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Introdução Você já parou para pensar qual é, de fato, a importância da educação e, ainda, da escola na perspectiva social dos estudantes? A escola exerce um papel indiscutível na formação dos sujeitos e no seu desenvolvimento na sociedade, buscando diminuir os contrastes sociais. Mas como essas questões sociais interferem no ambiente escolar? Quais são os indicadores sociais no Brasil? Abordaremos as questões inerentes à escola e ao professor na construção da identidade dos estudantes, além da necessidade em criar uma afetividade para a efetivação escolar. Por �m, veremos uma abordagem conceitual, no que se refere à visão sociológica do fenômeno educativo, para, então, compreender as con�gurações das comunidades educacionais. Bons estudos! Escola: Papel Social e Desa�os Contemporâneos Roteiro deRoteiro de EstudosEstudos Autor: Marcelo M. Henriques Análise do Papel Social da Escola no Cotidiano Para iniciarmos as discussões, é necessário re�etir qual o papel social das escolas. Além disso, é importante que, você, professor de determinada escola, faça a seguinte re�exão: qual é o seu papel diante dos problemas sociais no ambiente da escola na qual atua? As instituições escolares são espaços onde crianças e jovens passam horas do seu dia, muitas vezes, um período integral. Portanto, tratam-se de espaços em que a convivência acontece de forma plena entre estudantes e professores, estudantes e estudantes, além do contato com os demais funcionários da educação. O ambiente escolar proporciona aos jovens aprendizado constante e melhor compreensão da noção de limite e respeito na escola. Dentre os pilares necessários para a educação, encontra- se a necessidade de conviver com os outros, sendo a escola o espaço protagonista dessas relações (DELORS et al., 1998). É na escola que o indivíduo (estudante) percebe e compreende o outro. Compreender o outro é desenvolver a percepção da interdependência, da não violência e de administrar con�itos. Nessa perspectiva, as instituições escolares se con�guram como essenciais para o desenvolvimento dos sujeitos, das demais organizações e da própria sociedade. Wieczorkievicz e Baade (2020, p. 2) explicitam que [...] os valores ao longo do tempo vão sendo modi�cados e as pessoas tendem a se apropriar de novas informações e maneiras de viver para continuar se desenvolvendo no âmbito social. Essas mudanças acontecem por meio das necessidades que a sociedade vem enfrentando, com direcionamento para as modi�cações e transformações de uma sociedade melhor. As pessoas precisam adaptar-se a essas mudanças sociais para assim ter a possibilidade de colaborar com a transformação do meio em que estão inseridas. Devemos pensar na escola como espaço plural. É nas escolas que a grande maioria das crianças e dos jovens aprendem uma diversidade de conhecimentos e competências que di�cilmente poderão aprender em outros contextos. Seu papel é inquestionável, sendo assim, mesmo elas têm que desempenhar um papel fundamental e insubstituível na consolidação das sociedades democráticas, baseadas no conhecimento, na justiça social, na igualdade, na solidariedade e em princípios sociais e éticos irrepreensíveis. O sujeito (estudante) precisa se identi�car como ser no mundo, percebendo o seu papel cidadão, além de analisar as possibilidades de transformação enquanto ser individual, ou sujeito que participa de um grupo social. A escola, na sua perspectiva tradicional, apenas reproduz conteúdos e não atinge o objetivo de transformação ou desenvolvimento de senso crítico, requeridos pelo atual contexto da sociedade. Nessa perspectiva, Shor e Freire (1986, p. 85) apontam que “o domínio escolar das palavras só quer que os alunos descrevam as coisas, não que as compreendam. Assim, quanto mais se distingue descrição de compreensão, mais se controla a consciência dos alunos”. A escola precisa atribuir signi�cado aos conteúdos, mostrando a sua aplicação social. Desse modo, o aluno toma consciência sobre o mundo. Além disso, a escola deve reconhecer a comunidade na qual está inserida. Conhecer os históricos familiares e como essas pessoas vivem ali. A instituição escolar que não considera a realidade social local apenas estabelece um padrão e não traz debates críticos, atendendo apenas a uma formação padrão em massa. O mundo atual requer pessoas que interpretem os signos sociais, ou seja, as informações e os fatos sociais que são expostos. É necessário, portanto, estabelecer um currículo que atenda às necessidades do mundo contemporâneo e que difunda conhecimentos para além dos conceitos cientí�cos, contemplando uma formação cidadã, que seja emancipatória