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pratica de encino documentos e tecnologias aplicadas ao encino de historia

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Prévia do material em texto

PRÁTICA DE ENSINO: 
DOCUMENTOS E 
TECNOLOGIAS 
APLICADAS AO 
ENSINO DE HISTÓRIA
Professora Me. Veroni Friedrich
Professora Me. Karla Katherine de Souza Seule
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; FRIEDRICH, Veroni; SEULE, Karla Katherine de Souza. 
 
 Prática de ensino: documentos e tecnologias aplicadas ao 
ensino de História. Veroni Friedrich; Karla Katherine de Souza 
Seule . 
 Reimpressão - 2019
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 212 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Textuais 2. Literatura. 3. Ensino 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0337-6
 CDD - 22 ed. 900
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Giovana Costa Alfredo
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Priscilla Campiolo Manesco
Design Educacional
Yasminn Zagonel
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Humberto Garcia da Silva
Qualidade Textual
Hellyery Agda
Daniela Ferreira dos Santos
Ilustração
Humberto Garcia da Silva
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
A
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TO
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A
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Professora Me. Veroni Friedrich
Graduação em História, especialização no campo das Religiões e 
Religiosidades e mestrado na linha de pesquisa “Bens Culturais, Fronteiras e 
Populações”. É docente da Educação Básica do Estado do Paraná. Ademais 
integra o corpo de docentes do curso de licenciatura em História do Centro 
Universitário Cesumar – Unicesumar.
Link: http://lattes.cnpq.br/9372802268982053
Professora Me. Karla Katherine de Souza Seule
Graduação em História, especialista e mestre na área Brasil Colônia. Atua 
como docente da Educação Básica. É parte também do quadro de professores 
do curso de licenciatura em História do Centro Universitário Cesumar – 
Unicesumar.
Link: http://lattes.cnpq.br/7747313264755696
SEJA BEM-VINDO(A)!
Prezado(a) leitor(a) e acadêmico(a) do curso de graduação em História da Unicesumar, 
este livro, que agora chega até você, é de autoria de Veroni Friedrich e de Karla K. Seule. 
É com muita satisfação que lhe oferecemos e convidamos à leitura da presente obra, a 
qual se faz nominada “Prática de ensino: documentos e tecnologias aplicadas ao en-
sino de História”. A mesma atende aos pressupostos e exigências que compreendem 
uma adequada formação dos graduandos do curso superior em História. 
Entre os objetivos que nortearam a composição desta obra, o primeiro deles diz respeito 
ao nosso desejo de lhe oferecer esclarecimentos sobre o uso das fontes históricas no que 
concerne ao ensino da disciplina História, e, ainda que em menor medida, no que tange 
ao campo da pesquisa histórica. Abordar a relação entre História e Documentos dentro 
dessa dupla perspectiva, ou em função dessas duas atuações, faz-se fundamental. 
Observamos que o historiador que corretamente compreende o uso dos documentos 
na investigação e na elaboração de uma narrativa científica da Ciência História, então, 
adquire ferramentas e referenciais metodológicos adequados para o seu uso em sala de 
aula. Certamente que em sua prática pedagógica não os tomará como ilustrações ou 
enquanto registro de um real que na História efetivamente não existe sem que o histo-
riador o problematize e o construa. 
O segundo objetivo é relacionado ao desejo de lhe oportunizar entendimentos em tor-
no do emprego das tecnologias atuais no campo historiográfico, especialmente no que 
diz respeito à docência em História. Ambicionamos considerar aspectos básicos da re-
lação entre as tecnologias e o ensino detal disciplina. Essa discussão, considerando a 
grande inserção das tecnologias no âmbito da educação atual, faz-se absolutamente 
necessária. 
Atendendo a tais finalidades, na unidade I, intitulada “SOBRE HISTÓRIA E DOCUMEN-
TOS” realizamos uma discussão em torno da estreita e indispensável associação entre 
o campo historiográfico e as fontes históricas. Trata-se de um texto que considera as 
distinções entre os fatos históricos e a configuração da História enquanto um campo 
do saber. Nesse processo, o mesmo aborda a indispensável e absoluta ligação entre tal 
Ciência e os documentos de natureza histórica. 
Na sequência, na unidade II, que é intitulada “AS FONTES TEXTUAIS E SEUS USOS NO 
ENSINO DE HISTÓRIA” apresentamos a historicidade do Documento Histórico, trata-
mos do surgimento do mesmo frente à constituição da História enquanto uma Ciência. 
Na continuidade do texto, trazemos considerações sobre o emprego de várias fontes 
textuais (oficiais ou não) no que concerne à produção e docência em História. Neste 
debate, pontuamos as possibilidades de uso dos mesmos e os cuidados metodológicos 
que se fazem necessários para tais empregos. 
Por sua vez, na unidade III, intitulada “LITERATURA, CINEMA E MÚSICA NO ENSINO DE 
HISTÓRIA”, o leitor(a) encontrará um texto que versa sobre as possibilidades de uso de 
biografias, livros de cunho histórico, filmes e canções no âmbito da docência e apren-
APRESENTAÇÃO
PRÁTICA DE ENSINO: DOCUMENTOS E TECNOLOGIAS 
APLICADAS AO ENSINO DE HISTÓRIA
dizagem desse campo do saber. Além de pontuar as possibilidades de utilização 
de tais fontes em relação aos mais diversos temas da grade curricular em História, 
apresentamos aspectos metodológicos de tal emprego. 
Na unidade IV, nominada “IMAGENS, ORALIDADE, JORNAIS E PATRIMÔNIOS 
CULTURAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA”, avaliamos as potencialidades de inserção 
das fontes imagéticas, orais e jornalísticas no cotidiano das aulas de História. Ade-
mais e em uma compreensão de que tudo pode ser fonte para o campo historiográ-
fico, consideramos a utilização da cultura material, expressas pelos Bens Culturais, 
para o processo de ensino e aprendizagem de nossa Ciência. O tratamento metodo-
lógico de toda essa tipologia documental também é uma preocupação da narrativa 
exposta em tal capítulo. 
E, por fim, na unidade V, nominada “O ENSINO DE HISTÓRIA E O EMPREGO DAS 
TECNOLOGIAS ATUAIS”, duas questões são abordadas. Tratamos da importância 
do emprego dos recursos tecnológicos contemporâneos na docência em História, 
bem como indicamos algumas perspectivas de isso se fazer. Considerando o nosso 
presente que se faz tão marcado pela utilização das mais distintas ferramentas tec-
nológicas, então, tal discussão, em um livro que versa sobre questões pertinentes ao 
ensino de História, não poderia deixar de ser feita. 
Caro(a) graduando(a), julgamos ser necessário frisar que nenhum autor e obra fina-
lizam um assunto ou temática. O saber, como não poderia deixar de ser, sempre se 
faz parcial e precisa ser ampliado por novas pesquisas e produções. Assim, qualquer 
conhecimento expresso em um livro tem limites de abrangência. Todavia, nestas 
páginas, consideramos estar lhe oportunizando um conhecimento significativo e 
pertinente no que concerne ao entendimento das relações entre História, Docu-
mentos, Tecnologias e Docência. 
Tendo ditas tais palavras, convidamos-lhes à leitura e análise dos assuntos e ques-
tões pontuadas ao longo dessa obra. Fica o desejo de que essa lhe seja compreensí-
vel, agradável e de contribuições à sua formação enquanto profissional que leciona 
e produz a Ciência História. 
Prof.ª Veroni e Prof.ª Karla.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
SOBRE HISTÓRIA E DOCUMENTOS
15 Introdução 
16 Do Que é A Ciência História 
19 História, Historiadores e Documentos 
21 A Historicidade da Ciência História e a Definição do Conceito 
“Documentos Históricos”
27 Aspectos Básicos do uso dos Documentos Históricos 
34 Considerações Finais 
41 Referências 
42 Gabarito 
UNIDADE II
AS FONTES TEXTUAIS E SEUS USOS NO ENSINO DE HISTÓRIA
45 Introdução 
46 Sobre os Documentos Textuais Oficiais e a Docência em História 
58 Sobre as Fontes Textuais não Oficiais e seus usos em Sala de Aula 
76 Considerações Finais: 
83 Referências 
84 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
LITERATURA, CINEMA E MÚSICA NO ENSINO DE HISTÓRIA
87 Introdução 
88 Literatura no Ensino de História 
99 O Cinema nas Aulas de História: 
Algumas Possibilidades de uso
107 Músicas e Docência em História 
124 Considerações Finais 
131 Referências 
132 Gabarito 
UNIDADE IV
IMAGENS, JORNAIS, FONTES ORAIS E PATRIMÔNIOS CULTURAIS NO 
COTIDIANO DO ENSINO DE HISTÓRIA
135 Introdução 
136 Aulas de História e o Emprego de Imagens: 
Algumas Possibilidades
144 Ensinando História por Meio da Fonte Oral 
149 O Documento Jornalístico na Aprendizagem em História 
160 Os Patrimônios Culturais Como Fonte Para o Ensino e Aprendizagem em 
História
169 Considerações Finais 
175 Referências 
176 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
O ENSINO DE HISTÓRIA E O EMPREGO DAS TECNOLOGIAS ATUAIS
179 Introdução
180 A Sociedade da Informação e Seus Reflexos na Educação 
187 Debates em Torno das Possibilidades do Uso das Tic’s no Ensino de História 
192 Alguns Exemplos de Emprego das Tics no Ensino de História 
198 Considerações Finais 
203 CONCLUSÃO 
205 REFERÊNCIAS 
212 GABARITO 
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Professora Me. Veroni Friedrich
SOBRE HISTÓRIA E 
DOCUMENTOS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Estabelecer aspectos que configuram a essência da Ciência História.
