíveis. 
 
TRIAGEM 
A triagem envolve a classificação dos doentes de acordo com o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis. 
O tratamento prestado deve ser baseado nas prioridades ABC (Via aérea e proteção da coluna cervical, Ventilação, 
Circulação com controle da hemorragia), como descrito posteriormente neste capítulo. Escalas pré-hospitalares de 
trauma são úteis para a identificação dos doentes portadores de lesões graves e que devem ser transportados a centros 
de trauma 
Multiplas vitimas: 
Em incidentes com múltiplas vítimas, embora exista mais que uma vítima, o número de doentes e a gravidade 
das lesões não excedem a capacidade de atendimento do hospital. Nessa situação, os doentes com risco de 
vida iminente e os doentes com traumatismos multissistêmicos serão atendidos primeiro. 
 
Vitimas em massa: 
Em eventos com vítimas em massa, o número de doentes e a gravidade das lesões excedem a capacidade de 
atendimento da instituição e da equipe. Nessa situação, os doentes com maiores possibilidades de sobrevida, 
cujo atendimento implique menor gasto de tempo, de equipamentos, de recursos e de pessoal, serão 
atendidos primeiro. 
 
* PROTOCOLO DE MÚLTIPLAS VÍTIMAS – S.T.A.R.T.: (simples triagem e rápido 
tratamento) método simples, que se baseia na avaliação rápida (60 segundos) da respiração, 
circulação enível de consciência, dividindo as vítimas em quatro prioridades e utiliza cartões 
coloridos para definir cada uma das prioridades. A Prioridade de Atendimento às Vítimas 
obedece a seguinte ordem: 
 VERMELHO: apresentam risco imediato de vida - respiração somente após manobras 
de abertura de vias aéreas ou taquipneia (FR ≥ 30irpm). Necessitam de algum 
tratamento médico antes do transporte ao hospital, que deve ser rápido e diretamente 
para o setor cirúrgico. 
 AMARELO: não apresentam risco de vida imediato, mas necessitam de algum 
tratamento local enquanto aguardam o transporte para o hospital. 
 VERDE: vítimas com capacidade de andar, não necessitam de tratamento médico ou 
transporte imediato, possuindo apenas lesões sem risco de vida. 
 PRETO: óbito ou não possuem chances de sobreviver (não apresentam esforço 
respiratório mesmo após manobras simples de abertura das vias aéreas). 
 
 
RESPIRAÇÃO - AVALIAR A FR E A QUALIDADE DA RESPIRAÇÃO 
Se a vítima não respira: checar a presença de corpos estranhos em vias aéreas, remover 
próteses dentárias, dentes soltos e alinhar a cabeça, cuidando da coluna cervical. 
 Não inicia esforço respiratório após essas medidas: Cartão preto 
 Inicia esforço respiratório: Cartão vermelho 
 FR ≥ 30irpm: Cartão vermelho 
 FR < 30irpm: Segue para avaliação da perfusão 
PERFUSÃO - AVALIAÇÃO DO ENCHIMENTO CAPILAR É O MELHOR MÉTODO, ATRAVÉS DA 
PRESSÃO SOB LEITO UNGUEAL OU LÁBIOS 
 > 2s - sinal de perfusão lenta: Cartão vermelho 
 < 2s - segue para avaliação do nível de consciência 
NÍVEL DE CONSCIÊNCIA - APENAS PARA AS VÍTIMAS QUE ESTÃO C/ RESPIRAÇÃO E 
PERFUSÃO ADEQUADAS 
 Responde a comandos simples: Cartão amarelo 
 Não responde a comandos simples: Cartão vermelho 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO PRIMARIA 
Os doentes são avaliados e as prioridades de tratamento são estabelecidas de acordo com suas lesões, seus sinais vitais 
e mecanismo de lesão. Nos doentes com lesões graves, deve ser estabelecida uma sequência lógica de tratamento de 
acordo com as prioridades, com base na avaliação geral do doente. As funções vitais do doente devem ser avaliadas 
rápida e eficientemente. O seu tratamento deve consistir em uma avaliação primária rápida, reanimação das funções 
vitais, uma avaliação secundária mais pormenorizada e, finalmente, o início do tratamento definitivo. Esse processo 
constitui o ABCDE dos cuidados do doente traumatizado e identifica as condições que implicam risco à vida através da 
seguinte sequência: 
A Via aérea com proteção da coluna cervical 
B Ventilação e respiração 
C Circulação com controle da hemorragia 
D Disfunção, estado neurológico 
E Exposição/controle do ambiente: despir completamente o doente, mas prevenindo a hipotermia. 
 