e inclusiva. De acordo com Moreira (2017, p. 98), os alunos “devem ser capazes de realizar uma leitura de mundo que lhes permita compreender e denunciar a realidade opressora e anunciar a sua superação, com a construção de um novo projeto de sociedade e mundo a ser efetivado pela ação política”. A escola é uma instituição eminentemente reprodutora, com isso, percebemos que o ocorrido no contexto escolar não é alheio ao contexto social. Ela é uma extensão dos problemas sociais e familiares, sendo o espaço onde esses problemas são mais evidentes. Nesse contexto, educar vai muito além de ensinar conteúdos previstos no currículo. Educar é auxiliar os estudantes na construção de suas identidades, aprimorar seu conhecimento e torná-los emancipados, na construção de uma sociedade humana e cidadã. Ao mesmo tempo em que a escola reproduz as características da sociedade – seja a violência, cultura, tradições etc. –, ela também é responsável por demonstrar a esses jovens como superar essas questões sociais, oferecer oportunidades, melhorando a convivência e situação desses estudantes perante a sociedade. A instituição escolar deve ter clara a ideia de que seu papel está além de ensinar. Deve, além disso, promover a educação transformadora e ser aquela que preza o papel cidadão do estudante. A escola forma para a vida: trabalho, meio ambiente, cultura. Todos os setores devem ser considerados de forma integral. Postura Inclusiva no Ambiente Escolar A�nal, o que signi�ca incluir? Incluir signi�ca apenas inserir alunos da educação especial no ensino regular? Qual a importância da inclusão no contexto social dos estudantes? Já vimos que a escola precisa estar diante da realidade de seus estudantes, aproximando o ensino do cotidiano da comunidade. Quando esses �ns estão em pleno desenvolvimento, podemos dizer que está ocorrendo a inclusão. Por muito tempo, a sociedade utilizou o termo “integrar”, entretanto, integrar signi�ca apenas inserir. O termo “incluir” é mais profundo e de�ne melhor essa ideia dentro do contexto social e educacional. Isso porque incluir considera os aspectos globais dos estudantes. Incluir signi�ca acolher a todos, independente de sua origem, cor, bairro e status social. Para compreendermos a necessidade de inclusão, é preciso analisar indicadores sociais do Brasil, para, então, apropriar-se da realidade que a sociedade brasileira vivencia. A partir dessas ideias, pode-se compreender que a inclusão social é o conjunto de meios e ações que combatem a exclusão, favorecendo que todos usufruam dos benefícios da vida em sociedade, exclusão essa que é provocada pelas diferenças de classe social, educação, idade, LIVRO Diferenças e desigualdades sociais na escola Autora: Marília Pinto de Carvalho Editora: Papirus Editora Ano: 2012 Comentário: Para uma melhor compreensão da escola como espaço da diversidade social, leia atentamente essa obra. Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate. de�ciência, gênero, preconceito social ou preconceitos raciais. Inclusão social é oferecer oportunidades iguais de acesso a bens e a serviços a todos. Então, incluir signi�ca retirar as diferenças culturais das relações estabelecidas, além de minimizar os contrastes e os problemas de cunho social. Nessa perspectiva, o professor exerce papel crucial paraefetivar a inclusão, desmisti�cando as diferentes culturas. As comunidades escolares devem pautar-se, principalmente, na busca de uma convivência sadia entre as diferentes culturas, de forma que as diversas capacidades objetivadas pelos PCNs se desenvolvam nos alunos, formando cidadãos plenos. As escolas brasileiras estão preparadas para receber seus estudantes? Uma escola é considerada preparada quando se tem desde uma infraestrutura de acessibilidade, como rampas, elevador, matérias adaptadas, até professores atualizados, além de conteúdos e atividades de acordo com a realidade do grupo de estudantes. Além disso, estar preparada signi�ca que a escola está aberta ao multiculturalismo no qual a sociedade está inserida. Importância da Escola no Desenvolvimento Social dos LIVRO Inclusão escolar, O que é? Por quê? Como fazer? Autora: Maria Teresa Eglér Mantoan Editora: Summus Editorial Ano: 2015 Comentário: A compreensão da inclusão necessita de uma leitura complementar. Faça uma busca pela web e leia atentamente a obra recomendada. Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate. Estudantes A escola apenas transmite conhecimento? Ou seu papel vai além disso? A escola e, mais especi�camente, o professor exercem papel crucial no desenvolvimento dos estudantes. Esse é um espaço importante no que se refere ao convívio e à construção da identidade desses estudantes. Você, enquanto professor ou educador, é importante no desenvolvimento integral do sujeito? Ser professor vai muito além de “dar aulas”. O professor é um ser emancipador, que in�uencia sua sociedade. A escola exerce um papel importante na construção cidadã dos jovens, sendo o espaço que diminui os contrastes sociais: classe, gênero, cultura. De acordo com Reginatto (2013, p. 2), o verdadeiro educador “precisa transformar a escola em um lugar aconchegante e amigável, prezando sempre o bem-estar dos alunos”. Educar com amor pode transformar a realidade de muitas crianças, que, quando têm suas carências afetivas supridas, sentem-se valorizadas e respeitadas e passam a se desenvolver e a participar do processo de ensino e aprendizagem com muito mais dedicação. Nesse sentido, educar com “amor” não signi�ca ser um professor leviano ou liberal, mas um sujeito que percebe e dialoga com seus estudantes, estando diante dos problemas sociais e das perspectivas culturais aos quais seus alunos pertencem, construindo um ensino com base nesses ideais, ou seja, um ensino com o qual os estudantes se identi�cam. Com base em Cury (2016, p. 12), a afetividade deve estar presente na práxis do educador, ela é insubstituível, considerando que a gentileza, solidariedade, tolerância, inclusão, valorização de sentimentos altruístas, en�m, todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos. Criar um vínculo afetivo professor-aluno signi�ca construir estudantes políticos e que saibam agir e participar no coletivo. O aluno precisa respeitar a diversidade humana existente. Ainda, é necessário considerar as experiências dos estudantes. Essas experiências vividas em sala de aula permitem trocas carregadas de afetividades positivas, que favorecem a autonomia e, também, fortalecem a con�ança dos estudantes em suas capacidades e decisões, sejam educacionais ou sociais. Afetividade, criatividade e respeito, além de liberdade de expressão, são características básicas de uma comunidade que realmente educa. Construir espaços nas escolas ou nas cidades de modo geral, que favoreçam essa prática, é fundamental. Assim, o jovem, que antes passava despercebido e desperdiçando seus potenciais criativos, passa a ser incentivado a cultivar a criatividade, sendo transformado em um cidadão alegre e pro�ssional promissor. Novamente, a escola agrega importância na diminuição dos contrastes sociais, valorizando o desenvolvimento global do estudante. Não é possível dissociar o ensino do mundo, do trabalho e da cultura. Nesse contexto, a escola desempenha papel de fundamental importância no desenvolvimento social dos estudantes. Visão Sociológica do Fenômeno Educativo Diante dos fatos já expostos, é necessário compreender o ato educativo dentro da sociologia, ciência que estuda os fenômenos sociais. Abordar a educação como fenômeno sociólogo é compreender como a educação transforma-se de acordo com as concepções políticas de cada época, atendendo a esses interesses. A escola é a base do progresso social; ela é o palco das realizações humanas e de suas relações. Sendo assim, é necessário realizar a sua compreensão enquanto campo sociológico. LIVRO A escola para todos e para cada um Autor: Augusto Galery (org.) Editora: Summus Editorial Ano: 2017 Comentário: Para uma melhor compreensão a respeito do tema, faça a leitura proposta, atentamente. A obra trata do coletivo e do subjetivo diante da escolarização dos estudantes. Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate. Qual a relação entre a escola, Pós-Segunda Guerra Mundial, e desigualdades? Para Ferreira (2006, p. 108-109), “surge um novo conjunto de proposições com relação à função social da escola. O cerne desse novo ideário está relacionado com o problema das desigualdades sociais que marcou o pós-guerra”. Nessa perspectiva, surgem discussões sobre as desigualdades, tanto educacionais quanto sociais, “e como uma das condições principais para democratizar as oportunidades escolares” (FERREIRA, 2006, p. 109). Assim, surgem estudos, no âmbito da sociologia da educação, “buscando explicar as desigualdades entre os grupos sociais, face aos sistemas de ensino” (FERREIRA, 2006, p. 109). De acordo com importantes sociólogos, como Durkheim, a escola deve considerar, igualmente, atribuições indispensáveis a todos. Isso porque ela é o espaço coletivo e cultural que precisa considerar a subjetividade de cada indivíduo. Considerando isso, no contexto atual da sociedade, qual é o papel da sociologia no que tange à escola? A visão sociológica contribui para abraçar todos os fenômenos sociais junto da educação. Não há como separar a escola da sociedade, pois uma interfere