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GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Prof. Davi Baasch Profa. Ida Luciana Martins Noriler U n i v e r s i d a d e R e g i o n a l d e B l u m e n a u Reitor Prof. Dr. Eduardo Deschamps Vice-Reitor Prof. Dr. Romero Fenili Pró-Reitora de Ensino de Graduação Profa. Ms. Sônia Regina de Andrade Pró-Reitor de Administração Prof. Dr. Edesio Luiz Simionatto Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Dr. Clodoaldo Machado Divisão de Modalidades de Ensino Coordenação Geral Prof. Ms. Alexander Roberto Valdameri Equipe Multidisciplinar Técnica Airton Zancanaro Alexandre Adaime da Silva Gerson Luís de Souza Léo Fath Equipe Multidisciplinar Pedagógica Profa. Ms. Daniela Karine Ramos Prof. Diego Fernando Negherbon Profa. Ms. Henriette Damm Profa. Ms. Iris Weiduschat Prof. Ms. Luiz Rafael dos Santos Profa. Dra. Rosemeri Laurindo Prof. Ms. Víctor César da Silva Nunes Administrativo Profa. Viviane Alexandra Machado Saragoça Assessoria em Educação do Vale do Itajaí Dirigente Prof. Ms. Kiliano Gesser Equipe Administrativa Prof. Carlos Alberto Alves de Oliveira Prof. Ms. Kiliano Gesser Coordenação Pedagógica Profª Olga Sansão Gesser Diagramação Alvin Noriler 2008 FURB – Universidade Regional de Blumenau Divisão de Modalidades de Ensino Rua Antônio da Veiga, 140 Bairro: Victor Konder Blumenau – SC - 89012-900 Fone: (47) 3321-0577 E-mail: dme@furb.br Site: www.furb.br/ead Assevali Educacional Ltda. Rua Belarmino João da Silva, 52 Bairro: Santa Terezinha Gaspar – SC – 89110-000 Fone: (47) 3318-0909 E-mail: secretaria@assevali.com.br Site: www.assevali.com.br Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1825, de 20 de dezembro de 1907. “Impresso no Brasil / Printed in Brazil” Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da FURB Baasch, David B111g Gestão e desenvolvimento de recursos humanos / David Baasch, Ida Luciana Martins Noriler. - Blumenau : Edifurb ; Gaspar: ASSEVALI Educacional, 2008. 95 p. : il. - (Pós-Graduação. Modalidade a distância) Bibliografia: p. 93-95. ISBN: 978-85-7114-197-1 1. Ensino a distância. 2. Administração pessoal. 3. Recursos humanos. I. Noriler, Ida Luciana Martins. II. Título. III. Série. CDD 378.03 Professor Davi Baasch Psicólogo e Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Psicologia Organizacional, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, sentidos e significados do trabalho, terceiro setor e projetos. É atualmente aluno de mestrado pelo programa europeu de Psicologia Organizacional e do Trabalho - Erasmus WOP-P -, na Universidade de Bolonha, Itália. Professora Ida Luciana Martins Noriler Mestre em Administração de Empresas pela FURB, sócia da B&S Consultoria e Instrutoria Ltda., consultora credenciada do Sebrae/SC. Docente na FURB nas disciplinas: Administração de Recursos Humanos I e II, Administração e Empreendedorismo, Formação de Novos Empreendimentos. Sumário 1 GESTÃO DE PESSOAS: EVOLUÇÃO E ESTÁGIO ATUAL............................................. 11 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ............... 11 1.1.1 A Industrialização Clássica ............................................................................................ 12 1.1.2 As Relações Humanas .................................................................................................. 14 1.1.3 A Industrialização Neoclássica ...................................................................................... 15 1.1.4 Os Estruturalistas ......................................................................................................... 16 1.1.5 Comportamentalismo .................................................................................................... 17 1.1.6 Informação .................................................................................................................... 18 1.1.7 A Escola Sistêmica: As Empresas Analisadas Sob a Ótica dos Sistemas ................... 20 1.2 O SISTEMA DE RECURSOS HUMANOS........................................................................ 22 1.3 GESTÃO DE PESSOAS OU ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS? ............. 22 1.4 OS RECURSOS HUMANOS COMO FONTE DE VANTAGEM COMPETITIVA DE UMA ORGANIZAÇÃO ............................................................................................... 24 1.5 OS NOVOS PAPÉIS E DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS ................................... 25 2 RELAÇÕES DE TRABALHO, PODER E GESTÃO DE CONFLITOS ............................. 29 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ................................................................................ 30 2.2 RELAÇÕES DE TRABALHO: CONCEITOS E ANÁLISE ................................................. 31 2.3 CONFLITOS..................................................................................................................... 32 2.3.1 Possíveis Causas de Conflitos ..................................................................................... 34 2.3.2 Níveis de Conflito ........................................................................................................... 35 2.3.3 Tipologia e Estilos de Conflitos ...................................................................................... 35 2.3.4 Conseqüências do Conflito ........................................................................................... 36 2.3.5 Administrando Conflitos ................................................................................................. 38 2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PODER ......................................................................... 39 2.4.1 Tipos de Poder .............................................................................................................. 40 2.4.2 Fontes de Poder ............................................................................................................ 42 2.4.3 Autoridade Formal e Obediência ................................................................................... 43 2.4.4 Aplicação do Poder - Estratégias de Influência ............................................................. 45 2.4.5 Negociação ................................................................................................................... 47 2.4.6 Mediação do Conflito ..................................................................................................... 51 3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE GESTÃO DE PESSOAS ................................... 55 3.1 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .............................................................................. 56 3.1.1 Os Três Tipos de Planejamento .................................................................................... 60 3.1.1.1 O planejamento estratégico ....................................................................................... 61 3.1.1.2 O planejamento tático ................................................................................................ 61 3.1.1.3 O planejamento operacional ....................................................................................... 63 3.1.2 A importância e as vantagens de um planejamento estratégico ................................... 65 3.1.3 As etapas de um planejamento estratégico .................................................................. 66 3.1.3.1 A análise da situação estratégica: definição do negócio, missão e visão .................. 67 3.1.3.2 Análise ambiental: análise dos ambientes interno e externo ...................................... 72 3.1.3.3 O posicionamento estratégico da organização .......................................................... 75 3.1.3.4 Os objetivos estratégicos e aimplantação das estratégias ....................................... 76 3.2 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RECURSOS HUMANOS ................................ 78 3.2.1 Os Principais Processos em Gestão de Pessoas ....................................................... 80 3.2.2 O Processo de RH e a Influência no Planejamento Estratégico ................................... 81 3.2.3 Os Passos no PERH .................................................................................................... 82 3.2.4 Apreciação Crítica do Planejamento de RH .................................................................. 84 3.2.5 O Papel do RH como Parceiro Estratégico nas Empresas .......................................... 85 3.2.6 O Perfil do Executivo de RH em Face do Planejamento Estratégico ............................ 85 3.3 A ABORDAGEM DE DIAGNÓSTICO EM RH ................................................................... 86 3.3.1 Identificando um Modelo de Diagnóstico de RH ............................................................ 86 3.3.1.1 A importância do uso de indicadores para avaliar a eficiência e eficácia do sistema de RH............................................................................................................. 86 3.3.2 Métodos de Avaliação de RH ......................................................................................... 88 3.3.2.1 As pesquisas internas e externas de avaliação.......................................................... 88 3.3.3 Vantagens da Avaliação de RH...................................................................................... 89 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 93 APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), Bem vindo(a) à disciplina Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos. Este é o nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos sobre o assunto. A carga horária desta disciplina é de 45 horas e cabe a você administrar sua aprendizagem e determinar o tempo para os seus estudos e o aprofundamento dos temas tratados. Lembre-se, porém, de que há um prazo limite para a conclusão dos estudos. Você deverá realizar as avaliações presenciais nas datas previstas no cronograma do curso. Os capítulos foram organizados de forma didática e complementar. Eles apresentam os textos básicos, com questões para reflexão, e indicam outras referências a serem consultadas. Desejamos a você um bom trabalho e que aproveite ao máximo o estudo dos temas abordados nesta disciplina! 