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Antibacterianos que atuam na síntese proteica

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Antibacterianos 
Que interferem na síntese proteica
Síntese Proteica 
A síntese proteica ocorre nos ribossomos, mas os ribossomos eucariontes e procariontes são diferentes, e isso 
constitui a base para a ação antimicrobiana seletiva de alguns antibióticos. O ribossomo bacteriano consiste 
em uma subunidade 50S e uma subunidade 30S, enquanto as subunidades do ribossomo dos mamíferos são 
60S e 40S. Os outros elementos envolvidos na síntese peptídica são o RNA mensageiro (mRNA), que forma 
o modelo para a síntese proteica, e o RNA transportador (tRNA), que transfere especificamente os 
aminoácidos individuais para o ribossomo. O ribossomo tem três locais de ligação para o tRNA, chamados 
locais A, P e E. 
Para iniciar a tradução, o mRNA, transcrito do modelo de DNA, é ligado à subunidade 30S do ribossomo. A 
subunidade 50S liga-se, então, à subunidade 30S para formar uma subunidade 70S, que se move ao longo do 
mRNA, de modo que códons sucessivos do mensageiro passam ao longo do ribossomo da posição A para a 
posição P. Os antibióticos podem afetar a síntese proteica em qualquer uma dessas fases. 
 
 
 
Farmacologia 2 
ANA CLARA MELO 
 
 
 
 
Aminoglicosídeos 
O termo “aminoglicosídeo” se origina da sua estrutura: dois aminoaçúcares unidos por ligação glicosídica a 
um núcleo hexose central. Os aminoglicosídeos são derivados de Streptomyces sp. (têm sufixo -mycin em 
inglês) ou Micromonospora sp. (terminam em -micin em inglês). São semelhantes entre si na atividade 
antimicrobiana, nas características farmacocinéticas e na toxicidade. Os agentes principais são gentamicina, 
estreptomicina, amicacina, tobramicina e neomicina. 
Mecanismo de ação 
Existem vários locais de ação. Os aminoglicosídeos difundem-se por meio de canais porina na membrana 
externa dos microrganismos suscetíveis. Esses microrganismos também têm um sistema dependente de 
oxigênio que transporta o fármaco através da membrana citoplasmática por um sistema transportador de 
poliaminas (que, por acaso, é bloqueado pelo cloranfenicol), e tem ação mínima contra microrganismos 
anaeróbios. Dentro da célula, eles se fixam na subunidade ribossomal 30S, onde interferem com a montagem 
do aparelho ribossomal funcional e/ou causam a leitura incorreta do código genético pela subunidade 30S do 
ribossoma completo. Os antimicrobiano que interrompem a síntese proteica em geral são bacteriostáticos; os 
aminoglicosídeos são os únicos a atuar como bactericidas. O efeito bactericida dos aminoglicosídeos é 
realçado por agentes que interferema na síntese da parede celular (penicilinas) e concentração-dependente, 
isto é, a eficácia depende da concentração máxima (Cmáx) do fármaco acima da concentração inibitória 
mínima (CIM) do microrganismo. Para os aminoglicosídeos, a Cmáx é de 8 a 10 vezes a CIM. Eles também 
exibem efeito pós-antimicrobiano (EPA), que é supressão bacteriana continuada após a concentração do 
antimicrobiano cair abaixo da CIM. Quanto maior a dosagem, mais longo o EPA. Devido a essas propriedades, 
o aumento do intervalo entre dosagens (uma dose alta única é administrada por dia) é usado com mais 
frequência do que dosagens diárias divididas. Isso diminui o risco de nefropatia e aumenta a adesão ao 
tratamento. 