na outra, sendo papel da sociologia analisar esses fenômenos. A sociologia contribui para que tenhamos embasamento cientí�co acerca do assunto, além de nos evidenciar dados sobre a realidade social do país. Dessa forma, dialogando entre a teoria e prática, é possível respaldar, de modo coerente, o trabalho social exercido pelas escolas. Fatores e Indicadores Brasileiros Segundo dados da Organização Das Nações Unidas (ONU), em 2019, o Brasil encontrava-se na oitava posição entre as nações mais desiguais do mundo. O índice Gini, ou coe�ciente de Gini, que mede a desigualdade de renda, divulgou em 2019 que o indicador brasileiro subiu de 0,58 em 2009, para 0,62 em 2019. Como parâmetro, quanto mais próximo de 1 (um), maior a desigualdade do país, estado ou município analisado. No cenário nacional, a violência estrutural ganha destaque, sendo ligada às características socioeconômicas e políticas da sociedade, em um determinado período histórico; “traz no seu interior a exclusão social e seus efeitos, notadamente a partir do sistema capitalista, da globalização e da imposição de leis de mercado” (BRASIL, 2018, p. 12). De acordo com o documento “Violência contra crianças e adolescentes: análise de cenários e propostas de políticas públicas”, no campo dos direitos humanos, a violência é compreendida como toda violação de direitos civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto); políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e LIVRO Sociologia da Educação Autor: Renato Antonio de Souza Editora: Cengage Learning Brasil Ano: 2015 Comentário: a obra apresenta a antropologia da educação e o homem como educador, fazendo re�exões sobre o conceito educacional contemporâneo, modelos de educação, educação formal e informale os aspectos biossociais da educação. O livro aborda conceitos gerais da sociologia da educação, a importância da educação social, bem como o papel da democracia para a educação. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Laureate. salário) e culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura) (BRASIL, 2018, p. 12). A desigualdade de renda, acesso precário ao saneamento básico, di�culdade ao ingresso no ensino superior, qualidade insatisfatória do transporte público, violência doméstica, violência contra a mulher, prostituição infantil e iniciação sexual precoce são elementos que assombram o cenário brasileiro, sendo necessário realizar uma análise desses fatores, pois as instituições de ensino, sejam escolas, Organizações Não Governamentais (ONGs), creches etc., são o espelho da sociedade que atendem. Isso porque, além da escola, muitas outras instituições são reprodutoras de desigualdade social, fato que resulta em um importante processo de exclusão. Segundo Dubet e Martuccelli (2003, p. 45, tradução nossa), a análise do papel da escola nos mecanismos da exclusão escolar implica isolar, evidentemente de maneira teórica e abstrata, os mecanismos e os fatores pelos quais a escola “acrescenta”, alia fatores de desigualdade e de exclusão que ultrapassam a simples reprodução das desigualdades sociais”. Isso se relaciona aos efeitos causados pelas próprias ações das escolas. Estes podem causar exclusão social e desigualdades. Sendo assim, este papel da escola não pode ser negligenciado. Na perspectiva tradicional, cujo ensino brasileiro se ancorava, o aluno era um ser passivo, além disso, considerava a escola como uma ilha, ou seja, um ambiente isolado dos problemas sociais. Ao adentrar no ambiente escolar, o sujeito “deixava” seus problemas para fora da escola. Na contemporaneidade, mediante as novas perspectivas pedagógicas, o estudante é considerado como ser ativo, e sua família, bairro, cultura e religião são elementos que interferem no seu aprendizado e, consequentemente, nas relações estabelecidas no espaço de escolarização. Ademais, para Minayo (2016, p. 45) “a violência é histórica e sempre é o re�exo da sociedade que a reproduz, podendo aumentar ou diminuir conforme sua construção social nos níveis coletivos e individuais”. São inúmeras as notícias diárias sobre a violência no Brasil, principalmente no que tange aos adolescentes. O trá�co de drogas e estrutura familiar comprometida são alguns dos principais fatores que in�uenciam os indicadores. A média mundial é de seis assassinatos a cada cem mil habitantes. No Brasil, existem estados cuja incidência é de 49 casos por grupo de cem mil habitantes. Essa situação re�ete a intolerância vigente na sociedade brasileira. Mas, qual é a interferência desses indicadores nos ambientes de escolarização? De acordo com Cerqueira (2016, p. 34), um dos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a