***Uma rápida avaliação do A, B, C e D no doente traumatizado pode ser obtida quando você se apresenta, 
perguntando ao doente seu nome e o que aconteceu. Uma resposta apropriada sugere que não há comprometimento 
grave da via aérea ( habilidade para falar claramente), a ventilação não está comprometida gravemente ( habilidade 
para gerar movimento aéreo que permita falar) e não há maior diminuição do nível de consciência (alerta 
suficientemente para descrever o que aconteceu). A falha na resposta a essas questões sugere anormalidades no A, B 
ou C, que implicam avaliação e tratamento urgentes. 
 
 
POPULAÇÕES ESPECIAIS 
As populações de doentes que necessitam de considerações especiais são as crianças, grávidas, idosos, atletas e obesos. 
As prioridades de atendimento de um doente pediátrico são as mesmas do adulto, apesar das diferenças anatômicas e 
fisiológicas. 
As prioridades na assistência à mulher grávida são semelhantes às da não grávida, mas as alterações anatômicas e 
fisiológicas da gravidez podem modificar a resposta ao trauma. O pronto reconhecimento do estado gravídico, seja pela 
palpação abdominal do útero gravídico, seja por testes de laboratório (gonadotrofina coriônica humana, ou hCG) e a 
avaliação precoce do feto, são medidas importantes para a sobrevivência tanto da mãe como do feto. 
O trauma é uma causa comum de morte no idoso. Com o aumento da idade, as doenças cardiovasculares e o câncer 
superam a importância do trauma como a principal causa de morte. A reanimação de doentes idosos exige cuidados 
especiais. O processo de envelhecimento reduz as reservas fisiológicas. Doenças crônicas cardíacas, respiratórias e 
metabólicas podem comprometer a capacidade de resposta do doente idoso ao trauma, ao contrário do que ocorre em 
doentes jovens. que são capazes de compensar a agressão fisiológica imposta pelo trauma. Além disso, o uso crônico de 
medicamentos pode alterar a resposta fisiológica ao trauma e frequentemente acarreta distorções na reanimação tanto 
no sentido de excesso quanto de insuficiência. 
Os obesos têm desafios particulares quando traumatizados, pois sua anatomia pode tornar procedimentos como a 
intubação mais difíceis e perigosos. Os exames diagnósticos, como a ultrassonografia, a lavagem peritoneal diagnóstica 
(LPD) e a tomografia computadorizada (TC), também são mais difíceis. Além do mais, os obesos tipicamente têm 
doenças cardiopulmonares, que limitam sua capacidade de compensação ao trauma e ao estresse. A rápida reanimação 
volêmica pode exacerbar essas comorbidades de base. 
Devido a sua excelente condição, os atletas podem não manifestar precocemente sinais de choque, como taquicardia e 
taquipneia. Eles também podem ter pressão arterial sistólica e diastólica normalmente mais baixas. 
 
 
 
 
 
Se houver hemorragia externa exsanguinável, ela deve ser controlada antes mesmo de avaliar a via aérea (ou 
simultaneamente, se houver assistência adequada na cena) ou realizar outras intervenções, como a imobilização 
espinhal. 
A hemorragia arterial exsanguinolenta de uma extremidade é mais bem administrada colocando imediatamente um 
torniquete o mais próximo possível (ou seja, próximo à virilha ou axila) na extremidade afetada. 
Outras medidas de controle de sangramento, tais como pressão direta e agentes hemostáticos, também podem ser 
usadas, mas não devem atrasar ou tomar o lugar da colocação do torniquete nesses casos. 
 