Espectro antibacteriano 
Os aminoglicosídeos são eficazes contra a maioria dos bacilos aeróbicos gram-negativos, incluindo os que 
podem ser resistentes a múltiplos fármacos, como Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae e 
Enterobacter sp. Além disso, os aminoglicosídeos são associados, com frequência, a antimicrobianos β-
lactâmicos para obter efeito sinérgico, particularmente no tratamento de endocardite infecciosa por 
Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium. A gentamicina é o aminoglicosídio mais utilizado, embora a 
tobramicina seja a eleita em caso de infecções por P. aeruginosa. A amicacina tem um espectro antimicrobiano 
mais amplo e pode ser eficaz em infecções por microrganismos resistentes à gentamicina e à tobramicina. 
Resistência 
A resistência aos aminoglicosídeos ocorre via 1) bomba de efluxo; 2) diminuição da captação; e/ou 3) 
modificação e inativação por síntese de enzimas associada a plasmídeos. Cada uma dessas enzimas tem sua 
própria especificidade aminoglicosídica; portanto, a resistência cruzada não pode ser presumida. A resistência 
como resultado da falta de penetração pode ser compensada pelo uso concomitante de penicilina e/ou 
vancomicina, à custa do risco de aumento de efeitos adversos graves. 
Farmacocinética 
A estrutura policatiônica altamente polar dos aminoglicosídeos impede absorção adequada após administração 
oral. Por isso, todos os aminoglicosídeos (exceto a neomicina) precisam ser administrados por via parenteral 
(intramuscular ou intravenosa) para alcançar níveis séricos adequados. A neomicina não é administrada por 
via parenteral devido à grave nefrotoxicidade. Ela é administrada topicamente contra infecções cutâneas ou 
por via oral para preparação intestinal prévia à cirurgia colorretal. Os aminoglicosídios atravessam a placenta, 
mas não a barreira hematencefálica, embora seja possível atingir elevadas concentrações nos líquidos 
articulares e pleurais. A eliminação ocorre totalmente por meio de filtração glomerular nos rins, sendo que 50 
a 60% da dose é excretada inalterada após 24 horas. Se a função renal estiver comprometida, a acumulação 
ocorre rapidamente, resultando em aumento desses efeitos tóxicos (p. ex., ototoxicidade e nefrotoxicidade), 
os quais estão relacionados com a dosagem. 
Efeitos adversos 
É imperativo monitorar os níveis terapêuticos de gentamicina, 
tobramicina e amicacina para assegurar dosagem adequada e minimizar a 
toxicidade relacionada com a dosagem. Os idosos são particularmente 
suscetíveis à nefro e à ototoxicidade. 
1. Ototoxicidade: A ototoxicidade (vestibular e coclear) está relacionada 
diretamente com picos plasmáticos elevados e com a duração do 
tratamento. O antimicrobiano acumula na endolinfa e na perilinfa do 
ouvido interno. A surdez pode ser irreversível e também atinge o feto em 
desenvolvimento. Qualquer aminoglicosídio pode produzir ambos os 
tipos de efeitos, porém é mais provável que a estreptomicina e a 
gentamicina interfiram na função vestibular e que a neomicina e a 
amicacina afetem majoritariamente a audição. Pacientes que recebem 
fármacos ototóxicos concomitantes, como a cisplatina ou os diuréticos de 
alça, são particularmente suscetíveis. Vertigens (especialmente em 
pacientes que recebem estreptomicina) também podem ocorrer. 
2. Nefrotoxicidade: A retenção dos aminoglicosídeos pelas células 
tubulares proximais interrompe os processos de transporte mediados por 
cálcio. Isso resulta em lesão renal que varia de insuficiência renal leve e 
reversível até grave, potencialmente irreversível, e necrose tubular aguda. 
3. Paralisia neuromuscular: Resulta da inibição da recaptação do Ca2+ 
necessário para a liberação de acetilcolina. Este efeito adverso está 
associado com aumento rápido da concentração (p. ex., doses altas 
infundidas em período curto) ou administração concomitante de 
bloqueadores neuromusculares. Pacientes com miastenia grave são 
particularmente suscetíveis. A imediata administração de gliconato de 
cálcio ou neostigmina pode reverter o bloqueio que causa a paralisia 
neuromuscular. 