criança que nasce em um ambiente hostil, em que impera o desamor, e que não é estimulada e nem recebe uma supervisão adequada, terá maiores chances de desenvolver problemas cognitivos e emocionais. Uma possível consequência é o baixo aproveitamento escolar e o isolamento. A violência está inserida em um ciclo que inicia com o indivíduo, responsável por internalizá-la, e interfere no meio social. Efetivar a inclusão é reduzir esses indicadores, criando espaço à convivência entre os diferentes. Incluir é receber os estudantes de forma igualitária e diminuir a desigualdade que assola essas crianças e esses jovens. As Políticas Públicas e sua Interferência na Concepção de Educação As políticas públicas são ações empreendidas pelo Estado para efetivar as prescrições constitucionais sobre as necessidades da sociedade. Essas políticas se baseiam em termos de distribuição e redistribuição das riquezas e dos bens e serviços essenciais à sociedade, seja no âmbito federal, estadual ou municipal. Com isso, compreendemos porque é tão importante que educador e escola analisem esses indicadores, uma vez que afetem diretamente os estudantes. Tais fatores podem in�uenciar no temperamento, no interesse, na afetividade e no desempenho escolar desses estudantes, já que estão em pleno desenvolvimento. Cabe, portanto, à escola interferir positivamente, propondo ações educacionais de cunho social. A educação brasileira sofre com a precariedade de estrutura física e de formação de professores. A falta de acessibilidade, prédios alugados ou mal construídos, além da falta de computadores e acesso à internet são alguns dos fatores que prejudicam a qualidade do ensino no Brasil. A educação pública no Brasil recebe bons investimentos, obtendo um percentual considerado acima da média entre os países que compõem a OCDE, o que nos faz pensar sobre os motivos que nos levam a ter problemas na esfera pública. Quando se pensa em etapas do ensino, o maior investimento por aluno ocorre no ensino médio e no ensino técnico, pois se objetiva o ingresso no mercado de trabalho. O investimento por aluno em nosso país ainda está abaixo do que se faz em países desenvolvidos, demonstrando que tal investimento direciona-se mais às estruturas do que ao estudante. Além disso, também existem exigências do Ministério da Educação com relação à implementação de programas de formação continuada para os professores. A má remuneração e ausência de planos de carreira aos docentes também in�uenciam diretamente a qualidade da educação. Ainda, de acordo com o ambiente familiar, a privação de itens básicos, como alimentação, e conforme o contexto cultural de suas famílias, os alunos apresentarão di�culdades no desenvolvimento, seja social, de personalidade e das habilidades cognitivas, podendo ocasionar fracasso escolar. As esferas governamentais precisam efetivar as políticas públicas para que, de fato, a educação atinja seu objetivo: educar para a vida. Sendo assim, é necessário repensar o sistema público brasileiro, para constituir efetivamente uma educação que tenha um funcionamento constante, efetivo e de qualidade. Além das legislações vigentes, as esferas governamentais têm leis de incentivo à cultura, nas quais as empresas privadas realizam investimentos, proporcionando o acesso da população em geral. No Capítulo I da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, �ca instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), com a �nalidade de captar e canalizar recursos para o setor, de modo a: I - Contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o pleno exercício dos direitos culturais; II - promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística brasileira, com valorização de recursos humanos e conteúdos locais; III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos criadores [...] (BRASIL, 1991, on-line). Quando a legislação propicia cultura e existe um diálogo entre as esferas de governo, além de uma participação massiva da população, a educação, seja formal ou informal, estará ativa em pleno exercício, contribuindo, de fato, para uma identidade populacional crítica e que conviva com as diferenças do outro, respeitando o multiculturalismo existente. Como se sentir acolhido em uma cidade que violenta e não acolhe crianças e adolescentes? Educar por meio de programas sociais é construir aparatos de identidade cidadã, que será repercutida na escola, principalmente no convívio entre os sujeitos e no seu desempenho escolar. Desse modo, garantir as condições mínimas de vida e o contato do sujeito com a cultura são ações que estão ligadas à dignidade humana. Con�gurações das Comunidades Educacionais Diante dos dados e