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SOI IV – APG Duda Campos • Aumento da pressão intracraniana • Espectro de distúrbios neurológicos em que a pressão do líquido cefalorraquidiano (LCR) dentro do crânio é elevada • A pressão normal do LCR varia com a idade • O espaço intracraniano é considerado invariável em volume e o seu conteúdo é praticamente incompressível • O aumento do volume de um dos componentes da cavidade intracraniana ou o aparecimento de um processo expansivo determina o deslocamento dos seus constituintes naturais, para que a PIC se mantenha inalterada • Quando o novo volume acrescentado é maior do que a possibilidade de deslocamento de líquido, há aumento da PIC, levando a hipertensão intracraniana Hipertensão intracraniana: Adultos: acima de 250mmH2O Crianças: acima de 200mmH2O • Pode ser idiopática ou surgir como resultado de um insulto ou lesão neurológica • Uma vez que o crânio é considerado um volume imutável, qualquer aumento no volume dos componentes dentro do crânio ou a adição de um elemento patológico resultará em aumento da pressão dentro do crânio Estruturas patológicas que podem causar aumento da PIC: • Lesões de massa • Abscessos • Hematomas A elevação da PIC ocorre quando há o aumento de volume de um ou mais dos componentes naturais da cavidade intracraniana ou acréscimo de processo expansivo (neoplasia, abscesso, hematoma, granuloma). O aumento de volume do LCR (hidrocefalia) surge quando há bloqueio parcial ou total do fluxo liquórico, aumento da produção do LCR ou dificuldade na sua reabsorção. O aumento do conteúdo sanguíneo é secundário à vasodilatação encefálica, e o aumento do componente hídrico do parênquima nervoso (edema e inchaço) ocorre em várias circunstâncias. ETIOLOGIA • O volume fisiológico do parênquima cerebral é um valor relativamente constante em adultos, mas pode ser ajustado por lesões de massa ou no quadro de edema cerebral • O LCR e o volume sanguíneo no espaço intracraniano variam regularmente, pois são os reguladores primários da pressão intracraniana • O volume do LCR é regulado principalmente pela produção do plexo coroide e por meio de sua reabsorção a uma taxa semelhante por granulações aracnoides que drenam para o sistema venoso do crânio Os mecanismos de controle para manter as pressões adequadas do LCR podem ser danificados em lesões neurológicas, como AVE ou trauma A elevação da PIC causada por processo expansivo não está relacionada necessariamente às suas dimensões. Tumores de pequeno porte, porém situados no interior do sistema ventricular, podem levar a bloqueio importante do trânsito liquórico, acarretando hidrocefalia e HIC. Determinadas neoplasias, inflamações, granulomas, parasitas (cisticercose, hidatidose), infartos isquêmicos e hemorrágicos, traumatismos cranioencefálicos são acompanhados de edema ou inchaço cerebral, que podem ser causa da HIC. Hipertensão Intracraniana SOI IV – APG Duda Campos EDEMA CEREBRAL • Pode ocorrer na encefalopatia hipóxica aguda, grande infarto cerebral e lesão cerebral traumática grave • Ocasionado pela liberação de glutamato e aspartato, tendo como padrão a vasodilatação e hipervolemia intracraniana que cursa com aumento da PIC • O edema pode ser classificado em citotóxico ou vasogênico • Citotóxico: resultante de isquemia, com perda da função da bomba de Na+/K+ da membrana e tumefação celular por retenção de líquido, não respondendo aos corticoides • Vasogênico: consequência da quebra da barreira hematoencefálica que permite a extrusão do plasma para o parênquima encefálico, sendo, no geral, causado por processos neoplásicos e inflamatórios e é responsivo aos corticoides FALHA NA REABSORÇÃO DE LCR • Observada com aderências de granulação aracnoide após meningite bacteriana OBSTRUÇÃO VENTRICULAR • Pode induzir a diminuição da reabsorção do LCR, causando hidrocefalia DOENÇAS QUE OBSTRUEM OS FLUXOS VENOSOS • O