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Farmacologia 4 Jennifer Naito Aula 3/4- Macrolídeos – Prof. Flávio Faria Se chamam macrolídeos pois são moléculas imensas, com muitos átomos. Usamos essa droga quando se tem alergia à penicilina pois não tem relação estrutural nenhuma com a estrutura das penicilinas e cefalosporinas. • Eritromicina descoberta em 1952 por McGuire, a partir de produtos metabólicos de uma cepa de Strptomyces eythreus, obtida de amostras do solo do arquipélago das Filipinas. Os demais membros do grupo são drogas semi-sintéticas. • Estrutura química: receberam o nome de macrolídeos por exibirem um anel de lactona com muitos componentes (14 ou 15), ao qual estão unidas algumas moléculas de açúcar. • Modificações dos novos macrolídeos (azitromicina, claritromicina) melhoraram a estabilidade em meio ácido, a penetração tecidual e ampliaram o espectro de atividade antimicrobiana. o A eritromicina era um medicamento que praticamente só atuava em bactérias Gram+, então seu espectro de ação era quase que limitado somente a bactérias aeróbicas Gram+. o Já os novos macrolídeos possuem o espectro de ação muito maior, especialmente contra as bactérias Gram-, como as que causam infecções respiratórias, as bactérias do intestino que podem causar infecção de urina. Além disso, eles passaram a ter a possibilidade de serem tomados por via oral sem problemas. Também ganharam a possibilidade de se distribuírem mais pelos tecidos e ainda penetrarem no interior dos macrófagos e neutrófilos, matando bactérias intracelulares. Atividade antimicrobiana: • Normalmente a eritromicina é bacteriostática, podendo ser bactericida em altas concentrações, para espécies sensíveis. o Muito mais efetiva contra bactérias aeróbias Gram+ (estreptococos). o A eritromicina não exibe atividade contra bacilos entéricos Gram-. Sua ação contra espécies Gram- é muito limitada (H. influenzae, N. meningitidis, N. gonorrhoeae). Boa ação sobre a C. trachomatis – essa bactéria causa três doenças – P, L, T. o Resistência dos estreptococos à eritromicina tem aumentado bastante (40%). o Cerca de 50% das espécies bacterianas resistentes à penicilina são também resistentes aos macrolídeos. Por isso os macrolídeos servem para INICIAR um tratamento quando há ALERGIA às penicilinas. o As cepas de estafilococos, frequentemente encontradas nos hospitais (meticilin resistentes) são, de maneira geral, resistentes aos macrolídeos; a resistência pode emergir durante um tratamento (S. aureus), havendo a possibilidade de resistência cruzada com a Clindamicina. o A eritromicina, para a odontologia, vai ficar como antibiótico de segunda linha. • A Claritromicina tem maior espectro de ação, com melhor atividade sobre estreptococos e estafilococos (Gram+). o Boa atividade sobre as bactérias Gram- causadoras de infecções respiratórias (H. influenzae, M. catarrhalis, L. pneumophila, Mycoplasma pneuminiae) e sobre as espécies de Chlamydia e Mycobacterium leprae (uma das bactérias intracelulares). • A azitromicina é um pouco menos ativa sobre as espécies Gram+ mas, apresenta melhor atividade contra as espécies Gram-, especialmente aquelas causadoras de infecções respiratórias (H. influenzae). Muito boa ação sobre espécies de Chlamydia e N. gonprrhoeae. Farmacologia 4 Jennifer Naito • A claritromicina e a azitromicina parecem exibir melhor atividade contra bactérias patogênicas das vias respiratórias – infecções de seio maxilar, sinusites, alérgicos à penicilina etc. Mecanismo de ação: • São agentes bacteriostáticos que inibem a síntese proteica, pela ligação reversível com a subunidade 50s do ribosoma (fábrica de proteínas que existem no citoplasma), das espécies sensíveis de bactérias. • Os macrolídeos não impedem a formação das ligações peptídicas entre os aminoácidos mas, a translocação do RNAt do sítio receptor para o sítio doador – nenhum novo RNAt conseguirá transportar mais aminoácidos. • Para chegar até o ribossomo, precisam penetrar no interior da célula bacteriana. É muito mais fácil entrar na Gram+ pois ela possui apenas 2 revestimentos (membrana citoplasmática e parede), mas a Gram- tem a membrana interna, a parede e a membrana externa. • As bactérias Gram+ acumulam 100 vezes mais eritromicina do que as Gram-, no interior da célula. • Sendo drogas básicas, penetram muito mais facilmente nas células bacterianas em meio alcalino (formas não ionizadas). As bactérias possuem o canal de porina, mas algumas delas podem deletar esse canal e por isso o remédio precisa ser lipossolúvel; o problema é no local onde está inflamado o pH é ácido e a droga é básica e isso pode