 ■ Pontuar a historicidade das interpretações e definições do conceito 
“Documento Histórico”.
 ■ Abordar aspectos do uso das fontes históricas na produção e 
docência em História. 
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Do que é a Ciência História
 ■ História, Historiador e Documentos
 ■ A historicidade da Ciência História e a definição do conceito 
“Documentos Históricos”
 ■ Aspectos básicos do uso dos Documentos Históricos
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), neste momento, iniciamos a primeira unidade do nosso 
livro. Essa é intitulada “SOBRE HISTÓRIA E DOCUMENTOS”. Nas pági-
nas que seguem, nós focaremos dois assuntos que não podem deixar de ser do 
domínio dos profissionais historiadores. Os mesmos precisam ser compreendi-
dos por tais profissionais.
A primeira questão a ser abordada diz respeito ao que é, ou ainda, em que 
se configura a Ciência História. A segunda versa sobre a estreita e imprescindí-
vel relação entre tal área do conhecimento científico e o mundo dos documentos 
ou fontes históricas.
No que diz respeito ao que é a Ciência Histórica, então, nossas pretensões 
são a de tecermos apontamentos que lhes sirvam como entendimentos acerca 
dos aspectos básicos e constitutivos dessa área do saber. Falaremos da essência 
do campo historiográfico.
E, por sua vez, sobre a questão documental, as nossas pontuações e análises 
serão voltadas a esclarecer como as fontes historiográficas se fazem fundamentais 
ao saber histórico. No caso no que tange à sua produção e mais especificamente 
e, especialmente, no âmbito da docência em História.
E em função de desejarmos ampliar a discussão desses dois pontos centrais, 
então, nós também trataremos dos muitos e distintos tipos de documentos his-
tóricos que atualmente estão em uso e se fazem aceitos no campo historiográfico 
e, igualmente, para aplicação no âmbito do processo de ensino e aprendizagem 
dessa área do saber.
Ressalta-se também que tratar das relações entre a Ciência História e os 
documentos, apresentar a variação dos mesmos, bem como considerar os pro-
cedimentos metodológicos necessários ao uso desses no campo historiográfico é 
questão fundamental e indispensável à boa execução da profissão de historiador, 
pois se trata de um exercício absolutamente útil para que o ensino da disciplina 
História seja devidamenteministrado.
Feitas tais considerações, convidamos-lhe a nos acompanhar, a prosseguir na 
leitura das páginas que seguem e que compreendem essa primeira unidade do livro.
Introdução
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SOBRE HISTÓRIA E DOCUMENTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
DO QUE É A CIÊNCIA HISTÓRIA
Prezado(a) graduando(a), como você bem sabe e em que pese o fato da histori-
cidade humana ser recente em relação ao tempo cronológico do Universo e de 
nosso Planeta (COOK, 2005), diversos e impactantes acontecimentos configu-
ram e compõem aquilo que entendemos como sendo a nossa trajetória histórica.
Mitos e religiões com a finalidade de explicar ou racionalizar o real, o sobre-
natural ou o transcendente foram formulados e inventados pelos indivíduos e 
sociedades. A técnica de produção do fogo tornou-se conhecida, dominada e 
praticada. A fertilidade do solo se fez compreendida e assim os homens pude-
ram abandonar a condição de nômades, tornaram-se sedentários e fundaram as 
primeiras sociedades agrícolas (COOK, 2005).
A humanidade deu significativos passos culturais ao elaborar e inventar um 
sistema de escrita. O excesso de produção e, também, a falta de dados bens e ali-
mentos estimulou a invenção das trocas e depois do comércio. Vilas e na sequência 
cidades se fizeram a partir de agrupamentos humanos. O Estado foi criado para 
organizar os interesses coletivos. Reinos e impérios se fizeram (COOK, 2005).
As narrativas mitológicas gradualmente cederam espaços para a aplica-
ção do princípio da Razão. Surgiu a Filosofia com Sócrates, Platão e Aristóteles 
(HAMLYN, 1990). Alguns séculos adiante, Jesus, o “Cristo”, nasceu. Mais do que 
isso! Ele influenciou a fundação de uma nova Era no Ocidente. O Cristianismo 
foi estabelecido, encontrou meios de se sobrepor ao judaísmo e no contexto 
de crise do paganismo romano, então, esse se tornou uma religião de Estado 
(JOHNSON, 2001).
Os povos bárbaros saquearam e conquistaram o Império Romano. A par-
tir da cultura cristã a sociedade das Três Ordens foi estabelecida e legitimada. 
Por aproximadamente mil anos a ótica cristã em muito organizou a vida polí-
tica, econômica, cultural e social do Ocidente medieval. A fé se fez maior e se 
sobrepôs à razão. Esse princípio, em boa medida, ordenou e definiu as práticas 
dos medievos. Nessa mesma temporalidade histórica aconteceram as Cruzadas 
e adiante a Peste Negra (LE GOFF, 2008).
No avançar dos séculos e já no período Moderno configurou-se o Humanismo, 
a Reforma Protestante, a Inquisição Católica e o processo de Expansão Marítima. 
do que é a ciência história
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1717
O Mundo Contemporâneo conheceu o Iluminismo, a Revolução Francesa, a 
Independência das Colônias americanas e a Revolução Industrial (HOBSBAWM, 
1991). Também se configuraram a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa 
e a Segunda Guerra Mundial. Mais adiante foi formulado um contexto para uma 
Guerra Fria polarizada por EUA e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 
- URSS (HOBSBAWM, 2000). Recentemente, assistimos ao episódio “11 de 
Setembro” e a chamada “Primavera dos Povos Árabes”.
Veja, caro(a) leitor(a), que muitos são os acontecimentos que delinearam ou 
formataram a trajetória histórica do Ocidente, historicidade essa que é também a 
nossa. E por qual motivo os citamos? O fizemos em função dos propósitos para 
essa unidade. Procedemos assim para agora lançarmos uma indagação, que é 
a seguinte: poderíamos dizer que estaria na ocorrência desses significativos e 
impactantes eventos históricos citados - ou mesmo em outros que podería-
mos ter usado como exemplo - a “Ciência Histórica”?
Diante dos eventos listados acima, igualmente entendemos como oportuno 
lhe indagar: o simples saber sobre a configuração de tais acontecimentos his-
tóricos, por mim, por você e pela sociedade, constituiria um conhecimento 
histórico? Estarmos cientes de tais acontecimentos nos faz detentores de um 
conhecimento histórico?
Em resposta, temos a lhe dizer que NÃO. Vamos relembrar o que você já 
aprendeu em outras disciplinas e que é premissa básica de nosso campo de atu-
ação. Ocorre que a Ciência História é uma elaboração muito mais ampla, de 
alcance maior e mais abrangente do que o evento ou o fato histórico em si. Tal 
como dito por Veyne (1995), essa ultrapassa em muito a condição de mera infor-
mação sobre os episódios históricos. A Ciência História, diz ele, constitui- se em 
uma explicação científica sobre o passado.
Para tal discussão faz-se importante relembrarmos premissas no que tange às 
diferenciações existentes entre os conceitos Fatos Históricos e Ciência História. 
Chamamos de Fatos Históricos aos acontecimentos que se fazem causado-
res de transformações no cotidiano e vivências dos indivíduos e sociedades. 
Acrescenta-se que empregamos tal conceito para referirmo-nos ao conjunto de 
eventos que se constituem em muito mais do que ocorrências não causadoras 
de alterações na ordem social (FRIEDRICH, 2014).
SOBRE HISTÓRIA E DOCUMENTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Ao definir o conceito Fatos Históricos, o historiador Priori (2010) observa 
que esses são todos aqueles episódios que se fazem capazes de gerar novos orde-
namentos de ordem política, econômica, social, religiosa e cultural. São também, 
acrescenta ele, o conjunto de acontecimentos que solidificam novas formas de 
percepção da realidade, bem como outras práticas sociais.
E, por sua vez, ao que é que nominamos Ciência História? Qual o significado de 
tal expressão? Expliquemos também esse ponto! Tal conceito é aplicado para definir 
um campo do saber, da grande área das Ciências Humanas, direcionado à compre-
ensão da historicidade de indivíduos e grupos sociais em diferentes temporalidades, 
espaços e no que diz respeito aos mais variados âmbitos da nossa historicidade.
Uma consulta à literatura também se faz útil para uma retomada no entendi-
mento do conceito Ciência História. Comecemos pelas observações de Jorn Rusen. 
