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Ana Victória Ribeiro – M7 EXAME FÍSICO DO RECÉM- NASCIDO INTRODUÇÃO O exame físico do recém-nascido deve ser bem detalhado, para identificar malformações e patologias. Antes da realização do exame físico lavar as mãos com a técnica correta, aquecendo-as se necessário. Nunca se esquecer de resguardar a privacidade do paciente. Dentre os critérios necessários para o exame físico do recém-nascido, faz parte os seguintes itens em relação às medidas corporais e sinais vitais: - Comprimento; - Peso; - Perímetro cefálico; - Perímetro torácico; - Perímetro abdominal; - Temperatura; - Frequência cardíaca; - Frequência respiratória; - Pulso. Na avaliação do recém-nascido deve-se observar: Ectoscopia ou Somatoscopia; Aparelho Cardiovascular; Aparelho Respiratório; Abdome; Genitália; Membros. ECTOSCOPIA OU SOMATOSCOPIA O médico utiliza apenas a visão para detectar anormalidades. Na fase de ectoscopia faz-se uma avaliação global do paciente, incluindo: INSPEÇÃO - Fácies; - Face: observar conformação, paralisias (facial e trigêmeo), glândulas salivares; - Conformação do crânio: fontanelas, macrocefalia, microcefalia, etc. 1. Avaliação da pele: - Cor da pele: clara, ictérica*, cianótica; - Turgor (elasticidade da pele → habilidade de se esticar e retomar a força original); - Ocorrência ou não de descamação; - Presença de manchas (modificação de cor da pele sem aumento de relevo ou consistência), equimoses (extravasamento de sangue provocado por uma ruptura de vasos sanguíneos), hematomas (acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia) e lesões cortocontusas (causadas por objetos contundentes e cortantes que causam feridas superficiais ou profundas, irregulares e retraídas, com bordos traumatizados e pode ocorrer no momento do parto); *Icterícia neonatal. Graduação da extensão da Icterícia de acordo com as zonas de Kramer. Ana Victória Ribeiro – M7 Cabelos e pelos: - Implantação; Cor; Tipos. 2. Orelhas: - Formas; Implantação do pavilhão auricular; Secreção; Ectoscopia. 3. Olhos: - Verificar esclera; Conjuntiva; Córnea; Nistigmo; Estrabismo; Exoftalmia; Acuidade visual; Pálpebras (ptose, infecções); Pupilas (fotorreativas). 4. Nariz: - Forma; Batimento de aleta nasal; Aspecto da mucosa; Secreções; Obstrução; Septo nasal. 5. Na boca, avaliar: - Lábios; - Conformação do palato: se em ogiva (fundo), fenda palatina (abertura na região do lábio ou palato, ocasionada pelo não fechamento dessas estruturas, que ocorre entre a 4ª e a 10ª semana de gestação), fissura labiopalatal (malformação congênita caracterizada por abertura ou descontinuidade das estruturas do lábio e/ou palato, mais comum em meninas); - Dentes ao nascimento (mais comum em meninas); - Anatomia da língua; - Freio lingual: anquiloglossia parcial ou “língua presa”; - Gengivas. 6. Investigar alterações fenotípicas sugestivas de síndromes genéticas, analisando a cabeça, olhos, nariz, cavidade bucal, garganta e pescoço: - Fronte proeminente; - Alterações no dorso nasal; - Pregas epicântricas (pele na pálpebra superior que cobre o canto interno do olho. A prega vai do nariz até o lado interno da sobrancelha. Pode estar presente em crianças com Síndrome de Down); - Micro ou macrocrania (volume do crânio pode ser inferior ou superior ao normal, respectivamente); - Hipertelorismo (malformação do crânio do bebê que causa um afastamento excessivo dos olhos e das órbitas oculares); - Orelhas de baixa implantação; - Micrognatia (deformação da mandíbula inferior, que é menor do que o normal); - Protusão da língua; - Pescoço alado (presente em Síndrome de Turner). Ana Victória Ribeiro – M7 Observar: - Posição dos mamilos; - Posição da inserção do coto umbilical no abdome: o Verificar se tem 2 Artérias e 1 Veia. - Avaliar genitália; - Região sacral em busca de: Fóveas; o Fossetas; Tufos capilares; Proeminências: mielomeningocele; Manchas: mongólicas; - Avaliar membros: Dedos das mãos: quirodáctilos; Dedos dos pés: pododáctilos. Palma da mão: buscar linha palmar transversa contínua. Planta do pé: observar formato, pé plano. Posição dos pés em relação ao tornozelo: pés tortos congênitos. Pesquisar: Polidactilias (anomalia causada pela manifestação de um alelo autossômico variável, dominante com expressividade consistindo na alteração quantitativa anormal dos dedos da mão ou dos pés); Sindactilias (anormalidade embriológica que resulta na visível união entre dois ou mais dedos das mãos ou dos pés); Dedos mais longos e mais curtos que o habitual. Verificar se as narinas e a região anal estão pérvias, por meio de uma sonda fina introduzida delicadamente no orifício em busca de atresia coanas (falha no desenvolvimento da