11 C A P ÍT U LO 1 1 GESTÃO DE PESSOAS: EVOLUÇÃO E ESTÁGIO ATUAL Objetivos de Aprendizagem 1. Situar a evolução da gestão de recursos humanos no bojo das teorias organizacionais. 2. Relacionar o atual panorama da administração de recursos humanos com a sua evolução histórica. 3. Explicar a gestão de pessoas à luz da Escola Sistêmica. 4. Identificar novas perspectivas para a gestão de pessoas. INTRODUÇÃO Caro aluno(a)! A gestão de pessoas é um tema que tem sido amplamente discutido tanto na academia quanto no quotidiano das organizações. Como você deve então estar imaginando, discorrer sobre este assunto parece um desafio provocante. Se olharmos para a história, veremos que há séculos o homem administra pessoas e organizações. No entanto, as modernas atividades de administração de recursos humanos surgiram somente no início do século XX, tendo uma evolução significativa a partir da década de 1920. Desde então, a administração de RH tem acompanhado a evolução das teorias administrativas, as quais se dividem em correntes teóricas, tais como a Clássica, a de Relações Humanas no Trabalho e a Sistêmica. 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS No início do século XX, as organizações cresceram muito. A administração de RH veio preencher, portanto, uma demanda decorrente deste crescimento e do aumento da complexidade das tarefas de gestão de pessoal. Para melhor compreendermos a evolução da administração de RH, logo a seguir vamos observar alguns de seus precursores no âmbito das teorias organizacionais, já que o seu desenvolvimento se confunde com a história da Administração (GIL, 1994). As teorias organizacionais, como você já sabe, organizam-se especialmente sob a égide de grandes vertentes teóricas como a Escola Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 12 Clássica, a Escola de Relações Humanas no Trabalho e a Escola Sistêmica. Cada uma destas abordagens representa uma forma específica de estudar as organizações. Veremos a seguir, portanto, quais os pressupostos e postulados de cada uma delas. Para Pensar Você tem algum conhecimento sobre as teorias da Administração? O que você admite como proveitoso em cada uma delas? Para você, por que é útil ainda hoje conhecermos a evolução do pensamento organizacional? 1.1.1 A Industrialização Clássica A partir de meados do século XVIII, uma série de mudanças tecnológicas faz surgir na Inglaterra aquilo que hoje chamamos de Revolução Industrial. A partir do início do século XX, intensas alterações no modo de produzir já podiam ser observadas em praticamente todo o continente Europeu e na América do Norte. E é em virtude do crescimento rápido e desordenado e da ineficiência das empresas deste período - lembre que estamos falando do fim do século XIX e início do século XX - que surgem como expoentes o engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor, fundador da Administração Científica, e o engenheiro francês Jules Henri Fayol, fundador da Teoria Clássica. Muito embora estes dois autores não tenham se comunicado entre si e tenham partido de pontos de vista diferentes, suas idéias constituem as bases da chamada Abordagem Clássica da Administração, cujos "postulados dominaram aproximadamente as quatro primeiras décadas deste século no panorama administrativo das organizações" (CHIAVENATO, 1983, p. 33). Considerada a primeira teoria da administração, a Administração Científica, fundada por Taylor, adota a "organização racional do trabalho", a qual se fundamenta no estudo dos tempos e movimentos, na análise do trabalho do operário, na especialização do trabalhador e na fragmentação das tarefas. Talvez você esteja pensando: quanta coisa para eu lembrar! O fato é que se buscava, sobretudo, o aumento da produção e a eliminação de custos. Para haver adesão por parte dos operários, propunham-se incentivos salariais e prêmios de produção. Sem dúvida, esta teoria gerou maior lucratividade para o capitalista (CHIAVENATO, 1983; GIL, 1994; MAXIMIANO, 1985). Entretanto, para o trabalhador, tratava-se de um sistema opressor e alienador. Também chamada de "Teoria da Máquina", esta teoria robotizou operários, propondo a superespecialização e a desumanização do homem, e não considerava motivadores não-monetários, além de ser excessivamente prescritiva e normativa e tipicamente de sistema fechado (sistema em que não há trocas com o exterior) (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980). Ok, compreendido. Mas e o que pensava Fayol? Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 13 Co-fundador da moderna administração, Henri Fayol idealizou a Teoria Clássica, a qual se caracterizava pela ênfase na estrutura organizacional e pela busca da máxima eficiência. Fayol considerava a administração como uma ciência. Preocupou-se em definir as funções da Administração (que são: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar), as funções básicas da empresa e os princípios básicos da Administração, os quais deveriam ser aplicados por qualquer tipo de organização formal. Tal teoria também se caracteriza pela divisão do trabalho, que tanto pode ser vertical (com os níveis de autoridade) como também horizontal (com a divisão por departamentos), havendo ainda a coordenação, cujo objetivo é garantir a harmonia do conjunto e a eficiência. Fayol acreditava que existe uma relação entre escalahierárquica e funções administrativas, a saber: à medida que se desce na escala hierárquica, mais aumenta a proporção de outras funções da empresa, e à medida que se sobe, mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas (CHIAVENATO, 1983; GIL, 1994; MAXIMIANO, 1985). Figura 1 - A proporcionalidade da função administrativa nos diferentes níveis hierárquicos da empresa. Fonte: CHIAVENATO, 1983, p. 74. Do mesmo modo como à Administração Científica, à Teoria Clássica também foram tecidas várias críticas: trata-se de um enfoque que deixa de lado a organização informal, que é mecanicista ("Teoria da Máquina") e incompleta, e que visualiza a organização como um sistema fechado. Apesar disso, não podemos negar o fato de que ambas as teorias do período de Industrialização Clássica serviram de base à moderna teoria administrativa (CHIAVENATO, 1983). Saiba Mais Para compreender o contexto da Revolução Industrial, assista ao filme Daens: um grito de justiça. O filme se passa no final do século XIX, em Aalst (Bélgica), pequena cidade onde se iniciam as primeiras rebeliões dos trabalhadores da Indústria por melhores condições de trabalho. Outra sugestão é o filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, que focaliza a sociedade industrial estadunidense dos anos 30, a qual se FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS - Prever - Organizar - Comandar - Coordenar - Controlar OUTRAS FUNÇÕES NÃO-ADMINISTRATIVAS Níveis Hierárquicos: Mais Altos Mais Baixos Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 14 caracterizou pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. Este filme faz uma crítica à sociedade capitalista, à industrialização e às desigualdades sociais, com muito sendo de humor, é claro! 1.1.2 As Relações Humanas Nascida como reação à Escola Clássica da Administração, a Escola de Relações Humanas orienta-se para os aspectos psicológicos e sociais da produtividade e procura contemplar as necessidades dos indivíduos dentro da organização. Fortemente influenciada pelo desenvolvimento das ciências sociais, em especial pela Psicologia do Trabalho, esta escola "[...] nasceu da necessidade de corrigir a forte tendência à desumanização do trabalho surgida com a aplicação de métodos rigorosos, científicos e precisos, aos quais os trabalhadores deveriam forçosamente se submeter" (CHIAVENATO, 1983, p. 97). Ela surgiu com uma experiência realizada pelo australiano Elton Mayo na fábrica de Western Eletric Company em Hawthorne (EUA), no final da década de 1920, onde se buscou avaliar as pessoas e seus comportamentos dentro das organizações. A partir disso, Mayo percebeu que não era possível estabelecer uma correlação simples entre fatores físicos e/ou ambientais e produtividade. As causas do desempenho estavam no comportamento humano (CHIAVENATO, 1983; KWASNICKA, 1989). A partir deste trabalho de quase uma década, novas bases passaram a subsidiar a Administração. Ao invés se preocupar com a tarefa (Administração Científica) ou com a estrutura (Teoria Clássica), passou-se a se preocupar com as pessoas, a se observar a integração social e o comportamento social dos empregados, as necessidades psicológicas e sociais e as novas formas de recompensa, os grupos informais e a organização informal, as relações humanas dentro das organizações, os aspectos emocionais e não racionais do comportamento das pessoas, o conteúdo dos cargos e tarefas para as pessoas (CHIAVENATO, 1983; GIL, 1994; MAXIMIANO, 1985). É... Esta teoria parece preencher hiatos teóricos em relação às anteriores, mas quais os seus pontos negativos? Em primeiro lugar, trata-se de uma teoria que possui uma concepção ingênua e romântica do trabalhador. Em segundo lugar, enfatiza exacerbadamente os grupos informais; em terceiro lugar, esta teoria possui um enfoque manipulativo e até mesmo - por que não dizer? - demagógico. Por fim, desconsidera a divisão de classe; não reconhece as condições sociais, políticas e econômicas do meio; e acredita que o clima organizacional é suficiente para o aumento da produtividade. Tantas críticas como estas forçaram esta teoria a sofrer intensas revisões e reelaborações a partir da Teoria Comportamental, que veremos logo mais (CHIAVENATO, 1983; KWASNICKA, 1989). Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 15 Saiba Mais Para aprofundar seu conhecimento sobre a escola de Relações Humanas, leia Chester Barnard (As funções do executivo), Kurt Lewin (Teoria dinâmica da personalidade e Teoria de campo em ciência social) e Herbert Simon (Comportamento administrativo: estudo dos processos decisórios nas organizações administrativas). 1.1.3 A Industrialização Neoclássica Como o próprio nome já diz, a Teoria Neoclássica é uma espécie de releitura da Teoria Clássica. A Teoria Neoclássica surgiu da necessidade de usar as concepções válidas e relevantes da Teoria Clássica, excluindo seus exageros e distorções e condensando conceitos e idéias posteriores a ela. As principais características desta teoria são: a ênfase na prática da Administração, a ênfase nos princípios gerais da Administração, a ênfase nos objetivos e nos resultados e o ecletismo nos conceitos. Esta teoria buscou conciliar aspectos técnicos e específicos do trabalho com aspectos relacionados com a direção de pessoas dentro das organizações. Ou seja, para a Teoria Neoclássica era importante que o administrador conhecesse estas duas esferas do seu trabalho dentro de organizações (CHIAVENATO, 1983). Passou-se a analisar a organização sob dois enfoques: eficiência (medida da utilização dos recursos neste processo; relaciona-se ao "fazer bem feito") e eficácia (medida do alcance dos resultados; relaciona-se com "fazer a coisa correta"). Também se abordavam as hierarquias como sendo de dois tipos: de objetivos e de planejamento, sendo que este último se subdividiria em três níveis distintos, conforme veremos no terceiro capítulo. Além disso, a Teoria Neoclássica também enfatizou as funções básicas do administrador, que seriam: planejamento, organização, direção e controle - e ao conjunto delas chamou-se "Processo Administrativo" (CHIAVENATO, 1983). Dica Repare na seqüência cronológica de surgimento das abordagens teóricas. Há sempre uma lógica entre elas! Elas preenchem vazios deixados pela(s) precedente(s) ou abordam antigos conceitos utilizando outros/novos pontos de vista. Por exemplo: funções da Administração: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar (Teoria Clássica); funções básicas do administrador: planejamento, organização, direção e controle (Teoria Neoclássica). Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 16 Da Abordagem Neoclássica surge o entendimento de que a organização formal apresenta características básicas como: divisão do trabalho, especialização (vertical - com mais níveis hierárquicos - ou horizontal - com mais órgãos especializados, departamentalização), hierarquia, distribuição da autoridade e da responsabilidade e o racionalismo organizacional. A partir disso, pôde-se estruturar as organizações em três tipos: linear, funcional e linha-staff (CHIAVENATO, 1983). Para Pensar O surgimento da Teoria Neoclássica não seria um indício de que a Teoria Clássica, mesmo depois de algumas décadas, continuava sendo uma ferramenta importante para a gestão organizacional, ainda que necessitasse de uma reformulação? Você acredita que ainda hoje nós podemos aproveitar alguma(s) proposição(ões) da Teoria Clássica? 1.1.4 Os Estruturalistas A Teoria Estruturalista procura analisar a organização a partir de um estudo metodológico de sua estrutura. A Teoria Estruturalista visualizava a organização como uma unidade social, onde grupos sociais compartilham com alguns objetivos da organização. Para o Estruturalismo, é de especial importância o relacionamento das partes com o todo. Procurou-se "[...] inter-relacionar as organizações com seu ambiente externo, que é a sociedademaior, ou seja, a sociedade de organizações, caracterizada pela interdependência entre as organizações" (CHIAVENATO, 1983, p. 357). O homem organizacional, desta forma, desempenha papéis em diferentes organizações e precisa ter flexibilidade, tolerância às frustrações, capacidade de adiar as recompensas e permanente desejo de realizações para ser bem sucedido (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980; KWASNICKA, 1989). Dica O que é estrutura? "[...] Conjunto formado de elementos dispostos de tal modo que cada um depende dos outros, a ponto de só poderem ser o que são em função do seu relacionamento estreito com os outros" (KWASNICKA, 1989). Os autores estruturalistas acreditavam que tanto a organização formal quanto a informal deveriam ser compreendidas da mesma forma como as recompensas e sanções materiais e psicossociais deveriam ser consideradas, Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 17 bem como as suas influências mútuas. A análise organizacional deve contemplar, de acordo com esta escola, os tipos de organizações (industriais, comerciais, de serviços, exército, igreja, etc.), os diferentes níveis hierárquicos, e as relações que a organização estabelece com outras organizações (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980). Para os estruturalistas contemporâneos, a existência dos conflitos não deve ser ignorada, já que o conflito entre grupos é compreendido como um processo fundamental para o desenvolvimento das organizações, muito embora não se utilize tais conflitos para este fim (MOTTA, 1980). Importante autor desta escola, Amitai Etzioni classificou as organizações a partir do uso e do significado da obediência, determinando as seguintes tipologias organizacionais: Organizações Coercitivas, Utilitárias e Normativas. Peter M. Blau e W. Richard Scott, também importantes autores desta abordagem, preocuparam-se com o benefício principal da organização, propondo, a partir daí, quatro categorias de organização formal, a saber: os próprios membros da organização, os proprietários, os clientes e o público em geral. Segundo estes autores, os conflitos são inevitáveis e, relacionados a eles, existem três dilemas fundamentais nas organizações, os quais se referem a: coordenação e comunicação, disciplina burocrática e especialização profissional, e planejamento administrativo e iniciativa (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980). Os estruturalistas foram pioneiros na análise dos ambientes. Propunham as organizações como sistemas abertos, em permanente interação com o seu meio ambiente. Até então, os estudos organizacionais não alcançavam tal perspectiva. Abordavam apenas as organizações dentro de um sistema fechado. A abordagem estruturalista é considerada uma teoria de transição para a sistêmica, que veremos ainda neste capítulo (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980). Saiba Mais Seja em fontes diretas ou indiretas, procure ler os autores estruturalistas. Dentre eles, destacamos Max Weber - talvez o seu maior expoente -, Amitai Etzioni, Peter M. Blau, W. Richard Scott, Robert Merton, Philip Selznick, Alvin W. Gouldner, Richard H. Hall, etc. 1.1.5 Comportamentalismo A Teoria Comportamental teve início no final da década de 1940, nos Estados Unidos, sendo fortemente influenciada pelas ciências do comportamento. Ela rompe com os enfoques prescritivos e ingênuos das primeiras escolas. Estuda e analisa as observações e verificações do comportamento humano a partir de processos científicos. Estuda profundamente a organização informal e adota como base novas proposições acerca da motivação humana, sobretudo as contribuições de Douglas McGregor (Teoria X e Teoria Y), Abraham Maslow (Pirâmide das Necessidades Humanas) e Frederick Herzberg (Fatores Higiênicos e Motivacionais). Partia-se do pressuposto que a administração deveria conhecer os mecanismos motivacionais para dirigir adequadamente a equipe de trabalhadores. Por esta razão, passou-se a se Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 18 pesquisar e a se refletir sobre o uso da autoridade e sua aceitação, sobre o processo de tomada de decisões, sobre o estudo dos grupos, etc. (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980; KWASNICKA, 1989). A Teoria Comportamental absorveu contribuições de muitas áreas do conhecimento. Por isso mesmo, sua literatura é ampla. Dentre seus principais autores, destacamos as obras de Herbert Simon, Chester Barnard, Rensis Likert e Chris Argyris, todos muito importantes para esta abordagem teórica da administração. Esta teoria compreendia a organização como um sistema de decisões, no qual os indivíduos se comportam racionalmente apenas com relação a um conjunto de dados que conseguem obter a respeito de seus ambientes. A idéia de um tomador de decisões, haja vista a quantidade de informações que se é capaz de obter e processar, conduz à idéia do homem administrativo, que busca soluções satisfatórias e não soluções ótimas (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980; KWASNICKA, 1989). Freqüentemente existem conflitos entre objetivos individuais e objetivos organizacionais. Ao pressionar as pessoas para alcançarem os objetivos das organizações, estas privam os indivíduos da satisfação de seus objetivos pessoais, e vice-versa. Isso implica que a maioria das decisões provocará outras depois de tomadas. Quanto mais ampla for uma decisão, maior tenderá a ser o número de outras decisões decorrentes. A partir de então, compreende-se a organização como um sistema de cooperação (CHIAVENATO, 1983; MOTTA, 1980). Saiba Mais Conheça as teorias motivacionais através dos trabalhos clássicos de Abraham Maslow, Douglas McGregor, Frederick Herzberg, Victor Vroom. 1.1.6 Informação Parafraseando Gil (2001), podemos afirmar que os avanços tecnológicos podem produzir mudanças evidentes nas empresas, mas os avanços da informação e da comunicação são responsáveis por uma verdadeira revolução. Isso acontece porque o conceito de informação envolve um processo de redução de incerteza. Na linguagem diária, a idéia de informação está ligada à idéia de novidade e utilidade, pois informação é o conhecimento disponível para uso imediato e que permite orientar a ação, ao reduzir a margem de incerteza que cerca as decisões cotidianas (CHIAVENATO, 1983, p. 483). Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 19 Na medida em que a sociedade se torna mais complexa, cresce de igual modo a importância da disponibilidade de informações amplas e variadas, e para compreender adequadamente o conceito de informação, de acordo com Chiavenato (1983), devemos relacioná-lo com dois outros conceitos: o de dado e o de comunicação. 1. Dado: é um registro ou anotação a respeito de um determinado evento ou ocorrência. Como exemplo poderíamos citar um banco de dados, que nada mais é senão um meio de acumular e armazenar conjuntos de dados para serem posteriormente combinados e processados. Quando um conjunto de dados possui um significado (um conjunto de números ao formar uma data, ou um conjunto de letras ao formar uma frase), temos uma informação, a qual reduz a incerteza a respeito de algo ou aumenta o conhecimento a respeito de algo. 2. Comunicação: é quando uma informação é transmitida a alguém, sendo então compartilhada também por este alguém. Para que haja comunicação, é necessário que o destinatário da informação a receba e a compreenda. A informação simplesmente transmitida - mas não recebida - não foi comunicada. Desta forma, comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas uma determinada informação. A teoria da informação é um ramo da Matemática aplicada que utiliza o cálculo da probabilidade. Ela surgiu em definitivo com as pesquisas de Claude E. Shannon e Warren Weaver. Ambos formularam uma teoria geral da informação, desenvolvendo um método para medir e calcular a quantidade de informação, com base em resultados da física estatística. A preocupação básica de Shannon era uma aferição quantitativa de informações (CHIAVENATO, 1983). Para Shannon, o sistema de comunicação tratado pela teoria das informações consiste nos seguintes componentes:fonte, transmissor, canal, receptor, destino e ruído, e cada um desses seis componentes tem o seu papel: 1. Fonte significa a pessoa, coisa ou processo que emite ou fornece as mensagens por intermédio do sistema. 2. Transmissor significa o processo ou equipamento que opera a mensagem, transmitindo-a da fonte ao canal. O transmissor codifica a mensagem fornecida pela fonte para poder transmiti-la. É o caso dos impulsos sonoros (voz humana da fonte) que são transformados e codificados em impulsos elétricos pelo telefone (transmissor) para serem transmitidos para um outro telefone (receptor) distante. Em principio, todo transmissor é um codificador de mensagens. 3. Canal significa o equipamento ou espaço intermediário entre o transmissor e o receptor, no sistema de comunicação. Em telefonia, o canal é o circuito de fios condutores da mensagem de um telefone para outro [...] 4. Receptor significa o processo ou equipamento que recebe a mensagem no canal. Para tanto, o receptor decodifica a mensagem para poder colocá- la à disposição do destino. É o caso dos impulsos elétricos (canal telefônico) que são transformados e decodificados em impulsos sonoros peto telefone (receptor) para serem interpretados pelo destino (pessoa que está ouvindo o telefone receptor). Em princípio, todo receptor é um decodificador de mensagens. 5. Destino significa a pessoa, coisa ou processo a quem é destinada a mensagem no ponto final do sistema de comunicação. 6. Ruído significa a quantidade de perturbações indesejáveis que tendem a Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 20 deturpar e alterar, de maneira imprevisível, as mensagens transmitidas. Usa- se a palavra ruído para conotar as perturbações geralmente presentes ao longo dos diversos componentes do sistema, como é o caso das perturbações provocadas pelos defeitos no transmissor ou no receptor, ligações inadequadas nos circuitos etc. A palavra interferência, por vezes, é utilizada para conotar uma perturbação de origem externa ao sistema, mas que influencia negativamente o seu funcionamento, como é o caso de ligações cruzadas, ambiente barulhento, interrupções, interferências climáticas etc. Num sistema de comunicações, toda fonte de erros ou distorções está incluída no conceito de ruído. Uma informação ambígua ou que induz a erro é uma informação que contém ruído (CHIAVENATO, 1983, p. 485). Enquanto indivíduos, o conteúdo do que trocamos com o ambiente, ao nos adaptarmos a ele, é a própria informação. O processo de receber e utilizar informações é justamente o processo de ajustamento dos indivíduos à realidade e o que lhes permite viver e sobreviver no ambiente (CHIAVENATO, 1983). Reside aí, portanto, a razão pela qual devemos compreender os processos de produção e transmissão de informações, uma vez que disso depende o bom funcionamento das organizações. 1.1.7 A Escola Sistêmica: As Empresas Analisadas Sob a Ótica dos Sistemas A ciência do século XIX adotava a mecânica clássica como modelo do pensamento científico, o que equivale a pensar nas coisas como mecanismos e sistemas fechados. A ciência atual veio corrigir esse equívoco trazendo como modelo um organismo vivo e dinâmico, voltado para atender prontamente a uma realidade cada vez mais competitiva e exigente (RIBEIRO, 2005, p. 110). A teoria dos sistemas tomou forma nos anos 50. É creditado o desenvolvimento das bases da teoria geral dos sistemas a Ludwig Von Bertalanffy, 1940, biólogo alemão. Este autor criticou a visão que se tinha - e pode-se afirmar que ainda algumas pessoas possuem - do mundo divido em diferentes áreas. A abordagem de sistemas chegou à Administração a partir de 1960, crescendo, em parte, pelos trabalhos dos biólogos que correlacionaram as organizações ao organismo biológico. A aplicação da teoria geral dos sistemas pelos biólogos às organizações chama-se teoria dos sistemas (RIBEIRO, 2005). Você já ouviu a seguinte afirmação: para resolver um problema empresarial, deve-se ter a noção do todo? Sim! A solução de problemas atuais exige um ponto de vista holístico, pois as totalidades representam mais do que a soma de suas partes. A teoria dos sistemas afirma que a organização deve ser estudada como um todo, que não pode ser separada em partes sem haver perda das suas características essenciais. Mas você sabe o que é um sistema? Então vamos ao conceito! Sistema é a conjunção de todos os elementos que compõem uma unidade de valor individual. Sistema é um conjunto de elementos interdependentes, cada qual com sua função específica, que trabalha em sintonia para atingir determinado objetivo comum. Os sistemas possuem componentes. Você sabe quais são os componentes de um sistema? Então observe a Figura 2: Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 21 Figura 2 - Componentes de um sistema Fonte: Oliveira (2004, p. 34). Perceba que todo sistema deve possuir um objetivo que é a razão de existência do sistema. As entradas do sistema fornecem o material, a informação e a energia para a operação ou processo. Já o processo de transformação é a maneira pela qual os elementos componentes interagem para produzir as saídas desejadas. As saídas são os resultados do processo de transformação. Os controles e avaliações servem para identificar se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos. A retroalimentação é a reintrodução de uma saída em forma de informação (feedback). Uma empresa deve ser considerada um sistema que possui vários subsistemas que se relacionam uns com os outros. Caso contrário, cada subsistema trabalhará para um fim que pode inclusive ser divergente do objetivo da empresa. Na verdade, a empresa deve ser vista como um grande sistema composto por vários outros que não podem ser analisados separadamente, pois fazem parte de um todo. Na Administração, estudamos bastante os sistemas abertos, que são os que possuem intercâmbio com o ambiente através de fluxos contínuos de entradas e saídas. São adaptativos, ou seja, devem adaptar-se ao meio para sobreviver. Seu comportamento não é totalmente previsível. Você percebeu como as empresas são um sistema aberto que deve interagir constantemente com o meio? Os sistemas abertos respondem a muitas variáveis ambientais que não são totalmente compreensíveis. A empresa é influenciada por seu ambiente e o influencia. A teoria sistêmica vê a organização em constante interação com o meio externo pois ela influencia o ambiente e é por ele influenciado. Segundo Chiavenato (2003), de todas as teorias administrativas, a teoria dos sistemas é a menos criticada, pois a visão da abordagem sistêmica é atualmente muito utilizada e importante. Esta abordagem contribuiu muito para a Administração, pois mostrou a importância de uma visão geral da empresa, evidenciando o ambiente externo como fator determinante para o sucesso da organização (RIBEIRO, 2005). Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 22 1.2 O SISTEMA DE RECURSOS HUMANOS Como foi evidenciado no item anterior, a empresa deve ser considerada e analisada como um sistema. Um sistema é composto de vários subsistemas. Por exemplo, se considerarmos como sistema uma empresa, esta é composta pelo subsistema de recursos humanos. O subsistema de RH só pode se manifestar plenamente no que Carvalho e Nascimento (2004) chamam de sistema administrativo aberto. Segundo os autores, a função de RH é influenciada pelo ambiente externo e interno. Estes dois tipos de ambientes (os quais serão aprofundados adiante) contribuem muito para que a empresa atinja seus objetivos. Observe o sistema básico de RH na Figura 3. Figura 3 - Modelo de Sistema Básico de RH “INPUTS” PROCEDIMENTOS “OUTPUTS” Internos: - Filosofia empresarial - Objetivos da empresa/ RH - Políticas de RH Externos: - Atividade econômica - Mercado de trabalho - Tecnologia - Legislação - Administração de cargos e salários - Recrutamento e seleção - Treinamento/desenvolvimento - Avaliação de desempenho - Administraçãoparticipativa - Negociações - Integração de RH ao negócio - Força de trabalho motivada - Aumento da produtividade - Maior integração - Consecução dos objetivos de RH Retroalimentação Fonte: adaptado de Carvalho; Nascimento (2004, p. 6). Você identificou a semelhança da Figura 2 com a Figura 3? Sim, há semelhanças, pois o RH também é um sistema que sobre influências do ambiente interno (os procedimentos) e externo (os inputs) para alcançar os objetivos traçados (o output). E todo sistema tem procedimentos/processos relacionados. A área de RH contempla diversos processos. Você vai entender melhor quais são os principais processos em gestão de pessoas quando chegar ao item 3.2.1. 