Tal autor destaca a importância de tal campo do conhecimento ao dizer que um 
evento de relevância na trajetória histórica de uma dada sociedade quando se faz 
sem o acompanhamento de um olhar analítico e interpretativo, então, esse “não 
passa de material bruto, um fragmento de fatos mortos” (RUSEN, 2001, p. 68). 
Analisando suas considerações, conclui-se que a Ciência História se faz 
absolutamente necessária, posto que essa é justamente mais do que uma sim-
ples narrativa ou contar sobre o passado, antes a mesma se faz uma análise que 
resulta na produção de conhecimento sobre as distintas ações humanas nos mais 
diversos âmbitos e temporalidades.
Burke (2012) pondera que a Ciência História, uma vez que apoiada em refe-
renciais teóricos e metodológicos no trato com as fontes, é também uma narrativa 
científica direcionada a produzir conhecimentos em torno daquilo que os homens 
já foram ou fizeram ao longo do processo de se fazerem humanos.
Caro(a) leitor(a), ditas tais palavras, proferidas no intuito de relembrar a 
você o que é a Ciência Histórica e o quanto ela se difere do acontecimento ou 
evento histórico, cremos que podemos avançar. E no caso, discutindo a seguir 
sobre as relações entre a História, Historiadores e os Documentos Históricos.
Essa discussão será extremamente válida. Lembrando que o objetivo desta 
unidade é justamente considerar o papel fundamental das Fontes Históricas 
na nossa Ciência, a História. Ao fazermos isso, cremos estar também lhe ofere-
cendo instrumentos para pensar o papel das mesmas na docência em História. 
História, Historiadores e Documentos
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HISTÓRIA, HISTORIADORES E DOCUMENTOS
Vamos iniciar esse tópico chamando sua atenção para um entendimento bastante 
compreensível e aceito entre aqueles que são profissionais da Ciência História. 
Esse princípio é o de que os mortos morrem duas vezes diante da ausência dos 
historiadores ou da Ciência Histórica. 
Morrem enquanto curso normal da vida, mas se fazem também mortos 
quando uma interpretação e análise em torno do passado e mais próxima pos-
sível do real não é tecida. Morrem quando uma narrativa histórica frágil, que 
não é a dos bons historiadores, insiste em dizer que o passado se fez de uma 
forma que efetivamente não se faz condizente com o ocorrido. Morrem quando 
cores estranhas são dadas aos atos de indivíduos e grupos sociais, quando moti-
vações e ações lhes são indevidamente atribuídas. Morrem quando memórias 
nada correspondentes ao real são constituídas e prevalecem. E, por fim, morrem 
também quando o passado é distorcido em função de militâncias, anacronismos 
e demandas do tempo presente que insistem, a título de se fazerem aceitas, em 
estabelecer versões pouco condizentes com o real.
Caro(a) acadêmico(a), ao apontar tal problemática e com a reflexão que ela 
pode lhe ensejar, queremos enfatizar a importância do historiador na interpreta-
ção do passado, mais do que isso, nós desejamos também indicar a necessidade 
de uma escrita histórica produzida por tal profissional e pautada imprescindi-
velmente no uso dos documentos históricos.
É certo que as pessoas são livres para narrar o passado, para produzirem 
sentidos sobre o mesmo. Contudo, em que seja válido o direito de todos cons-
truírem entendimentos e memórias sobre aqueles que já se foram e acerca de 
contextos e situações históricas que outrora existiram, é o profissional historia-
dor que se faz incumbido de construir a Ciência História.
E por que o somos? Isso tem a ver com a nossa capacidade de lidar com os 
documentos históricos, com o preparo que possuímos para sondar, interpretar e 
narrar o passado que se faz conhecido nas fontes históricas. O historiador é o pro-
fissional que possui saberes e competências teóricas e metodológicas para uma 
sondagem e interpretação das ações humanas, essas protagonizadas em tantos 
âmbitos, espaços e temporalidades, e, expressas nas chamadas Fontes Históricas.
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A literatura também sinaliza entendimentos que nos ampara em tais asser-
ções. Priori (2010) observa que somos nós os profissionais capacitados para lidar 
com o passado, para a sua racionalização. Vejamos suas palavras:
O historiador é o profissional que tem formação teórico-metodológica 
para passar a limpo o passado. Portanto, o historiador deve lançar so-
bre o passado um olhar racional para compreendê-lo e explicá-lo. Só 
o conhecimento elaborado desse passado, nas condições empíricas e 
lógicas faz com que esse passado se torne história (p. 16).
Contudo é bom que saibamos que essa não se faz uma tarefa fácil. Não é sim-
ples a nossa função em torno da produção e docência da Ciência História. E por 
qual motivo não o é? A Ciência Histórica, caro(a) acadêmico(a) é uma área do 
conhecimento que - diferentemente das outras – estuda a si mesma.
A medicina avalia o funcionamento do corpo humano. A química observa 
fórmulas, elementos e compostos. A física tem como foco os fenômenos da 
natureza. A biologia observa os distintos seres vivos. A geografia articula uma 
compreensão da escrita da Terra, do seu curso natural e daquele que é resultado 
do agenciamento ou interferência humana (FRIEDRICH, 2015).
Em síntese, se você analisar concluirá que todas essas Ciências possuem um 
objeto de estudo que lhes é externo. Entretanto, e de forma contrária, a História 
toma a si própria como assunto de investigação, reflexão e explicação. O campo 
do conhecimento histórico tem como alvo o agir dos indivíduos e sociedades ao 
longo do tempo, portanto, o seu foco ou objeto está naquilo que não mais existe, 
ou ainda, naquilo que não pode ser mais observado de forma direta, pois é parte 
do passado, não se faz presente. Essa é a sua grande problemática (NORA, 1993)1.
E, por sua vez, essa constatação ou afirmação nos direciona obrigatoria-
mente ao âmbito dos Documentos históricos e, especialmente, leva-nos para 
uma compreensão sobre as razões das prerrogativas dos historiadores na lida 
com a História. Observa-se que tal condição nos possibilita compreender os 
motivos pelos quais esses profissionais se fazem necessários para uma interpre-
tação sobre o passado.
Acontece que diante de um passado que não se faz diretamente observável, 
então, é da associação entre historiadores e fontes históricas que as ações huma-
nas - situadas em tantos tempos, espaços e âmbitos - podem ser conhecidas, 
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interpretadas e racionalizadas com vistas a servirem em maior ou menor grau 
ao tempo presente.
Política, economia, cultura, religiões, religiosidades, comportamentos, hábitos 
e tudo o mais que diz respeito ao homem e sociedades se fazem compreensíveis 
pela aproximação entre historiadores e documentos históricos. Daí esses serem 
fundamentais para o conhecimento histórico produzido no campo da pesquisa 
e, igualmente, essenciais para o exercício sério e ético da disciplina História.
Entendidos tais pontos e uma vez que você já compreende o papel das fon-
tes para a produção do conhecimento histórico, conversemos agora sobre quais 
são os Documentos Históricos do Historiador. Vejamos sobre a documenta-
ção que lhe é útil no processo de produção e docência em História. Esse passa a 
ser o nosso próximo assunto.
A HISTORICIDADE DA CIÊNCIA HISTÓRIA E A 
DEFINIÇÃO DO CONCEITO “DOCUMENTOS 
HISTÓRICOS”
Caro(a) acadêmico(a), aqui, nós trataremos dos Documentos históricos dos 
historiadores. Para tratarmos de tal ponto faremos agora um rápido regresso 
na historicidade da Ciência História. E o que fazemos dado ao fato de abordar 
tal questão de forma mais satisfatória e completa é algo que demanda um lan-
çamento de olhares, ainda que de forma breve, para aspectos da trajetória de 
constituição de nossa Ciência. 
É percorrendo esse caminho de busca pelo conhecimento sobre a histo-
ricidade de tal campo do saber que você entenderá o que é na atualidade o 
conceito de “Fonte/Documento Histórico”. Com tal discussão lhe será possí-
vel compreender questões pertinentes ao uso adequado das fontes históricas. 
Tarefa imprescindível de ser cumprida pelos historiadores em seus ofícios. 
Vamos a isso! 
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No mundo ocidental, a História enquanto uma Ciência surgiu no século XIX. 
E foi a partir de aproximações ideológicas e políticas com a filosofia Positivista. 
A partir de tais afinidades o campo histórico foi arquitetado e desenvolvido tam-
bém dentro da finalidade de constituir histórias, memórias e identidades que 
servissem à criação dos conceitos: sociedade, povo, nação e governo, bem como 
no sentido de ser uma área do saber útil para o processo de fortalecimento dos 
chamados Estados Nacionais (DOSSE, 2003).
Interessava e era foco da Ciência História e dos historiadores de influência 
positivista, a exaltação da nação, dos heróis e das instituições que então estavam 
sendo criadas para dar suporte político/ideológico e delineamento aos Estados 
Nacionalistas. Dentro de tal lógica, buscou-se a constituição, a construção e dis-
seminação de narrativas históricas políticas que motivassem e congregassem 
cidadãos em prol de uma causa única, umacausa da nação. Histórias, identida-
des, memórias e narrativas que destoassem dos rumos que se pretendia para a 
construção da Nação, então, eram desprezadas (DOSSE, 2003).