4. Reações alérgicas: Dermatite de contato é uma reação comum para a 
neomicina aplicada topicamente. 
Macrolídeos 
Os macrolídeos são um grupo de antimicrobianos com uma estrutura lactona macrocíclica à qual estão ligados 
um ou mais açúcares desoxi. A eritromicina foi o primeiro desses antimicrobianos a encontrar aplicação clínica 
como fármaco de primeira escolha e como alternativa às penicilinas em indivíduos que são alérgicos aos 
antimicrobianos β-lactâmicos. Claritromicina (uma forma metilada da eritromicina) e azitromicina 
(apresentando um anel lactona maior), têm algumas caraterísticascomuns com a eritromicina e outras que a 
melhoraram. Telitromicina, um derivado semissintético da eritromicina, é o primeiro antimicrobiano 
“cetolídeo”. Cetolídeos e macrolídeos têm cobertura antimicrobiana similar. Contudo, os cetolídeos são ativos 
contra várias cepas gram-positivas resistentes a macrolídeos. 
Mecanismo de ação 
Os macrolídeos se ligam irreversivelmente a um local na subunidade 50S do ribossoma bacteriano, inibindo, 
assim, etapas de translocação na síntese de proteínas. Eles também podem interferir em outras etapas, como a 
transpeptização. Geralmente considerados bacteriostáticos, os macrolídeos podem ser bactericidas em 
dosagens mais elevadas. O sítio de ligação parece ser o mesmo ou ter íntima proximidade ao da clindamicina 
e do cloranfenicol. 
Espectro antibacteriano 
1. Eritromicina: É eficaz contra vários dos mesmos microrganismos da benzilpenicilina. Por isso ela pode ser 
usada em pacientes alérgicos à benzilpenicilina. É efetiva contra bactérias e espiroquetas gram-positivos, mas 
não contra microrganismos gram-negativos, exceto no caso de N. gonorrhoeae e, em menor escala, H. 
influenzae. São também suscetíveis Mycoplasma pneumoniae, Legionella spp. e alguns microrganismos 
clamidiais. 
2. Claritromicina: Tem atividade similar à da eritromicina, mas também é ativa contra Haemophilus 
influenzae. Sua atividade contra patógenos intracelulares, como Chlamydia, Legionella, Moraxella, espécies 
de Ureaplasma e Helicobacter pylori, é maior do que a atividade da eritromicina. 
3. Azitromicina: Embora menos ativa contra estreptococos e estafilococos do que a eritromicina, a 
azitromicina é muito mais ativa contra as infecções respiratórias por H. influenzae e Moraxella catarrhalis. O 
uso extensivo da azitromicina resultou no crescimento da resistência do Streptococcus pneumoniae. A 
azitromicina é o tratamento preferido contra uretrites causadas por Chlamydia trachomatis. O Mycobacterium 
avium é combatido preferencialmente com um regime contendo macrolídeo, incluindo claritromicina ou 
azitromicina. Pode ser utilizada para tratar Toxoplasma gondii, uma vez que elimina os cistos. 
4. Telitromicina: Esse fármaco tem espectro antimicrobiano similar ao da azitromicina. Além disso, a 
modificação estrutural dos cetolídeos neutraliza os mecanismos de resistência mais comuns (mediados por 
efluxo ou metilase) que os tornam ineficazes. 
Resistência 
A resistência aos macrolídeos está associada com 1) a incapacidade do microrganismo de captar o 
antimicrobiano; 2) a presença de uma bomba de efluxo; 3) a diminuição da afinidade da subunidade ribossomal 
50S pelo antimicrobiano, resultante da metilação de uma adenina no RNA ribossomal bacteriano 23S em 
microrganismos gram-positivos; e 4) a presença de uma eritromicina esterase associada a plasmídeo em 
microrganismos gram-negativos, como as Enterobacteriaceae. A resistência à eritromicina está aumentando, 
o que limita o seu uso clínico (particularmente contra S. pneumoniae). A claritromicina e a azitromicina 
dividem alguma resistência cruzada com a eritromicina, mas a telitromicina pode ser eficaz contra 
microrganismos resistentes a macrolídeos. 
