Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmacologia Catarina Alipio XXIIB Objetivos da aula: - Conhecer as diferentes classificações. - Conhecer os principais mecanismos de ação que levam à bactéria ao evento morte. - Ver os mecanismos de resistência bacteriana, interações medicamentosas e reações adversas do grupo. - Saber usar de forma racional esta classe farmacológica. Antimicrobianos ou antibióticos: - Grupo de fármacos que criam novos eventos, promovem a morte da célula, no caso dos ATB, das células bacterianas (antifúngicos, dos fungos…). Eles criam a morte da célula. - São substâncias químicas que tem duas propriedades (ambas matam a bactéria indireta e diretamente, respectivamente): ✓ Inibir o crescimento - isso é bom pois as bactérias se dividem muito. ✓ Provocar a destruição dos microorganismos (bactéria). • Pensamos que matar a bactéria é melhor, mas na verdade, tanto um quanto o outro são bons, apenas o modo de operar de cada ATB que é diferente (os dois são eficientes como antimicrobianos). - Os que matam = bactericidas. - Os que inibem crescimento = bacteriostático. - Biologicamente, por que as bactérias se dividem rapidamente?? ‣ Pois o tempo de vida delas é muito pequeno, então para perpetuar sua espécie, elas se dividem muito rapidamente (perpetuação da espécie). ‣ Para garantir a sobrevivência da espécie - ela se divide ativamente (velocidade muito rápida) já que o seu tempo de vida é pequeno. ‣ Por ela ser unicelular (muito mais fácil se reproduzir d que se ela fosse pluricelular). ‣ Por isso substâncias que inibem seu crescimento tem um papel terapêutico —> impede reprodução do seu DNA. - Naturalmente, os ATB são produzidos através de microorganismos como bactérias, fungos, etc., ou sintetizados total ou parcialmente. • Finalidade da bactéria produzir o ATB: ela produz esses ATB e lançam no meio para evitar que outros MO façam uma competição com ela sobre os nutrientes da região. • A indústria farmacêutica descobre a estrutura dessa molécula, sintetiza total ou parcialmente e vende no mercado. - Esse é o grupo de drogas mais utilizado na terapêutica. Multirresistência bacteriana: - Ao longo da história eles vem sofrendo um uso indiscriminado, exacerbado que provoca a resistência bacteriana contribuindo para a formação dos germes multirresistentes. • Estimativa em 2050: não existam ATB aptos a tratar as infecções bacterianas (pela resistência). • As bactérias desenvolvem mecanismos extremamente complexos e muito mais rápido que a a ciência consegue descobrir novos ATB (bactérias a frente a ciência). 16 Antibióticos 1 Dr. Adilson - 15/02 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB - A resistência bacteriana pode ocorrer através de diversos mecanismos: ‣ O ATB para agir deve entrar na célula bacteriana, a bactéria pode impedir que o ATB entre alterando a parede celular e o ATB não entra mais. ‣ Se ela não conseguir impedir a entrada do ATB, ela cria uma bomba de efluxo que expulsa o ATB ao entrar na célula. ‣ O ATB entra e se liga a uma estrutura celular, a bactéria pode mudar essa estrutura celular, impedindo a ligação do ATB a essa estrutura. - Resistência bacteriana: bactéria se trona resistente aos ATB. • Nós proporcionamos alguns meio para que as bactérias de tornem resistentes. - Automedicação. - Indicação médica sem que haja a certeza de uma infecção bacteriana. - Interrupção da administração do ATB no meio do tratamento. - Tomar por tempo errado ou dose errada. - Prescrição inadequada. - Descarte inadequado dos ATB: no esgoto ele se dissolve, pode encontrar as bactérias e torná-las resistentes (medicamentos vencidos descartar nas farmácias). • Essas ações levam à seleção de MO (permanecem os mais fortes) = contribui para a multirressitência. - Eles desenvolvem essa multirrresistência para perpetuar a espécie. - Ex: maior parte das infecções de orofaringe são de origem viral (não é necessário ATB) - sem evidência clínica e laboratorial que fale a favor de infecção bacteriana = não dar ATB. - Melhora dos sintomas não significa que o processo infeccioso foi revolucionado (seleção de bactérias = sobrevivem as mais fortes que continuam se multiplicando). - Essa resistência piora o quadro infecioso, o paciente deverá ser internado, e internaliza a bactéria para o meio hospitalar. • Bactéria é transportada. • Por falta de cuidado, essa bactéria pode contaminar/ colonizar uma unidade hospitalar. - RACIONALIZAÇÃO DE USO: leva em consideração a efetividade, a toxicidade e o custo do ATB. Conceitos: Os termos “antimicrobiano”, “anti-séptico” e “antibiótico” geram uma grande confusão e são muitas vezes trocados. - Antimicrobiano: substância usada para tratar infecções e inclui antibióticos, desinfetantes (para matéria inerte) e antissépticos (para tecidos vivos). • É um termo mais geral. - Antisséptico: conjunto de soluções químicas de limpeza que limitam a infecção nos tecidos vivos, alguns tem que ser usados em altas concentrações para poderem destruir agentes patogênicos. - Antibióticos: substâncias derivadas de microorganismos ou sinteticamente manufaturadas para atingir as bactérias seletivamente. Destroem ou inibem o crescimento de outros microrganismos. Histórico dos ATB: não vai cobrar em prova. - TEMPOS DA PENICILINA: ‣ Alexander Fleming descobriu que o Staphylococcus aureus não se desenvolvia quando em contato com Penicilina. ‣ Bactérias não se desenvolviam próximo a esse fungo. 