 
Durante a avaliação inicial do doente traumatizado, a via aérea deve ser avaliada em primeiro lugar para assegurar a 
sua permeabilidade. Essa rápida avaliação para identificar sinais de obstrução da via aérea deve incluir aspiração e 
inspeção para a presença de corpos estranhos e fraturas faciais, mandibulares ou traqueolaríngeas, que podem 
resultar em obstrução da via aérea. As manobras para estabelecer a permeabilidade da via aérea devem ser feitas 
com proteção da coluna cervical. Como medida inicial para permeabilizar a via aérea é recomendada a manobra de 
elevação do mento (chin lift) ou de tração da mandíbula (jaw thrust). Cânula de Guedel pode ser usada também; 
Se o doente consegue comunicar-se verbalmente, é pouco provável que a obstrução da via aérea represente um 
risco imediato; Cabe enfatizar que os doentes com trauma craniencefálico grave e rebaixamento do nível de 
consciência ou portadores de um escore na escala de coma de Glasgow ( GCS) igual ou inferior a 8 habitualmente 
exigem o estabelecimento de uma via aérea definitiva (isto é, tubo com balão insuflado, na traqueia). O achado de 
respostas motoras descoorden&das sugere fortemente a necessidade de uma via aérea definitiva. O tratamento da 
via aérea na criança exige o conhecimento das peculiaridades anatômicas da laringe da criança, tanto no que diz 
respeito à posição quanto ao tamanho, e implica o uso de equipamento especial. 
Durante a avaliação e a manipulação da via aérea, deve-se tomar muito cuidado para evitar a movimentação 
excessiva da coluna cervical. A cabeça e o pescoço do doente não devem ser hiperestendidos, hiperfletidos ou 
rodados com o intuito de estabelecer ou manter a via aérea. 
Inicialmente, a proteção da medula do doente deve ser feita emantida com uso de dispositivos apropriados de 
imobilização. A avaliação e o diagnóstico de lesão específica de coluna, incluindo métodos de imagem, devem ser 
realizados posteriormente. Caso se faça necessária a retirada temporária do dispositivo de imobilização cervical, um 
dos membros da equipe de trauma deve encarregar-se de imobilizar manualmente a cabeça e o pescoço, mantendo-
os alinhados. 
 
Podem ser feitas radiografias de coluna cervical para confirmar ou excluir a presença da lesão, após o tratamento das 
lesões com risco imediato ou potencial à vida, embora seja importante lembrar que uma radiografia de perfil 
identifique somente 85% de todas as lesões. Considere a existência de uma lesão de coluna cervical em todo doente 
com traumatismos multissistêmicos, especialmente nos doentes que apresentem nível de consciência alterado ou 
traumatismo fechado acima da clavícula. 
Todo esforço deve ser feito para identificar sem demora o comprometimento da via aérea e para asse- , gurar uma 
via aérea definitiva. E importante também a identificação da possibilidade de comprometimento progressivo da 
permeabilidade da via aérea. A reavaliação frequente é essencial para identificar e tratar os doentes que perdem a 
capacidade de manter a via aérea permeável. 
obs: Agora é permitido o uso de videolaringoscopia para intubação 
 
Caso haja de fato obstruindo, qual a conduta? 
Corpo estranho (CE): retirar com dedo em garra; 
Sangue/secreções: aspirador de ponta rígida; 
Não esquecer: todo paciente politraumatizado merece receber oxigênio suplementar ofertado com máscara não 
reinalante, com 12-15L de O2/min. 
Caso o paciente não tenha capacidade de manter a via aérea pérvia, uma via aérea definitiva deve ser considerada. 
E como sei quando indicar uma VA definitiva? 
A forma mais fácil de promovê-la é realizando uma intubação 
orotraqueal (IOT). Caso não seja possível, podemos optar por uma 
cricotireoidostomia (por punção ou cirúrgica) ou ainda uma 
traqueostomia - o importante é não sair da letra A sem resolvê-la! 
 
