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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DISCIPLINA: BIOÉTICA(D2) DOCENTE: ROGÉRIO DUBOSSELARD ZIMMERMANN DISCENTE: LETÍCIA KARINY TELES DEUSDARÁ A obra cinematográfica “Cobaias” aborda a temática do contágio da doença sífilis em negros nos EUA. A priori, o programa responsável por esse estudo destinava-se a tratar pessoas que contraíram a doença em um local habitado majoritariamente por indivíduos da raça negra. No entanto, por problemas no âmbito político-econômico, o programa é encerrado por falta de financiamento. Em sequência, é proposto por parte do governo que o programa de tratamento seja transformado em um estudo da evolução de sífilis não tratada em individuos negros. Ademais, ocorre a manipulação dos indivíduos e estes são persuadidos pela proposição de que após a realização do estudo os “voluntários” teriam prioridade no tratamento da enfermidade. Na tentativa de amenizar a forma cruel em que o estudo é realizado, o governo paga os “voluntários a cobaias" e oferta um certificado de gratificação aos indivíduos participantes do estudo. Essa atitude tem o objetivo de esconder o fato de que a pesquisa é realizada de forma antiética e fazer parecer que os indivíduos eram esclarecidos com as informações necessárias quanto aos riscos pertinentes e ao real objetivo do estudo. Tal forma de persuasão viola o princípio de autonomia em que os indivíduos devem ser capazes de deliberar sobre suas escolhas pessoais, além de terem o direito de serem tratados com respeito pela sua capacidade de decisão. Consoante a isso, no estudo, a taxa de morte dos participantes foi maior que a taxa de sobrevivência. Nesse sentido, tendo em vista o resultado dos experimentos e a forma como os pacientes voluntários do estudo eram tratados, é possível abordar questões bioéticas quanto à pesquisa com seres humanos, o uso destes como cobaias e a desigualdade e preconceito racial entre brancos e negros como fator de vulnerabilidade dos indivíduos de pesquisa. A obra também explicita o racismo e a indiferença e falta de empatia com a população negra. O viés racista característico da época em que a história é contada destaca-se novamente na crueldade de não fornecer tratamento e cuidado aos membros da pesquisa na tentativa de comprovar que não há diferença no funcionamento do corpo entre negros e brancos. Dessa forma, é violado o princípio da justiça, o qual “estabelece como condição fundamental a equidade: obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e adequado, de dar a cada um o que lhe é devido”. Destarte, mediante aos fatos supracitados, o filme também nos faz questionar até onde uma pesquisa de cunho científico deve se sobrepor aos direitos individuais e ao respeito com a pessoa humana. Tais formas de experimentos com humanos também violam os princípios bioéticos de beneficência e não maleficência, já que são infligidos danos deliberados aos indivíduos, resultando em sofrimento e morte destes.
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