conceitos trabalhados até aqui, podemos estabelecer parâmetros de compreensão do contexto no qual a escola se con�gura. Como forma de revisão para compreender este roteiro, vimos que a escola não é isolada. Ela é um segmento da comunidade na qual está inserida. Sendo assim, deve secon�gurar a partir dela. Para Morin (2000, p. 40), Efetuaram-se progressos gigantescos nos conhecimentos no âmbito das especializações disciplinares, durante o século XX. Porém estes progressos estão dispersos, desunidos, devido justamente à especialização que muitas vezes fragmenta os contextos, as globalidades e as complexidades. Por isso, enormes obstáculos somam-se para impedir o exercício do conhecimento pertinente no próprio seio de nossos sistemas de ensino. LIVRO Políticas públicas e educação Autor: Caroline C. N. Lima Editora: Grupo A Ano: 2019 Comentário: a obra aborda as diferentes concepções e matrizes teóricas jurídico-normativas e dialéticas. O texto apresenta, de maneira didática e de fácil compreensão, análises do contexto da prática política em educação no cotidiano escolar. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Laureate. É necessária uma educação que supere a barbárie da sociedade, construindo valores que sejam universais, assim, formando pessoas (cidadãos) que sejam solidárias, cooperativas e, ainda, criativas. O processo de evitação da educação como �m democrático é exaustivo. É necessário formar grupos dispostos a estudar, trabalhar e atuar coletivamente e em cooperação pelos mesmos objetivos. Não há como dissociar a educação (escola) das demais instituições sociais. Sendo assim, a escola constitui-se a partir do entroncamento com a sociedade: família, cultura, mundo do trabalho e as demais diversas visões. A educação faz parte de uma rede social, sendo o coração da comunidade em que está inserida. Com base em Guerra et al. (2008, p. 67), “as redes não se expressam apenas pela relação entre atores, mas constituem um projeto especí�co e coletivo, sendo necessário que os interessados estabeleçam vínculos e interconectam ações”, ou seja, condição para que seja possível um compromisso com o grupo e pela causa escolhida por todos. As comunidades escolares buscam a formação integral de seus estudantes. Sendo assim, devem se pautar, principalmente, na busca de uma convivência sadia entre as diversas culturas, mediante um pacto ou consenso primordial, em um processo de autorregulação que, no plano humano, manifesta-se no fenômeno da gestão democrática. A educação aparece como ativa quando existe uma identidade populacional crítica e que conviva com as diferenças do outro, respeitando o multiculturalismo existente. Ainda, precisa se pautar na conectividade, “que reforça os laços de relacionamento sem afetar a autonomia; a circulação imediata e a livre comunicação de informações são fatores estruturantes da rede” (GUERRA et al., 2008, p. 123). Pode-se considerar que as instituições escolares se constituem a partir das características da comunidade em que estão inseridas, criando uma rede de conhecimento e cultura. Assim, é possível fazer educação de acordo com essa realidade, atribuindo-lhe sentido perante os estudantes. Conclusão Neste roteiro, pudemos analisar a importância da escola na formação cidadã dos estudantes, além de veri�car a relação escola-sociedade. A escola não é isolada dos fenômenos cotidianos, sendo um espaço de re�exão e transformação social. Compreendemos a escola enquanto fenômeno sociológico, além de analisar os principais índices sociais brasileiros e sua in�uência escolar. É necessário re�etir sobre os temas abordados para, de fato, atuar como pro�ssionais que prezam o bem-estar social dos sujeitos. A mudança em prol da melhoria social inicia quando assumimos esse compromisso diante do outro. O cotidiano escolar apresenta inúmeros desa�os, e cabe ao educador garantir uma educação efetiva aos problemas sociais. Referências Bibliográ�cas LIVRO Comunidades de Aprendizagem e Estratégias Pedagógicas Autor: Giovanni Cirino Editora: Cengage Learning Brasil Ano: 2015 Comentário: o autor visa analisar a comunidade virtual de aprendizagem e interatividade, unindo as relações de ensino e aprendizagem colaborativas e cooperativas. A obra apresenta os processos de aprendizagem enquanto resultados de relações sociais on-line. Esse título está disponível na Minha Biblioteca Laureate. BRASIL. Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8313cons.htm. Acesso em: 17 set. 2020. BRASIL. Violência contra crianças e adolescentes: análise de cenários e propostas de políticas públicas. Brasília: Ministério dos Direitos Humanos, 2018. 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