Farmacocinética 
1. Administração: Os macrolídios são administrados por via oral ou parenteral, embora as injeções 
intravenosas possam provocar tromboflebites locais. Difundem-se rapidamente na maioria dos tecidos, mas 
não atravessam a barreira hematencefálica, havendo fraca penetração no líquido sinovial. A eritromicina base 
é destruída pelo suco gástrico. Assim, são administradas formas esterificadas ou comprimidos revestidos 
entéricos do antimicrobiano. Claritromicina, azitromicina e telitromicina são estáveis no estômago ácido e são 
bem absorvidas. Os alimentos interferem na absorção de eritromicina e azitromicina, mas podem aumentar a 
absorção de claritromicina. A eritromicina e a azitromicina estão disponíveis em formulações IV. 
2. Distribuição: A eritromicina se distribui bem em todos os líquidos corporais, exceto no LCS. Ela é um dos 
poucos antimicrobianos que se difunde no líquido prostático e também acumula nos macrófagos. Os quatro 
fármacos se concentram no fígado. Claritromicina, azitromicina e telitromicina são amplamente distribuídas 
nos tecidos. A azitromicina se concentra nos neutrófilos, macrófagos e fibroblastos, e os níveis séricos são 
baixos. A azitromicina tem a meia-vida mais longa e o maior volume de distribuição dos quatro fármacos. 
3. Eliminação: A eritromicina é parcialmente inativada no fígado; a azitromicina é mais resistente à inativação, 
enquanto a claritromicina é convertida em um metabólito ativo. Eritromicina e telitromicina são extensamente 
biotransformadas no fígado. Elas inibem a oxidação de inúmeros fármacos por meio de sua interação com o 
sistema CYP450. Interferência com a biotransformação de fármacos, como teofilina, estatinas e numerosos 
antiepiléticos, foi relatada para a claritromicina. 
4. Excreção: Eritromicina e azitromicina são concentradas e excretadas primariamente na bile como fármacos 
ativos. Ocorre reabsorção parcial por meio da circulação entero-hepática. Em contraste, a claritromicina e seus 
metabólitos são eliminados pelos rins, bem como pelo fígado. A dosagem deste fármaco deve ser ajustada em 
pacientes com insuficiência renal. 
Uso clínico 
 
Efeitos adversos 
1. Irritação e motilidade gástrica: Distúrbio gástrico é o efeito adverso mais comum dos macrólideos e pode 
levar à pouca aderência ao tratamento (especialmente com eritromicina). Claritromicina e azitromicina 
são mais bem toleradas. Concentrações mais elevadas de eritromicina levam à contração do músculo liso, 
o que resulta em movimentação do conteúdo gástrico para o duodeno, um efeito adverso às vezes usado 
terapeuticamente para o tratamento da gastroparesia ou do íleo pós-cirúrgico. 
2. Icterícia colestática: Este efeito ocorre especialmente com a forma estolato da eritromicina (não usada 
nos EUA); contudo, foi relatado para outras formulações. 
3. Podem ocorrer infecções esporádicas do sistema digestório ou da vagina. 
4. Ototoxicidade: Surdez transitória foi associada à eritromicina, especialmente em dosagens elevadas. A 
azitromicina também foi associada com perda auditiva neurossensorial irreversível. 
5. Contraindicações: Pacientes com disfunção hepática devem ser tratados com cautela com eritromicina, 
telitromicina ou azitromicina, pois esses fármacos acumulam no fígado. Hepatotoxicidade grave com a 
telitromicina limitou seu uso, considerando ainda a existência de alternativas. Além disso, os macrolídeos 
e cetolídeos podem prolongar o intervalo QTc e devem ser usados com cautela em pacientes com 
condições pré-arrítmicas ou uso concomitante de fármacos pró-arrítmicos. 