Por sua vez, esse entendimento das funções políticas da Ciência História ou 
a aliança desta com a consolidação de um ideal de nação, culminou em um 
O Positivismo define-se, enquanto, uma corrente filosófica que surgiu na 
França em princípios do século XIX. Entre seus principais fundadores temos 
os personagens Augusto Comte e John Stuart Mill. Na segunda metade do 
século XIX e no avançar do XX essa corrente ganhou notoriedade na França. 
Um dos princípios básicos do Positivismo era a crença na Ciência enquanto 
fator de progresso e desenvolvimento dos povos. Para tanto defendia go-
vernos fortes, centralizados e que instaurassem uma ordem social que fosse 
conivente com a busca do progresso evolutivo das nações. Seguindo esses 
princípios as mesmas alcançariam um estágio de desenvolvimento mais sa-
tisfatório. Aos que desejarem saber mais sobre o Positivismo indicamos a 
referência de Ribeiro Júnior (1996). 
Fonte: Ribeiro Júnior (1996).
Definição do Conceito “Documentos Históricos”
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processo de definição de Documentos. E, por sua vez, esse determinou que fos-
sem reconhecidos a tal categoria apenas aqueles registros históricos que fizessem 
referência aos grandes sujeitos da nação, ou ainda, que testemunhassem aos 
fatos históricos dados como exemplares e relevantes para a formação e con-
tinuidade da nação, isto em uma marcha progressiva. Tais registros, esses que 
serviam a essa concepção histórica, foram encontrados entre os Documentos 
Oficiais (ZANIRATO, 2011).
Outros registros que trouxessem variações das ações sociais, que evi-
denciassem oposições políticas, que evocassem memórias destoantes e que 
se contrapusessem aos rumos políticos que se projetavam para os chamados 
Estados Nacionais, esses, então, não foram dados como documentos históricos. 
Os mesmos não interessavam, pois não eram vistos como úteis para a narrativa 
histórica, não para aquela que se desejava produzir em sintonia com os ideais 
políticos dos Estados Nacionais (ZANIRATO, 2011).
Amparando-nos ao historiador Le Goff (1992), cremos ser correto afirmar 
que nos primórdios da constituição da Ciência História somente foram dados 
como registros ou Documentos Históricos aqueles que se faziam também monu-
mentos, no caso, de ordem ou natureza política. Ou seja, apenas aqueles que 
servissem para monumentalizar e comprovar o êxito dos Estados Nacionais, 
ou ainda, que fossem úteis para criar um sentimento de pertencimento e iden-
tidade do povo com o país. Seriam Documentos Históricos e Oficiais aqueles 
que testemunhassem a ideia de uma sociedade homogênea, uniforme, única e 
rumo ao progresso.
Contudo, as Ciências têm a sua historicidade. Os paradigmas de qual-
quer campo do saber são alterados conforme os contextos e as demandas do 
tempo presente. No final do século XIX, a ideia de um progresso linear da 
humanidade entrou em questionamento. O desenvolvimento acentuado do 
sistema capitalista no Ocidente e, especialmente, as suas contradições e des-
dobramentos para as relações entre segmentos produtivos, implicariam em 
alterações nos paradigmas que então regiam a feitura da Ciência História. 
Ficou mais evidente que a trajetória humana não poderia ser uma simples 
marcha em direção à evolução, como entendiam os historiadores simpati-
zantes ao Positivismo.
SOBRE HISTÓRIA E DOCUMENTOS
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Nesse contexto de questionamento da ordem social e econômica, ocasio-
nado por um pensar sobre aquilo que se entendia como contradições do sistema 
capitalista, desenvolveu-se o Marxismo. Esse trazia uma concepção materialista 
da História. Em acordo com os paradigmas marxistas a História ou a trajetória 
humana derivavam de um processo contínuo de lutas e embates de classes e não 
de uma marcha gradativa, linear e evolutiva. A história não seria, em hipótese 
alguma, uma simples convergência dos homens em direção ao progresso. Por 
sua vez, tal entendimento fragilizou a compreensão e a escrita histórica a partir 
da perspectiva positivista (MALERBA, 2011).
Apropriando-se das ideias e concepções marxistas, a Ciência Histórica e os 
historiadores desenvolveram um entendimento de que a historicidade humana 
era bastante variável, delineada em função de interesses divergentes e conflitan-
tes entre classes e, em especial, em torno das relações econômicas, das relações 
de poder, dos atritos entre capital e trabalho, dos confrontes entre os trabalhado-
res e os donos dos meios e bens de produção. Dessa forma, a narrativa histórica 
não mais deveria estar a serviço de uma pretensa ordem social hegemônica, livre 
de conflitos e progressista (MALERBA, 2011).
E, por sua vez, prezado(a) leitor(a), essas transformações conceituais em 
torno do que era a Ciência História e acerca de como a sua escrita deveria ser 
conduzida, então, provocaram renovações no conceito de Documento/Fonte 
Histórica. Os historiadores ao se aproximarem das concepções marxistas rom-
peram com o entendimento de que seriam suas Fontes e Documentos, para as 
respectivas investigações e narrativas históricas, somente os documentos ofi-
ciais evocadores dos grandes feitos e sujeitos históricos. Não mais seriam seus 
documentos apenas os registros oficiais criadores de versões que propagam uma 
marcha social linear, gradativa e evolutiva (ZANIRATO, 2011).
Deste modo relatos evocadores das relações de produção organizadas ao 
longo da história humana, dos tantos antagonismos e das lutas travadas ao longo 
de etapas e ciclos econômicos passaram a ser entendidos pelos historiadores 
enquanto fontes históricas. Estes, mediante a aproximação com os referenciais 
teóricos marxistas, iniciaram um processo de busca por documentos variados e 
que servissem para a construção de uma narrativa histórica mais próxima dos 
embates que marcavam as relações humanas, ou ainda, para a elaboração de 
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uma escrita mais próxima dos conflitos e divergências que certamente marca-
vam o modo como os homens produziam a sua existência, a sua historicidade 
(ZANIRATO, 2011).
Bem, mas não apenas o marxismo impactou a História da Ciência Histórica. 
Não foi somente essa corrente de pensamento econômico que mudou as rela-
ções entre os historiadores, a escrita da História e os Documentos. Em princípios 
do século XX, em meio ao caos da Primeira Guerra Mundial e à Queda da 
Bolsa de Valores de 1929 organizava-se a chamada Escola Histórica dos Annales 
(BARROS, 2012).
Surgida na França, enquanto uma revista historiográfica, os Annales congre-
gavam historiadores que partilhavam do entendimento de que a historicidade 
humana não se fazia apenas de embates no campo político, tal como entendiam 
os positivistas, nem apenas das relações econômicas, como queriam os marxis-
tas, mas a partir de todos os âmbitos da vida humana (BARROS, 2012).
Assim, enquanto os positivistas entenderam e delinearam uma escrita his-
tórica centrada nos rumos e feitos políticos dos grandes chefes e das nações, e, 
enquanto os marxistas compreendiam que a história era resultado quase que 
basicamente das relações econômicas e das lutas entre as classes, dos embates 
entre capital e trabalho, por sua vez, os historiadores dos Annales defendiam que 
a história era resultado de tantos âmbitos da existência humana: do político, do 
econômico, do cultural e do religioso.
O entendimento da historicidade humana demandaria também olhares para 
o campo das mentalidades. Ademais, os Annales defenderamque a História e 
sua escrita somente se faria possível pelo abarcamento dos distintos sujeitos his-
tóricos, pela compreensão das suas ações (ZANIRATO, 2011).
Tais concepções, caro(a) acadêmico(a), provocaram uma reviravolta para o 
campo da Ciência Histórica, melhor dizendo, para a sua produção. O entendi-
mento de que todos os sujeitos sociais e todos os âmbitos da vida em sociedade 
são objetos da mesma, então, exigiu e provocou uma revolução documental, 
fazendo com que tudo aquilo que registrasse as representações e práticas huma-
nas fosse dado como possível de se fazer “Documento Histórico”. E, por sua vez, 
sendo nós hoje herdeiros de uma historiografia ocidental e francesa atualmente 
concebemos como Documento histórico, uma grande variedade de registros.
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Consideramos no campo da História como fontes: a documentação 
textual oficial ou não, o diário de uma pessoa que tenha sido protagonista 
de um fato histórico, uma notícia de jornal, uma revista, uma música, uma 
fotografia, um cartoon, charges, filmes, os elementos da paisagem (edifica-
ções diversas e os ambientes naturais ou agenciados pelas mãos humanas), 
a Cultura Material (representada pelos mais diversos objetos que os homens 
criaram para a melhoria das suas condições de vida), as obras de Arte 
(quadros, esculturas e monumentos), os relatos orais, blogs, e-mails, redes 
sociais etc. 
Enfim e diante dos caminhos percorridos pela Ciência História, podemos 
afirmar sem nenhuma dúvida que na atualidade é Documento ou Fonte para 
a Ciência História tudo aquilo que é capaz de manifestar ou de dar a conhecer 
quem os homens são e por que se fazem desta ou daquela forma. E ditas tais 
palavras, avancemos em nossa unidade. Interessa-nos, agora, discorrer sobre 
questões metodológicas do uso dos documentos históricos.