17 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB • 1941 = uso clínico da penicilina (coincide com a 2ª guerra mundial). • 1961 = 513 ATB descobertos. • Atualmente = 8000 ATB descritos. Antibiograma: - Teste laboratorial que nos informa a sensibilidade do MO ao ATB. • Em uma placa, semeamos o material em um ágar (urina, secreção corpórea ou nenhum material). • Coloca disquinhos de papel de filtro impregnado com um ou vários tipos de ATB, ele absorva a água do ágar e dissolve o ATB que começa a espalhar pelo meio. • Possibilidade de escolha o ATB mais sensível para bactéria que está infectando. - Problema: custo alto, 3 a 4 dias para sair o resultado. • Quase na totalidade das vezes, fazemos uma prescrição empírica. - Caso a bactéria seja resistente ao ATB ela cresce com um halo próximo ao ATB (imagem 2 e 3). - Caso a bactéria seja sensível ao ATB, ela cresce com um halo distante do ATB (imagem 1 e 4). • Halo de inibição ao crescimento bacteriano. Classificação dos antibióticos: - DE ACORDO COM A ESTRUTUTA QUÍMICA: • Aminoglicosídeos: neomicina, amicacina, gentamicina. - Nebacetim: neomicina + bacitracina zíncica. • Macrotídeos: eritromicina, azitromicina. - Mesmo espectro bacteriano que as penicilina, usados em 2ª escolha para infecção de VAS. • Polipeptídeos: polimixina B, bacitracina. • Glicopeptídeos: vancomicina, teicoplanin. - Usado só em situações especiais. • Poliênicos: anfotericina, nistatina. • Sulfonamidas: sulfametoxasol, dapsona. - Primeiros ATB. • Quinolonas: norfloxacino, ciprofloxacino. • ATB beta lactâmicos: monobactâmicos, penicilinas, cefalosporinas, carbapenicos. • Tetraciclinas: doxiciclina. • Derivados de nitrobenzeno: clorafenicol. - DE ACORDO COM O ESPECTRO DE ATIVIDADE: quantidade de bactérias que o ATB atinge. • Espectro estreito (margem pequena de MO atingidos): penicilina G, estreptomicina, eritromicina. - Se conseguirmos identificar e isolar o MO (antibiograma), é melhor usarmos um ATB de espectro estreito. • Espectro amplo: tetraciclinas, cloranfenicol. - Se não sabemos qual o MO, melhor usarmos um ATB de amplo espectro. 18 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB - DE ACORDO COM O EFEITO: • Bactericidas: agem matando o MO. • Bacteriostáticos: agem inibindo o crescimento dos MO. ‣ Os dois são bons, mas a maior parte dos ATB são bacteriostáticos(que também matam a bactéria, mas indiretamente). - DE ACORDO COM A ORIGEM: • Naturais: já são encontrados na natureza dessa forma. - Extraídos diretamente dos fungos, colônias bacterianas que o produzem. - Penicilina G, estreptomicina, eritromicina, etc. • Semi sintéticos: usam parte da molécula natural e acrescentam partes que melhoram a sua efetividade. - Síntese parcial. - Ampicilina, amoxacilina, etc. • Sintéticos: 100% desenvolvidos em laboratório. - Sulfametoxazol. Por que usar corretamente?: ✓ Eficácia terapêutica pata conseguir controlar a infecção. ✓ Preservar o microbioma humano, evitando as superinfecções (infecções produzidas pela deetruição da microbiota natural do organismo). . ✓ Evitar a indução de resistência bacteriana (via certa, dose certa, tempo certo…). ✓ Reduzir custos com gastos hospitalares, de medicamentos, afastamento do trabalho, etc. Antibioticoterapia: - Nos EUA há 160 milhões de ATB (30 prescrições/ 100 pessoas/ ano). - 25 mil toneladas de ATB (50% para uso humano, e o restante para animais, agricultura…). - Segundo a OMS, 2/3 dos ATB são usados sem prescrição médica. • Há 10 anos atras não precisava de receita para comprar ATB. • Só médico e dentista prescrevem ATB no Brasil. - As infecções causam 25% de mortes no mundo e 45% nos países desenvolvidos. - Mais de 50% das prescrições de ATB são inadequadas. - 50% dos pacientes compram medicamentos ATB para 1 dia e 90% para um período igual ou inferior a 3 dias, ou seja, não completam o tratamento. • Sempre avisar o paciente do que pode ocorrer caso não faça o tratamento no tempo correto (superinfecções). - Mais de 50% do orçamento com medicamentos são destinados aos antimicrobianos. Resistência bacteriana: - RESISTÊNCIA NATURAL (primária): o microorganismo já nasce resistente. • Já vem no genoma da bactéria. - RESISTÊNCIA ADQUIRIDA (secundária): fragmentos de material genéticos que podem passar de uma bactéria para outra e você pode transferir a resistência aos ATB entre elas. 19 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB • Por seleção (mutações): ATB não foi tomado pelo período certo (selecionou os MO mais fortes). - Estimula a mutação dela. - Uso do ATB de forma inadequada por ex (faz uma seleção natural dos MO = mata as mais fracas e deixa as mais resistentes que se multiplicam desenvolvem). • Por indução (plasmídeos e tropossomas): bactéria resistente passa a resistência para bactérias sensíveis através dos plasmídeos ou tropossomas. - Plasmídeos são compostos genéticos extracromossômicos que podem replicar-se e contém genes para resistência (carregam fragmentos de DNA). - Tropossomas são partículas de DNA que se agregam a plasmídeos ou ao próprio cromossomo da bactéria. Mecanismos de resistência microbiana: - Redução da captação ou permeabilidade do fármaco pela bactéria: • Reduzir a entrada do ATB alterando a permeabilidade da parede bacteriana. E se o mecanismos de ação dele for agir dentro da bactéria, esse fármaco já é inativado. - Produção de enzimas que inativam o fármaco: • Beta lactamases são enzimas produzidas pela bactéria que inativam o anel beta lactâmico dos ATB, inativando a penicilina, por exemplo. - Alterações dos locais de ligação do fármaco. - Bomba de efluxo: o ATB até entra na célula bacteriana, mas a bactéria cria uma enzima (bombinha) que expulsa o ATB de dentro da célula. Princípios considerados na escolha do ATB: - Identificação do MO (sempre que possível é melhor - padrão ouro). - Determinação da sensibilidade do MO (antibiograma) - Exposição prévia do hospedeiro ao ATB (anamnese!). - Idade, função renal (a maior parte dos ATBs são metabolizamos pelo rim, então tomar cuidado para não sobrecarregar o órgão), hepática e local da infecção. • Sabe-se que o idoso tem a FR diminuída (cuidado com medicamentos nefrotóxicos - ex: vancomicina). - Uso concomitante de outras drogas para evitar a interação medicamentosa/ farmacológica. - Comprometimento do sistema imunológico. 