6. Interações farmacológicas: Eritromicina, telitromicina e claritromicina inibem a biotransformação 
hepática de inúmeros fármacos, o que pode levar ao acúmulo tóxico desses compostos. Pode ocorrer 
interação com digoxina. Nesse caso, o antimicrobiano elimina espécies da flora intestinal que 
ordinariamente inativam a digoxina, levando, assim, à sua maior reabsorção pela circulação entero-
hepática. 
Tetraciclinas 
As tetraciclinas são antibióticos de amplo espectro. Esse grupo inclui tetraciclina, oxitetraciclina, 
demeclociclina, limeciclina, doxiciclina, minociclinae tigeciclina. São substâncias anfotéricas e cristalinas de 
baixa solubilidade. Estão disponíveis como cloridratos, que são mais solúveis. Essas soluções são ácidas e, 
com exceção da clortetraciclina, bastante estáveis. 
Mecanismo de ação 
As tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos de amplo espectro que inibem a síntese proteica. As 
tetraciclinas penetram nos microrganismos em parte por difusão passiva e em parte por um processo de 
transporte ativo dependente de energia. Os organismos suscetíveis concentram o medicamento no nível 
intracelular. Uma vez dentro da célula, as tetraciclinas se ligamde maneira reversível à subunidade 30S do 
ribossomo bacteriano, bloqueando a ligação do aminoacil-tRNA ao sítio aceptor no complexo mRNA-
ribossomo. Isso impede a adição de aminoácidos ao peptídeo em crescimento. 
 
Espectro 
As tetraciclinas são ativas contra muitas bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, inclusive determinados 
anaeróbios, riquétsias, clamídias e micoplasmas. A minociclina também é efetiva contra N. meningitidis e tem 
sido utilizada para eliminar esse microrganimo da nasofaringe de indivíduos portadores. 
 
A atividade antibacteriana é similar na maioria das tetraciclinas, exceto pelo fato de que as cepas resistentes à 
tetraciclina podem ser sensíveis à doxiciclina, à minociclina e à tigeciclina, que são substratos fracos para a 
bomba de efluxo se ela for o mecanismo da resistência. 
A resistência generalizada a esses agentes tem diminuído sua utilidade. A resistência é transmitida 
principalmente por plasmídios e, como os genes que controlam a resistência às tetraciclinas estão intimamente 
relacionados com os genes de resistência a outros antibióticos, os microrganismos podem desenvolver 
simultaneamente resistência a muitos fármacos. 
Três mecanismos de resistência a análogos da tetraciclina foram descritos: (1) influxo comprometido ou efluxo 
aumentado por meio de uma bomba proteica transportadora ativa; (2) proteção do ribossomo em razão da 
produção de proteínas que interferem na ligação da tetraciclina com o ribossomo; (3) inativação enzimática. 
Farmacocinética 
Em geral, as tetraciclinas são administradas por via oral, mas também é possível usar a via parenteral. A 
minociclina e a doxiciclina são bem absorvidas após administração oral. A absorção da maior parte das outras 
tetraciclinas é irregular e incompleta, mas é melhorada na ausência de alimentos. Como as tetraciclinas são 
quelantes de íons metálicos (cálcio, magnésio, ferro e alumínio) que formam compostos não absorvíveis, a 
absorção é diminuída na presença de leite, alguns antiácidos e preparações com ferro. As tetraciclinas se 
concentram na bile, no fígado, nos rins, no líquido gengival e na pele. Além disso, elas se fixam nos tecidos 
em calcificação (p. ex., dentes e ossos) ou em tumores com alto conteúdo de cálcio. A penetração na maioria 
dos líquidos orgânicos é adequada. Somente minociclina e doxiciclina alcançam níveis terapêuticos no líquido 
cerebrospinal (LCS). A minociclina também alcança níveis elevados na saliva e nas lágrimas, tornando-a útil 
na erradicação do estado portador de meningococos. Todas as tetraciclinas atravessam a barreira placentária 
e se concentram em ossos e dentição fetais. Tetraciclina e doxiciclina não são biotransformadas no fígado. A 
tetraciclina é eliminada inalterada primariamente na urina, e a minociclina sofre biotransformação hepática e 
é eliminada em menor extensão pelos rins. Em pacientes com comprometimento renal, prefere-se a 
doxiciclina, pois é eliminada primariamente pela bile nas fezes. 