1.3 GESTÃO DE PESSOAS OU ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS? As empresas vêm passando por diversas modificações. A competitividade, o desenvolvimento tecnológico e a globalização as obrigam a mudar. Agora que você já leu sobre a evolução e os estágios da gestão de pessoas, pode Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 23 compreender que a partir da década de 1990 estudos provocaram diversos questionamentos quanto à forma como vinham sendo administrados os recursos humanos das empresas. Segundo Gil (2001): "Dentre as diversas críticas, uma das que geraram maiores repercussões referia-se exatamente à terminologia utilizada para designá-la." Reflita! Se as pessoas forem tratadas como recursos, o que significa? Todo recurso deve gerar o máximo rendimento, não? Então os recursos humanos seriam considerados, desta forma, patrimônio das organizações. Os críticos afirmam que as pessoas devem ser tratadas como parceiros da organização, pois assim, tornam-se o capital intelectual das empresas. As empresas não devem tratar seus empregados como meros empregados contratados, e sim como parceiros. Observe no Quadro 1 a diferença entre o empregado ser considerado um parceiro e um recurso. Quadro 1 - As pessoas são recursos ou parceiros da organização? PARCEIROS RECURSOS - o empregados isolados nos cargos - horário rigidamente estabelecido - preocupação com normas e regras - subordinação ao chefe - fidelidade à organização - dependência da chefia - alienação em relação à organização - ênfase na especialização - executoras de tarefas - ênfase nas destrezas manuais - mão-de-obra - colaboradores agrupados em equipes - metas negociadas e compartilhadas - preocupação com resultados - satisfação do cliente - vinculação à missão e à visão - interdependência entre colegas - participação e comprometimento - ênfase na ética e responsabilidade - fornecedores de atividade - ênfase no conhecimento - inteligência e talento Fonte: Chiavenato (2004, p. 8). Percebeu como o termo "gestão de pessoas" designa melhor a tendência atual de administrar as pessoas? Fala-se hoje também em "gestão de talentos", "gestão de parceiros", "gestão do capital humano", "gestão do capital intelectual", etc. A gestão de pessoas vem ganhando adeptos, já que muitas empresas anunciam a disposição para tratar seus empregados realmente como parceiros, incentivando sua participação nas decisões e utilizando ao máximo o talento das pessoas para a obtenção da sinergia necessária para seu desenvolvimento (GIL, 2001, p. 24). Neste caderno, você perceberá que falaremos bastante em "administração de recursos humanos" - reflexo da nomenclatura escolhida pelos autores trabalhados. Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 24 Para Pensar E então, "gestão de pessoas" ou "administração de recursos humanos"? De fato, o termo "gestão de pessoas" é mais indicado, pois vislumbra o ser humano como parceiro da organização. Vamos à prática? Pesquise em duas empresas qual a nomenclatura utilizada por elas para a gestão dos recursos humanos ou, até mesmo, qual a nomenclatura dos departamentos responsáveis pelos recursos humanos. É a mesma nas duas empresas ou difere? 1.4 OS RECURSOS HUMANOS COMO FONTE DE VANTAGEM COMPETITIVA DE UMA ORGANIZAÇÃO Que critérios uma empresa pode julgar coerentes para avaliar sua vantagem competitiva? Reflita sobre sua resposta e lembre-se das pessoas como parceiros da empresa. Teóricos que desenvolveram a abordagem estratégica baseada em recursos, que surgiu a partir dos anos 80, entendem que a empresa é um conjunto de recursos tangíveis e intangíveis. E a vantagem competitiva de uma empresa é originada de um conjunto único de recursos que os concorrentes não conseguem imitar. Segundo os teóricos, os recursos intangíveis são mais propensos a gerarem uma vantagem competitiva. É que, para se tornarem fonte de vantagem competitiva, os recursos intangíveis precisam ser raros (poucos concorrentes tem acesso), de difícil imitação e imperfeitamente substituíveis. (HANASHIRO et al., 2007). Sendo assim, os ativos, para serem estratégicos, não são passíveis de substituição ou imitação. Veja na Figura 4 que fatores podem promover uma vantagem competitiva sustentável para uma empresa. Observe que o capital social, associado ao capital humano, compõe o capital organizacional. E "pode-se considerar o capital social organizacional como o ativo estratégico por excelência, capaz de promover a vantagem competitiva sustentável juntamente com os capitais humano e organizacional" (HANASHIRO et al., 2007, p. 12). Agora você já sabe que os recursos tangíveis, tais como máquinas e equipamentos, não se tornam vantagem competitiva sustentável para uma empresa, pois qualquer concorrente pode ter acesso: é só comprar. É preciso mais do que isso. É necessário possuir uma cultura organizacional adequada às necessidades da empresa e o desenvolvimento de competências essenciais. Percebeu como o capital humano é muito importante quando uma empresa deseja ser competitiva e ainda sustentar esta vantagem? Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 25 Fonte: Hanashiro et al., 2007, p. 12. Agora que você já se deparou com a relação entre vantagem competitiva e gestão de pessoas, vamos abordar os novos desafios desta área. Acompanhe conosco! 1.5 OS NOVOS PAPÉIS E DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS Assim como as empresas devem adaptar-se às constantes mudanças do ambiente externo, a área de RH também sofre mudanças e adaptações. Observe a Figura 5. Figura 5 - Os novos papéis da função de RH Fonte: Chiavenato (2004, p. 46) Figura 4 - Relação entre o capital humano, o social organizacional e o organizacional. Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 26 Você deve compreender que a área de RH não pode mais ser considerada operadora de tarefas burocráticas. Muitas destas tarefas podem até ser terceirizadas pelas empresas, como, por exemplo, a folha de pagamento. O RH deve ser visto como estratégico para as empresas e contribuir diretamente na consecução dos objetivos traçados pela cúpula. Claro que os papéis operacionais também são operados pelo RH, mas o foco atual é tornar-se um RH estratégico. Chiavenato (2004) aborda quatro papéis principais que o RH com foco na construção de um organização competitiva deve ter: 1. administração de estratégias de recursos humanos: o RH auxilia a impulsionar as estratégias desenvolvidas pela empresa; 2. administração da infra-estrutura da empresa: o RH oferece uma base de serviços (tais como recrutamento e seleção, avaliação de desempenho, etc) à organização para auxiliar a mesma no alcance dos seus objetivos; 3. administração da contribuição dos funcionários: o RH deve auxiliar no envolvimento e comprometimento de todos os funcionários, transformando-os em parceiros do negócio; 4. administração da transformação e da mudança: o RH auxilia a organização a tornar-se criativa, renovadora e inovadora. Perceba que todos estes novos papéis são desafiantes e exigem mudança de mentalidade dos gestores e também dos colaboradores. Esta mudança pode até mesmo ocasionar conflitos entre as diversas partes. E você sabe como administrar um conflito? É o que vamos abordar no próximo capítulo.Dica Acesse o site http://www.geocities.com/hollywood/studio/1554/artigos/ artigo10.html e leia mais sobre o papel estratégico da gestão de recursos humanos no contexto da globalização. Lá você verá os desafios para a ARH e como os recursos humanos podem se tornar fonte de vantagem competitiva. Atividade Complementar 1) Quem foram Taylor e Fayol e quais as suas principais idéias? Capítulo 1 Gestão de Pessoas: Evolução e Estágio Atual 27 2) Quais são as funções administrativas e por que elas são importantes para a gestão de recursos humanos ainda hoje? 3) Avalie a Escola de Relações Humanas. Descreva com suas próprias palavras quais os seus principais pontos positivos e negativos. 4) Explique com as suas próprias palavras que novidade os autores estruturalistas propõem em relação às escolas anteriores. 5) Explique os componentes de um sistema através de um exemplo real. Para isso, escolha uma empresa e explique cada um dos seus componentes com um exemplo prático. 6) Por que o RH deve ser considerado e analisado como um sistema? Apresente exemplos de sua/uma prática empresarial. Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 28 7) Qual a diferença entre administrar recursos humanos e gerenciar pessoas? 8) Quais os novos papéis da área de RH? 9) Descreva com suas próprias palavras a relação existente entre vantagem competitiva sustentável e capital humano. 29 C A P ÍT U LO 2 2 RELAÇÕES DE TRABALHO, PODER E GESTÃO DE CONFLITOS Objetivos de Aprendizagem 1. Contextualizar as relações de trabalho e o poder no atual panorama econômico e social. 2. Explicar as origens, causas, formas adotadas e conseqüências dos conflitos no âmbito das organizações. 3. Propor maneiras de se gerenciar conflitos organizacionais. 4. Analisar os tipos e as fontes de poder, a autoridade formal e o consentimento. 5. Propor estratégias de influência a partir do uso do poder. 