20 - Fluoroquinolonas: alteração na enzima-algo, DNA girase, resultou em reistência às fluoroquinolonas. - Beta lactâmicos: os antibacterianos beta lactâmicos entram nas células gram negativas através de canais. O enterobacter é resistente às cefalosporinas por produzir beta lactamase. Portanto, os MO também podem ser resistentes por alterar os canais porinas. - Tetraciclina: era eficaz contra infectes por Bacterioides, mas hoje são resistentes devido a presença de uma proteína plasmídeo-mediada que promove o efluxo da tetraciclina. - Beta lactâmicos: as beta lactamases (penicilinases) destroem os ATB com núcleo beta lactâmico (ex: neisseria gonhorrhoeae). Farmacologia Catarina Alipio XXIIB • A capacidade imune do paciente está diretamente relacionada com a curva do ATB. - Espetro de atividade (se é amplo/ estreito). - Tipo de atividade (mecanismo de ação). - Sensibilidade do MO ao ATB. - Toxicidade relativa. - Perfil farmacocinético (se tem que ser usado de 12/12h, etc). - Vias de administração. - Evidências e eficácia clínica. - Custo. Bactérias gram: - O que muda é a característica das suas paredes celulares. • GRAM +: parede espessa de peptídeoglicano. - GRAM -: além da camada de peptídeoglicano, lipoproteína, membrana externa e lipopolissacarídeos Mecanismos de ação: - Inibem a síntese da parede celular (bactericidas): penicilinas, cefalosporinas, cicloserina, bacitracina, vancomicina. - Alteram a permeabilidade da parede (bactericidas): polimixina, nistatina, anfotericina B (mais antifúngico do que ATB - fungizon). • Agem na parede celular = bactericidas. - Afetam a síntese proteíca (bacteriostáticos): cloranfenicol, tetraciclina, eritromicina e clindamicina. • Agem na síntese proteica = ribossomos. - Alteram a síntese proteica levando a morte celular (bactericidas): aminoglicosídeos. • Dependendo da dose pode ter ação bactericida. - Afetam o metabolismo dos ácidos nucleicos (bactericidas): rifampicina e quinolonas. - Bloqueiam enzimas essenciais do metabolismo dos folatos (bactericidas): trimetoprim (na 2ª enzima) e sulfonamidas (inibem a 1ª enzima). • Duplo bloqueio na síntese do ácido fólico (precursor do DNA bacteriano). • De forma isolada são bacteriostáticos, mas juntos tem ação bactericida. 21 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB Efeitos colaterais: - Flebite (maioria quando administrado por EV) - injetáveis (maioria dos ATB). - Rash e hipersensibilidade: beta lactâmicos (penicilina). • Ex: benzetacil - antes se fazia um teste de sensibilidade antes, mas abandonou, pois quem era alérgico a penicilina, só o teste de hipersensibilidade já mataria a bactéria. Hoje só se aplica em local que se tenha médico e suporte básico. - Febre. - Eosinofilia. - Leucopenia: cloragenicol e vancomicina (hematotóxicos). - Anemia hemolítica, Coombs +, plaquetopenia: clindamicina. - Nefrite intersticial: imipenem e aztreonam - Nefrotoxicidade: vancomicina (exemplo clássico), aminoglicosídeos e penicilina. • Se a FR diminuir, diminuimos a dose de vancomicina. - Ototoxicidade: aminoglicosídeo. • Zumbido, surdez temporária… - Aumento do TGO (hepatotoxicidade): penicilina. - Efeitos dobre o TGI: alteração de microbiota e diarreia. • Destruição da microbiota natural. • Recomenda-se probióticos (enterogemina e floratil). - Convulsão: penicilinas e imipenem. • Em altas doses é neurotóxica. - Hepatite: clindamicina. - Colite pseudomembranosa: clindamicina. - Superinfecção: infecções oportunistas por destruição d amicrobiita natural. Toxicidade dos antibióticos: - TOXICIDADE SISTÊMICA: • Fármacos com índice terapêutico baixo (janela terapêutica estreita, diferença entre a 22 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB dose mínima e máxima - menor segurançada dose). - Aminoglicosídeos: ototoxicidade e nefrotoxixcidade. - Tetraciclinas: lesão hepática e renal. - Cloranfenicol: depressão da MO. • Fármacos com muita diminuição do índice terapêutico: - Poliximina B: toxicidades renal e neurológica. - Vancomicina: perda da audição e lesão renal. - Anfotericina B: toxicidades renal, medular e neurológica. • Fármacos com alto índice terapêutico: penicilinas, algumas cefalosporinas, eritromicina. - DEPENDENTES DA IDADE: • Síndrome do bebe cinzento (se a mãe usar o clorofenicol na gestação). • Kernicterus: competição com albumina - Bilirrubina livre ultrapassa a BHE e causa neurotoxicidade. - As sulfonamidas deslocam a bilirrubina da ligação com albumina, sobrando mais bilirrubina livre (BI) que passa a barreira hematoencefalica levando a um quadro neurológico. • Ototoxicicdade: aminoglicosídeos. • Deposição nos ossos e dentes em formação: afinidade por íon cálcio - tetraciclinas. • Contraindicada na primeira infância pois pode levar à agensia/ malformação dentária. - DEPENDENTES DA FUNÇÃO RENAL: necessidade de redução nas doses. ‣ Na IR leve: AMG, vancomicina, cefalosporinas. ‣ Na IR moderada a grave: carbenicilina, fluorquinolonas, clotrimaxozol. • Fármacos a evitar: cefalotina, cefaloridina, ácido nalidíxico, nitrofurantopina, tetraciclinas (exceto doxiciclina). - DEPENDENTES DA FUNÇÃO HEPÁTICA: necessidade de redução das doses. • Na