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ESCOLAS HERMENÊUTICAS

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ESCOLAS HERMENÊUTICAS
1. ESCOLA DE BOLONHA
A Escola de Bolonha, também conhecida como Escola dos Glosadores, recebe esse
nome por ter surgido na referida cidade entre a segunda metade do século XI e a primeira
metade do século XII. Durante este período, a influência da religião no processo racional era
evidente, não sendo diferente na escola mencionada, estando ligada, também, ao estudo do
Direito.
Com a queda do Império Romano do Ocidente, o imperador Justiniano, do Oriente,
decidiu compilar os documentos legais romanos, formando o Corpus Iuris Civilis, sendo esse
um documento totalmente relevante na construção e reforma do Direito. A partir do fim da
antiguidade e início do medievo, a Igreja Católica emprega o jusnaturalismo teológico,
acreditando na influência divina no Direito e na Justiça. Apesar de grande parte dos países
aderirem ao direito católico, a Itália continuou sendo influenciada pelo direito romano durante
toda a Idade Média.
Os Glosadores, nome dos juristas naquele período, influenciadores das primeiras
Universidades, estudavam trechos do Corpus Iuris Civilis, adicionando comentários e
anotações curtas ou marginais. A princípio, os textos eram analisados pelo método literal, e as
glosas (anotações) serviam para esclarecer partes do texto. Como eles estudaram documentos
antigos, era importante relevar o contexto histórico das leis e suas finalidades. Os glosadores
também interpretavam a sistematicidade do Corpus, considerando a harmonia e a interação
entre as normas.
Dessa forma, percebe-se que a Escola de Bolonha fazia uso de diversos métodos
interpretativos dos textos jurídicos, não havendo, entretanto, um consenso geral na
comunidade jurídica de quais os métodos adotados. Contudo, é evidente o uso do método
gramatical, utilizando-se da palavra como ferramenta necessária na compreensão dos textos,
sendo estritamente necessária na construção das glosas. Complementarmente, nota-se a
participação do método histórico, dado o processo de criação do documento e sua importância
na construção da sociedade e do direito, levando em consideração o porquê da norma. Outro
método perceptível é o teleológico, já que a finalidade da lei é essencial para sua aplicação,
entendendo seu fim e efeito, evidenciando o ratio legis. Por fim, observa-se que o método
sistemático é bastante utilizado pelos juristas da época, visível desde o momento da
compilação das normas, categorizando-as seguindo certo sistema e ordem, até o período de
implementação delas.
2. ESCOLA HISTÓRICA ALEMÃ
Surgida na Alemanha no século XIX, a Escola Histórica do Direito criticava a
concepção iluminista do direito, negando a visão imutável, universal e racionalista desse. Os
representantes da Escola Histórica acreditavam que o Direito estava ligado ao espírito do
povo, sendo uma produção histórica baseada na vontade dos cidadãos, suas relações sociais e
culturais, aspirações e ideais, de forma oposta ao Jusnaturalismo Realista. Dessa forma, os
pensadores dessa instituição se sustentavam em um Direito Positivo, embasado na visão
kantiana de direito como liberdade.
Além disso, é concebível que a Escola Histórica utilizava elementos característicos do
direito romano, sistematizando conceitos, acreditando-se que o sistema jurídico por si só é
hierárquico e relacionado internamente. Na concepção dos doutrinadores alemães, o jurista
seria o detentor do monopólio da teoria e da prática do Direito, sendo responsáveis pela
criação do ordenamento jurídico, tendo a integridade do sistema jurídico sido garantida pela
expansão interna do sistema, não dependendo somente do direito legislado.
Portanto, é possível visualizar a presença do método histórico na concepção de que o
Direito é resultado de um fenômeno cultural, influenciado pela decorrência do tempo.
Concomitantemente, é observável a metodologia sistemática, já que, na concepção da referida
escola, haveria uma norma hierárquica superior, do qual todas as outras descendem de forma
piramidal. Complementarmente, é visível, também, a presença de um método lógico, estando
fundamentado no idealismo kantiano, separando-se o Direito da moralidade, no qual aquele
consiste na vontade da lei. Apesar disso, é válido ressaltar que havia uma grande variedade de
intelectuais e que não existia um consenso metodológico, podendo eles participarem de uma
ou de várias categorias interpretativas.
3. DIREITO LIVRE
A Escola do Direito Livre foi fundada no início do século XX, presente na França, Alemanha
e Áustria. Os preceitos dessa escola ganharam grande visibilidade durante a Primeira Guerra Mundial,
e seu declínio com o nacional-socialismo em 1933 e posteriores acontecimentos, principalmente na
Alemanha, sem um real fim e início marcantes desse movimento.
Os pensadores dessa escola acreditam na total supremacia do jurista na tomada de decisões,
possuindo total liberdade para agir de forma contrária ao que é imposto na lei, podendo até agir como
legislador, mas devendo interpretar substancialmente os preceitos histórico-jurídicos. Logo, todos os
direitos do cidadão se encontravam inteiramente postos nas “mãos” do juiz, entendendo-se por Direito
Livre aquele independente das amarras impostas pela norma. É importante destacar que, apesar da
supremacia do jurista, o Direito Livre esclarece que ele não seria um “tirano”, já que os valores éticos
e morais estariam presentes na decisão tomada.
Entretanto, a metodologia empregada pelo Direito Livre foi utilizada como justificativa para a
atuação de regimes totalitários Europa, precedentes da Segunda Guerra, denominando o direito como
um instrumento de poder e manifestação das vontades individuais do jurista. A partir da ascensão de
tais regimes, em especial na Alemanha, o Movimento Direito Livre (MDL) foi superado, sendo a
submissão do juiz ao partido o método empregado. Após a queda do totalitarismo em 1945, houve
uma reinvenção da visão do Direito novamente, crendo-se na conciliação das normas e da
flexibilidade do jurista, buscando um princípio de equidade. Atualmente, o MDL é considerado como
precursor das nos Escolas Alternativas de Direito, surgidas, principalmente, após 1968.
Desse modo, é possível perceber que o método histórico de interpretação é o que mais se
assemelha aos princípios da Escola do Direito Livre, já que o as decisões são tomadas com base no
sentido e alcance delas, considerando os interesses dominantes, baseando-se no occasio legis,
ressaltando-se, também, que o legislador/ jurista deve levar em conta os aspectos históricos na tomada
de decisões.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MASSAÚ, Guilherme Camargo. A FÉ E O DIREITO: A ESCOLA DOS GLOSADORES. Revista
Razão e Fé (o início da ciência do direito), 2006.
JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, 4ª edição. 2003.
SONTAG, Kenny. TENDÊNCIAS TEÓRICO-JURÍDICAS DECORRENTES DA ESCOLA
HISTÓRICA DO DIREITO: PANDECTÍSTICA, GERMANÍSTICA E HISTÓRIA DO DIREITO NA
CIÊNCIA DO DIREITO POSITIVO ALEMÃ DO SÉCULO XIX. Revista da faculdade de direito da
UFMG, n. 66, p. 421-456, 2015.
MONTEIRO, Matheus Vidal Gomes. NOTAS SOBRE OS MOVIMENTOS TEÓRICOS
ADVINDOS DO “SEGUNDO JHERING”: A JURISPRUDÊNCIA DOS INTERESSES E O
MOVIMENTO DO DIREITO LIVRE. Cadernos da Escola da Magistratura Regional Federal da 2ª
região, v. 11, p. 71-98, 2018.

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