Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Flávia Demartine DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS DOENÇA DE ALZHEIMER CARACTERÍSTICAS • Comprometimento das habilidades cognitivas • Progressão gradual ao longo do envelhecimento • Perda da memória recente, de habilidades visual-espacial, de cálculo e de uso de objetos e ferramentas comuns (apraxia ideomotora) • Morte por complicações de imobilidade (6 – 12 anos após início) – ¨dificuldades respiratórias¨ • Diagnóstico definitivo post-mortem • Atrofia do córtex cerebral, perda de neurônios corticais e sub- corticais • Achados patológicos: placas senis (Aβ – amilodide beta) e ¨emaranhados¨ neurofibrilares (t- fosforilada) com processos degenerativos. • Depósitos abundantes no hipocampo e regiões do córtex associativo (exceto visual e motor) • ↓ ACh (diminuição progressiva de acetilcolina) / envolve tbm sistemas de outros neurotransmissores • Produção de ApoE4 (risco 3 vezes maior de desenvolver a doença) região hipocampal – hipocampo: região rica em neurônios colinérgicos. Região do córtex do sistema nervoso central: tbm rica em neurônios colinérgicos. Isso não significa que a neurodegeneração dessas regiões mate apenas neurônios colinérgicos, mas pela densidade de neurônios colinérgicos dessa região nós temos principalmente deficiência de acetilcolina nas pessoas acometidas pela doença de Alzheimer. A intensidade da cor vermelha e amarela indica alta atividade neuronal, já as cores azul e roxa indicam baixa atividade neural. Logo, podemos observar que um paciente normal tem alta atividade neural na região cortical enquanto o paciente com Alzheimer baixa atividade neural na grande parte do cérebro e a menor atividade neuronal na parte da região do cortical, indicando morte neuronal nessas regiões q são neurônios produtores principalmente de acetilcolina. ESTÁGIOS DA DOENÇA DE ALZHEIMER • Estágio inicial: Parece confusa, esquecida. As palavras e pensamentos são inacabados e esquece fatos recentes. 2 Flávia Demartine • Estágio intermediário: precisa de muita ajuda para executar tarefas rotineiras, não reconhece seus familiares e vestuários. • Estágio avançado: perde completamente a memória, capacidade de raciocínio e é necessário ajuda- ló em todos os aspectos do dia a dia. Observamos o acúmulo de duas proteínas. A proteína amilóide beta (Aβ) – que é uma proteína solúvel mesmo quando monômero ou mesmo na forma de poligomos, mas que se junta a outras proteínas beta amiloide formando polímeros, esses polímeros são insolúveis e se acumulam nos neurônios formando as placas amiloides. Aparentemente essas placas são neurotóxicas que causam degeneração do sistema nervoso central q causa degeneração dos neurônios. Essas placas geralmente aparecem no início da doença. Já a proteína tau também é produzida em excesso, se junta com neurofibrilas formando acúmulos neurofibrilares, essas neurofibrilares parece tbm está envolvida com a neurotoxicidade dessas células do sistema nervoso central. A proteína tal geralmente se acumula na fase avançada da doença. Então as placas amiloides são eventos patogenéticos do início da doença e a proteína tau é um evento patogenético da evolução da doença. Tbm podemos observar a ação ApoE4, aparentemente essa proteína (ApoE4) está envolvida com o aumento da síntese da proteína amiloide beta. Quanto maior concentração de amiloide beta, vamos ter maior probabilidade de formar os polímeros insolúveis formando as placas amiloides. A proteína amiloide beta patogênese inicial, é formada a partir da proteína precursora de amiloide a APP. A APP é uma proteína grande que precisa sofrer clivagens para se transformar nas proteínas ativas, se a proteína precursora de amiloide sofrer ação da beta secretase, ela produzira fragmentos de proteínas que serão alvo da gama secretase e produzira a proteína beta amiloide. Se a proteína precursora de amiloide for alvo da alfa secretase outros dois fragmentos serão produzidos e esse outro fragmento produzido será alvo tbm da gama secretase mas não produzira beta amiloide, e sim as 3 Flávia Demartine proteínas P3 e P7. Isso significa que o excesso de beta amiloide é resultado do excesso da atividade de beta secretase, quanto maior a atividade da beta secretase maior a capacidade da proteína precursora amiloide formar beta amiloide. Quanto maior a atividade da alfa secretase maior a capacidade da proteína precursora de amiloide formar P3 e P7. Como a doença de Alzheimer está associada à elevação das concentrações de beta amiloide que se polimerizam formando uma proteína insolúvel (placas amiloides) que são responsáveis pela degeneração nervosa dos neurônios colinérgicos do hipocampo e do córtex neuronal, nós podemos dizer então que o aumento da beta secretase é uma das causas que pode explicar o aparecimento da doença de Alzheimer. Em células humanas o peptídeo Beta amiloide tem funções fisiológicas normais, em baixas concentrações ele é um peptídeo solúvel e tem por funções a modulação da transmissão sináptica glutamatérgica. Quando insolúvel podemos dizer que tem uma perda dessa modulação glutamatérgica, então essa pode ser uma das causas causada pelo acúmulo de beta