Uso clínico 
Sua aplicação (por vezes combinada com outros antibióticos) inclui: 
• Infecções causadas por Rickettsia e Chlamydia, brucelose, antraz e doença de Lyme 
• Como uma segunda escolha útil, por exemplo, em pacientes com alergias, em várias infecções, 
incluindo por Mycoplasma e Leptospira 
• Infecções do sistema respiratório (exacerbações da bronquite crônica, pneumonia adquirida na 
comunidade) 
• Acne 
• Secreção inapropriada do hormônio antidiurético (p. ex., devido a alguns tumores malignos dos 
pulmões), causando hiponatremia: a demeclociclina inibe a ação desse hormônio de forma 
completamente distinta de seu efeito antibacteriano 
Efeitos adversos 
Os efeitos adversos mais comuns são distúrbios GI causados inicialmente pela irritação direta e, após, pela 
modificação da flora intestinal. Podem ocorrer deficiência de vitaminas do complexo B e superinfecção. Como 
as tetraciclinas absorvem Ca2+, são depositadas nos ossos e dentes em crescimento, provocando manchas e, 
por vezes, hipoplasia dentária e deformidades ósseas. Por esse motivo, não devem ser administradas em 
crianças, gestantes ou lactantes. Outro efeito nas gestantes é a hepatotoxicidade. Também pode ocorrer 
fototoxicidade (sensibilidade à luz solar) principalmente com a demeclociclina. A minociclina pode produzir 
distúrbios vestibulares (tonturas e náuseas). Doses elevadas de tetraciclinas podem reduzir a síntese proteica 
nas células do hospedeiro, um efeito antianabólico que, eventualmente, resulta em lesão renal. O tratamento 
prolongado pode provocar distúrbios da medula óssea. 
Anfenicol/Cloranfenicol 
O cloranfenicol foi originalmente isolado de culturas de Streptomyces. 
Mecanismo de ação 
O cloranfenicol se liga reversivelmente à subunidade ribossomal bacteriana 50S e inibe a síntese proteica na 
reação de peptidiltransferase. Devido a alguma semelhança dos ribossomas mitocondriais de mamíferos e dos 
bacterianos, a síntese proteica e de trifosfato de adenosina (ATP) nessas organelas pode ser inibida com níveis 
elevados circulantes de cloranfenicol, produzindo toxicidade na medula óssea; 
Espectro antibacteriano 
O cloranfenicol tem amplo espectro de ação antimicrobiana, entre os quais clamídeas, riquétsias, espiroquetas 
e anaeróbios. É ativo contra microrganismos gram-negativos aeróbios e anaeróbios, gram-positivos e 
Rickettsiae, mas não contra Chlamydiae. É um bacteriostático para a maioria dos microrganismos, mas elimina 
H. influenzae. Porém, dependendo da concentração e do microrganismo, pode ser bactericida. 
Resistência 
A resistência clinicamente significativa se deve à produção de cloranfenicol acetiltransferase, uma enzima 
codificada por plasmídeo que inativa a substância. Outros mecanismos incluem diminuição da capacidade de 
penetrar no microrganismo e alterações do local de ligação ribossomal. 
Farmacocinética 
Administrado por via oral, o cloranfenicol é absorvido rápida e completamente, alcançando concentração 
máxima no plasma após 2 horas. Também pode ser administrado por via parenteral. Ele alcança concentrações 
terapêuticas no LCS. O cloranfenicol sofre biotransformação hepática a um glicuronídeo inativo que é 
secretado pelos túbulos renais e eliminado na urina. É necessário reduzir a dosagem em pacientes com 
disfunção hepática ou cirrose. Ele também é secretado no leite e deve ser evitado em mulheres lactantes. 