IH: cloranfenicol, metronidazol, clindamicina, rifampicina. • Fármacos a evitar: estolato de eritromicina, ácido nalidíxico, pefloxacina, tetraciclinas. - DEPENDENTES DE FATORES GENÉTICOS: • Deficiência de G6PD: fragilidade osmótica das hemácias (se rompem com facilidade) - anemia hemolítica. - Sulfonamidas, cloranfenicol, fluorquinolonas. - DEPENDENTES DA GRAVIDEZ: a princípio, todos devem ser evitados. • Risco para o feto: surdez (AMG), ossos e dentes (tetraciclinas). • Risco para gestante: necrose gordurosa do fígado, pancreatite e lesão renal (tetraciclinas). • São considerados seguros: penicilinas, cefalosporinas, eritromicina. Efetividade dos antibióticos: - DEPENDENTES DE FATORES LOCAIS: ‣ Presença de pus e secreções: contém fagócitos, resíduos celulares e proteínas que podem se ligar ao fármaco ou criar condições desfavoráveis à sua ação. ‣ Hematomas: ligação de fármacos à hemoglobina (penicilinas, cefalosporinas e tetraciclinas). ‣ Diminuição do pH no local da infecção: todo processo infecioso inflamatório provoca diminuição do pH tecidual e isso diminui a atividade dos aminoglicosídeos e macrolídeos. ‣ Abcessos: compromete a penetração na área, é necessário drenar antes. 23 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB ‣ Presença de material necrófilo e corpos estranhos (processo inflamatório na região que dificulta a ação do ATB). Uso combinado dos antibióticos: - Obter sinergismo: objetivo de reduzir a gravidade ou incidência de efeitos adversos. • Ex: sulfametoxazol + trimetropina (mesmo mecanismo mas agem em pontos diferentes). • Carbenicilina/ ticarcilina + gentamicina (P aeruginosa). • Amoxiclina + ácido clavulânico (Clavulin). - Ac clavulânico: inibe enzima que degrada a amoxacilina, deixando a amoxilina exercer seu efeito. - Amoxa é uma penicilina não resistente a beta lactamases. - Previnir o desenvolvimento de resistência: • Tratamentos prolongados de infecções crônicas (TB, hanseníase, H pylori). - Ex: hansieniase por no minimo 6 meses. • Ampliar o espectro de ação: - Tratamento de infecções mistas (peritonite, ITU, abcessos cerebrais, infecções ginecológicas) = clindamicina e metronidazol para anaeróbios. - Tratamento inicial de infecções graves. - Topicamente (nebacetim = bacitracina + neomicina). Uso profilático de ATBs: - Profilaxia de MO específicos: • Febre reumática: individuo apresenta Ac contra a estreptolisina o (produzida pelo estreptococo, com metabolismo bacteriano), esse Ac reconhece estruturas articulares e valvas cardíacas como sendo a estreptolisina O. - ASLO +: não deve pegar amidalite, maior chance de ser Streptococco - aumenta níveis de estrepolisina - aumenta níveis de Ac - maior chance da febre reumática. - Penicilina G benzatina. • Tuberculose: isoniazida isoladamente ou em combinação com a rifampicina. • Meningite meningocócica: rifampicina/ sulfadiazina. • Gonorreia/ sífilis: penicilina G procaína. - Prevenção de infecção em situações de alto risco: • Extração dentária, tonsilectomia, endoscopia com lesão de mucosa abrigando bactérias causam bacteremia: penicilina/ cefalosporina. - Para evitar quadros de bacteremia (passagem transitória de bactérias pela corrente sanguínea) ≠ septicemia (desenvolvimento bacteriano no sangue). • Cateterismo ou instrumentação do TU: cotrimaxazol ou norfloxacino. • Para evitar recidivas de ITUs em pacientes com anormalidades: cotrimaxozol ou nitrofurantoína a longo prazo. • DPOC: ampicilina, tetraciclina, ciprofloxacin. • Pacientes imunocomprometidos: penicilina/ cefalosporinas + aminoglicosídeo/ fluorquinolona. • Profilaxia cirúrgica: cefazolina, vancomicina. • Feridas contaminadas. Duração do tratamento: - Normal: • 7 a 10 dias: infecções moderadas. • 10 a 14 dias: infecções graves. - Dose única: gonorreia e ITU. - 3 dias: ITU não complicada. - 28 dias (exceção): osteomielite (infecção do tecido ósseo). 24 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB Sulfonamidas: inibidores do metabolismo. - São bacteriostáticos. - Espectro de ação: desde gram negativos, gram positivos e até a clamídia. Mecanismo de ação: agem na síntese do ácido fólico, a partir de 2 enzimas. - A bactéria pega o PABA (ácido Para Aminobenzóico) do meio e por ação da di- hirdo-pteroato sintetase transforma o PABA em ácido fólico (AC). Esse AC é reduzido à acido folínico por outra enzima, a di-hidro- folato redutase que é sua forma ativa = ácido folínico: precursor do DNA bacteriano. ‣ A sulfonamida age inibindo a di-hidro- pteroato sintetase (transforma o PABA em ácido fólico). ‣ A trimetropina inibe as di-hidro-folato redutase (que reduzem o ácido fólico em ácido folínico). - A associação da SULFONAMIDA + TRIMETROPINA tem efeito sinérgico. • Embora sejam bacteriostáricos isolados, mas quando isolados, tem ação bactericida quando associados, pois o dano ao DNA é tão grande a ponto de matar a bactéria. - Nós também produzimos ácido fólico fisiologicamente. - A TRIMETROPINA apresenta uma afinidade 50 mil a 100 mil vezes maior pela dihidrato folato redutase bacteriana quando comparado à enzima humana, portanto ela não é capaz de inibir a enzima humana (por ela se liga na bacteriana). • Isso gera uma alta especificidade contra a enzima bacteriana. - São contra indicados em gestantes pois elas necessitam de grande quantidade de ácido fólico. Características gerais: - Primeiro agente quimioterápico eficaz no homem para profilaxia e cura das doenças. - Principal medicamento antes da penicilina. - Espectro de ação: gram -, gram +, alguns protozoários e fungos. Mecanismo de resistência (importante): 1. Superprodução de ácido para aminobenzóico (PABA). • Se aumenta a produção do PABA, evitamos a inibição da enzima. • O PABA é o precursor do ácido fólico e é estruturalmente parecido com a SULFA (ao dar o ATB, a bactéria pega a SULFA 25 Antibióticos 2 Dr. Adilson - 15/02 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB achando que é o PABA, mas aí não consegue produzir ácido fólico). • “Engana o ATB”, evitando o efeito do ATB, pois ao superexpressar a síntese do PABA, ela se liga ao PABA e não à SULFA. 