 
 
Ao final do A, devemos realizar a monitorização do paciente e oferecer oxigênio a 100% por meio de uma máscara 
não reinalante. Envolve: monitorização cardioscópica, oxímetro de pulso e PA não invasiva 
 
 
 
 
A permeabilidade da via aérea, por si só, não garante ventilação adequada. Uma troca adequada de gases é 
necessária para que seja possível a oxigenação e a eliminação de dióxido de carbono num grau máximo. Uma boa 
ventilação exige um funcionamento adequado dos pulmões, da parede torácica e do diafragma. Cada componente 
deve ser avaliado e examinado rapidamente. 
O pescoço e o tórax do doente devem ser expostos para avaliar adequadamente a distensão de veias jugulares, a 
posição da traqueia e a movimentação da parede torácica. A ausculta deve ser realizada para se confirmar o fluxo de 
ar nos pulmões. A inspeção visual e a palpação poderão detectar lesões da parede do tórax capazes de comprometer 
a ventilação. A percussão do tórax também pode identificar anormalidades, mas no ambiente barulhento da 
reanimação, isso pode ser difícil ou levar a resultados não confiáveis. 
As lesões que podem prejudicar gravemente a ventilação num curto prazo são são o pneumotórax hipertensivo, o 
tórax instável (retalho costal móvel) com contusão pulmonar, o hemotórax maciço e o pneumotórax aberto. Tais 
lesões devem ser identificadas na avaliação primária e podem exigir atenção imediata para que o esforço ventilatório 
seja efetivo. O hemotórax ou o pneumotórax simples, as fraturas de arcos costais e a contusão pulmonar podem 
comprometer a ventilação, mas em grau menor, e são habitualmente identificados na avaliação secundária. 
 
Pneumotórax significa ar na cavidade pleural 
 
FICAR ATENTO ÀS ARMADILHAS (AMEAÇADORA À VIDA): 
- PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO: . E ele é dito hipertensivo pois cursa com repercussão hemodinâmica e 
seu mecanismo cria uma válvula unidirecional, que permite apenas a entrada de ar, e não a sua saída. 
Assim, o grande volume de ar acumulado aumenta a pressão torácica, o que reduz o retorno venoso e cau-
sa a estase de jugular. E, como também acaba comprimindo o mediastino para o lado contralateral, leva ao 
desvio de traqueia. Com isso, encontramos timpanismo à percussão e abolição de murmúrios vesiculares 
na ausculta. Esse conjunto de fatores apresenta-se em um paciente com dispneia intensa e dor torácica. 
Toracocentese – agulha calibrosa no 5º espaço intercostal na linha axilar média/anterior ou mini 
toracotomia 
- PNEUMOTÓRAX ABERTO: É aquele provocado por ferimento aberto na parede torácica, que corresponde 
a mais de 2/3 do diâmetro da traqueia. O paciente também se apresenta com dispneia e dor torácica, mas 
como o volume de ar costuma ser menor, ao exame físico só encontramos timpanismo à percussão e MV 
abolidos a ausculta. 
Fazer curativo de 3 pontas; Ele consiste em um material estéril e retangular que envolva a lesão e seja 
fixado em 3 dos 4 lados-possibilitando que o ar sob pressão saia pelo lado aberto e, na fase em que o ar 
deveria entrar na cavidade pleural, o curativo oclui o orifício. 
Depois, então, o paciente precisa de uma drenagem torácica.. 
 
- HEMOTÓRAX MACIÇO: sangue na cavidade pleural. Considera-se maciço quando o volume é maior que 
1,5L. Assemelha-se ao pneumotórax hipertensivo, logo, o paciente também se mostra com dor torácica, 
dispneia, possível desvio de traqueia, macicez (e não timpanismo!) a percussão e abolição dos MV. É 
importante ressaltar que a estase de jugular pode estar presente (por conta do aumento da pressão toráci-
ca), no entanto pode não estar, afinal, o paciente perdeu muito sangue. E, justamente por essa perda, o 
paciente apresenta sinais de choque. Macicez à percussão: 
Drenagem do tórax no 5-6 EIC sobre a linha axilar anterior ou média em selo d´água. Além de reposição 
volêmica, considerando o choque associado 
 
- LESÃO DA ÁRVORE TRAQUEOBRONQUICA: passar o tubo pela lesão. Os pacientes que sobrevivem 
apresentam sinais clássicos ao exame físico: hemoptise, enfisema subcutâneo, fratura palpável em região 
cervical e expansibilidade diminuída- e o paciente ainda pode acabar entrando num quadro de pneumotó-
rax hipertensivo! Diante desse quadro, nossa conduta se pauta na obtenção de uma VA definitiva, e o 
paciente deve ser encaminhado imediatamente para a cirurgia. 
 
