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Pressão intracraniana A pressão intracraniana é definida como a pressão exercida pelo volume do conteúdo intracraniano. O volume e a pressão do tecido encefálico, sangue e LCS pruduzem a PIC e gera a hemostasia. O valor de referência da pressão normal e de 0 a 10 mmHg, sendo 15 mmHg o valor máximo dentro da normalidade. A elevação da PIC pode reduzir o fluxo sanguíneo cerebral, resultando em isquemia e morte celular. Nos estágios iniciais da isquemia cerebral, os centros vasomotores são estimulados, e ocorre elevação da pressão sistêmica para manter o fluxo sanguíneo cerebral. Em geral, isso é acompanhado de pulso lento e alternante e de irregularidades respiratórias. Essas alterações na pressão arterial, no pulso e na respiração são clinicamente importantes, visto que elas sugerem elevação da PIC. A concentração de dióxido de carbono no sangue e no tecido encefálico também desempenha um papel na regulação do fluxo sanguíneo cerebral. A elevação da pressão parcial de dióxido de carbono arterial (PaCO2) provoca vasodilatação cerebral, resultando em aumento do fluxo sanguíneo cerebral e da PIC. A diminuição da PaCO2 exerce efeito vasoconstritor, limitando o fluxo sanguíneo para o encéfalo. A diminuição do efluxo venoso também pode aumentar o volume sanguíneo cerebral, com consequente elevação da PIC. À medida que a PIC se eleva, mecanismos compensatórios no encéfalo atuam para manter o fluxo sanguíneo e evitar a ocorrência de dano tecidual. O encéfalo consegue manter uma pressão de perfusão uniforme se a pressão arterial sistólica for de 50 a 150 mmHg, e a PIC for inferior a 40 mmHg. As alterações na PIC apresentam correlação próxima com a pressão de perfusão cerebral (PPC). A PPC é calculada subtraindo-se a PIC da pressão arterial média (PAM). A PPC normal é de 70 a 100 mmHg (Hickey, 2014). À medida que a PIC eleva, e o mecanismo autorregulador do encéfalo é superado, a PPC pode elevar-se acima de 100 mmHg ou diminuir abaixo de 50 mmHg. Os pacientes com PPC inferior a 50 mmHg sofrem dano neurológico irreversível. Por conseguinte, a PPC precisa ser mantida em 70 a 80mmHg para assegurar um fluxo sanguíneo adequado ao encéfalo. Se a PIC for igual à PAM, a circulação cerebral cessa. O reflexo de Cushing é causado geralmente pelo aumento da PIC, que ocasiona à compressão do tronco encefálico, desencadeia inibição/desregulação do centro respiratório, aumento do tônus vagal e vasoconstrição sistêmica, produzindo, respectivamente, bradipneia, bradicardia e hipertensão arterial. Esse reflexo é mediada pelo sistema simpático que causa a elevação da PAS, com alargamento da pressão do pulso e alentecimento cardíaco. A bradicardia, a hipertensão e a bradipneia associadas a essa deterioração são conhecidas como tríade de Cushing, que constitui um sinal grave. O aumento da PIC por qualquer causa, diminui a perfusão cerebral, estimula uma tumefação (edema) adicional e pode deslocar os tecidos cerebrais. O edema cerebral é definido como acúmulo anormal de água ou líquido no espaço intracelular e/ou no espaço extracelular associado a aumento do volume de tecido encefálico. O edema pode ocorrer nas substâncias cinzenta, branca e intersticial. À medida que o tecido encefálico aumenta de volume dentro do crânio rígido, vários mecanismos procuram compensar a PIC crescente. Esses mecanismos compensatórios incluem PIC FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL EDEMA CEREBRAL BRADICARDIA HIPERTENÇÃO BRADIPNÉIA autorregulação, bem como diminuição na produção e no fluxo de LCS. A autorregulação refere-se à capacidade do encéfalo de alterar o diâmetro de seus vasos sanguíneos para manter um fluxo sanguíneo cerebral constante durante alterações da pressão arterial sistêmica. Os diuréticos osmóticos, como o manitol e a solução hipertônica (3%), podem ser administrados para desidratar o tecido encefálico e reduzir o edema cerebral. Esses fármacos retiram água através das membranas intactas, reduzindo, assim, o volume do encéfalo e o líquido extracelular. Um cateter urinário de demora é habitualmente inserido para monitorar o débito cardíaco e controlar a diurese resultante. Se o paciente estiver recebendo diuréticos osmóticos, a osmolalidade sérica e os níveis séricos de eletrólitos devem ser determinados para avaliar o estado de hidratação. Outro método para diminuir o edema cerebral é a restrição hídrica. A limitação do aporte global de líquidos leva a desidratação e hemoconcentração, retirando