6. Explicar como funciona o processo de negociação e de mediação de conflitos. INTRODUÇÃO Estudam-se relações humanas na gestão das organizações com o propósito de encorajar as pessoas a trabalharem em conjunto, de forma produtiva. A eficácia deste processo é determinada pelas características do líder, pelo tipo de trabalho do trabalhador, e pela própria organização (DEEP, 1978). Isso tudo lhe parece complicado? Acalme-se, este capítulo esclarecerá suas dúvidas! Não podemos precisar a partir de que momento surgem os conflitos. Provavelmente é desde o início da humanidade, porque fazem parte do nosso processo de evolução e são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento dos sistemas familiar, social, político e organizacional. Eles compõem parte da vida de qualquer um de nós. Existem diferentes estratégias para lidar com os conflitos. Pode-se ignorá-los ou enfrentá-los, transformando-os em um elemento gerador de evolução social ou organizacional, conforme veremos logo mais (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002). Prezado aluno, este capítulo se propõe a auxiliá-lo a avaliar e diagnosticar com precisão a qualidade das relações humanas dentro do contexto organizacional. Você aprenderá a analisar a dinâmica do poder e do seu exercício de uma forma simples e objetiva. Ser-lhe-ão oferecidas Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 30 leituras sobre os conflitos no âmbito das organizações e também maneiras através das quais você poderá lidar com situações de conflito a partir do seu próprio ambiente de trabalho. 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA Durante séculos a humanidade adotou o modo de produção agrícola. Neste sistema, extraía-se energia de homens, de animais, da água, etc. Nos últimos séculos, todavia, a indústria passou a fazer parte de nossas vidas. Em seu bojo, extraí-se energia do carvão, do petróleo e de combustíveis fósseis. De um lado, tínhamos, nas sociedades agrícolas, o enraizamento das famílias com seus membros bem unidos e canais de comunicação reservados a ricos e poderosos. Na sociedade industrial, por outro lado, passamos a verificar relações alteradas nas famílias, canais de comunicação abertos, educação em massa, separação entre produtor e consumidor, padronização do trabalho, especialização, e uma lógica de pensamento que privilegia a fragmentação (VERGARA, 2000). Nas últimas décadas, temos ainda observado novas técnicas de organização e uma intensa automação do sistema produtivo, baseada na microeletrônica. A partir de então, novos modos de produção passaram a ser adotados e determinaram importantes mudanças nos atributos da força de trabalho. Novos conhecimentos foram exigidos para operar os sistemas produtivos, os quais privilegiam a capacidade de aprendizado dos trabalhadores, a capacidade de comunicação escrita e verbal, e a capacidade de iniciativa. Novas técnicas organizacionais passam a exigir maior relacionamento com níveis hierárquicos, capacidade de aprendizado, raciocínio lógico, concentração, coordenação motora, conhecimento técnico, conhecimentos de informática, conhecimentos acerca da gestão e do processo produtivo, etc. Tais qualificações exigem uma educação mais sólida, o que implica na conclusão do ensino médio ou até mesmo do ensino superior, além do aprendizado específico dentro das próprias organizações. Neste novo contexto ocupacional, surge a terceirização como uma nova tendência organizacional. Busca-se reduzir a participação de trabalhadores manuais e de trabalhadores que não compõem as atividades principais das empresas, reduzindo custos. Tudo isso faz com que novas relações entre trabalhadores e empresários apareçam. Flexibilizam-se os contratos de trabalho, passa-se a exigir a requalificação da força trabalhista, com ênfase na redução de jornada, e negociações sobre a introdução de novas formas de organização do trabalho são introduzidas. Neste contexto, é de se supor que as pessoas procurarão revisar as formas gerais de pensamento e gestão. Provavelmente, elas redistribuirão as cartas entre empresas, classes sociais e até mesmo entre as nações. Tal revisão se dará por meio de conflitos, determinados por negociações ou por violência. Em todos os casos, só teremos a ganhar se procurarmos compreender os processos conflituais (FUSTIER, 1982). Por esta razão, este capítulo propõe uma análise sobre as relações de trabalho, a dinâmica do poder e os conflitos nas organizações. Capítulo 2 Relações de Trabalho, Poder e Gestão de Conflitos 31 2.2 RELAÇÕES DE TRABALHO: CONCEITOS E ANÁLISE Podemos compreender o trabalho como uma relação de dupla transformação entre o homem e a natureza. Trata-se de uma atividade resultante do gasto de energia física e/ou mental, voltada direta ou indiretamente à produção de bens e serviços, contribuindo para a reprodução da vida humana, individual e social (CODO, 1997; LIEDKE, 2002). A partir das mudanças verificadas no mundo do trabalho nas últimas décadas, novas formas de organizar o trabalho - bem como diferentes postos de trabalho - têm surgido. A intensificação das terceirizações, a revolução microeletrônica e a flexibilização dos processos de trabalho, dentre outros fatores, têm fornecido subsídios para tornar o trabalho uma categoria ainda mais plural. O psiquiatra e psicanalista francês Christophe Dejours (1998) alega que o trabalho pode causar infelicidade, alienação e doença mental, mas também pode ser mediador da auto-realização, da sublimação e da saúde; ele dá origem a terríveis processos de alienação, mas pode ser também ser um importante instrumento a serviço da emancipação, assim como do aprendizado e da experimentação da solidariedade e da democracia. Como pudemos observar, o trabalho é um assunto bastante amplo e também é apropriado de maneiras muito diferentes por cada indivíduo. Cada uma destas apropriações é fortemente influenciada pelas relações de trabalho e vai influenciar a forma como cada trabalhador desempenha sua função dentro da organização. Mas o que é uma organização? Organização é uma combinação de esforços individuais, que atuam de forma coordenada e controlada,num determinado contexto ou ambiente, com vistas a atingir objetivos coletivos, pré-determinados, através de diversos meios e recursos disponíveis (pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e outros), liderados ou não por alguém com as funções de planejar, organizar, liderar e controlar. Uma grande multinacional, uma pequena empresa, um hospital, uma escola e a polícia militar são exemplos de organizações. Gerentes estudam relações humanas nas organizações com a finalidade de aprender a incentivar as pessoas a trabalhar em conjunto e de forma mais produtiva, de modo que a organização se torne mais eficaz na concretização dos seus objetivos. É importante, por isso mesmo, que a gestão busque encorajar as pessoas por uma série de elementos dentro do ambiente de trabalho - isto é, o trabalho, as lideranças, e a organização - a trabalhar em conjunto de forma produtiva. Um ambiente propício ao trabalho produtivo ocorre quando os trabalhadores podem satisfazer suas próprias necessidades e, ao mesmo tempo, ajudar a alcançar as metas organizacionais. Isto não significa que os dois grupos de necessidades são os mesmos, mas sim que as pessoas podem alcançar metas importantes para si mesmas ao mesmo tempo em que ajudam a organização a cumprir os seus objetivos. Parece-nos evidente que os objetivos Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 32 das organizações muitas vezes são contrários aos dos trabalhadores individualmente. Desta forma, o grande desafio da gestão de recursos humanos é fazer com que estes dois conjuntos de objetivos sejam compatíveis entre si (DEEP, 1978). 2.3 CONFLITOS Conflitos são características intrínsecas dos seres humanos em todas as sociedades, independentemente de sua origem geográfica, étnica ou religiosa. O conflito aparece em qualquer atividade humana e em cada relacionamento que criamos. Os conflitos dentro das organizações são inevitáveis. Por isso mesmo, é importante que conheçamos formas eficazes de administrá-los para que a organização tenha sucesso. Conflitos são processos de oposição e confronto que podem ocorrer entre indivíduos ou grupos nas organizações. Os conflitos acontecem quando as partes exercem poder na busca de metas ou objetivos valorizados e obstruem o progresso de uma ou mais das outras metas. Os conflitos pressupõem a presença de interdependência, indeterminismo político e divergência. Pessoas envolvidas num conflito usualmente precisam umas das outras (interdependência); culpam umas às outras; têm raiva ou alterações emocionais, embora muitas vezes isso não apareça claramente; e o seu comportamento causa problemas organizacionais - a produtividade ou performance de alguém é normalmente afetada pela falta de cooperação dos envolvidos num conflito (DANA, 2000). Conflitos podem ser gerenciados mediante barganha e negociação ou resolvidos pela reestruturação das relações de interdependência mediante o uso de vários mecanismos. Não podemos esquecer a idéia de que o conflito envolve o uso de poder no confronto. Também é importante a noção de que o conflito é um processo, algo que leva tempo para se desenrolar, e não um evento que ocorre num determinado instante e depois desaparece. E na medida em que a obstrução do processo ameaça a eficácia e o desempenho, o conflito se torna um problema que os gerentes precisam saber controlar. Observando e analisando o comportamento dos conflitos nas organizações, Daniel Dana (2000) explica que devemos ter sempre em mente as variáveis que compõem o que podemos chamar de "estrutura" dos conflitos. Devemos prestar atenção às seis partes da estrutura dos conflitos: 1. Interdependência: em que medida uma parte envolvida num conflito precisa da outra para agir cooperativamente, fornecer recursos ou satisfazer as necessidades alheias? Se a interdependência for alta, os custos do conflito provavelmente também o serão. Se ela for baixa, esperar uma resolução apenas observando o conflito parece ser uma estratégia de gestão adequada. Se não há interdependência, sequer haverá conflito; Capítulo 2 Relações de Trabalho, Poder e Gestão de Conflitos 33 2. Número de partes interessadas: quantas partes distintas - indivíduos ou grupos - têm interesse na forma de resolver o conflito? Se existem apenas duas pessoas envolvidas, a resolução do conflito provavelmente será simples e rápida. Conforme o número de pessoas ou grupos aumenta, a dificuldade tende a aumentar também. 