Obs.: na 10ª ed. Tórax instável entra como lesão potencialmente ameaçadora e NÃO ameaçadora à vida 
 
 
 
 
Na letra B, deixamos a ausculta cardíaca para o final e investigamos a presença de sinais de Choque. 
Quais sinais indicam que o paciente está em choque? 
3Ps: pele, pulso, perfusão. 
 Pele: pálida e fria. 
 Pulso: acelerado (taquicárdico) 
• Perfusão: pelo tempo de enchimento capilar, que está alterado se >3s. 
Outros fatores que também nos ajudam a identificar um possível choque são: 
 Hipotensão 
 Rebaixamento do nível de consciência 
 Débito urinário reduzido 
 
 
 ACESSO VENOSO: na presença de instabilidade hemodinâmica, a reposição volêmica deve ser feita através 
de 1 acesso periférico com cateter de calibre médio (n.18). Na ausência de acesso periférico, recomenda-se a 
punção de acessos venosos profundos calibrosos (veia femoral, jugular interna ou subclávia) ou dissecção de veia 
safena. Independente do acesso, amostras de sangue devem ser colhidas para avaliação laboratorial (incluindo 
teste de gravidez), gasometria, nível de lactato e testes toxicológicos. 
 VOLUME SANGUÍNEO E DÉBITO CARDÍACO: a identificação e a parada da hemorragia são passos cruciais na 
avaliação e tratamento desses doentes. Uma vez descartado o pneumotórax hipertensivo como causa de choque, 
a hipotensão em doentes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até prova em contrário. Os 
elementos clínicos que oferecem informações importantes dentro de poucos segundos são: 
- Nível de consciência: quando o volume sanguíneo está diminuído, a perfusãocerebral pode estar criticamente 
prejudicada, resultando em alteração do nível de consciência. 
- Cor da pele: coloração acinzentada da face e pele esbranquiçada em extremidades indicam hipovolemia. 
- Pulso: um pulso central de fácil acesso (femoral ou carotídeo) deve ser examinado bilateralmente para se avaliar 
sua qualidade, frequência e regularidade. Pulso rápido e filiforme é um sinal de hipovolemia. Uma frequência 
irregular costuma ser um alerta para uma potencial disfunção cardíaca. 
 HEMORRAGIA: identificar se a fonte de hemorragia é externa ou interna. A hemorragia externa significativa 
deve ser tratada com compressão direta sobre o ferimento. Os torniquetes são efetivos na exsanguinação de 
extremidades, mas podem causar lesão isquêmica e devem ser utilizados quando a compressão direta não for 
efetiva. As principais áreas de hemorragia interna são tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos. A fonte 
de sangramento pode ser identificada por exame físico, RX de tórax, pelve ou FAST. O tratamento pode incluir 
descompressão do tórax, compressão da pelve, uso de imobilizadores e intervenção cirúrgica. 
 HIPOTENSÃO OU CHOQUE: a hipotensão arterial sistólica só é identificada com perda de cerca de 30% da 
volemia. Nos pacientes hipotensos ou chocados, o volume de líquido aquecido deve ser administrado o mais 
rápido possível. A dose empregada é cerca de 1 a 2L no adulto. A solução preferida é a de RL aquecido a 39ºC. A 
avaliação da reposição volêmica é feita observando-se os seguintes parâmetros: débito urinário, nível de 
consciência, perfusão periférica e valores do lactato e déficit de bases. 
 DROGA ANTIFIBRINOLÍTICO: administrar ácido tranexâmico, inclusive pré-hospitalar se indicado. 
 
 
 
 
 
 
ARMADILHA: 
- TAMPONAMENTO CARDÍACO: É o acúmulo de líquido na cavidade pericárdica e, como o pericárdio fibroso é pouco 
elástico, o líquido comprime o coração e limita seu movimento- causando um choque restritivo.Turgência jugular + 
bulhas cardíacas abafadas + pulso paradoxal = tríade de Beeck: Realizar pericardiocentese c/ agulha longa de peridural 
no espaço xifo-costal dirigida para o ombro E 
 
 
Choque é a expressão clínica da falência circulatória aguda que resulta na oferta insuficiente de oxigênio para os 
tecidos. 
 