líquido através do gradiente osmótico e diminuindo o edema cerebral. Por outro lado, deve-se evitar a super- hidratação do paciente com PIC elevada, visto que exacerba edema cerebral. Se a PIC se elevar até o limite da capacidade de adaptação do encéfalo, ocorre comprometimento da função neural, e isso pode se manifestar inicialmente por alterações clínicas do nível de consciência (NDC) e, posteriormente, por respostas respiratórias e vasomotoras anormais. O sinal mais precoce de elevação da PIC consiste em uma alteração do NDC. A agitação, o alentecimento da fala e o retardo na resposta a comandos verbais podem ser indicadores precoces. Sinais e sintomas: • Desorientação, inquietação, esforço respiratório aumentado, movimentos despropositais e confusão mental; • Alterações pupilares e comprometimento dos movimentos extraoculares. Ocorrem à medida que o aumento de pressão desloca o encéfalo contra os nervos oculomotor e óptico (nervos cranianos II, III, IV e VI), que se originam do mesencéfalo e do tronco encefálico; • Fraqueza em um membro ou em um lado do corpo. Isso ocorre à medida que o aumento da PIC comprime os tratos piramidais; • Cefaleia constante, de intensidade crescente e agravada pelo movimento ou pelo esforço na defecação. Isso ocorre porque a PIC crescente comprime e estira as artérias e veias na base do encéfalo. • Nível de consciência continua caindo até que o paciente se torne comatoso (escore ≤ 8 na Escala de Coma de Glasgow); • A frequência de pulso e a frequência respiratória diminuem ou tornam-se irregulares, e tanto a pressão arterial quanto a temperatura se elevam. A pressão diferencial (a diferença entre as pressões sistólica e diastólica) aumenta. O pulso flutua rapidamente, variando de bradicardia a taquicardia; • Surgem padrões respiratórios alterados, incluindo respiração de Cheyne-Stokes (aumentos e reduções rítmicos da frequência e da profundidade das incursões respiratórias, alternando com breves períodos de apneia) e respiração atáxica (respiração irregular, com sequência aleatória de respirações profundas e superficiais); • Podem ocorrer vômitos em jato com a elevação da pressão sobre o centro reflexo no bulbo; • Pode haver desenvolvimento de hemiplegia ou postura de decorticação (flexão anormal dos membros superiores e extensão dos membros inferiores) ou descerebração (extensão extremas dos membros superiores e inferiores) à medida que a pressão aumenta sobre o tronco encefálico; ocorre flacidez bilateral antes da morte; • Perda dos reflexos do tronco encefálico, incluindo os reflexos pupilar, córneo, do vômito e da deglutição; • Paciente torporoso (reagindo apenas a estímulos sonoros altos ou dolorosos); • Pode evoluir ao coma profundo e irreversível; As complicações da PIC elevada incluem herniação do tronco encefálico, diabetes insípido e síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIADH).. A herniação (deslocamento do tecido encefálico de uma área de alta pressão para uma área de menor pressão) do tronco encefálico resulta em elevação excessiva da PIC, em que a pressão exercida na calota craniana e no tecido encefálico pressiona o tronco encefálico para baixo. Essa pressão crescente sobre o tronco encefálico resultaem cessação do fluxo sanguíneo para o encéfalo, levando a anoxia encefálica irreversível e morte encefálica.. O diabetes insípido neurogênico resulta da secreção diminuída de hormônio antidiurético (ADH). O paciente apresenta débito urinário excessivo, diminuição da osmolalidade urinária e hiperosmolaridade sérica.. A SIHAD resulta da secreção aumentada do HAD. O paciente apresenta sobrecarga de volume, o débito urinário diminui e a concentração sérica de sódio torna- se diluída. O tratamento da SIHAD consiste em restrição hídrica (menos de 800 mℓ/dia, sem água livre), que é habitualmente suficiente para corrigir a hiponatremia. O manejo imediato para aliviar a PIC elevada exige diminuição do edema cerebral, redução do volume de LCS ou diminuição do volume sanguíneo cerebral, enquanto a perfusão cerebral é mantida. Essas metas são alcançadas pela administração de diuréticos osmóticos, restrição de líquidos, drenagem do LCS, controle da febre, manutenção da pressão arterial sistêmica e da oxigenação e redução das demandas metabólicas celulares. As finalidades do monitoramento da PIC consistem em identificar precocemente a elevação da PIC em seu curso (antes que ocorra dano cerebral), em quantificar a elevação para iniciar o tratamento apropriado e em proporcionar acesso ao