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1 AV1 – Bases farmacológicas – Prof. Ney – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 07/10/2021 Considerações gerais 1) Descobertos na década de 50 2) Eritromicina → antibiótico padrão do grupo 3) Subclasses → azalídeos e cetolídeos 4) Possuem anel macrocíclico Os macrolídeos são uma alternativa aos pacientes com alergia à penicilina. A classificação dos macrolídeos é de acordo com o número de átomos do anel lactona macrocíclico. 14 membros 15 membros 16 membros Eritromicina Azitromicina Espiramicina Roxitromicina Midecamicina Claritromicina Miocamicina Diritromicina Rocitamicina Fluritromicina Josamicina Oleandromicina Citasamicina Telitromicina Carbomicina Ligação a proteínas plasmáticas Em geral, o macrolídeo se liga de forma variável à proteína plasmática. Eritromicina – 40 a 90% Roxitromicina – 85% Claritromicina – 60 a 70% Azitromicina – 7 a 50% (baixa ligação à proteína) Diritromicina – 16 a 30% Espiramicina – 30% Miocamicina – 45% Todas essas drogas podem competir com outras drogas pela ligação às proteínas plasmáticas, o que pode gerar interação medicamentosa. A cinética de primeira ordem corresponde aquela em que a dose do medicamento que é administrado não muda a taxa de excreção; a não ser que ultrapasse o valor de dose máxima, o que seria uma overdose. Os macrolídeos em baixa concentração tem cinética de primeira ordem, no entanto quando a concentração de macrolídeos é aumentada ele vai para uma cinética de ordem zero. A cinética de ordem zero significa que dependendo da concentração que seja usada altera a meia vida (meia vida não é fixa). Isso corrobora para que se crie esquemas terapêuticos para tratamento de infecção com doses única, duplas e triplas, ou seja, poucas doses, sendo bastante vantajoso. Exemplo: uma infecção pode ser tratada com 5 doses de azitromicina. A azitromicina não é um antibiótico que precise de muitas doses para que tenha o efeito esperado, como seria necessário no esquema terapêutico da penicilina pra tratamento de uma sinusite, em que seriam necessários 10-15 dias. Meia vida plasmática As meias - vidas séricas em pacientes com função hepato - renal normal são: Eritromicina – 1,4h Roxitromicina – 12h Claritromicina - dose de 250mg – 3 a 4h Claritromicina - dose de 500mg – 5 a 7h Diritromicina – 24h Espiramicina – 4 a 5h Miocamicina – 1h Azitromicina – 14 a 20 horas Grupo de antibióticos que mais foram usados na história. Muito usados para Gram negativos, mas podem ser usados para algumas Gram positivas. Deixou de ser muito usado depois do surgimento das quinolonas. Os macrolídeos são antibióticos de primeira escolha só para Streptococcus pneumoniae, dentre os Gram positivos. Os macrolídeos utilizados na clínica são: •Eritromicina → Único macrolídeo disponível por 40 anos!! • Claritromicina • Azitromicina O lançamento dos novos macrolídeos recentemente aumentou o uso destas drogas. Macrolídeos AULA 8 2 AV1 – Bases farmacológicas – Prof. Ney – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 Mecanismo de ação Como os macrolídeos atuam? O que mudou da aula passada para essa? Na ultima aula falamos de antimicrobiano que impedem a tradução de um RNA mensageiro pela atividade do ribossomo, atuando na subunidade 30s. Agora, vamos falar sobre drogas que se ligam à subunidade 50S do ribossomo impedindo a transferência de aminoácidos conduzidos pelo RNAt para a cadeia polipeptídica em formação. Bloqueiam a síntese protéica ✓ Bacteriostáticos, à priori. ✓ Bactericidas (quando em altas concentrações a organismos suscetíveis) Os macrolídeos têm afinidade pela subunidade 50S do ribossomo bacteriano (alvo do 23S). Os macrolídeos interferem na síntese de proteínas por bloquear o sítio ativo do ribossomo por impedimento estérico, interferindo a na formação da estrutura primária da proteína (ligação entre os aminoácidos). Os macrolídeos são inibidores da síntese protéica bacteriana. Os ribossomos bacterianos têm duas subunidades: 30S e 50S. Resistência aos Macrolídeos A resistência aos macrolídeos ocorreu pela primeira vez, em 1953. A bactéria metilava o rRNA que perdia afinidade aos macrolídeos. A metilação é feita por uma adenina N6- metiltransferase, cujo gene é denominado ERM (Erythomycin Ribosome Methilation). Assim, quando a bactéria expressa o ERM já se sabe que essa bactéria produz uma enzima que diminui a afinidade