2. Diminuição da afinidade da enzima diidropteroato sintase pela sulfonamida (a sulfa possui estrutura análoga ao PABA). • Muda o sítio alostérico da enzima, diminuindo sua afinidade pela SULFA. • A bactéria vai preferircada vez mais pegar o PABA. 3. Diminuição da permeabilidade da bactéria ao fármaco. Efeitos adversos: ‣ Cristalúria (cristais na urina) - cristal colorido. ‣ Hipersensibilidade. ‣ Anemia hemolítica (o AF esta1 envolvido com a maturação das hemácias). . ‣ Icterícia nuclear (por aumento da bilirrubina pela degradação da hemoglobina). ‣ Síndrome de Steven Johnson (eritema bolhoso, multiforme). ‣ Prurido. ‣ Dores nas articulações e músculos. ‣ Febre. ‣ Fotossensibilidade. ‣ Descamação. • Cotrimoxazol: composto por trimetoprim e sulfametoxazol (caráter bactericida). Aplicações terapêuticas: espectro de ação e usos mais comuns das SULFAS. - MRSA: • O cotrimoxazol é eficaz em infecções de pele e tecidos moles por MRSA adquiridos na comunidade. - Infecções respiratórias: • O cotrimoxazol é eficaz contra o Haemophilus influenzae. • O cotrimoxazol é um tratamento alternativo contra Legionella pmeumophilla. - Pneumonia por Pneumocystis Jiroveci: • Essa é uma infecção oportunista comum complicando a Aids. Cotrimoxazol é o tratamento mais eficaz. • A profilaxia com cotrimoxazol é recomendada para pacientes infectados com HIV com menos de 200 células CD4+/mL. - Listeriose: • Ampicilina ou cotrimoxazol são eficazes no tratamento da septicemia e da meningite causada pela Listeria monocytogenes. - Infecções na próstata e TU: • A trimetropina concentrando-se nos líquidos da próstata e vaginal tornando-se eficaz no tratamento de infecções nesses locais. • Infecções crônicas do TU respondem ao cotrimoxazol. - Infecções gastrintestinais: • O cotrimoxazol é útil no tratamento da shigelose e da salmonela monotifóide. • O fármaco também é útil no tratamento de portadores de Salmonella typhi. Classificação: de acordo com o tempo de ação. - SULFONAMIDAS DE AÇÃO CURTA OU INTERMEDIÁRIA: tempo de meia vida ~ 12 horas. • É o sulfametoxazol. 26 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB • Rapidamente absorvida VO. • É eliminada por via renal através de filtração glomerular (sulfonamida). - A trimetropina é eliminada por secreção tubular (também pelo rim mas por mecanismo ≠). - Isso é bom pois não sobrecarrega o mesmo sistema. Se fosse o mesmo mecanismo, sobrecarregaria o sistema excretor renal. • Atravessa barreira placentária (ruim) e BHE (bom, pois pode tratar infecções no SNC). • Distribui-se amplamente pelos tecidos. • Pouco metabolizada pelo fígado. • Comercializada em associação com a trimetropina (cotrimoxazol). - SULFONAMIDAS DE AÇÃO LONGA: tempo de meia vida ~ 150 horas. • Sulfadoxina (em associação com prometamina forma o Fansidar). - Fansidar: pega protozoários da toxoplasmose e malária também. • É uma sulfa de ação ultra prolongada. • É absorvida por VO e administrada por via IV. • Em associação com a pirimetamina pode ser usada no combate a toxoplasmose e malária. • Devido à sua toxicidade, usa-se sulfadiazina em substituição. • Indicações específicas (sulfonamida + trimetropina) - processos infeciosos. - Salmoneloses. - Shigeloses. - Pneumonia por Pneumocystis jiroveci (P carinii) - em paciente HIV+ e imunossuprimidos. Farmacocinética: - VIA ORAL: • Ligação a proteínas plasmáticas de 20 a 90% (mediana a alta taxa de ligação). • Absorção e excreção rápida. • Ampla distribuição pelos líquidos corporais (inclusive LCR), placenta e feto. • Metabolização hepática através de acetilação (processos de fase 1). • Rápida (sulfametoxazol) ou lenta (sulfadoxina). - VIA PARENTERAL (IV): sulfametoxazol. - USO TÓPICO: não oral/ ação local. • Sulfasalazina (pobre absorção: infecções do TGI). • Sulfadiazina de prata (queimaduras). • Sulfacetamida (uso oftálmico - conjuntivite bacteriana). Interações medicamentosas: - Apesar de não haver estudos que relacionem efeitos cinéticos com o uso de ciclosporina (imunossupressor). • A nefrotoxicidade aumenta com o uso concomitante dos 2 fármacos. - Provocam inibição enzimática do citocromo CYP2C8 e CYP2C9 culminando com aumento moderado da concentração plasmática de: amiodarona, carvedilol, cetamina, fenitoína, fluoxetina, glimepirida, glipizida, pioglitazona, propofol, rosiglitazona, sertralina, selegilina e varfarina. • Essa inibição enzimática, reduz o metabolismo de outros fármaco, e consequentemente aumentam a concentração plasmática desses fármacos. • Inibe citocromo = inibe metabolismo de fármacos = aumenta [ ] sanguínea. • Inibição dose dependente. - A associação sulfametoxazol + trimetropina compete com a ligação de albumina causando aumento do nível sérico 27 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB de várias drogas, entre elas: varfarina, metotrexato, clorpropamida, tolbutamida, diuréticos tiazídicos, genitoína, rifampicina. • Quando ela se liga a albumina as outras drogas ficam livres e solúveis = faramacocinética mais rápida e intensa = potencializa os efeitos desejáveis e indesejáveis dos outros fármacos com menor afinidade à albumina. - E podem ter seus níveis séricos aumentados por