regulador primário do volume sanguíneo é por meio do fluxo sanguíneo cerebral • Doenças que obstruem os fluxos venosos, como trombose do seio venoso, compressão da veia jugular ou alterações estruturais devido à cirurgia no pescoço, podem causar congestão sanguínea dentro do crânio, aumentando assim a pressão Hipertensão intracraniana idiopática: também conhecida como pseudotumor cerebral, é um termo para aumento da pressão intracraniana devido a causas desconhecidas sem nenhuma alteração estrutural conhecida A etiologia da hipertensão intracraniana pode ser dividida em duas categorias: CAUSAS PRIMÁRIAS OU INTRACRANIANAS • Trauma – hematoma epidural, hematoma subdural, hemorragia intracerebral ou contusões • Tumores cerebrais • Derrame • Hemorragia intracerebral não traumática – ruptura de aneurisma • Hipertensão intracraniana idiopática ou benigna • Hidrocefalia • Meningite CAUSAS SECUNDÁRIAS OU EXTRACRANIANAS • Hipoventilação – hipóxia ou hipercarbia • Hipertensão • Obstrução de vias aéreas • Metabólico – induzido por drogas • Convulsões • Hiperpirexia • Edema cerebral de altitude EPIDEMIOLOGIA • Depende de sua etiologia • Sobre a hipertensão intracraniana idiopática, 90% dos indivíduos afetados são mulheres em idade fértil • Indivíduos com HAS crônica ou obesidade apresentam risco aumentado de desenvolver hipertensão intracraniana ANATOMOFISIOLOGIA/PATOGENIA • A total ocupação do espaço intracraniano e a contínua circulação do sangue determinam a existência da pressão intracraniana (PIC) normal • O LCR produzido pelos plexos coroides passa dos ventrículos para o espaço subaracnóideo através dos forames de Luschka e Magendie • No espaço subaracnoide, desloca-se tanto no sentido cranial com caudal, e sua absorção ocorre principalmente nas vilosidades aracnoideas situadas junto ao seio longitudinal superior • O espaço intracraniano é invariável em volume e seu conteúdo é praticamente incompressível • O aumento do volume de um dos componentes da cavidade intracraniana ou o aparecimento de um processo expansivo determina o deslocamento dos seus constituintes naturais • Para que a PIC se mantenha inalterada, é necessário que saia da cavidade intracraniana um volume de líquido igual ao volume acrescentado • Quando o novo volume acrescentado é maior do que o do líquido deslocado, há o aumento da PIC. SOI IV – APG Duda Campos Quando certo volume é acrescido ao conteúdo normal da cavidade craniana: 1) Diminuição do espaço subaracnóideo pericefálico 2) Redução das cavidades ventriculares por diminuição do LCR 3) Diminuição do volume sanguíneo 4) Redução do volume do parênquima nervoso por compressão e atrofia Nas crianças que ainda possuem fontanelas abertas e suturas não soldadas, a elasticidade do crânio permite que o aumento do conteúdo seja compensado pelo amento do seu diâmetro FISIOPATOLOGIA • Sempre que houver uma elevação na PIC, existe o risco de lesão subsequente por compressão direta do tronco cerebral ou redução do fluxo sanguíneo cerebral O fluxo sanguíneo cerebral é avaliado através da medição da pressão de perfusão cerebral: Pressão de perfusão cerebral = pressão arterial média – pressão intracraniana A pressão de perfusão cerebral é a pressão do sangue que fui para o cérebro e é a força motriz para o fornecimento de oxigênio necessário para o funcionamento neuronal (VER ESQUEMA EXPLICANDO A FISIOPATOLOGIA ACIMA) PATOLOGIA • Qualquer que seja a causa da HIC, ela perturba o funcionamento do SNC por deslocamento e torção do neuroeixo e redução do fluxo sanguíneo encefálico HÉRNIAS ENCEFÁLICAS • Migrações e torções de estruturas para outros compartimentos intra e extracranianos• Ocorrem, geralmente, na vigência de aumento da PIC SOI IV – APG Duda Campos • Podem resultar também da existência de processos expansivos intracranianos sem elevação da PIC HÉRNIA SUPRACALOSA • Resultado da herniação do giro do cíngulo sob a borda livre