amiloide. Tbm o beta amiloide solúvel é responsável pela inibição da auto- oxidação das lipoproteínas do plasma, ou seja impedindo assim a neurodegeneração e tbm pela redução da neuro toxicidade que causada pelo ferro e pelo cobre. Então sem amiloide beta solúvel nós temos perda da modulação transmissão glutamatérgica, perda da inibição da auto- oxidação causada por lipoproteínas e tbm temos aumento da neurotoxicidade causada pelo ferro e tbm pelo cobre. O excesso de Peptídeo beta amiloide vai produzir oligômeros, vai produzir as protofibrilas, produzir o polímero de beta amiloide. Esse polímero pode atingir concentrações não neurotóxicas assim ele não vai destruir diretamente o neurônio mas ele produzira alterações metabólicas funcionais, principalmente bloqueio de vias tipo ras-MAPK q são vias importantes para a síntese do fator neurotrófico derivado do cérebro. Com o fator neurotrofico derivado do cérebro nós temos uma perda dessa viabilidade consequentemente uma chance maior do neurônio se degenerar, isso em concentrações não neurotoxicas. Mas com o aumento das concentrações do polímero de beta amiloide isso pode atingir concentrações neurotóxicas pode causar vulnerabilidade neuronal, ativação de micróglia e astrócitos para produzir mediadores tóxicos e inflamatórios e dano na membrana celular diretamente. Redução da beta amiloide solúvel reduz a modulação da transmissão glutamatérgica, reduz a inibição da auto- oxidação produzida pelas lipoproteínas e aumenta a neurotoxicidade causada pelo ferro e pelo cobre. Concentrações não neurotoxicas os polímeros de peptídeo beta podem causar redução da via Ras-MAPK que é importante na síntese do fator neurotrófico derivado do cérebro, que protege o cérebro e tbm produz declínio cognitivo com a formação das placas e neurodegeneração. 4 Flávia Demartine Concentrações neurotóxicas os polímeros da beta amiloide produzem vulnerabilidade neuronal, ativação de micróglia e astrócitos para produzir mediadores tóxicos e inflamatórios e dano na membrana celular diretamente. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ALZHEIMER – OBJETIVOS • Terapêuticos específica: reverter processo patofisiológico que conduzem à morte e à demência. (ainda não existe) • Abordagem profilática: retarda o início da demência ou prevenir declínio cognitivo adicional • Tratamento sintomático: restaurar, parcial ou provisoriamente, as capacidades cognitivas, as habilidades funcionais e comportamento dos pacientes portadores de demência. • Terapêutica complementar: tratamento das manifestações não- cognitivas da demência, tais como, depressão, psicose, agitação psicomotora, agressividade e distúrbios do sono. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ALZHEIMER – ANTICOLINESTERÁSICOSInibidores da enzima que degrada acetilcolina, são os anti colinesterase, se eles inibirem a degradação da acetilcolina eles vao preservar o neurotransmissor por mais tempo na fenda sináptica, os 4 principais anti colinesterase para o tratamento é a DONEPEZILA, A RIVASTIGMINA, GALANTAMINA E TACNA, todos inibem a acetilcolinesterase. Sendo que a DONEPEZILA, a RIVASTIGMINA e a Tacna inibem a acetilcolinesterase de forma não competitiva, enquanto a GALANTAMINA inibe a acetilcolinesterase de forma competitiva. Desses 4 inibidores da acetilcolinesterase apenas a DONEPEZILA pode ser utilizada para doença de Alzheimer grave. Os demais fármacos são utilizados para doença de Alzheimer branda e moderada. INIBIDORES DA COLINESTERASE – REAÇÕES ADVERSAS • Gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, dispepsia, dor abdominal, aumento da secreção ácida. • Cardiovasculares: oscilação da pressão arterial, síncope, arritmia, bradicardia. • Sistema nervoso central: tonturas, cefaleia, agitação, insônia, câimbras, sudorese, aumento da secreção brônquica. ➔ Estas drogas se tornam ineficazes dentro de 6 meses a 1 ano, porque não conseguem impedir a neurodegeneração. MEMANTINA Também são utilizados antagonistas e receptores glutamatérgicos NMDA – caso da memantina • Antagonista não competitivo do receptor NMDA • Afinidade moderada e sensível à voltagem • Exerce ação semelhante aos íons magnésio, no entanto não se desprende do receptor nas condições patológicas (alteração de potencial de membrana) • Pode ser administrada juntamente com os inibidores das colinesterases • Não se sabe ainda se os efeitos persistem após o primeiro ano de tratamento • Efeitos adversos: alucinações, confusão, tontura, hipertensão, edemas, dores no corpo 5 Flávia Demartine O magnésio pode bloquear os efeitos dos receptores NMDA – normal. No estado patológico esses efeitos acabam, o Ca (cálcio) consegue deslocar o magnésio, consequentemente a excessiva despolarização membrana produzindo excitotoxicidade, com o uso da memantina mesmo em estado patológico os receptores NMDA estão bloqueados. OUTROS FÁRMACOS COADJUVANTES • Uso de antidepressivos serotoninérgicos (alterações comportamentais) - fluoxetina • Antipsicóticos típicos (alterações comportamentais graves – risco de morte) - haloperidol • Evitar: anticolinérgicos, benzodiazepínicos e hipnóticos – sedativos. DOENÇA DE ALZHEIMER – PERSPECTIVAS FUTURAS
Compartilhar