“A história também está presente na arte, na literatura, nas lendas, nos diá-
rios de viajantes, na música, no teatro, no cinema, enfim, em todas as formas 
de expressão humana”.
Fonte: Rodrigues (2000, p. 05).
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ASPECTOS BÁSICOS DO USO DOS DOCUMENTOS 
HISTÓRICOS
Anteriormente, afirmamos o clássico princípio de que sem as Fontes Históricas 
não existe conhecimento histórico, ao menos, não aquele que nos moldes do 
realizado pelo profissional historiador. Que fique claro que sem o amparo dos 
documentos, o passado, ou melhor dizendo, as narrativas sobre ele não são muito 
mais do que achismos, suposições, inferências e, por vezes, também leviandades 
proferidas em função de interesses contemporâneos diversos.
Contudo, uma segunda verdade é a de que o Documento Histórico por si só 
também não é a História. Este sozinho e tomado de forma bruta não se faz uma 
análise ou uma interpretação racional do passado. Em razão dessas premissas, 
agora nos interessa dialogar com você sobre alguns aspectos metodológicos do 
uso das Fontes históricas pelos historiadores. Sem a pretensão de esgotarmos 
todas as questões que regem e são pertinentes a tal assunto, faremos algumas 
indicações acerca de como os historiadores devem lidar com as mesmas.
O primeiro apontamento que temos a fazer é ou diz respeito ao processo 
de seleção dos Documentos Históricos. Como cumprir tal procedimento? De 
que modo, podemos optar pelo uso desta ou daquela Fonte? Em tempos de tantas 
opções documentais e diante de tantos registros que possibilitam uma compre-
ensão das ações humanas, então, como o historiador deve proceder para realizar 
tal processo seletivo?
 A literatura no campo da História auxilia na compreensão desse assunto e 
no encontro de respostas para tais indagações. Diversos historiadores nos tra-
zem observações úteis acerca dos usos e seleção de Documentos, em especial, 
no que tange ao campo do ensino da disciplina História.
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Morelli (2011) observa que a definição do uso desta ou daquela categoria 
ou tipologia documental inevitavelmente deve estar em sintonia com os temas e 
recortes temáticos pertinentes ao trabalho do historiador. Os documentos pre-
cisam estar relacionados aos objetos com os quais esse se faz ou fará envolvido. 
Trata-se, segundo ele, do historiador optar por aquelas fontes que possam ser-
vir de referência para os problemas que elencou sondar, esclarecer ou explicar, 
pois a indevida seleção de fontes se faz um obstáculo à produção de novos sabe-
res históricos. Tal ato impossibilita, por exemplo, a objetividade que deve fazer 
parte da docência em História.
Abordando os fundamentos e os métodos de aplicação de documentos no 
ensino da disciplina História, Bittencourt (2004) apresenta entendimentos seme-
lhantes. Ela esclarece que o uso das Fontes Históricas precisa se fazer conectado 
com os recortes temáticos definidos para uma aula, bem como em conformi-
dade com os objetivos de aprendizagem elencados quando da decisão de abordar 
este ou aquele conteúdo.
Para tornar essa discussão mais clara, vamos a dois exemplos. Tomemos os 
mesmos como forma de ampliar o entendimento de tal questão. Imagine-se, 
por exemplo, discutindo com seus alunos do oitavo ano o tema “A Chegada de 
Cabral ao Brasil”. Pense que você quer abordar as visões dos europeus acerca 
dos indígenas e que deseja discutir com seus educandos sobre o quanto as auto-
ridades portuguesas foram equivocadas ao tomarem as tribos indígenas como 
sendo um povo único, homogêneo e pronto também para aceitar pacificamente 
o processo de colonização e evangelização indígena. 
Neste caso, prezado(a) graduando(a), você certamente teria muito sucesso 
se fizesse uso do documento “Carta de Pero Vaz de Caminha”. Trata-se de uma 
fonte que traz registros a respeito das primeiras representações dos povos euro-
peus sobre os nativos brasileiros. A mesma é dada como documento inicial da 
História do Brasil a partir da expansão marítima e da chegada dos portugueses 
em nossas terras.
Intencionalidades e projetos do governo português e seus agentes são descri-
tos em tal Fonte Histórica. Ademais, na mesma também constam informações 
variadas em torno das formas de ser e de viver dos povos indígenas, ainda, sobre 
o modo como os portugueses entenderam que foram vistos por tais populações. 
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Passemos ao segundo exemplo. 
Suponhamos que você está abordando o 
tema “Revolução Industrial”. Para abordar 
significativamente tal assunto, então, não 
será adequado que você deixe de dialogar 
com seus alunos sobre os desdobramen-
tos de tal fato e conjuntura histórica para 
o processo produtivo. Evidentemente que 
outros pontos podem e precisam ser obje-
tos de destaque de sua aula. A Revolução 
Industrial é uma temática que permite 
debates no campo dos seus desdobramentos 
para a política, economia, educação, cultura 
e mentalidades. Entretanto, as transforma-
ções que ela gerou no que concerne às relações entre capital e trabalho é 
um assunto obrigatório no tratamento de tal tema. Tal recorte temático 
precisa ser contemplado. 
E que fontes você, na condição de professor, poderia utilizar para 
uma abordagem de tal problemática? Como lhe seria possível, por meio 
das fontes históricas, estabelecer uma problematização objetiva sobre os 
impactos desse processo revolucionário no processo produtivo e na vida 
dos trabalhadores? 
Certamente que muitas seriam possíveis. Contudo, como nosso objetivo 
é apenas exemplificar e não esgotar o assunto, aqui, nós fazemos a indica-
ção do filme “TemposModernos”. Tal produção fílmica se faria em uma 
fonte muito pertinente para uma reflexão no que tange os desdobramentos 
da Revolução Industrial, bem como acerca das relações trabalhistas cons-
truídas a partir de tal contexto histórico. Representações e práticas sociais 
sobre trabalho, tempo, produção e lucros são expressas em tal Documento 
Histórico. 
Figura 1 - Capa da obra “Carta de Pero Vaz de 
Caminha”
Fonte: a autora (2016).
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Prezado(a), com esses 
exemplos esperamos que lhe 
tenha ficado claro que o pro-
cesso de seleção de Fontes 
para a produção e docência 
em História deve obedecer 
aos conteúdos e recortes pro-
blemáticos elegidos pelo 
historiador e docente em seu 
planejamento pedagógico. 
Esclarecido tal ponto, tam-
bém lhe chamamos a atenção 
para o fato de que se faz neces-
sário que tal processo seletivo ocorra de modo a permitir que o aluno tenha um 
acesso às diferentes percepções sobre o passado, bem como que lhe possibili-
tem conhecer as variadas práticas sociais geradas em função deste ou daquele 
contexto histórico.
Estudiosas no campo do ensino da disciplina de História destacam tal pre-
missa. Schmidt e Cainelli (2004) indicam que é a diversidade de documentos, 
usados no contexto das aulas, a ação pedagógica que permite que os alunos 
percebam as diferentes percepções e compreensões que foram construídas e con-
solidadas sobre os acontecimentos políticos, econômicos, culturais e religiosos 
que conformaram a historicidade ou trajetória humana.
Para Vasconcelos (2007), o uso diversificado da documentação histórica é 
um posicionamento pedagógico que possibilita que estudantes possam tomar 
contato e identificar as heterogêneas práticas sociais que foram geradas em decor-
rência dessa diversidade de interpretações sobre o real. Em acordo com ele, o uso 
de distintas fontes históricas é um procedimento da parte do docente que justa-
mente possibilita uma compreensão, por parte do educando, das várias faces de 
uma mesma história e, igualmente, que elimina o entendimento de que a histo-
ricidade humana se faz simples.
Em acordo com Bezerra (2004) quando do uso de múltiplos documentos em 
sala de aula, então, o ensino de História cumpre sua função de tornar o passado 
Figura 2 - Cena parcial do filme “Tempos Modernos” 
Fonte: Cinearteum (1936, online).2
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conhecido a partir de sua complexidade. O professor, diz ele, que apresenta docu-
mentos que portam apenas um e outro aspecto ou versão do passado, faz um 
trabalho parcial e incompleto, pois não possibilita que os seus estudantes pos-
sam compreender as diferentes interpretações em torno do real e, igualmente, 
não permite que esses conheçam os tantos e distintos desdobramentos decor-
rentes das formas diferentes de apreender e processar uma nova realidade social. 
Em síntese, das palavras de tais autores, os quais são especialistas no campo 
do uso das Fontes Históricas no âmbito da docência em História, podemos enten-
der que uma prática pedagógica que se faça constantemente pautada pela inserção 
de variados Documentos Historiográficos é o caminho eficaz para que nossos 
alunos observem a multiplicidade dos sujeitos históricos, ou ainda, a variação 
na trajetória histórica constituída por indivíduos e grupos sociais. 