Ao identificar o choque, o que fazer? 
Obtém-se um acesso venoso periférico uni/bilateral calibroso, para, a partir daí, iniciar reposição volêmica com 1L de 
Ringer Lactato ou SF 0,9% aquecidos e, então, reavaliar a necessidade de continuar a reposição de acordo com a 
resposta do paciente. 
OBS. Lembra daquilo que falamos, que todo choque é hipovolêmico/hemorrágico até que se prove o contrário? Logo, 
sempre repomos volume. 
Ainda que seja realizada a reposição volêmica, em um paciente chocado, é mandatório investigar a fonte de 
sangramento. Através de inspeção e/ ou exames de imagem, conseguimos identificar se a hemorragia é externa ou 
interna. Nos casos de hemorragia externa, fazemos compressão direta e, caso a compressão direta seja ineficaz, pode-
se avaliar a necessidade de realizar um torniquete. 
Em contrapartida, nos casos de hemorragia interna (que normalmente acomete tórax, abdome, pelve, retroperitônio e 
ossos longos), os tratamentos variam. 
 
Essa tabela do ATLS nos mostra a perda estimada de sangue baseada na condição inicial do doente, e o que devemos 
tirar dela é que a diurese constitui o parâmetro principal para a reposição volêmica adequada- daí a necessidade de 
fazer uma sondagem vesical. 
 Classes I e II, não complicadas (perda sanguínea de no máximo 1500ml), costumam estabilizar apenas com infusão 
de cristaloide., sendo que o de escolha é o Ringer Lactato aquecido a 39º- pode usar SF, mas atentar-se à acidose 
hiperclorêmica, principalmente se disfunção renal associada. 
 Classe III e IV, com perda sanguínea maior que 1500ml, são marcadas pela hipotensão, e, portanto, são candidatos 
à transfusão e uso precoce de ácido tranexâmico. Contudo, a prioridade é sempre interromper o sangramento, por ci-
rurgia ou embolização. 
 
 
 
No final da avaliação primária, realiza-se uma avaliação neurológica rápida. Esta avaliação neurológica 
estabelece o nível de consciência do doente, o tamanho e reatividade das pupilas, sinais de lateralização e o nível de 
lesão da medula espinhal. 
Uma avaliação neurológica rápida estabelece o nível de consciência e o tamanho e reação pupilar do paciente; 
identifica a presença de sinais lateralizantes; e determina o nível de lesão medular, se presente, através da ECG. Uma 
diminuição no nível de consciência do paciente pode indicar diminuição da oxigenação e/ou perfusão cerebral, ou 
pode ser causada por lesão cerebral direta. Hipoglicemia, álcool, narcóticos e outras drogas também podem alterar o 
nível de consciência do paciente. Até que se prove o contrário, sempre presuma que as mudanças no nível de 
consciência resultam de lesões no sistema nervoso central. 
 
ABERTURA OCULAR RESPOSTA MOTORA RESPOSTA VERBAL 
Espontânea 
Estímulo verbal 
Estímulo à pressão (doloroso) 
4 
3 
2 
Obedece a comandos 
Localiza estímulo à pressão (doloroso) 
Retira membro à pressão (dor) 
6 
5 
4 
Orientado 
Confusa 
Palavra inapropriadas 
5 
4 
3 
Ausente 1 Flexão anormal (decorticação) 
Extensão anormal (descerebração) 
Ausente 
3 
2 
1 
Palavras incompreensíveis 
Ausente 
2 
1 
 
Obs.: No Glasgow o que mudou é que não pode mais causar dor e sim pressão (região 
ungueal, músculo trapézio e supra-orbital) como estímulo, mas o escore é o mesmo. 
 
 
O doente deve ser totalmente despido, usualmente cortando as roupas para facilitar o exame e avaliação completos. 
Depois de retirar a roupa do doente e completar a avaliação, o doente deve ser coberto com cobertores aquecidos 
ou algum dispositivo de aquecimento externo para prevenir a ocorrência de hipotermia na sala de trauma. Os fluidos 
intravenosos devem ser aquecidos antes de administrados e o ambiente deve ser mantido aquecido. O mais 
importante é garantir a temperatura corporal do doente e não o conforto da equipe de atendimento. Lembrar de 
examinar o dorso e alinhar as fraturas.

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