ionizá-la. Resistência bacteriana: • Bactérias resistentes desenvolveram um mecanismo ativo que bombeia o macrolídeo para fora da célula – mesmo que gaste energia. • Modificam sítio de ligação ribossômico (metilação), diminuindo a ligação com o macrolídeo. Implica em resistência a outros antibióticos que se liguem ao mesmo local (Clindamicina e Lincomicina). • Destruição enzimática do antibiótico por hidrólise (enzima). Absorção: • Sal básico da eritromicina é pouco absorvido pelo trato GI, sendo inativado em meio ácido, pois ela não se dá bem com ácido e isso dificulta a absorção. Ésteres de eritromicina (estolato, etilsuccinato) foram formulados para melhorar a estabilidade em meio ácido e facilitar a absorção. o Alimentos aumentam a acidez do trato GI e atrapalham a absorção – aumenta a secreção de suco gástrico quando comemos algo, e por isso esse medicamento não pode ser ingerido junto com alimentos. o Pico da concentração plasmática é atingido em cerca de 2 horas. • Claritromicina é rapidamente absorvida pelo trato GI mas, sofre intenso metabolismo de primeira passagem (50% da dose) – se tomar 500mg, só 250mg funcionando, por exemplo. Pode ser administrada com ou sem alimentos (de preferência em jejum). Pico plasmático em 2 horas. • Azitromicina é rapidamente absorvida por via oral; antiácidos (sais de Mg++ e Al++) atrapalham absorção e diminuem o pico de concentração plasmática. Não deve ser administrada com alimentos, principalmente com leite, queijo, vitaminas, antiácidos. Distribuição tecidual: • Todos os macrolídeos apresentam excelente difusão tecidual (exceto para o cérebro e LCR). • Cerca de 36% da dose do estolato de eritromicina liga-se à proteínas plasmáticas; no caso da claritromicina a ligação é de 40 a 70%; para azitromicina, de 50%. • A eritromicina atravessa a ta e é significativamente excretada pelo leite materno (50% da concentração sanguínea). • Eritromicina: risco B na gravidez e lactação. Não provoca nenhuma mal formação fetal. • Azitromicina: risco B na gravidez e lactação. • Claritromicina: risco C na gravidez e lactação. Pode ser usado na lactação desde que o bebê não seja amamentado, e não pode ser usado na gravidez, pois pode causar mal formação. • Todos os macrolídeos atingem altas concentrações intracelulares (incluindo os fagócitos), altas concentrações teciduais e altas concentrações em todas as secreções. Farmacologia 4 Jennifer Naito • Logo depois de fagocitadas, no sítio da infecção, as bactérias são expostas à altíssimas concentrações do antibiótico, no interior do neutrófilo ou do macrófago – morte da bactéria. Metabolismo e excreção: • Todos sofrem metabolismo hepático. A eritromicina é concentrada e secretada pela bile, em concentração dezenas de vezes o valor de sua concentração plasmática. o A eritromicina pode ser administrada a pacientes com alto grau de comprometimento renal, sem necessidade de ajuste de dose. Eliminada especialmente por via biliar, pouco excretada pelos rins, com meia vida de cerca de 2 horas. o As vezes a eritromicina entope o canal que leva a bile ao intestino, e começa a acumular bile no fígado, o sangue começa a absorver essa bile transformando-a em bilirrubina, o sangue começa a ficar amarelo- esverdeado e o pacientefica ictérico = hepatite colestática. • A claritromicina também é eliminada por via renal e biliar. Seu metabolismo hepático gera um metabólito farmacologicamente ativo. Não pode ser administrada por pessoas com problemas hepáticos. o Eliminada em parte na forma ativa (30% da dose não sofre metabolismo). o Meia vida de 5 a 9 horas. o Ajuste de dose só é necessário em pacientes com clearance de creatinina abaixo de 30ml/min. • A azitromicina também sofre metabolismo hepático gerando compostos inativos. Via biliar é a principal maneira de eliminação. Muito pouco da forma ativa é eliminada pela urina. Também não pode ser administrada por pessoas com problemas hepáticos. o Meia vida extremamente longa (40 a 68 horas), em função da extensa distribuição e ligação tecidual. • Paciente alérgico à penicilina e com insuficiência renal pode fazer uso de eritromicina, claritromicina e azitromicina. Já um paciente alérgico à penicilina e com insuficiência hepática pode TALVEZ tomar claritromicina, diminuindo a dose e aumentando o intervalo. Posologia e vias de administração: • A eritromicina é administrada na dose de 250 a 500mg, a cada 8 horas, dependendo da natureza e da gravidade da infecção. o Administrar de preferência em jejum. o Injeção IM é extremamente dolorosa; quando necessário, administrar por via IV (na terapia de infecções graves, 500 a 1000mg a cada 