Caro(a) acadêmico(a), uma vez que lhe demos alguns exemplos no tocante ao 
processo de seleção dos Documentos Históricos, então, avancemos no tratamento 
de questões relacionadas ao uso dos mesmos pelos historiadores, em especial 
dentro do âmbito da sala de aula. Em síntese, precisamos falar de aspectos per-
tinentes ao uso analítico e metodológico da documentação histórica.
Observamos que tal procedimento se faz a segunda etapa a ser considerada 
no processo de uso das Fontes Históricas. Após uma seleção de qual(s) docu-
mento(s) podemos usar em nossos ofícios de produção e docência em História, 
então, precisamos saber como utilizá-los. Tal competência é definida como rele-
vante pela literatura. Morelli (2011) observa que é o correto trato metodológico 
das fontes a condição que estabelece a natureza científica, bem como a validade 
do saber histórico. A elaboração da “Verdade” em nossa disciplina, diz ele, é 
“O lobo mau sempre será mau se você ouvir apenas a versão da Chapeuzi-
nho Vermelho”. 
Autor Desconhecido.
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questão que depende dos cuidados que o historiador e o docente em História 
adotam no uso de suas fontes.
E no que diz respeito aos princípios gerais que devem nortear a relação dos 
historiadores com as Fontes Históricas, destacamos primeiramente os enten-
dimentos do historiador Le Goff (1992). Seus postulados jamais podem ser 
menosprezados pelos historiadores. Já falecido, ele nos deixou observações cen-
trais ao tratamento metodológico dos documentos historiográficos. Segundo Le 
Goff (1992), o primeiro cuidado que devemos ter com o uso de documentos diz 
respeito a nossa própria conscientização de que esses:
[...] longe de serem puros e despretensiosos, são uma montagem cons-
ciente e inconsciente, da história, da época, das sociedades que o pro-
duziram. O documento é monumento. Resulta do esforço das socie-
dades históricas para impor ao futuro [...] determinadas imagens de si 
próprias (p. 472).
Observações muito úteis sobre o como usar metodologicamente os documentos 
históricos selecionados são prestadas pelo historiador Priori (2010). O mesmo 
versa sobre os procedimentos de crítica interna e externa. Vejamos mais sobre 
isso. Por crítica externa, o autor entende a ação do historiador em averiguar a 
autenticidade do documento, o contexto de sua produção, quem é o autor e as 
finalidades da sua produção.
Em acordo com ele, ao cumprir com tais procedimentos, o profissional his-
toriador consegue perceber de antemão os possíveis propósitos que o autor 
de um documento poderia ter com a respectiva produção e divulgação, bem 
como o quanto tais objetivos influenciaram na composição da Fonte Histórica 
selecionada. As possíveis finalidades de consolidação de histórias, memórias 
identidades por parte do autor de uma fonte, uma vez que sabidas pelos histo-
riadores, auxiliam na interpretação e averiguação das informações trazidas pelos 
documentos, diz Priori.
E no que diz respeito à crítica interna, o autor observa a necessidade de 
não tomarmos, em princípio, nenhuma informação trazida por nossas Fontes 
Históricas como absolutamente verdadeira. O que precisamos fazer, diz ele, é 
comparar “as verdades” expressas em um documento com as demais narradas 
em fontes que tratem da mesma questão. Essa forma de proceder é necessária 
Aspectos Básicos do uso dos Documentos Históricos
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para uma averiguação sobre a veracidade das versões narradas no documento 
que porventura estejamos fazendo uso.
Procedendo a crítica interna o historiador deve ainda, segundo Priori, obser-
var aquilo que não está implícito no documento e, igualmente, suas lacunas, 
imprecisões e inverdades. É preciso que façamos um questionamento e contex-
tualização de tais aspectos. Em tal ato está também a compreensão do passado 
registrado nas Fontes Históricas.
Vejamos mais alguns autores e o que eles têm a nos dizer sobre o trato da 
documentação histórica. Para Bezerra (2004), os documentos precisam ser enten-
didos, por nós historiadores e docentes em História, como “não espelhos” do 
ocorrido ou do real. Trata-se diz ele, de não os tomarmos enquanto expressões 
fiéisdo passado. Em termos práticos isso implica, observa o autor, em avan-
çarmos para além da simples tomada de consciência das informações, relatos e 
supostas verdades contidas nas Fontes. Processo esse que se faz mediante a cons-
trução de análises sobre as mesmas.
E, por fim, apresentemos os entendimentos do historiador Carr (2002). 
Em concordância com a literatura citada, ele expressa o cuidado com uso dos 
Documentos Históricos por parte dos historiadores. As críticas externas e inter-
nas, diz ele, fazem-se necessárias, pois “[...] os fatos, mesmo se encontrados em 
documentos, ou não, tem de ser processados pelos historiadores antes que se 
possa fazer qualquer uso deles” (CARR, 2002, p. 53).
Prezado(a) com tais observações nós esperamos que lhe tenha ficado claro 
que se os Fatos históricos não são propriamente o conhecimento histórico, os 
Documentos também não o são, esses não são a Ciência História. Almejamos que 
você tenha entendido que os mesmos são expressões da forma como os indiví-
duos e agrupamentos sociais compreenderam dadas realidades históricas e que 
são testemunhos das transformações que esses promoveram nas respectivas tra-
jetórias e condições de vida. Ademais, que esses se fazem registros de verdades e 
memórias que seus autores desejaram construir sobre os acontecimentos históri-
cos. São testemunhos das intencionalidades dos indivíduos e sociedades no que 
diz respeito à construção de explicações sobre o passado que eles protagonizaram. 
Sendo assim, para que os documentos possam ser úteis ao processo de produ-
ção e docência da Ciência História, eles precisam ser criticados e problematizados 
SOBRE HISTÓRIA E DOCUMENTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E34
pelo historiador e, também, pelo docente da disciplina de História. Finalizando, 
reiteramos a necessidade de lembrarmos constantemente que oportunizar uma 
docência em História qualificada é uma ação que demanda um uso das Fontes 
com vistas a permitir que o educando atinja a compreensão da complexidade 
das ações humanas. Com tais observações agradecemos sua atenção e encer-
ramos este tópico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) leitor(a) e acadêmico(a), neste momento, nós chegamos ao término desta 
primeira unidade do presente livro. Ao longo destas páginas, buscamos apresen-
tá-lo(a) no entendimento das relações entre a Ciência História, Historiadores e 
Documentos.
Moveu-nos o objetivo de lhe esclarecer que é somente por meio de uma 
estreita relação entre o profissional historiador e os Documentos que a Ciência 
História se faz constituída. E, igualmente, impulsionou-nos o objetivo de rela-
cionar o processo de ensino e aprendizagem de tal disciplina ao uso das Fontes 
Históricas.
Reiteramos aqui permitir que a sociedade conheça o passado, em benefício 
das demandas do tempo presente, é ação que somente pode ser feita com uso de 
variados de Documentos Históricos. Com tantos quantos nos sejam úteis para 
a compreensão dos modos como os homens – em distintos tempos, espaços e 
âmbitos – entenderam a sua realidade e produziram suas condições e trajetó-
rias históricas.
Considerações Finais
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Igualmente, reafirmamos que a ação docente em História somente se faz 
completa com o uso das Fontes Históricas em uma perspectiva abrangente e 
que permita ao educando atingir percepções sobre a heterogeneidade que marca 
o agir humano, ou ainda, que lhe possibilite verificar as muitas práticas sociais 
decorrentes das formas como o passado foi entendido. 
Assim, igualmente concluímos afirmando que esse uso das Fontes Históricas 
também precisa se fazer a partir de procedimentos metodológicos gerais e espe-
cíficos a cada tipo de documento, os quais possam permitir uma racionalização 
adequada do passado. Tudo isso em benefício do tempo presente, esse que é a 
nossa temporalidade.
36 
1. Discorra sobre as associações entre os conceitos “Ciência História”, “Historiado-
res” e “Documentos Históricos”. Reflita em que medida esses mantém uma im-
prescindível relação de dependência.
2. Indique com qual movimento político e filosófico a Ciência História estabele-
ceu (nos primórdios da sua constituição enquanto campo do saber) vínculos e 
partilhou finalidades. Indique também quais registros, em função dessa associa-
ção, foram definidos como “Documento Histórico”. 
3. O historiador da atualidade pode fazer uso de quais documentos? Essa definição 
guarda alguma relação com o atual conceito da Ciência História? 
4. Acerca das relações entre “Fatos Históricos”, “Ciência História” e “Historiadores” e 
“Documentos Históricos”, assinale aquilo que for correto. 
I. O conceito “Fatos Históricos” remete aos eventos que causam impactos na vida 
em sociedade. No caso, nos distintos âmbitos da mesma, por exemplo: econo-
mia e política. 
II. A “Ciência História” é um conceito que faz referência a um campo do saber das 
Ciências Humanas e cujo foco é esclarecer os acontecimentos históricos. Isso im-
plica em contextualizar a respectiva ocorrência e indicar os seus vários desdo-
bramentos. 
III. “Fatos Históricos” e “Ciência História” são conceitos idênticos. 
IV. Os Documentos Históricos, pela ação dos historiadores, é que permitem que Fa-
tos Históricos sejam transformados em conhecimento histórico útil à sociedade. 