LCS para a coleta de amostra e drenagem, e em avaliar a efetividade do tratamento. A PIC pode ser monitorada com o uso de um cateter intraventricular (ventriculostomia), uma cânula subaracnóidea, um cateter epidural ou subdural ou um cateter com transdutor de fibra óptica na ponta, inserido no espaço subdural ou no ventrículo Quando uma ventriculostomia ou um dispositivo de monitoramento com cateter intraventricular são usados para o monitoramento da PIC, um cateter de pequeno calibre é inserido em um ventrículo lateral, de preferência no hemisfério não dominante do cérebro. O cateter é conectado por um sistema cheio de líquido a um transdutor, que registra a pressão na forma de um impulso elétrico. Além de obter registros contínuos da PIC, o cateter ventricular possibilita a drenagem do LCS, sobretudo durante elevações agudas da pressão. A ventriculostomia também pode ser usada para drenar sangue do ventrículo. A drenagem contínua do LCS sob controle pressórico constitui um método efetivo para o tratamento da hipertensão intracraniana.. As complicações associadas a seu uso incluem infecção, meningite, colapso ventricular, oclusão do cateter pelo tecido encefálico ou sangue e problemas com o sistema de monitoramento. O parafuso ou pino subaracnóideo é um dispositivo oco, que é inserido através do crânio e da dura-máter até o espaço subaracnóideo craniano. Tem a vantagem de não haver necessidade de punção ventricular. O parafuso subaracnóideo é fixado a um transdutor de pressão, e o débito é registrado em um osciloscópio. As complicações consistem em infecção e bloqueio do parafuso por coágulo ou tecido encefálico, resultando em perda do traçado da pressão e diminuição da acurácia nas leituras de PIC elevada. O monitor epidural utiliza um sensor de fluxo pneumático para detectar a PIC. O sistema de monitoramento epidural da PIC tem baixa incidência de infecção e complicações e parece efetuar leituras acuradas das pressões. Deve-se realizar a avaliação do estado mental, NDC, função dos nervos cranianos, função cerebelar (equilíbrio e coordenação), reflexos e função motora e sensorial. Como o paciente está em estado crítico, a avaliação contínua é mais focalizada, incluindo verificação das pupilas, avaliação de nervos cranianos selecionados, medidas frequentes dos sinais vitais e da PIC, assim como o uso da Escala de Coma de Glasgow. • É fundamental evitar a elevação da temperatura, visto que a febre aumenta o metabolismo cerebral e a velocidade de formação do edema cerebral; • A cabeça do paciente é mantida em posição neutra (na linha média) com o uso de um colar cervical, se necessário, para promover a drenagem venosa. A elevação da cabeceira do leito é mantida em 30 a 45°, a não ser que haja alguma contraindicação. O posicionamento correto ajuda a reduzir a PIC; • Se o paciente estiver lúcido e capaz de se alimentar, pode-se indicar uma dieta rica em fibras; • Deve ser observada a distensão abdominal, que eleva as pressões intratorácica e intra-abdominal e a PIC; • Observar o turgor da pele, as mucosas, o débito urinário e a osmolalidade sérica e urinária são monitorados afim de avaliar o estado hídrico; • Se forem prescritas soluções intravenosas, o enfermeiro certifica-se de que sejam administradas em uma velocidade lenta a moderada, com uma bomba de infusão intravenosa, a fim de evitar a sua administração muito rápida e impedir a ocorrência de super- hidratação; • Deve-se utilizar uma técnica asséptica quando manusear o sistema e trocar a bolsa de drenagem ventricular. O sistema de drenagem também é verificado à procura de conexões frouxas, visto que elas podem causar extravasamento e contaminação do LCS, bem como leituras imprecisas da PIC; • O enfermeiro observa o caráter da drenagem do LCS e relata a presença de turvação crescente ou sangue além de sinais de infecção no local de inserção; • Monitorar quanto ao aparecimento de sinais e sintomas de meningite: febre, calafrios, rigidez da nuca (pescoço) e cefaleia crescente ou persistente; • Manter uma via aérea permeável; • Obter padrão respiratório adequado; • Otimizar a perfusão de tecido cerebral; • Manter o balanço hídrico negativo; • Monitorar complicações potenciais; • Aferir sinais vitais; • Atenção à pressão intracraniana; • Atenção às cirurgias intracranianas, pré e pós- operatório e manutenção dos curativos; • Monitorar alterações neurológicas. ANOTAÇÕES: ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________
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