da foice cerebral e surge nos processos expansivos frontais e parietais • Desloca as artérias pericalosas além da linha mediana e comprime o teto do terceiro ventrículo, determinando discreta faixa de necrose no giro do cíngulo • Pode diminuir a circulação nas artérias pericalosas, ocasionando infarto isquêmico nos seus territórios de irrigação HÉRNIA TRANSTENTORIAL ANTERIOR OU UNCAL • Pode ser anterior ou central • Quando há migração do uncus e porção medial do giro hipocampal através da incisura da tenda do cerebelo • Encontrada nos processos expansivos do lobo temporal ou da parte lateral da fossa média acompanhados ou não de HIC • Pode surgir com qualquer processo expansivo supratentorial • Primeiro sinal dessa herniação: dilatação da pupila ipsilateral – resulta da compressão do nervo oculomotor contra o ligamento petroclinoideo • A artéria cerebral posterior pode ser comprimida contra a borda livre do tentório, resultando em hemianopsia consequente à isquemia do lobo occipital • A insinuação da porção medial do lobo temporal comprime o mesencéfalo, diminuindo a luz do aqueduto de Sylvius, o que leva à retenção do LCR acima desse nível • A compressão do pedúnculo cerebral causa hemiparesia ou hemiplegia contralateral pro comprometimento da via piramidal ipsilateral • A compressão e distorção progressiva do mesencéfalo levam ao coma, reação de descerebração e óbito HÉRNIA TRANSTENTORIAL CENTRAL • Mais frequente e mais grave do que a lateral • Resulta do deslocamento no sentido caudal do diencéfalo e porção superior do mesencéfalo através do buraco de Pacchioni • Encontrada nos processos difusos supratentoriais que acarretam grande aumento da PIC ou em lesões situadas na linha mediana • O deslocamento no sentido caudal do diencéfalo e mesencéfalo traciona a haste hipofisária contra o clivo e comprime o teto do mesencéfalo, resultando em necrose hipofisária, diabetes insípido e paralisia do olhar vertical para cima • Ocorrem alterações no nível de consciência, dilatação das pupilas, atitude em descerebração e óbito • Leva a infartos isquêmicos e hemorrágicos por distensão das artérias perfurantes do mesencéfalo e ponte HÉRNIAS CEREBELARES • A hérnia cerebelar superior ocorre quando há aumento da PIC no compartimento infratentorial e pressão relativamente menor na fosse supratentorial • Comprime o mesencéfalo diminuindo a luz no aqueduto de Sylvius, o que leva à retenção de LCR acima desse nível • A hérnia cerebelar inferior, tonsilar ou amigdaliana, resulta na insinuação as amígdalas cerebelares no buraco occipital comprimindo o bulbo • Causa obstrução do trânsito do LCR no nível do IV ventrículo e seu quadro clínico caracteriza-se por parada cardiorrespiratória súbita. HIC E FLUXO SANGUÍNEO ENCEFÁLICO • A HIC diminui o diâmetro dos vasos encefálico, aumentando a resistência vascular – isso causa diminuição do fluxo sanguíneo, causando anoxia cerebral • Isso causa acúmulo de CO2, o que funciona como agente vasodilatador – isso permite o aumento do fluxo encefálico, mas essa vasodilatação e o aumento do volume de sangue agravam a HIC TRÍADE DE CUSHING • A PA se eleva quando a PIC atinge níveis próximos ou superiores aos da PA • A PA aumenta para restaurar o fluxo sanguíneo aos centros vitais bulbares • Observa-se irregularidades no ritmo respiratório e bradicardia • Esses sinais, elevação da PA, bradicardia e arritmia respiratória constituem a tríade de Cushing SOI IV – APG Duda Campos QUADRO CLÍNICO A evolução dos sintomas pode ser dividida em 4 fases (de acordo com a curva de Langfitt): 1ª fase • Assintomática • Deslocamento de um dos componentes normais do conteúdo intracraniano para compensar o volume acrescido 2ª fase • Os mecanismos de compensação já estão se esgotando • Comprometimento do fluxo sanguíneo cerebral • Isquemia dos centros bulbares • Ondas de platô • Primeiros sinais e sintomas da HIC • Redução da frequência