Portanto, a documentação histórica pode ser pensada como uma “ponte” entre 
os “Eventos Históricos” e a “Ciência História”. 
a. Estão corretas as alternativas I, II e III. 
b. Estão corretas as alternativas I, II e IV.
c. Estão corretas as alternativas III e IV.
d. Estão corretas as alternativas II e IV.
e. Todas as alternativas estão corretas. 
37 
5. Analise as assertivas a seguir. As mesmas trazem considerações sobre a questão 
dos Documentos ou Fontes Históricas. Assinale o que for correto. 
I. A Ciência História, constituída em princípios do século XIX, fez-se desde os seus 
primórdios pautada pelo entendimento de que diferentes vestígios constituíam 
o conceito “Fonte Histórica”. 
II. O surgimento da História enquanto uma Ciência se fez acompanhar do enten-
dimento de que as “Fontes Históricas” seriam apenas o documento textual e ofi-
cial. Tal definição estava em boa medida relacionada às finalidades políticas que 
embasaram a constituição de tal Ciência e no intuito da mesma em se fazer um 
campo científico do saber. 
III. A influência do Marxismo no campo histórico, especialmente a partir de fins do 
século XIX, e a configuração da Escola dos Annalles, em princípios do século XX, 
então, foram decisivos para uma revisão do Conceito “Documentos Históricos”. 
Ambos influenciaram na compreensão que não bastavam os “Documentos ofi-
ciais e textuais” para a escrita histórica. 
IV. Fotografias, cartoons, vídeos, cinemas, músicas, edificações, objetos, diários, jor-
nais, diversos documentos oficiais e não oficiais integram o que chamamos de 
“Fontes Históricas” na atualidade. Isso ocorre pelo fato de que a Historiografia é 
pautada no entendimento de que tudo aquilo que faz referência às ações huma-
nas têm potencial para ser um documento histórico. 
V. Na lida com as “Fontes Históricas” em sala de aula, o docente em História precisa 
chamar a atenção dos seus educandos para o fato de que essas precisam ser alvo 
de uma crítica externa e interna. 
a. Estão corretas as alternativas I, II e III.
b. Estão corretas as alternativas III e IV.
c. Estão corretas as alternativas II e IV.
d. Todas as alternativas estão corretas. 
e. Estão corretas todas as alternativas, exceto a I.
MATERIAL COMPLEMENTAR
A seguir, indicamos algumas obras que lhe servirão para uma refl exão 
maior sobre o uso dos Documentos, no caso, no tratamento das várias 
temporalidades e conteúdos históricos. 
O historiador e suas fontes
Carla Bassanezi Pinsky e Tania Regina de Luca (organizadoras)
Editora:Contexto
Sinopse: O historiador, em seus ofícios de produção e docência em História, pode e deve fazer 
uso de muitos documentos. Este tem ao seu dispor fotografi as, cartoons, desenhos, outdoors, 
diários, cartas, obras literárias, biografi as, abaixo assinados, leis diversas, relatos orais e, também, 
distintos elementos da cultura material. Tantas fontes trazem implicações. Faz-se necessário que 
o historiador saiba selecionar e utilizar essa gama de documento em seus ofícios. Neste sentido, 
em “O historiador e suas fontes”, o leitor encontrará textos de distintos historiadores que em sua 
experiência no trato com as fontes documentais oferecem caminhos de abordagem deste ou 
daquele conteúdo a partir de variadas Fontes Históricas. Aspectos da critica externa e interna que 
precisam ser feitos para o uso das diversas tipologias documentais também são apresentados em 
tal obra.
O trabalho com as Fontes Históricas em sala de aula é vital para que os educandos compreendam 
as bases do conhecimento histórico, bem como para que adquiram uma consciência crítica 
da realidade. Neste sentido, o processo de salvaguarda dos Documentos Históricos é questão 
que deve nos sensibilizar. A seguir, compartilhamos notícias sobre processos de digitalização 
e disponibilização de acervos documentais que estão sendo desenvolvidos por instituições e 
órgãos públicos. 
Prefeitura de Maringá/PR. Patrimônio Histórico inicia digitalização de acervo
Disponível em: <http://www2.maringa.pr.gov.br/site/index.
php?sessao=14da1dd07855ss&id=27873>.
Minc lança edital para digitalizar acervos sobre povos originários
Disponível em: <http://defender.org.br/noticias/nacional/minc-lanca-edital-para-digitalizar-
acervos-sobre-povos-originarios/>.
39 
Caro(a) leitor(a), a necessidade da pro-
dução e da contínua renovação do 
conhecimento histórico, bem como a 
importância do bom ensino da disciplina 
Histórica, são questões que nos direcio-
nam para a questão da preservação e 
salvaguarda dos “Documentos Históricos”. 
Diante da ausência desses, as experiên-
cias e vivências humanas não se fazem 
conhecidas. O conhecimento histórico, 
tão salutar à compreensão de como temos 
nos feito humanos, não se faz. Feitas tais 
considerações, convidamos-lhe a leitura 
do artigo a seguir: 
Os arquivos e a História: a importância dos documentos arquivísticos e 
das Instituições de custódia na pesquisa histórica
Na área de História as produções científicas 
têm por base a utilização de documentos. 
Le Goff (2003. p. 525-538), em “Documento/
Monumento” disserta sobre as possibili-
dades de usos dos documentos pelos 
historiadores, argumentando, por exem-
plo, com Lucien Febvre, que defendeu a 
impossibilidade de fazer História sem docu-
mentos escritos, ou como Samaran, que 
afirmou, no século XIX, que não haveria 
História sem os mesmos (apud LE GOFF, 
2003. p. 529).
Le Goff expõe a necessidade de perce-
ber o documento como uma construção, 
como um “produto da sociedade que o 
fabricou segundo suas relações de for-
ças que aí detinham poder”, sendo, então, 
necessário perceber, não apenas como 
um documento, mas sim como um monu-
mento (LE GOFF, 2003. p. 536). 
Entende-se que o autor francês não estava 
se referindo especificamente aos docu-
mentos arquivísticos e que a História não 
trabalha apenas com este tipo de fonte, no 
entanto, entende-se que eles são extrema-
mente frequentes na historiografia, sendo 
elementos representativos de seu tempo. 
Em função da aproximação da História com 
os documentos arquivísticos e do reconhe-
cimento dos mesmos por esta comunidade 
profissional, criou-se uma tradição de atua-
ção desses pesquisadores em instituições de 
memória. A participação de historiadores em 
instituições arquivísticas é frequente, e esta 
ligação entre historiadores e arquivos pode 
ser observada, ainda hoje, tanto na direção 
de diversos arquivos quanto na própria refle-
xão realizada pela ANPUH-Rio como o debate 
sobre o tema “Os historiadores em Arquivos”. 
Fonte: Barbatho e Aguiar (2013, online)3.
REFERÊNCIAS
1. <http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/viewFile/12101/8763>. Aces-
so em: 28 abr. 2016.
2. <http://cinearteum.blogspot.com.br/2013/01/modern-times-tempos-moder-
nos-charles.html>. Acesso em: 29 abr. 2016.
3. <http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364781066_ARQUIVO_
apresetacao_anpuh_2013.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2016.
41
GABARITO
1. A resolução dessa questão demanda uma reflexão sobre em que medida os con-
ceitos “Ciência História”, “Historiadores” e “Documentos Históricos” estão imbrica-
dos. Em especial, espera-se uma reflexão que destaque o papel do historiador 
diante dos Documentos Históricos. 
2. Almeja-se que nesta questão o aluno indique a associação política da Ciência 
História e dos historiadores com o movimento Positivismo e com o processo de 
construção e fortalecimento dos Estados Nacionais no Ocidente, bem como, o 
quanto tais circunstâncias fizeram com que apenas os “Documentos Oficiais” 
compusessem a escrita histórica. 
3. Espera-se que nessa questão o graduando indique que podem ser tomadas como 
fontes todos os vestígios que tragam informações e sirvam à produção de conhe-
cimento histórico acerca das muitas representações e práticas sociais ao longo de 
tantas temporalidades e espaços. Almeja-se que pontuem que tal entendimento 
deriva do estabelecimento de uma compreensão da História como sendo uma 
ciência que abarca diferentes sujeitos, âmbitos e problemáticas históricas. 
4. A alternativa correta é indicada pela letra B.
5. A alternativa correta é indicada pela letra E
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Professora Me. Veroni Friedrich
AS FONTES TEXTUAIS E 
SEUS USOS NO ENSINO DE 
HISTÓRIA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conceituar as chamadas Fontes Textuais ou Escritas.
 ■ Apresentar o que são os chamados Documentos Oficiais e 
Institucionais.
 ■ Esclarecer sobre as variadas Fontes não Oficiais ou não Institucionais. 
 ■ Exemplificar o uso de alguns Documentos Textuais no Ensino da 
disciplina História.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Sobre os Documentos textuais Oficiais e a docência em História
 ■ Sobre as Fontes Textuais não oficiais e seus usos no ensino de História
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), na unidade anterior, nós lhe trouxemos alguns entendi-
mentos sobre a Ciência História. Pontuamos e lhe relembramos que este é um 
processo de produção de interpretações sobre as ações humanas. E observamos 
que tal campo do saber somente se faz científico e válido quando do uso dos 
Documentos Históricos.