do receptor pelo macrolídeo, levando à inatividade desse antibiótico à essa bactéria. A eritromicina é a grande indutora do gene ERM por isso foi reduzido o uso desse antibiótico Os genes ERM geralmente estão localizados em elementos genéticos móveis, tal como transposons, geralmente inseridos no cromossoma. Alguns destes transposons residem em plasmídios. Os genes ERM muitas vezes estão associados à presença de gene que conferem resistência à tetraciclina (gene tet). Resistência cruzada ocorre quando uma bactéria se torna resistente à um antibiótico, e acaba ficando resistente a outro também. O gene ERM confere resistência a macrolídeos e a tetraciclinas. Existem outras drogas que também podem ser metiladas por proteínas transcritas a partir do ERM também. As lincosamidas (clindamicina) e as estreptograminas têm o mesmo alvo (50S rRNA) que é modificado pelos genes ERM. As lincosamidas competem pelo mesmo receptor do macrolídeo, assim não seria válido usar esses dois medicamentos juntos. Os genes ERM conferem resistência tanto à eritromicina quanto à clindamicina. Mas a resistência à clindamicina só é detectada in vitro com a indução por eritromicina. Ambos tem a capacidade de atuar, mas um atrapalha o efeito do outro, uma vez que competem pelo mesmo receptor. Reações Adversas Gravidez e lactação - a azitromicina e a claritromicina, por seus potenciais toxicidades para o feto, só devem ser utilizadas quando outras alternativas não forem disponíveis. Os demais macrolídeos geralmente são seguros para o uso na gravidez e lactação. Trato Gastro - intestinal - cólicas abdominais (diminui bastante a microbiota intestinal); altera a absorção de anticoncepcional; náuseas; vômitos; diarreias; flatulência; gosto amargo. Obs: Especialmente a eritromicina. Tromboflebites (uso intra - venoso). Reações alérgicas - Rash cutâneo; Febre; Eosinofilia. Sistema hepático - Hepatite colestática (especialmente estolato); Elevações transitórias da T.G.O e da T.G.P. Perdas transitórias de audição. Taquicardia ventricular polimórfica com prolongamento do intervalo QT (Torsade de Pointes). 3 AV1 – Bases farmacológicas – Prof. Ney – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 Colite pseudo - membranosa. – todo o antibiótico que leva a diminuição da microbiota intestinal tem potencial para gerar esse quadro. Super - infecções por Candida sp ou bastonetes Gram- negativos. Sistema hematopoiético: trombocitopenia. Os macrolídeos são antibióticos seguros e, excetuando - se os efeitos da eritromicina sobre o TGI, apresentam baixa incidência de efeitos colaterais. As alterações gastro - intestinais são mais freqüentes com a eritromicina (especialmente em crianças), podendo ser provocadas também com preparações venosas. Eritromicina ◌ Descoberto em 1952 → Mcguire e cols. Pesquisadores do laboratório Lilly. ◌ Streptomyces erythreus Estreptomiceto de cor avermelhada derivado das micelas. Isolado de amostras de solo da ilha Panay (Filipinas) ◌ Formado por 3 componentes (isômeros) Eritromicina A → mais ativa Eritromicina B Eritromicina C A eritromicina básica é formada por três isômeros: eritromicina A, B e C. A eritromicina é comercializada na forma de ésteres; a eritromicina tem um gosto amargo, mas quando ela está na sua forma comercial o éster consegue mascarar esse gosto amargo, deixando umsabor menos desagradável. Ésteres de eritromicina Não possuem ação antimicrobiana Funcionam como pró-drogas com melhor absorção por via oral Macrolídeos, incluindo a eritromicina tem atividade predominantemente bacteriostática, mas em doses altas eles também podem ser bactericidas. E, ainda são imunomodulatórios. Os macrolídeos interferem com a migração de células inflamatórias que tem atividade redutora da inflamação. Então, é capaz de ter efeito anti-inflamatório. Espectro de ação da eritromicina Espectro de ação parecido com o da penicilina, por isso que a eritromicina foi colocada antigamente como droga que deveria ser a opção à pacientes alérgicos à penicilina. Bactérias gram-positivas Estreptococos Estafilococos Clostrídios Corinebactérias Listeria Cocos gram – negativos Gonococo Meningococo Espiroquetas Treponemas Leptospiras Bordetella pertussis Riquetsias sp Chlamydias sp Mycoplasma pneumoniae Gardnerella vaginalis Vibrio cholerae Legionella Micobactérias atípicas M. kansaii Intracellulare Mecanismos de resistência da eritromicina Diminuição