cardíaca 3ª fase • Ondas de platô já são mais frequentes e de maior amplitude • Comprometimento do tônus vascular e a paralisia do mecanismo vasopressórico acarretem aumento do volume sanguíneo encefálico, acentuando a HIC • Os sinais e sintomas tornam-se exuberantes • Comprometimento do nível de consciência • Alterações da PA, da frequência cardíaca e ritmo respiratório • Possibilidades de regressão do quadro clínico, desde que a HIC possa ser tratada adequadamente 4ª fase • Queda da PA • Ritmo respiratório e frequência cardíaca irregulares • Coma • Pupilas midriáticas e paralíticas • Morte por PCR Os sintomas de HIC são derivados principalmente de irritação neurológica, compressão ou deslocamento e papiledema (quando a PIC aumenta, incha parte do nervo óptico dentro do olho) SINAIS E SINTOMAS GERAIS DA HIC CEFALEIA • São registradas em quase todos os casos e provavelmente são mediadas pelas fibras da dor do nervo trigêmeo na dura-máter e pelos vasos sanguíneos do cérebro • Geralmente difusa e piora pela manhã, com exacerbação pela manobra de Valsalva • Pode ser localizada • Pode ser mais intensa durante à noite por conta da vasodilatação secundária à retenção de CO2 durante o sono • Acontece não por conta do aumento da PIC, mas sim por conta da dilatação e tração das grandes artérias e veias, compressão e distensão de nervos cranianos (trigêmeo, vago e glossofaríngeo) e dura-máter por eles inervadas SOI IV – APG Duda Campos NÁUSEAS E VÔMITOS • Apresentações comuns na PIC elevada • Mais frequente na manhã, ao despertar • O vômito por conta do aumento da PIC devido ao acúmulo de CO2 durante o sono alivia a cefaleia pela diminuição do edema cerebral que se segue à hiperventilação provocada pelo ato de vomitar • Pode ocorrer o vômito em jato ou vômito cerebral, que não é precedido por náuseas • Decorrem do aumento da PIC ou do deslocamento e torção do tronco encefálico PAPILEDEMA • Sinal mais característico da HIC • Ocorre por compressão da veia central da retina pelo LCR contido no espaço subaracnóideo que envolve os nervos ópticos • Se a HIC não for tratada, progride para atrofia secundária de papila e cegueira ALTERAÇÕES VISUAIS • Visão dupla – diplopia horizontal associada à paralisia do VI nervo craniano por compressão • Anormalidades visuais transitórias ocorrem com frequência, geralmente descritas como um escurecimento gradual da visão em um ou ambos os olhos – pioram com as mudanças na postura • Perda visual periférica pode ser relatada e mais comumente começa no quadrante nasal inferior com subsequente perda do campo visual central • Alterações na acuidade visual com embaçamento ou distorção • Perda visual repentina pode ocorrer em casos mais graves ou crônicos devido à hemorragia intraocular ALTERAÇÕES DA PERSONALIDADE E DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA • Apatia, irritabilidade, desatenção, indiferença, diminuição da espontaneidade, instabilidade emocional, sendo mais frequentes nas neoplasias cerebrais • À medida que a HIC evolui, surgem períodos de sonolência, rebaixamento progressivo do nível de consciência e coma CRISES CONVULSIVAS • Mais precoces nos processos expansivos de rápida evolução e naqueles situados próximo ao córtex motor • As HICs crônicas permitem o aparecimento de convulsões com maior frequência TONTURAS • Atordoamento e tonturas sem caráter giratório• Mais frequentes quando o processo expansivo localiza-se no compartimento infratentorial e resultam do edema do labirinto secundário à comunicação existente entre a cavidade intracraniana e o ouvido interno MACROCEFALIA • Em crianças como suturas ainda não soldadas • O aumento da PIC pode ser compensado, temporariamente, pela disjunção progressiva das suturas • Aumento do perímetro craniano • Congestão das veias do couro cabeludo • “som do pote rachado” – na percussão do crânio OUTROS SINTOMAS • Zumbido com ritmo pulsátil exacerbado