indometacina; fenilbutazona; salicilatos; probenecida; sulfinpirazona. • Pois esses medicamentos competem com a sulfa pela albumina, sendo eles com maior afinidade à albumina, geram deslocamento da sua alterando sua farmacocinética. • Promove seu efeito maior e diminuindo o efeito das sulfas. Apresentações no mercado (Brasil): - USO ORAL: • SMZ/TMP (s): comprimido 400/ 80 mg - susp 200/ 40 mg/ 5mL. • SMZ/ TMP (d): comprimido 800/160 mg. • Sulfazalazina: comprimido 500 mg. • Sulfadoxina + pirimetamina (fansidar): comprimido 500 + 25 mg. • Sulfadiazina: comprimido 500mmg. • Sulfadiazina + trimetropina: comprimido 410 + 90mg - susp 205 + 45 mg/ 5 mL. - USO ENDOVENOSO: • SMZ/ TMP: ampolas com 400/80 mg cada 5mL. • Sulfadoxina/ pirimetemina: ampolas com 500/25 mg. - USO TÓPICO: • Sulfadiazina de prata a 1%: - Bisnagas com 15, 3o e 50g. - Potes com 100 e 400g. - Creme vaginal com 30g. Quinolonas: inibidores da síntese de ácidos nucleicos. - O que muda das gerações é o espectro (aumenta a cada geração). ‣ 1ª geração: gram negativos. ‣ 2ª geração: gram negativas e algumas gram positivos. ‣ 3ª geração: gram negativos e gram positivos. ‣ 4ª geração: gram negativo, gram positivo e outras bactérias, inclusive Pseudomona. - Principal indicação das quinolonas = infecção urinária. • Ciprofloxaxino (gram -): maior parte das ITU são por E coli, que é gram negativo. Mecanismo de ação: - Atuam sobre a topoisomerase e DNA girase alterando a replicaba do DNA bacteriano. - São bacteriostáticos. Mecanismos de resistência: - Mutação cromossômica: alteração nas enzimas alvo (DNA giras e topoisomerase IV) 28 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB e na permeabilidade à droga pela membrana celular bacteriana (porinas). - É possível a existência de um mecanismo que aumente a retirada da droga do interior da célula (bomba de efluxo). Farmacocinética: - Bom absorvidas por VO. - Tempo de meia vida varia de 3 horas (ciprofloxaxino) a 10 horas (perfloxacino). - Tropismo por rins, próstata, pulmões e fagócitos (vantagem = melhora o sistema imune local, pois ele se dirige para o sítio infeccioso, leva indiretamente o ATB para o sítio). - A maioria não atravessa barreiras. - Antiácidos interferem na absorção - se alcalinizar o pH estomacal, diminui a absorção (acido em meio ácido não ioniza = mantem forma molecular = melhor absorção). • Para o fármaco ser bem absorvido o fármaco deve estar na forma molecular e para ser excretado deve estar na forma iônica (melhor solúvel em agua). - Biotransformada no fígado, embora as quinolonas sejam inibidoras dessas enzimas. - Eliminados através da função renal (urina). Efeitos adversos: - Alterações do TGI. - Erupções cutâneas. - Cefaleia e vômitos. - Podem ocorrer interações metabólicascom a teofilina (intoxicação). • Teofilina: broncodilatador (metilxantinas). • Aumenta os níveis de teofilina por inibir CYP450. • Arritmia cardíaca. Indicações terapêuticas: - Possuem amplos espectro, eficaz contra MO gram - e gram + e organismos resistentes às penicilinas e cefalosporinas. • Passa a ser uma droga de escolha quando o indivíduo apresenta resistência às penicilinas e cefalosporinas. • Os betalactâmicos são as drogas de escolha do tratamento de VAS mas se a bactéria apresenta resistência, a quinolona pode ser uma alternativa. - Principais indicações: • Infecção do trato urinário. • Infecções respiratória por pseudomonas e H influenzae. • Prostatite. • Gonorreia. • Otite. • Osteomielite bacilar. 1ª geração: - Para infecção urinária. - Espectro de ação: gram negativos, E coli, Proteus, Klebsiela, enterobacter, enterobactérias. - Ácido nalidíxico e ácido pipemídico. 2ª geração: - Para infecção sistêmica. - Espectro de ação: gram negativo, incluindo pseudomona, gram positivo. - Age em vias urinárias, próstata e TGI. - Norfloxacina, ciprofloxacin, pefloxacina. 3ª geração: - Para infecção sistêmica respiratória. - Espectro de ação: gram negativo e gram positivo (pneumococo). - Levofloxacin, moxifloxacino, gemifloxacino. 29 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB 4ª geração: - Para infecções sistêmicas graves. - Espectro de ação: gram positivos e negativos. - Trovafloxacino, clinafloxacino, sitafloxacino. - A primeira quinolona era não fluorada, o ácido nalidíxico foi obtida durante a síntese da cloroquina. - Atualmente, incluem agentes fluorados: • De amplo espectro: ciprofloxacina, levofloxacina, ofloxacina, norfloxacina, acrosoxacina e pefloxacina. • Menor espectro: ácido nalidíxico e a cinoxacina Efeitos colaterais: - É o efeito diferente do esperado de um fármaco. - Ocorrem em 5 a 10%. - Sintomas digestivos: náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal. - SNC: inibição de receptores GABA, insônia, sonolência, cefaleia, fadiga, depressão. • Inibição dos receptores GABAérgicos (diminuição da atividade neuronal = depressão) - mais comum com o CIPRO. - Ao inibir GABA = quadro de euforia, que pode potencializar um quadro de convulsão, epilepsia, por ex. - Fotossensibilidade. - Hipersensibilidade. - Aumento de transaminases, leucopenia, lease renal (raros). - Lesão de cartilagem em animais de experimentação (ruptura do tendão de Aquiles). - Artralgia = suspender o uso. Aplicações terapêuticas: - Infecções respiratórias resistentes (aos beta lactâmicos): • O levofloxaxino em geral é eficaz contra infecções que não respondem aos antimicrobianos neta lactâmicos, como amoxixlina + ácido clavulânico. • O ciproflexacino não é o fármaco de escolha para pneumonia ou sinusite, pois as fluoroquinolonas têm fraca atividade contra Streptococcus pneumoniae, um agente etiológico comum. • O levolfoxacino e