3. Representação constituinte: as partes representam o interesse de outras pessoas que não estão pessoal e diretamente envolvidas no processo de resolução do conflito? Quando representamos somente a nós mesmos - e não temos que agradar a outras pessoas - a resolução tende a ser mais fácil. 4. Autoridade do negociador: se as partes envolvidas num conflito consistem em mais de um indivíduo, a pessoa responsável por representar os interesses do grupo é capaz de propor concessões ou atingir soluções criativas sem ter que requerer a aprovação dos demais membros do grupo? Se a autoridade do negociador é elevada, a resolução do conflito é mais fácil. Do contrário, a resolução do conflito será mais difícil e demorada. 5. Urgência crítica: é absolutamente necessário que uma solução para o conflito seja proposta num futuro próximo (dentro de alguns minutos ou horas, por exemplo)? Há tempo suficiente para procurar a melhor solução? Quanto maior for a urgência crítica, menos provável será a solução consensual. 6. Canais de comunicação: as partes envolvidas conseguem conversar face a face numa mesma sala? Se isso não é possível, elas conseguem conversar por telefone? E através de um teclado de computador, via programas de chat online (internet)? É necessária uma comunicação por emails? Comunicações "face a face" costumam ser muito mais eficazes em processos de resolução de conflitos. Ao observarmos a dinâmica dos conflitos, devemos ter em mente suas inúmeras possibilidades, já que o termo "conflito" pode ser compreendido tanto de um modo positivo como também de uma forma negativa. Dizemos que um conflito é positivo quando ele é construtivo e quando podemos trabalhá-lo, procurando os benefícios advindos das diferenças de opiniões e posicionamentos contrários. Sua existência estimula a procura de soluções, desafia antigas formas de pensar, estimula esforços individuais, melhora a tomada de decisões, incentiva a coesão grupal, e fornece um sistema de checagem e balanceamentos dentro das organizações. Dizemos que um conflito assume uma forma negativa quando ele é prejudicial, destrutivo, cria estresse em excesso nos indivíduos, diminui a velocidade e complica a tomada de decisões, e distorce metas organizacionais. Os conflitos do tipo "ganha/perde" costumam ser destrutivos. Por isso mesmo, é importante que se busque sempre contemplar o "ganha/ganha" (DEEP, 1978; NASCIMENTO; EL SAYED, 2002). Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 34 Para Pensar Como você avalia os resultados posteriores aos conflitos que você tem observado na sua vida profissional? Que coisas boas você tem visualizado nos conflitos com os quais você tem se deparado? 2.3.1 Possíveis Causas de Conflitos Cheldelin, Druckman e Fast (2003), em linhas gerais, argumentam que as transformações socioeconômicas ocorridas nas últimas décadas têm gerado conflitos entre "classes", pois as mudanças no modo de produção de bens e serviços - da agricultura de subsistência à agricultura comercial - e o capitalismo industrial fazem com que os interesses de alguns avancem enquanto que muitos outros ficam sujeitos a novas formas de pobreza e indignidade. Os autores também explicam que transformações políticas têm dado origem a conflitos relacionados com grupos de identidade, uma vez que a modernização tem feito com que grandes grupos até então excluídos da política dela comecem a participar, tornando obsoletos antigos relacionamentos e organizações políticas, criando novas instituições e forçando a reorganização do Estado. A partir deste panorama,os conflitos ligados a grupos identitários e os conflitos entre classes se multiplicam e se intensificam. Conflitos organizacionais são discordâncias entre dois ou mais membros ou grupos de uma organização. Para que possamos gerenciar adequadamente um conflito é importante que saibamos suas possíveis causas. Falando de modo específico, podemos citar como causas dos conflitos as seguintes: necessidades individuais e direitos não conquistados ou não atendidos; frustração de uma ou ambas as partes, ou seja, incapacidade de atingir uma ou mais metas ou realizar os seus desejos, por algum tipo de interferência ou limitação pessoal, técnica ou comportamental; divergência de metas entre as partes, pois é comum estabelecermos ou recebermos metas a serem atingidas que podem ser diferentes das de outras pessoas ou de outros departamentos, o que nos leva à geração de tensões em busca de seu alcance; diferenças culturais ou de personalidade, que servem como explicação para desavenças no ambiente de trabalho e que são reveladas no relacionamento diário através de algumas características indesejáveis na outra parte envolvida; posição, objetivos, valores ou percepções dos trabalhadores em desacordo, porque costumeiramente tendemos a obter informações e analisá- las à luz dos nossos conhecimentos e referenciais, sem levar em conta que isto ocorre também com o outro lado com quem temos de conversar ou apresentar nossas idéias, e que este outro lado pode ter uma forma diferente de ver as coisas; falta de comunicação, emoções não expressas ou expressas de modo inadequado; burocracia disfuncional; obsessão pela racionalização; falta de informação, tempo e tecnologia; escassez de recursos (materiais, financeiros ou humanos) e competição entre as pessoas por recursos escassos; mudanças externas acompanhadas por tensões, ansiedades e medo; lutas por poder; necessidade de status; autoridade fortemente hierarquizada; tomada de decisões Capítulo 2 Relações de Trabalho, Poder e Gestão de Conflitos 35 no topo da hierarquia; tentativas de autonomia ou libertação de uma pessoa em relação a outra; obrigatoriedade de consenso; regras, normas e procedimentos impostos; falta de participação; exploração (manipulação) de terceiros; preconceitos (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002). 2.3.2 Níveis de Conflito Podemos classificar os conflitos em diferentes níveis. Isso mesmo! Ou você considera uma pequena desavença igual a uma atmosfera de intensa hostilidade? Podemos propor, portanto, uma evolução dos conflitos da seguinte maneira: discussão - racional, aberta e objetiva; debate - o grau de objetividade começa a diminuir, generalizações são feitas e padrões de comportamento começam a aparecer; façanhas - demonstrações de falta de confiança na outra parte começam a surgir em ambas as partes; imagens fixas - imagens preconcebidas com relação à outra parte são estabelecidas; "ficar com a cara no chão"; estratégias - surgem ameaças e as punições ficam mais evidentes, a comunicação fica mais restrita; falta de humanidade - aparecem comportamentos destrutivos e as pessoas passam a se sentir desprovidas de sentimentos; ataque de nervos - a principal motivação é a preparação para atacar e ser atacado; ataques generalizados - neste nível chega-se ao "fim da linha" e a única alternativa possível é a retirada de um dos dois lados envolvidos ou a derrota de um deles. Este modelo serve para qualquer tipo de conflito. Quando se reconhece o nível do conflito e se aplicam as ações corretivas, o conflito pode ser solucionado e transformado numa força capaz de mudar hábitos e estimular resultados mais positivos (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002). 2.3.3 Tipologia e Estilos de Conflitos Existem diversos tipos de conflito. Conhecendo-os, podemos detectar a estratégia mais adequada para gerenciá-los. O primeiro tipo de conflito é o latente, ou seja, é o conflito não declarado. Não há uma clara consciência de sua existência. O segundo tipo seria o conflito percebido: as partes envolvidas percebem a existência do conflito, mas ainda não há manifestações abertas de hostilidade. O terceiro tipo de conflito é o sentido, ou seja, é aquele que atinge ambas as partes envolvidas. E, por fim, temos o conflito manifesto, que já atingiu ambos os lados, já é percebido por terceiros e pode interferir na dinâmica da organização (DONOHUE; KOLT, 1992; NASCIMENTO; EL SAYED, 2002). Fustier (1982) propõe outras classificações para os conflitos. Para ele, podemos classificar os conflitos segundo: os contrários, sua natureza e suas causas. A classificação segundo os contrários propõe: 1. conflitos individuais, que colocam em oposição pessoas ou pequenos grupos, e conflitos coletivos que dizem respeito ao conjunto de uma organização; 2. conflitos entre iguais Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 36 (ex.: colégio com colégio, vendedor com vendedor) e conflitos montante-jusante (ex.: operário com chefe, filho com pai), onde a autoridade é questionada; 3. conflitos instituicionais e organizacionais e conflitos pessoais; 4. conflitos ideologicamente neutros e conflitos que repousam numa oposição ideológica; 5. conflitos espontâneos, que ocorrem sem que ninguém os tenha previsto ou organizado, e conflitos deliberados, intencionais; 6. conflitos com solução construtiva e conflitos com solução destrutiva; 7. conflitos do ter, especialmente preocupados com a divisão dos recursos, e conflitos do ser, preocupados com questões relacionadas à qualidade de vida. Orientada no sentido da ação, a classificação segundo a natureza dos conflitos se refere: 1. aos fatos - cada indivíduo interpreta os mesmos fatos de formas diferentes, ou até mesmo os dados que cada um possui são diferentes; 2. às causas - nem todos os envolvidos utilizam o mesmo "modelo" causal para explicar os fenômenos; 3. aos objetivos - os desacordos costumam se referir aos objetivos a serem atingidos; 4. aos métodos - muitas vezes existe um acordo quanto ao objetivo, mas a estratégia ou a tática a serem adotadas diferem; 5. aos valores - há diferença quanto aos critérios de apreciação moral, prática ou política. Algumas vezes, é válido lembrarmos, o desacordo não se limita a esta (arbitrária) distinção e se refere, ao mesmo tempo, a fatos, causas, objetivos, métodos e valores, além de outras coisas. Por fim, chegamos à classificação segundo as causas do conflito, na qual os conflitos se originam a partir de: 1. interesse direto - remuneração, promoção, recompensas, etc.; 2. condições sociais e a organização - pressão por produtividade, fadiga, ausência de motivação, desinteresse ou desacordo quanto a objetivos organizacionais, condições de trabalho ruins (higiene, barulho, horários), aborrecimento ou angústia diante do futuro e conseqüente recusa ou desejo de mudança, intranqüilidade quanto à gestão da empresa e insegurança quanto ao emprego, humilhações e maus-tratos, desvalorização da tarefa; 3. tensões psicológicas - incompatibilidade entre pessoas (valores diferentes), má comunicação (códigos, linguagem), notória falta de empatia (colocar-se no lugar do outro), rejeição ao novo, ciúme doentio, mania de perseguição, vontade de prejudicar os outros; 4. divergências intelectuais - conflitos ligados às atribuições de um e de outro, conflitos entre conservadores e progressistas, conflitos sobre a estratégia organizacional a ser adotada, conflitos de ambição (eliminar um adversário), lutas por influência ou poder. Mais uma vez, lembramos que essas distinções podem se sobrepor e se combinar umas com as outras. 