por posições supina ou de flexão e manobras de Valsalva • Dor radicular, dormência ou parestesias são possíveis e mais comumente associadas a compressão localizada ou possível herniação do cérebro • Os achados neurológicos são indicações de doença grave • Os locais anatômicos onde a herniação é mais provável de ocorrer incluem o subfalcino, transtentorial central, transtentorial incal, tonsilar cerebelar/forame magno, e rotas transcalvariais – isso pode levar à diminuição da consciência ou capacidade de resposta, resultando em um estado de estupor ou mais severamente com coma devido ao efeito local de lesões de massa ou pressão nas formações reticulares do mesencéfalo e pode ainda levar ao comprometimento respiratório SINAIS E SINTOMAS FOCIAS • Resultam da disfunção da região onde está localizada a lesão responsável pela HIC • Seu reconhecimento auxilia na localização e tratamento da doença • Podem surgir precocemente e podem confundir- se com os sintomas e sinais gerais da HIC Principais sintomas e sinais focais dos processos expansivos intracranianos: • Paresias ou paralisias SOI IV – APG Duda Campos • Convulsões focais • Ataxia • Distúrbios cognitivos • Alterações endócrinas • Comprometimento dos nervos cranianos ACHADOS NO EXAME FÍSICO • Podem variar, dependendo da etiologia • Mudança no estado mental ou paciente em coma • Avaliação neurológica completa é essencial sempre que houver suspeita de hipertensão intracraniana • A avaliação dos nervos cranianos é particularmente importante para identificar lesões • A paralisia do VI nervo craniano é a mais comum • O embotamento do reflexo pupilar com dilatação fixa de uma pupila também está altamente associado a síndromes de herniação • Hematomas periorbitais espontâneos também podem estar presentes • Tríade clássica de bradicardia, depressão respiratória e hipertensão – tríade de Cushing – indicativa de hipertensão intracraniana • Essencial realizar o exame fundoscópio procurando hemorragias retinianas ou papiledema é essencial • Os bebês podem apresentar suturas cranianas alargadas e fontanela abaulada AVALIAÇÃO • Avaliar hemograma e painel metabólico completo – avaliar infecção, anemia e anormalidades eletrolíticas TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA • Preditivos de PIC elevada: edema cerebral, cisternas basais comprimidas e desvio da linha média *mas a ausência desses achados não exclui hipertensão intracraniana • É possível definir a melhor conduta por meio da classificação de Marshall RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CRÂNIO • Mais precisa do que uma TC de crânio para avaliar a PIC elevada e procurar uma etiologia ULTRASSONONOGRAFIA À BEIRA DO LEITO • Também pode ser usada para medir o diâmetro da bainha do nervo óptico para determinar a hipertensão intracraniana • É um método mais limitado pela habilidade do operador • Não é usado com frequência SOI IV – APG Duda Campos PUNÇÃO LOMBAR • Pode ser necessária para o diagnóstico • Mas deve ser adiada até a neuroimagem, especialmente quando há suspeita de herniação iminente • Mede as pressões de abertura • Testagem do LCR para infecção ou outra etiologia potencial MEDIÇÃO INVASIVA DA PIC • Definitiva para o diagnóstico • Melhora a capacidade de provedor de manter a pressão de perfusão cerebral adequada 4 locais anatômicos principais usados para a medição clínica da pressão intracraniana: • Intraventricular • Intraparenquimatosa • Subaracnóidea • Epidural Um cateter de ventriculostomia é o dispositivo preferido para monitoramento da PIC e pode ser usado até mesmo para drenagem terapêutica do LCR para diminuir a PIC. • Quando os ventrículos não podem ser canulados, dispositivos intraparenquimatosos usando microssensores e transdutores de fibra óptica podem ser usados • Pode drenar o LCR e diagnosticar uma infecção • Usada também como parâmetro de prognóstico TRATAMENTO • Concentra-se principalmente