o moxifioxacino são conhecidos como “fluoroquinolonas respiratórias" devido a sua atividade contra Streptococcus pneumoniae. - Infecções do trato gastrointestinal: • Ciprofloxacino é altamente eficaz contra as doenças diarreicas devido a patógenos entéricos. - Carbúnculo (Antrax): • O ciprofioxacino é o fármaco de escolha para a profilaxia pós-exposição e o tratamentocontra o carbúnculo. • O fármaco alternativo é a doxiciclina. - Infecções do trato urinário: • Ciprofloxacino e levoflaxacino são eficazes no tratamento de infecções não complicadas e complicadas no trato urinário. - Infecções anaeróbicas: • Moxifoxacino tem atividade antianaeróbicos notável. Interação medicamentosa: - Com exceção do ciprofloxacino, as quinolonas quando associadas a fármacos podem aumentar o intervalo QRST (aumento do risco de arritmias). • Amiodarona, clorpromazina, domperidona, droperidol, macrolídeos, haloperidol, imipramina, indapamida, octreotida, quetiapina, tioridazina, voriconazol, etc. • Pode aumentar o intervalo QRST (aumento do risco de arritmias). 30 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB - Com excessão do moxifloxacino as quinolonas diminuem a excreção da procainamida. - Com exceção do moxifloxacino, as quinolonas são menos absorvidas VO com o uso concomitante de sais de cálcio (não devem ser ingeridos com leite). - Risco aumentado de convulsões da associação entre derivados da teofilina com ciprofloxacino, levofloxacino, norfloxacino e ofloxacino. - Inibem o CYP450 = inibem metabolismo hepático = aumenta [ ] sérica de outros fármacos. • Teofilina, varfarina, ciclosporina. Beta-lactâmicos: fármacos que agem na síntese da parede celular. - Tem característica o anel beta lactâmico, comum a todos os fármacos desse grupo: • Clássicos: - Penicilinas. - Cefalosporinas. • Não clássicos: - Carbapenêmicos. - Monobactâmicos. - Inibidores da betalactamase. - Efeito comuns: reações de hipersensibilidade muito mais forte e comuns. • Uma vez que desencadeia uma reação alérgica a um fármaco desse grupo, teoricamente, você jamais poderá utilizar esse grupo de fármaco, pois vai que essa reação adversa está relacionada ao anel beta-lactâmico. • Alternativo: macrolídeos e quinolonas. Penicilinas: - Esperto de ação mais relacionadas às bactérias gram +, mas um pouco de gram -, além: • N meningitidis (diplococo gram - intracelular). • N gonorrhea. • Clostridium spp (anaeróbio). • Treponema palidum. - Histórico: Fleming (1928) observou a cultura de estafilococos contaminados por fungo do gênero penicillium. Em 1941, notáveis efeitos em seres humanos. - É o antibiótico mais usado devido: ✓ Alta eficácia e baixa toxicidade. ✓ Todas as penicilinas atravessam a placenta. ✓ Aparentemente não teratogênica ao homem. 31 - Diminui sua absorção se ingerido com leite ou iogurtes, pois se liga ao cálcio. • Portanto, não pode ser administrado com leite e derivados. Farmacologia Catarina Alipio XXIIB - Podem ser destruídas por: enzimas penicilinases (enzimas bacterianas que degradam a molécula do fármaco). • Amidases. • Beta lactamases. - TIPOS DE PENICILINA: • Naturais (Benzetacil): benzil fenoximetilpenicilina. • Semi sintéticas: ampicilina, amoxacilina. • Resistentes à beta lactamase: flucloxacilina. • Amplo espectro: ampicilina, amoxicilina. • Espectro ampliado: carbenicilina. - MECANISMOS DE AÇÃO: ‣ Interferem na síntese da parede celular bacteriana, inibem enzima de transpeptidização (enzima da síntese da parede celular). ‣ Lisam a bactéria ao inibir um inativador de enzimas autolíticas da parede celular. • Desestabilizam a parede celular bacteriana e lisam a bactéria ao inibir um instigador de enzimas autolíticas. - FARMACOCINÉTICA: • Absorção oral variável, IV ou IM, com ampla distribuição. • Insolúveis em lipídeos não penetram nas células dos mamíferos nem atravessam barreiras. • Eliminação por secreção tubular com tempo de meia vida curta. - EFEITOS ADVERSOS: • Hipersensibilidade causada pelos metabólitos. • Superinfecção. - INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: • Isoladas ou em associação. • Constituem fármaco de escolha na quimioterapia bacteriana. • Exemplo: infecções por stafilococos e streptococos, meningite bacteriana; endocardite; bronquite; otite; faringite; gonorréia; sífilis; etc. - Causas de infecções: • VAS = gram positivo. • Gonorreia e sífilis = gram negativo. - CLASSIFICAÇÃO DAS PENICILINAS: - As modificações realizadas no ácido 6- aminopenicilânico (6-APA) permitiram a classificação das penicilinas nos seguintes grupos: • Penicilinas sensíveis à penicilinase: penicilina G, Penicilina V, Carbenicilina. • Penicilinas que resistem à penicilinase/ beta lactamases: meticilina, nafcilina, oxacilina, dicloxacilina, cloxacilina - Classe A: espectro ampliado —> destroem penicilinas, algumas cefalosporinas e carbapenes.- Classe B: destroem todos os beta lactâmicos, exceto Aztreonam (monobactâmico). - Classe C: destroem as cefalosporinas. - Classe D: destroem a cloxacilina. • Penicilinas de espectro aumentado: aminopenicilinas (amoxacilina, ampicilina). • Penicilinas antipseudomonas: carboxipenicilinas (ticarcilina, carbenicilina). • Penicilinas de 4ª geração: ureidopenicilinas (azlocilina, mezlocilina, piperaciclina). 