2.3.4 Conseqüências do Conflito Os conflitos afetam de diversas maneiras as relações entre pessoas e grupos. Quando ocorrem conflitos entre grupos, diversas conseqüências importantes podem ser previstas no interior de cada grupo conflitante. Tais conseqüências podem ser positivas como também negativas. Capítulo 2 Relações de Trabalho, Poder e Gestão de Conflitos 37 Conflitos são bons elementos de socialização. Oferecem aos novos participantes de um grupo a sensação deenvolvimento com a causa do conflito. A ameaça externa advinda do conflito entre dois ou mais grupos suscita um aumento da coesão entre os membros de cada grupo envolvido. A partir de então, os grupos envolvidos no conflito se tornam referências importantes aos seus próprios membros. Conflitos em curso também estimulam o desempenho das tarefas, que ganham um sentido de urgência, pois todos os esforços no interior de cada grupo conflitante são dirigidos para o enfrentamento do desafio colocado pelos outros grupos, e as preocupações direcionadas à satisfação dos membros perdem importância. "Derrotar" o inimigo se torna a tarefa mais importante e se gasta muito menos tempo inutilmente. Além disso, os conflitos, muitas vezes, propiciam a formação de alianças e também ajudam a equilibrar relações de poder dentro da organização, uma vez que os conflitos podem ter diferentes ganhadores. (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002). Falamos até o momento das conseqüências positivas dos conflitos. No entanto, existem também algumas conseqüências negativas, as quais devem ser minimizadas ou evitadas. Os aspectos negativos mais visíveis dos conflitos podem ser identificados nas seguintes situações: - quando desviam a atenção dos reais objetivos, colocando em perspectiva os objetivos dos grupos envolvidos no conflito e mobilizando os recursos e os esforços para a sua solução; - quando tornam a vida uma eterna derrota para os grupos de "perdedores habituais", interferindo na sua percepção e na socialização daqueles que entram na organização; - quando favorecem a percepção estereotipada a respeito dos envolvidos, como ocorre freqüentemente em organizações. Se por um lado existem os estereótipos genéricos referentes às categorias profissionais, dentro de cada organização, além dos tipos que fazem parte de sua cultura individual, como seus heróis, mitos, tipos ideais, começam a surgir seus "perdedores", "ganhadores", "culpados" e "inimigos" (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002, p. 52). Também passa a haver uma maior permissividade à liderança autocrática, quando ela for empregada para controlar a crise. E um grupo em conflito tende a colocar ênfase muito maior em procedimentos-padrão e no controle centralizado. Por causa disso, passa a ser caracterizado pela rigidez estrutural. Para Pensar Em que momentos você se beneficiou e em que momentos você se prejudicou com conflitos na sua prática profissional? Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 38 2.3.5 Administrando Conflitos Deep (1978) considera que existem três estratégias básicas para a gestão de conflitos, mas adianta que embora a utilização de qualquer uma destas técnicas possa ser apropriada para uma dada situação, o confronto, quando aplicável, é a abordagem mais provável a resultar em uma resolução definitiva do conflito. De todo modo, as três estratégias são: 1. incentivar o conflito construtivo, incentivando pontos de vista divergentes, recompensando idéias originais e estabelecendo situações competitivas; 2. evitar o conflito destrutivo (quando possível), criando objetivos explícitos e guias para a tomada de decisão, e declarando claramente as políticas organizacionais; 3. resolver conflitos destrutivos, quando eles ocorrem, através de cinco abordagens específicas: fuga, atenuação, força, negociação e confronto. É útil elucidarmos que para uma adequada resolução dos conflitos é importante que esclarecer as percepções; focalizar em necessidades individuais e compartilhadas; construir um poder compartilhado, com ganhos mútuos; olhar para o futuro e aprender com o passado; desenvolver passos para que a ação a seja efetivada; estabelecer acordos de benefícios mútuos (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002). Para que também a negociação possa ocorrer, é fundamental, segundo Nascimento e El Sayed (2002), que ambas as partes mutuamente saibam: 1. comunicar-se com objetividade, clareza e precisão, sem necessidade de protagonismo exagerado ou de preleção exacerbada, já que a maioria dos erros, omissões, irritações, atrasos e conflitos é causada por uma comunicação inadequada. É importante que haja, portanto, um relacionamento franco, aberto, totalmente disponível para compreender e aceitar idéias diferentes, visando sempre privilegiar soluções justas e realistas; 2. ouvir ativamente, de modo interessado, afirmativo e respeitoso, uma vez que metas e intenções não compreendidas levam sempre a uma resolução sem sucesso; 3. perguntar, com consciência de seus pontos fortes, limitações, valores e prioridades - e procurando a solidariedade construtiva, através da percepção da importância que os problemas dos outros têm para eles. Capítulo 2 Relações de Trabalho, Poder e Gestão de Conflitos 39 2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PODER Falamos com freqüência sobre o poder sem pensarmos no seu significado. Acredite, não somos os únicos! Isso tem acontecido ao longo de muitos séculos. Raramente conversamos sobre assuntos que não tenham relação alguma com o poder e, por mais amplo que o conceito possa ser, supomos que o interlocutor saiba do que se trata o termo, qual o seu significado. E até certo ponto, de fato, a maioria de nós sabe. O famoso sociólogo e cientista político alemão Max Weber propôs uma definição próxima ao senso comum: poder é a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento de outras pessoas; é a capacidade de exercer influência. Trata-se provavelmente da noção mais comum sobre o poder. Uma ou mais pessoas impõe sua vontade e seus objetivos a outros, inclusive àqueles que se mostram relutantes ou contrários. Por exemplo: um trabalhador assíduo pode influenciar outros e aumentar a produtividade; gerentes podem usar sua influência para mudar as estratégias utilizadas pela direção da empresa. Quanto maior for a capacidade de impor sua vontade e atingir um correspondente objetivo, maior será o poder do indivíduo ou grupo (GALBRAITH, 1989). Saiba Mais Entender a dinâmica do poder não é tarefa assim. Leia o livro Microfísica do poder, de Michel Foucault, e entenda as formas através da quais o poder é aplicado. Para Foucault, o poder não é algo que se possa possuir. Pode-se dizer que poder se exerce ou se pratica. O poder, segundo Foucault, não existe. O que há são relações, práticas de poder. É uma obra muito interessante! Quando falamos sobre o poder, raramente mencionamos como a vontade de uma ou mais pessoas é imposta, como é alcançado o consentimento alheio. Seria mediante a ameaça de castigo, a promessa de recompensa monetária, a persuasão, ou alguma outra força que leva a pessoa sujeita ao exercício do poder a abandonar suas próprias preferências e aceitar as de outro(s)? Para melhor compreendermos o poder, é necessário que esclareçamos estas questões. Também precisamos conhecer as fontes do poder: o que diferencia os indivíduos que exercem o poder daqueles que estão submetidos à autoridade de outros? (GALBRAITH, 1989) Caro(a) aluno(a), não se preocupe! Os tópicos a seguir irão ao encontro dos questionamentos feitos anteriormente. Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos FURB / ASSEVALI 40 Sendo assim, é importante adiantarmos, desde já, que o poder é exercido por meio de regras, de técnicas, de dispositivos. E as políticas de recursos humanos, neste sentido, são práticas de poder. Elas são ideológicas (dispositivos operacionais e ideologias estão intimamente relacionados, pois têm como função fazer interiorizar certas condutas e os princípios que as legitimam); são processos de mediação que atuam em nível econômico, político, ideológico e psicológico; e desenvolvem outros processos, tais como a abstração mediante o dinheiro, a objetivação que confronta cada um na medida de sua utilidade, a desterritorialização que separa o sujeito de suas raízes, com o intuito de torná-lo mais sensível às regras da organização, a canalização que transforma o máximo da energia individual em trabalho (PAGÈS, 1987). 2.4.1 Tipos de Poder Usualmente, o exercício do poder contempla três tipos distintos de autoridade legítima
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