no tratamento e na reversão da etiologia Um aumento repentino na PIC é uma emergência neurocirúrgica, exigindo monitoramento rigoroso em um ambiente de UTI. Na hipertensão intracraniana aguda: • O paciente deve ser estabilizado com profissionais de saúde visando estabilidade hemodinâmica e prevenção e tratamento de fatores que podem agravar ou precipitar a hipertensão intracraniana • Monitorar a frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal, ventilação e oxigenação, glicemia, entrada e saída e ECG Pacientes com suspeita de hipertensão intracraniana, especialmente com lesão cerebral traumática grave, também devem ser monitorados pela PIC É vital prevenir e tratar os fatores que podem agravar ou precipitar a hipertensão intracraniana. Intervenções (para ganhar tempo até que a etiologia seja identificada e corrigida): • Manter a cabeça elevada 30 graus e na posição neutra – isso serve para minimizar a resistência ao fluxo venoso e melhorar o deslocamento do líquido cefalorraquidiano do compartimento intracraniano para o espinhal • Controle da PIC por meio do gerenciamento respiratório – a hipóxia e a hipercapnia podem aumentar a PIC – por isso devemos controlar a ventilação para manter uma pressão parcial normal de dióxido de carbono e manter a oxigenação adequada sem aumentar a PEEP • Sedação e analgesia adequadas – a agitação e a dor podem aumentar a pressão arterial e a PIC – a maioria dos medicamentos sedativos pode ter efeitos sobre a PA, então medicamentos com um efeito hipotensivo mínimo devem ser preferidos – a hipovolemia pode precipitar os efeitos colaterais hipotensivos e deve ser tratada antes da administração de agentes sedativos – os agentes de ação mais curta têm a vantagem de permitir uma breve interrupção da sedação para avaliar o estado neurológico • Controle da febre – a febre pode aumentar a taxa metabólica cerebral e é um vasodilatador potente, que aumenta o fluxo sanguíneo cerebral e leva a um aumento da PIC – deve ser controlada com antipiréticos e mantas refrigerantes e as causas infecciosas devem ser excluídas • Controle da PA - A pressão arterial elevada é comumente observada em pacientes com hipertensão intracraniana, especialmente quando causada por lesão cerebral traumática - Em pacientes com lesões de massa intracraniana não tratadas, a perfusão cerebral é mantida pela pressão arterial mais elevada e a hipertensão sistêmica não deve ser tratada. A ausência de massa intracraniana apresenta uma decisão mais individualizada e controversa no tratamento da hipertensão sistêmica. Quando são usados anti-hipertensivos, o tratamento preferencial inclui betabloqueadores como labetalol e esmolol ou bloqueadores dos canais de cálcio, pois reduzem a pressão arterial sem afetar a PIC. Agentes com meia-vida curta devem ser preferidos. Evite vasodilatadores como nitroprussiato de sódio, nitroglicerina e nifedipina. • Controle de convulsões – elas podem contribuir e complicar a PIC elevada e devem ser evitadas por medicamentos profiláticos, SOI IV – APG Duda Campos especialmente em lesões cerebrais traumáticas graves Medidas adicionais para controlar a PIC em pacientes com hipertensãointracraniana sustentada: • Manejo cirúrgico de emergência – quando há HIC súbita ou refratária ao manejo médico • Relaxantes musculares não despolarizantes junto com sedativos – podem ser usados para tratar a HIC causada por postura, tosse ou agitação – quando um bloqueio neuromuscular é usado, o EEG deve ser monitorado para descartar estados convulsivos • Terapia hiperosmolar: usada para hipertensão intracraniana aguda grave O manitol é comumente usado como agente hiperosmolar. A solução salina hipertônica também pode criar uma mudança osmótica do espaço intersticial do parênquima cerebral para o compartimento intravascular na presença de uma barreira hematoencefálica intacta • Aumentam a pressão osmótica intravascular, retirando