8 horas. • A claritromicina é geralmente administrada por via oral 2 vezes ao dia (250mg a cada 12 horas) em adultos com infecções leves e moderadas. Formas de liberação lenta de 500mg podem ser administrada apenas 1 vez ao dia. o Infecções mais graves (pneumonia) ou aquelas causadas por H. influenzae (sinusites), necessitam de doses maiores (500mg a cada 12 horas) por tempo mais prolongado (10 a 14 dias). • A azitromicina deve ser administrada por via oral em jejum (1 hora antes de comer ou 2 horas depois de uma refeição). Geralmente prescrita na dose de 500mg a cada 24 horas, durante 5 dias. Usos terapêuticos: • Principais usos terapêuticos dos macrolídeos: infecções do tato respiratório. • São também eficazes em doenças sexualmente transmissíveis provocadas por Chlamydia. • Em infecções estreptocócicas da orofaringe. • Infecções por Helicobacter pylori (úlceras, associados com omeprazol e amoxicilina) • Infecções por Mycobacterium (frequentes em HIV positivos). • Em pacientes alérgicos à penicilina, os macrolídeos são as drogas de escolha, para as diversas situações em que a penicilina normalmente seria indicada (profilaxia de novos surtos de febre reumática, profilaxia da endocardite bacteriana etc.). Reações adversas: Farmacologia 4 Jennifer Naito • As reações adversas são bastantes raras. Podem, muito raramente, ocorrer reações alérgicas, como febre, eosinofilia e erupções na pele, que desaparecem assim que a terapia é interrompida. • Hepatite colestática talvez seja a reação mais seria encontrada com o uso prolongado de eritromicina, que também desaparece com a interrupção do antibiótico. • Distensão abdominal, cólicas, náusea e vômito. • Provocam aumento dos movimentos peristálticos, por interagirem com os receptores de motilina. • Eritromicina prolonga intervalo Q-T (no eletrocardiograma), podendo causar arritmias graves quando associada à cisaprida e terfenadina. • Perda auditiva temporária, após altas doses de macrolídeos. Dependendo da idade só causa zumbido temporário. Interações medicamnetosas: • A eritromicina inibe as enzimas do citocromo P450 diminuindo, portanto, o metabolismo de diversas drogas, potencializando os seus efeitos (cuidado em pacientes que recebem estatinas – rabdomiólise). • Pela semelhança estrutural (14 átomos de C) a claritromicina pode apresentar o mesmo perfil de ação. • A azitromicina difere dos demais por apresentar anel de lactona com 15 elementos e, por este motivo, parece estar livre destas interações medicamentosas. Contudo, deve-se sempre estar atento para a administração concomitante de azimtromicina com drogas que possam interagir com a eritromicina. • Já existem relatos de que a azitromicina (15 átomos de c) também poderia provocar o prolongamento do intervalo Q-T. cuidado com o uso de macrolídeos em pacientes portadores de arritmias cardíacas. • Astemizol: antialérgico (retirado de mercado). • Carbamazepina (Tegretol): anticonvulsivante. • Corticosteroides (Decadron, Celastone). • Ciclosporina: droga imunossupressora (transplantes). • Digoxina: insuficiência cardíaca. • Ergotamina: enxaquecas. • Terfernadina: antialérgico (retirado de mercado). • Teofilina: broncodilatador (asma). • Triazolam: benzodiazepínico. • Ácido valpróico (depakene): anticonvulsivante. • Warfarin (Marevan): anticoagulante. Eritromicina: • Estolato de eritromicina: suspensão 50mg/mL e comprimidos de mg (R$ 37,90/20 comp). • Estolato de eritromicina (Eritrex): comprimidos de 500mg. Dose usual de 500m a cada 8 ou 12 horas. R$ 61,35/21 comp de 500mg. Suspensão oral (25mg/mL e 50mg/mL). Claritromicina: • Claritromicina (genérico): R$ 89,00/10 comp de 500mg, produzida pelos laboratórios Merk, SEM e Medley. Comprimidos de 250 e 500mg; suspensão oral 125 e 250 mg/5mL, frasco-ampola de 500 para uso IV. Dose usual para faringites 250mg a cada 12 horas ou 500mg em única tomada diária; para sinusites, 500mg a cada 12 horas. • Claritromicina (Klaricid UD): comprimidos com 500mg de liberação prolongada. R$ 130,00/7 comp de 500mg; R$ 187,00/10 comp de 500mg. Disse usual de 500mg a cada 24 horas. Casos mais graves (sinusites): 500mg a cada 12 horas e Klaricid suspensão pediátrica de 25mg/mL e 50mg/mL. Farmacologia 4 Jennifer Naito Azitromicina: • Azitromicina (Zitromax): R$ 31,00/3 comp de 500mg; R$ 29,00/2 comp; suspensão oral frascos com 600mg (40mg/mL0, injeção IV com 500mg. • Dose usual: 500mg por dia, Azi, Astro, Azitromicina (genérica) fabricada pelos laboratórios SEM< Eurofarma, Sandoz, Merk, Teuto – R$ 26,00/3 comp de 500mg, R$ 17,00/2 comp; R$ 45,00/5 comp de 500mg.
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