Os Documentos ou as Fontes Históricas são as ferramentas pelas quais os 
historiadores podem identificar, conseguem entender e explicar as causas e os 
desdobramentos dos feitos dos indivíduos e grupos sociais nos mais diversos 
âmbitos, tempos e espaços e no que concernem aos mais variados aspectos da 
vida em sociedade.
Ao abordarmos tal questão também esclarecemos que hoje estamos em uma 
temporalidade em que a historiografia e a comunidade de historiadores enten-
dem que muitos elementos são passíveis de se fazerem Fontes úteis ao processo 
de produção e docência da Ciência História.
Agora e diante de tal fato, então, faz-se necessário que você as conheça com 
mais profundidade. É lhe fundamental a aquisição de compreensão sobre como 
e em que circunstâncias os diferentes Documentos Históricos se fazem relevan-
tes ao campo historiográfico. Em função disto, nas próximas quatro unidades 
de nosso livro, nós caracterizaremos e abordaremos alguns usos possíveis das 
diferentes Fontes Históricas.
Nesta segunda unidade, que agora iniciamos, focaremos especificamente os 
chamados Documentos Textuais ou Escritos. Apresentaremos quais são estes. 
Trataremos das suas categorias e versaremos também sobre algumas possibili-
dades do respectivo uso na constituição da Ciência História, especialmente, no 
que diz respeito ao seu ensino de tal disciplina.
Assim sendo, continue conosco na leiturade mais esta unidade. O nosso 
intuito é o de que você, ao término do mesmo, tenha ampliada a sua compre-
ensão sobre a estreita relação entre História e Fontes, em especial, sobre os de 
natureza textual ou escrita.
Introdução
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AS FONTES TEXTUAIS E SEUS USOS NO ENSINO DE HISTÓRIA
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SOBRE OS DOCUMENTOS TEXTUAIS OFICIAIS E A 
DOCÊNCIA EM HISTÓRIA
Prezado(a), quando usamos a expressão Documentos ou Fontes Históricas 
Textuais, estamos nos referindo a duas ordens ou categorias documentais. Vamos 
explicar. Ocorre que existem os chamados Documentos Oficiais e, também, os 
nominados Não Oficiais. Ambos se fazem extremamente úteis ao campo histó-
rico. Por tal motivo, nesta unidade os abordaremos.
No presente tópico, trataremos dos primeiros, ou seja, sobre as Fontes 
Históricas Oficiais. Bem, no que diz respeito aos mesmos, é importante que 
você primeiramente saiba alguns aspectos da sua historicidade, ou ainda, sobre 
a inserção desses no campo historiográfico. Vejamos tal ponto.
A documentação oficial e institucional adentrou a área da História simul-
taneamente ao momento em que essa se fez um campo científico do saber, fato 
esse que se deu no século XIX. Com o surgir da Ciência Histórica surgiram os 
Documentos oficiais (SCHAFF, 1995).
Naquele momento, tal como dissemos na unidade antecedente, a História, 
seguindo o caminho trilhado por outros campos do saber, almejou ser uma 
Ciência. Neste intuito, os historiadores entenderam que era necessário construir 
uma área do conhecimento que se fizesse capaz de sondar o passado e estabe-
lecer análises “verdadeiras” sobre o social, sobre o comportamento humano 
(SCHAFF, 1995).
Tal ambição estava pautada na crença de que seria função da Ciência História 
um trabalho de estabelecer, mediante análise do passado, leis de comporta-
mento que servissem para instrumentalizar a sociedade rumo a um progresso 
político, econômico e cultural de ordem gradual, linear e contínua. Isso faria da 
História uma Ciência do Social útil e, portanto, cientificamente válida ou ver-
dadeira (SCHAFF, 1995).
Por sua vez, foi em função de tal ótica que surgiram as definições e as 
delimitações do conceito “Documento Histórico”. Neste processo de consti-
tuição da Ciência História estabeleceu-se o que seria Fonte Histórica. E em 
Sobre os Documentos Textuais Oficiais e a Docência em História
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tal contexto, os historiadores entenderam que a chave para a História se fazer 
um campo científico do conhecimento e útil aos avanços da sociedade, esta-
ria em uma prática pautada no uso de Documentos textuais e oficiais ou 
institucionais. E por qual motivo?
A delimitação em torno do uso do Documento escrito derivou do enten-
dimento de que esse seria autêntico e registro fiel e verdadeiro do ocorrido, 
livre de interpretações e de subjetividades. E a eleição da Fonte Histórica como 
sendo apenas a de natureza Oficial/Institucional adveio da compreensão de 
que nesses, supostamente, estariam uma garantia de produção de uma escrita 
histórica útil para a sociedade, relevante para apontar erros e acertos histó-
ricos que servissem para a definição de uma marcha nacional e progressista 
(MARROU, 1978). 
Nos documentos Oficiais e institucionais 
estariam os relatos dos grandes personagens 
da História e seus respectivos feitos. Elaborar 
uma narrativa do passado a partir dos mes-
mos era uma boa garantia para o progresso 
e civilização da nação. Reside aí, nesta fun-
ção política e ideológica, a estreita relação da 
Ciência História com tal tipo de Documentos 
(MARROU, 1978). 
Hoje, os entendimentos são outros. A 
História, a despeito de sua função social ao 
tempo presente, não mais é vista enquanto uma 
Ciência que estabelece verdades absolutas e 
fixas sobre passado, nem percebida como uma área do saber capaz de estabelecer 
entendimentos que possam servir para a projeção de um futuro marcadamente 
progressista e, também, de natureza homogênea. Antes, esta Ciência é entendida 
enquanto um campo das Ciências Humanas focado na produção de leituras e 
sentidos sobre o passado, campo esse que se faz verídico em função do emprego 
e trato teórico e metodológico dos documentos (CARDOSO, 2005). 
Figura 1 - Lei Áurea. Exemplo de um Documento 
válido para a Ciência História em seus primórdios
Fonte: Lei Áurea (online)1
AS FONTES TEXTUAIS E SEUS USOS NO ENSINO DE HISTÓRIA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E48
E no que tange aos documentos, as compreensões também são distintas. Não 
mais estamos presos ao uso do Documento oficial ou institucional, consideran-
do-o como fonte única sobre o passado, ou ainda, enquanto vestígio exclusivo 
para a produção de um conhecimento histórico de tantas sociedades. 
A historiografia trabalha na perspectiva de que hoje existem muitas Fontes 
Históricas que servem ao historiador, que permitem a produção historiográfica 
e, igualmente, a sua docência. Não é mais apenas a documentação oficial e ins-
titucional que serve ao campo histórico. 
Atualmente são classificadas enquanto Fontes Históricas todos os vestígios 
capazes de permitir o conhecimento sobre os modos como os homens percebe-
ram e produziram as suas realidades econômicas, políticas, culturais e religiosas. 
Isso em uma temporalidade e espacialidade múltipla. 
A literatura no campo da História aponta tal questão. Em acordo com 
Jenkins (2003) é “Documento Histórico” tudo aquilo que se faz útil para a 
sondagem e compreensão acerca de como os homens produziram aspectos 
da própria historicidade. De modo que, diz ele, o difícil hoje é definir o que 
não pode se fazer documento historiográfico. Qualquer registro que eviden-
cie aspectos da vida individual e social – que seja do interesse da sociedade e 
dos historiadores esclarecer – é uma possível fonte para a composição de uma 
interpretação histórica. 
Em que pese o culto ao Documento escrito e oficial por parte dos primei-
ros historiadores e em que seja válida a superação desse limite conceitual, 
os historiadores metódicos deram grande contribuição à História, pois eles 
permitiram um trabalho de angariação e preservação de importantes Fon-
tes Históricas. Ademais, estabeleceram aspectos da crítica externa, que ain-
da hoje são muito válidos para a lida com a documentação histórica. 
Observação: para uma compreensão mais apurada sobre tal aspecto, suge-
rimos a referência de Malerba (2010). 
Fonte: a autora (2016).
Sobre os Documentos Textuais Oficiais e a Docência em História
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Concordando com tal entendimento, Malerba (2006) pontua que é o his-
toriador, em suas funções de pesquisador e docente da disciplina História, a 
pessoa que define o que pode se fazer Documento Histórico. Tal definição, diz 
ele, é feita em função dos seus objetos de pesquisa, dos recortes, das problemá-
ticas e das hipóteses levantadas.
Contudo, em que pese essa reviravolta que questionou a exclusividade do 
Documento Histórico textual de natureza oficial e institucional, os mesmos con-
tinuam se fazendo imprescindíveis ao processo de produção da Ciência História. 
São extremamente válidos para a compreensão do passado. Por tais motivos, pre-
zado(a) leitor(a), é importante conhecê-los e compreender as suas relações com 
a elaboração e socialização do saber histórico, que se faz acontecer, por exem-
plo, em sala de aula.
Deste modo, de agora em diante apontaremos alguns deles e, também, fare-
mos algumas indicações

Mais conteúdos dessa disciplina