água do parênquima nervoso para a corrente sanguínea em consequência do gradiente osmótico criado • Tem a vantagem sobre o manitol para pacientes hipovolêmicos e hipotensos • Efeitos adversos: anormalidades hematológicas e eletrolíticas • A hiponatremia deve ser excluída antes da administração de solução salina hipertônica para reduzir o risco de mielinólise pontinha central A hiperventilação pode ser usada para uma redução rápida da PIC se houver sinais claros clínicos de hérnia ou com hipertensão intracraniana grave • Diminui a PaCO2, que causa vasoconstrição das artérias cerebrais, resultando em redução do fluxo sanguíneo cerebral e redução da pressão intracraniana O coma barbitúrico deve ser considerado em pacientes com hipertensão intracraniana refratária A indução rotineira de hipotermia não é indicada – mas a hipotermia moderada pode ser um tratamento adjuvante eficaz para o aumento da PIC refratária a outro tratamento médico Os esteroides são comumente usados para tumores primários e metastáticos para diminuir o edema cerebral vasogênico • Reduzem intensamente o edema cerebral que acompanha as neoplasias e inflamações • Papel importante no tratamento de HIC causada por processo inflamatório que bloqueia o trânsito do LCR • Para outros distúrbios neurocirúrgicos, como lesão cerebral traumática ou hemorragia intracerebral espontânea, os esteroides não mostraram benefícios, e podem até ser prejudiciais • O emprego acarreta efeitos colaterais • A retirada deve ser feita gradualmente INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS • Ressecção de lesões de massa intracraniana que produzem PIC elevada deve ser feita o mais rápido possível • A drenagem do LCR reduz a PIC imediatamente, reduzindo o volume intracraniano – pode ser um tratamento auxiliar importante para reduzir a PIC – mas sua utilidade é limitada quando o cérebro está difusamente inchado e os ventrículos colapsados • A craniectomia descompressiva é usada para tratar hipertensão intracraniana grave não controlada – é a remoção cirúrgica de parte da calvária para criar uma janela no crânio, permitindo a herniação do cérebro inchado através da janela óssea para aliviar a pressão *A redução temporária da HIC pode ser obtida pela remoção do LCR através da punção lombar, mas isso pode causar hérnias encefálicas, então isso está contraindicado nas HICs secundárias a processos expansivos unilaterais *O tratamento preferido nas hidrocefalias é a derivação intra ou extracraniana do LCR. *Nas craniectomias internas, às vezes é necessário remover parênquima cerebral, em casos de gravidade, risco de vida e resposta insatisfatória a outros métodos terapêuticos menos agressivos SOI IV – APG Duda Campos DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Lesão nervosa aguda • Hipertensão intracraniana benigna (Pseudotumor cerebral) • Isquemia / hemorragia cerebrovascular • Hidrocefalia • Abscesso epidural intracraniano • Hemorragia intracraniana • Carcinoma leptomeníngeo • Astrocitoma de baixo grau • Doença de Lyme • Meningioma • Meningite • Enxaqueca • Papiledema • Hemorragia subaracnóide • Trombose de seio venoso PROGNÓSTICO • Variável, depende da etiologia e varia de benigno a letal • As crianças geralmente podem tolerar pressão intracraniana mais alta por um período mais longo • A hipertensão intracraniana idiopática não está associada a nenhum risco específico de mortalidade, mas os tratamentos cirúrgicos podem causar morbidade e mortalidade • A morbidade da HII está relacionada a efeitos na função visual devido ao papiledema – se não for tratado, o edema de disco pode causar neuropatia óptica irreversível e perda da visão das cores COMPLICAÇÕES • Dependem da etiologia subjacente Algumas complicações gerais: • Derrame • Convulsões • Neuropatia óptica • Perda de visão • Estupor • Coma • Parada respiratória
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