da entrada do antibiótico ou exportação da droga na bactéria Pseudomonas sp.; Acinetobacter sp.; s. pneumoniae Mutações nos genes do sítio de ligação na subunidade 50S do ribossomo S. pneumoniae; S. aureus; E. coli; Mycoplasma pneumoniae; S. pyogenes; H pylori; M. avium Inativação enzimática 4 AV1 – Bases farmacológicas – Prof. Ney – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 S. aureus; Proteus sp.; Enterobacter sp.; E. coli Nota-se que algumas bactérias tem mais de um mecanismo de resistência. Farmacocinética da eritromicina A eritromicina e as suas pró-drogas são absorvidas pela mucosa intestinal de modo satisfatório Inativação no meio ácido. → Então, em geral precisa ser usada uma cápsula para proteger a eritromicina para que ela possa passar pelo estômago sem que seja destruída. Absorção reduzida junto com alimentos Difunde-se facilmente nos tecidos e líquidos orgânicos Não atinge concentração terapêutica no líquido amniótico. Não atravessa a barreira hematoencefálica Metabolizada no fígado (enzimas do CYP450) CYP3a4 é uma das enzimas envolvidas com o metabolismo dos macrolídeos. Há macrolídeos que induzem essas enzimas, e também há macrolídeos que tem sua atividade diminuída pelo uso concomitante com drogas que induzem a atividade desse sistema. Excreção principalmente por via biliar Interações medicamentosas da eritromicina Efeito antagônico – termo não está correto porque eles atuam em um mesmo receptor. Cloranfenicol Lincosamidas Cotrimoxazol Penicilinas e cefalosporinas Antagonista: é uma molécula que não tem atividade intrínseca, impede o efeito do agonista. Efeito antagônico (o mais correto seria o uso do termo efeito homérgico): corresponde ao efeito contrário. O efeito antagônico pode ser produzido por: Antagonismo farmacológico (exige a presença do antagonista). Antagonismo fisiológico: não existe a presença do antagonista. Nesse mecanismo há dois agonistas produzindo efeitos oposto em receptores diferentes. Antagonismo químico: drogas que se ligam ao mesmo receptor e possuem atividade intrínseca. O efeito homérgico ocorre quando as drogas se ligam a um mesmo receptor e possuem efeitos iguais, então quando se tem o efeito homérgico ocorre uma competição de infra adição, ou seja, não há vantagem em usar drogas com esse efeito porque se perde o efeito de uma das drogas. Assim, não tem sentido a associação. Sofre metabolização acelerada na presença Fenobarbital → aumenta no fígado a presença da UGT (enzima conjugadora importante no fígado e no rim). Assim, o uso de fenobarbital vai promover a redução da eficácia dos macrolídeos, por ser um grande indutor enzimático. Inativação na presença Vitaminas do complexo B e vitamina C Interações Medicamentosas Diminui o metabolismo por interferência com isoenzimas do citocromo P450 Glicocorticoides Anticoncepcionais orais Teofilina Carbamazepina Ciclosporina Warfarin Digoxina Indicações clínicas da eritromicina Coqueluche Difteria Legioneloses Pneumonias intersticiais pelo Mycoplasma pneumoniae Infecções genitais e pélvicas C. tracomatis Hipersensibilidade às penicilinas Profilaxia de febre reumática Infecções estreptocócicas de faringe e pele Sífilis em gestantes Reações adversas da eritromicina Intolerância digestiva → estimula contratilidade do intestino delgado Náuseas e vômitos Dor abdominal Flatulência e diarréia 5 AV1 – Bases farmacológicas – Prof. Ney – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 Reações de hipersensibilidade Prurido Erupção maculopapular Febre Eosinofilia Icterícia colestática (ppte com estolato) Formas de apresentação da eritromicina Estearato de eritromicina Pantomicina® (Abbott) – drágeas 250 e 500mg / susp.oral 125mg/5ml e 250mg/5ml Estolato de eritromicina Eritrex® (Aché) - comp. 500mg / susp oral 125mg/5ml e 250mg/5ml Eritromicina tópica Ilosone® tópico Pantomicina® tópica Espiramicina Descoberto em 1954 Madame S. Pinnert-Sindico dos Laboratórios Rhone-Poulenc (França) Streptomyces ambofaciens actinomiceto isolado de amostras de solo nas ruínas do Fórum Romano e na região de Tessin (Suíça) Formado por 3 componentes Espiramicina I → principal componente Espiramicina II Espiramicina III Mecanismo de ação da espiramicina Inibição da síntese de proteínas Liga-se a fração 50S do ribossomo impedindo a fixação do RNAt ao ribossomo e bloqueando o aporte de aminoácidos componentes das proteínas Fixação ao ribossomo