Uso clínico 
O uso sistêmico deve ser reservado a infecções graves, em que o benefício do fármaco se sobreponha à sua 
toxicidade hematológica incomum, mas grave. Tais usos podem incluir: 
• Infecções causadas por Haemophilus influenzae resistente a outros fármacos 
• Meningite em pacientes nos quais a penicilina não pode ser utilizada 
• Febre tifoide, embora ciprofloxacino ou amoxicilina e cotrimoxazol sejam igualmente eficazes e 
menos tóxicos 
• A utilização tópica é igualmente segura e eficaz nas conjuntivites bacterianas. 
Efeitos adversos 
• Anemias: Os pacientes podem desenvolver anemia dose-dependente, anemia hemolítica (vista em 
pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase) e anemia aplástica. (Nota: a anemia 
aplástica é independente da dose e pode ocorrer depois que o tratamento termina.) 
• O principal efeito adverso do cloranfenicol é a depressão medular grave idiossincrática, que resulta em 
pancitopenia (diminuição global dos elementos celulares do sangue) – um efeito que, embora raro, 
pode ocorrer mesmo com dosagens baixas em alguns pacientes. 
• Síndrome do bebê cinzento: Os recém-nascidos têm baixa capacidade para glicuronizar o cloranfenicol 
e têm função renal subdesenvolvida. Portanto, os neonatos têm baixa capacidade de excretar o fármaco, 
o qual acumula em níveis que interferem na função dos ribossomas mitocondriais. Isso leva à má 
alimentação, à depressão respiratória, ao colapso cardiovascular, à cianose (daí o nome de “bebê 
cinzento”) e à morte. Adultos que recebem doses muito elevadastambém podem exibir esse efeito 
tóxico. 
• Podem surgir reações de hipersensibilidade, bem como distúrbios GI, na sequência da alteração da 
flora microbiana intestinal. 
• Interações farmacológicas: O cloranfenicol inibe algumas das oxidases hepáticas de função mista e, 
assim, bloqueia a biotransformação de fármacos como varfarina e fenitoína, aumentando suas 
concentrações e potencializando seus efeitos. 
Clindamicina 
Mecanismo de ação 
Atua da mesma forma que os macrolídios e o cloranfenicol. 
Espectro antibacteriano 
É ativa contra cocos gram-positivos, incluindo muitos estafilococos penicilino-resistentes e bactérias 
anaeróbias como a Bacteroides spp. 
Resistência 
Os mecanismos de resistência são os mesmos da eritromicina, e foi descrita resistência cruzada. 
Farmacocinética 
Está disponível em formulações IV e orais, mas o uso da forma oral é limitado pela intolerância gastrintestinal. 
Ela se distribui bem em todos os líquidos corporais, incluindo ossos, mas penetra pouco no LCS. A 
clindamicina sofre extensa biotransformação oxidativa a produtos inativos e é primeiramente excretada na 
bile. A baixa eliminação urinária limita sua utilidade clínica contra infecções do trato urinário. Foi relatado 
acúmulo em pacientes com comprometimento grave da função renal ou insuficiência hepática. 
Uso clínico 
Ela é usada primariamente no tratamento de infecções causadas por microrganismos gram-positivos, incluindo 
MRSA e estreptococos e bactérias anaeróbicas. Além do seu uso nas infecções causadas por organismos do 
gênero Bacteroides, é usada para tratar infecções estafilocócicas de ossos e articulações. Também é 
administrada topicamente, na forma de gotas oftálmicas, para a conjuntivite estafilocócica e como fármaco 
antiprotozoário. 
Efeitos adversos 
Além de urticária, o efeito adverso mais comum é diarreia, que pode representar uma colite 
pseudomembranosa grave por supercrescimento de C. difficile. A administração oral de metronidazol ou 
vancomicina em geral é eficaz para controlar esse grave problema.

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