comunicação da cavidade nasal posterior para a nasofaringe) e ânus imperfurado (má formação congênita na região anorretal em que o reto termina em uma bolsa cega, não se comunicando com o cólon, ou apresenta aberturas até a uretra, bexiga ou vagina), respectivamente. APARELHO CARDIOVASCULAR No aparelho cardiovascular deve-se auscultar atenciosamente todo o tórax, observar visualmente e palpar o ictus cordis* para identificar a presença de frêmitos de origem cardíaca. Fazer a contagem da Frequência Cardíaca** e avaliar o Ritmo. Palpar os pulsos femorais. Observar também a ocorrência e intensidade de sopros cardíacos. Ao realizar o exame físico do aparelho cardiovascular, deve-se observar: - Cianoses; - Edemas; - Tamanho do fígado; - Reflexos hepatojugulares *Ictus cordis: localizado lateralmente a linha hemiclavicular esquerda no 3º espaço intercostal esquerdo no recém-nascido. Observação: a arritmia sinusal ou respiratória é normal na infância. A frequência cardíaca aumenta com a inspiração e diminui com a expiração. ** Frequência Cardíaca: APARELHO RESPIRATÓRIO Na avaliação do aparelho respiratório deve-se avaliar: Inspeção, Expansibilidade, Simetria, Frêmito torácico (ou toracovocal), Percussão, Ausculta do tórax e contar frequência respiratória. Ana Victória Ribeiro – M7 A. Inspeção: Observar forma, simetria, sinais de esforço respiratório; Se há tiragem subcostal, intercostal e fúrcula; Tipo de respiração: torácica, abdominal, paradoxal. Observar se ocorre: Cianose; Batimento de aletas nasais; Balancim toracoabdominal: assincronia entre o movimento do tórax e do abdome no ciclo respiratório. Avaliar: B. Expansibilidade, Simetria, Frêmito torácico; C. Percussão: verificar som claro pulmonar, timpanismo, macicez; D. Ausculta do tórax, Avaliar: Murmúrio Vesicular; Ruídos adventícios: sibilos, estertores. E. Frequência respiratória (FR): contar FR do recém-nascido por 1 minuto. Idade FR máxima Até 2 meses Até 60 incursões respiratórias por minuto (irpm) Entre 2 meses e 12 meses Até 50 irpm Entre 1 a 5 anos Até 40 irpm Acima de 5 anos Até 20 irpm ABDOME Na avaliação do abdome: Inspeção, Ausculta, Percussão e Palpação. Inspeção: forma do abdome (globoso, plano, escavado), tensão. Avaliar cordão umbilical (2 artérias e 1 veia); Ausculta: avaliar Ruídos Hidroaéreos. Verificar peristaltismo. Percussão: avaliar o Timpanismo. Delimitação das vísceras e massas, sensibilidade, piparote, macicez móvel, espaço de traube. Palpação: ocorrência de visceromegalia e massa palpável. Anel e cicatriz umbilical, sensibilidade, massas, fígado, intestino, hérnia umbilical e inguinal. REGIÃO ANORRETAL Inspeção: observar as nádegas (massas, tônus, fistulas, fissuras anais), fosseta nasal, prolapso retal, outras protrusões (pólipos, hemorroidas), coloração, secreções, dermatite perineal, ânus imperfurado. Palpação: tumorações, toque retal, tônus do esfíncter. GENITÁLIA Na avaliação da genitália deve-se avaliar se é típica masculina ou feminina. Devem ser identificadas anormalidades da diferenciação sexual. Se genitália ambígua: não identificar o sexo do Recém-nascido até que se faça uma avaliação posterior e tenha certeza, às vezes, é necessário o exame de cariótipo. A. Na genitália masculina: procurar testículos na bolsa escrotal e na região inguinal. Analisar se há exposição da glande, se há epispadia ou hipospadia (o meato uretral externo localizado na face dorsal do pênis ou na face ventral do pênis, respectivamente). B. Na genitália feminina: observar se há sinequia (aderência) de pequenos lábios, hipertrofia de lábios vulvares ou de clitóris (comuns na hiperplasia congênita de suprarrenal). MEMBROS Ana Victória Ribeiro – M7 A pesquisa dos membros será realizada com a pesquisa dos sinais de Ortolani e Barlow para identificação de luxação congênita do quadril. O sinal Ortolani da seguinte forma: o examinador irá segurar as coxas do recém-nascido e delicadamente realizará a abdução do quadril enquanto move anteriormente o grande trocanter com 2 dedos. A manobra de Ortolani é o reverso da de Barlow. Avaliar: Formato dos membros; Edema; Hipoplasia; Alterações nos dedos dos pés ou das mãos; Alteração durante a palpação das clavículas que podem ocorrer no parto: -Crepitação; -Fratura. Pesquisar os reflexos e sinais neurológicos, buscar identificar: - hipertonias; - Hipotonias; - Movimentos anormais; - Reflexos tendinosos e cutaneoplantar; - Reflexos primitivos: A. Moro; B. Tônico-cervical assimétrico (Esgrimista); C. Preensão palmar; D. Preensão plantar; E. Sucção Reflexa; F. Reflexo de busca; G. Marcha Reflexa. Referência: Porto, Semiologia Médica – 7ª edição; Pediatria ambulatorial – Leão.
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