é mais estável e sólida do que qualquer outro macrolídeo Resulta em efeito pós-antibiótico duradouro de até 9 h contra cocos gram – positivos Atividade imunomodulatória Aumenta a fagocitose e a produção de interleucina-6. Espectro de ação da espiramicina Semelhante à eritromicina melhor ação contra Toxoplasma gondii Mecanismos de resistência da espiramicina Semelhante à todos os macrolídeos Farmacocinética da espiramicina A espiramicina é absorvida por via oral Difunde-se facilmente nos tecidos e líquidos orgânicos Atinge concentração terapêutica no líquido amniotico Não atravessa a barreira hematoencefálica Metabolizada parcialmente no fígado Excreção principalmente por via biliar Interações medicamentosas Efeito sinérgico Tetraciclinas → bactérias aeróbicas Metronidazol → anaeróbios Não deprime a atividade da enzima citocromo p450 Indicações clínicas Alternativa terapêutica para infecções por germes gram- positivos Infecções buco dentárias e gengivite Toxoplasmose adquirida (maior indicação) e da gestante Infecções genitais e pélvicas → Chlamydia trachomatis e Ureaplasma urealyticum Hipersensibilidade às penicilinas Profilaxia de febre reumática Infecções estreptocócicas de faringe Sífilis Reações adversas Intolerância digestiva → estimula contratilidade do intestino delgado Náuseas e vômitos Dor abdominal Flatulência e diarreia Reações de hipersensibilidade Prurido Erupção maculopapular 6 AV1 – Bases farmacológicas – Prof. Ney – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 Trombocitopenia Formas de apresentação Rovamicina® (Aventis) – cápsulas de 750.000 UI (250mg) e 1.500.000 UI (500mg) Dose: 150.000 UI a 300.000 UI/Kg/dia 6/6 h ou 8/8 h Adultos → 2 a 3g/dia Claritromicina Antibiótico macrolídeo semissintético derivado da eritromicina Descoberto em 1984 → Laboratório Abbott Espectro de ação semelhante ao da eritromicina, sendo 4 x + potente (doses menores se produz o mesmo efeito) Difere-se da eritromicina por ter atividade H. influenzae H. ducreyi M. leprae M. aviumm-intracellulare T. gondii Atividade bactericida rápida contra S. pneumoniae Metil-éter previne efeitos gástricos doses menores e menos frequentes(+ lipofílico). Uso em úlcera por H. pylori Farmacocinética da claritromicina Boa absorção por via oral com níveis séricos mais prolongados Estável em meio ácido Boa difusão em líquidos e tecidos orgânicos Metabolização hepática Eliminação por via renal Interações medicamentosas Aumenta discretamente o nível sérico destas drogas: Teofilina Carbamazepina Reações adversas da claritromicina: náuseas e vômitos; cefaleia; tonturas e dor abdominal. Formas de apresentação da claritromicina Klaricid® (Abbott) – comp. 250mg e 500 mg/ suspensão oral 125mg/5ml (Clamicin®/Medley) (klaritril®/pharlab) Azitromicina Antibiótico macrolídeo semissintético derivado da eritromicina Descoberto em 1984 → Laboratório Pfizer Diferencia-se da eritromicina por espectro de ação mais amplo, sendo capaz de agir contra microrganismos gram- negativos H. influenzae N. gonorrhoeae Moraxella catarrhalis. leprae Brucella melitensis Pasteurella multocida Espécies de Legionella e Campylobacter Remoção da carbonila e inserção de N-metila o que provocou o aumento da meia vida (cinética de ordem zero). É usada em dose única diária. Melhor penetração. Maior atividade contra Gram negativos. Farmacocinética Boa absorção por via oral Estável em meio ácido Alimentos e a administração de antiácidos contendo alumínio e magnésio interferem na absorção, uma vez que elevam um pouco o pH. Boa difusão nos tecidos e baixa concentração no sangue, dando a impressão que ela tem um Vd maior que o que realmente ela tem. Pouco metabolizada (eliminada 72% em forma ativa) Eliminação pelas fezes (mesmo na sua forma ativa) Interações medicamentosas Ergotamina Digitálicos Reações adversas: náuseas e vômitos; cefaleia; diarreia e pirose; dor abdominal Formas de apresentação Zitromax® (Pfizer) – cápsulas 250mg /susp.oral 200mg/5ml A dose de macrolídeo para criança é de no máximo 10mg/kg/dia. Doses maiores que estar podem atrapalhar o desenvolvimento da criança, uma vez que o macrolídeo se deposita nas articulações. O uso em altas doses em adultos 7 AV1 – Bases farmacológicas – Prof. Ney – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 também tem sido relacionado a lesões articulares e em tendões.
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