32 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB - PENICILINAS SEMI SINTÉTICAS: • Modificações estruturais na molécula formando os tipos de penicilinas. - 6 APA +: • Ácido carboxílico. • Cloretos de acila. • Anidridos de ácidos (cíclicos). - PENICILINAS ANTI ESTAFILOCÓCICAS: • Espectro de ação: - Estafilococos sp. - Penicilinases positivos. - OSRAS e MRSA. - PENICILINA ÁCIDO E BETA LACTAMASE RESISTENTE: - AMINOPENICILINAS: - UREIDOPENICILINAS: - INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: • Probenecida diminui a secreção de penicilinas, por diminuição do metabolismo. • Licosúricos (alopurinol) diminuem a secreção de penicilinas. • ACHOS tem seu efeito diminuído (ATB podem diminuir os efeitos de Ac orais). • Tetraciclinas diminuem ação das penicilinas. ‣ Interações medicamentosas das penicilinas antiestafilocócicas: - Vide penicilina. - Penicilinas de espectro expandido interagem quimicamente com aninoglicosídeos quando administrados na mesma solução. - Ocorre queda de 50% no tempo de meia vida dos aminoglicosídeos quando associados às penicilinas. Cefalosporinas e Cefamicinas: - Isoladas dos fungos (2º tipo de beta lactâmcios) Cephalosporium e Streptomyces as semi-sintéticas são de amplo espectro, hidrossolúveis e relativamente estáveis em pH ácido. • Podem ser administradas com segurança por via oral, pois não vai ser atacada pelo ácido do suco gástrico. - Mecanismo de ação: idêntico ao das penicilinas (interferem na síntese do peptídeo da parede celular bactéria ao inibir o inibidor) - agem inibindo o ativador de autólise da célula bacteriana. - Resistência: produção de beta lactamase por estafilococos e bactérias Gram- que 33 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB codificam uma ß lactamase mais ativa na hidrólise das cefalosporinas. • É uma beta lactamase mais seletiva para cefalosporinas que para outras beta lactamases em geral. - Classificação: • 1ª geração: cefalexina, cefalotina. • 2ª geração: cefuroxima, cefoxitina, cefaclor. • 3ª geração: cefotaxima, ceftriaxona. • 4ª geração: cefepime (> resistência a ß lactamase) - droga de sepse, paciente grave de UTI. - Farmacocinética: • Algumas administradas por VO (cefalexina). • A maioria por via intramuscular ou intrevenosa. • Ampla distribuição. • Algumas atravessam barreiras (cefoperazona, ceftriaxona cefotaxima e cefuroxima). • Eliminação por secreção tubular renal e eliminadas junto com a bile - todo fármaco excretado junto com a bile se produzir metabótitos ativos pode sofrer reabsorção (cefoperazona, ceftriaxona - essa drogas são usadas em grande escalas em casos de sepse, principalmente a de ação intravenosa). - Indicações terapêuticas: bactérias Gram – e Gram +, septicemia, pneumonia, infecção urinária, meningite, sinusite, etc. - Efeitos adversos: hipersensibilidade como todos os betas lactâmicos, nefrotoxicidade e intolerância ao álcool (diminui a excreção e metabolismo do álcool = rubor facial, efeito dissulfiram). - CEFALOSPORINAS DE 1ª E 4ª GERAÇÃO: interações medicamentosas. • Probenecida (glicossúrico) diminui secreção de cefalosporinas, a qual tende ficar mais tempo na corrente sanguínea. Isso pode aumentar os efeitos tóxicos dos antibióticos. • O grupamento n-metil tiotetrazol presente em cefalotina e cefazolina, atua como antagonista da vitamina K (bloqueiam o efeito da vitamina K, responsável pela produção de alguns fatores de coagulação = aumento do sangramento). - Se o paciente usa junto a varfarina = potencializa os efeitos indesejáveis de sangramento. - CEFALOSPORINAS DE 2ª E 3ª GERAÇÃO: interações medicamentosas. • Vide cefalosporina de 1ª geração. • Antagonista da vitamina K. - Cefalosporina de 5ª geração: não cai na prova!! • Ceftaroline: - Nova geração ainda não disponível no Brasil. - Atividade contra estafilococos meticilino- resistente (MRSA,VISA, VRSA). - Pouca atividade contra enterococos. - Sem ação contra pseudomonas. - Indicação: pele, partes moles e pneumonia. 34 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB Reações adversas aos beta lactâmicos: • Hipersensibilidade. • Diarreia. • Nefrite. • Neurotoxicidade (em altas doses). • Toxicidade hematológica. • Toxicidade catiônica. Beta lactâmicos não clássicos: - Classificação: ‣ Monobactâmicos. ‣ Carbapênicos. ‣ Associados à um inibidor de beta lactamase. - Características gerais: • São fármacos que possuem anel beta lactâmico às vezes fundidos com anel de 5 ou 6 membros. • Diferem das cefalosporinas tanto na estrutura química como em propriedades biológicas. • Alguns são obtidos por fermentação e outros por síntese parcial ou total. - Mecanismo de ação: são obtidos por fermentação e outros por síntese parcial ou total. Monobactâmcios: - Espectro de ação: parte dos gram - e parte dos gram +. - HIPERSENSIBILIDADE: pouca reatividade cruzada alérgica com os demais betalactâmicos, pois sua molécula possui muitos radicais. • Muito útil no tratamento de infecções causadas por MO gram negativos que normalmente seriam tratadas com um antibiótico batalactamico não dose a história de reação alérgica prévia. - Efeitos colaterais: • Em geral bem toleráveis. • Reação local: dor eritema, flebite. • Superinfecção por gram positivo, pois como ele tem uma ação muito forte por Gram -, dessa forma facilitando o aparecimento de Gram +. • Convulsões e confusão mental. - Fármacos disponíveis: • AZTREONAM: - Alta resistência as beta lactamases. - Atua apenas contra MO gram negativos aeróbios. - Usado apenas como alternativo aos aminoglicosidios ou cefalosporinas da terceira geração. - Uso restrito aos hospitais. - Quimicamente incompatível com metronidazol e vancomicina quando diluídos no mesmo frasco de infusão. Carbapenêmicos: - Pegam os Pseudomonas sp, o espectro de ação dele é grande, pois pegam os gram- e gram+, exceto: • Enterococus faecium. • Enterococus faecalis. • Staficlococos aureus meticilina resistente. - ERTAPENÉM: • Ativo contra G- e G+ aeróbicas e anaeróbicas. • Espectro de ação mais estreito que imipeném e meropeném. • Pouca ou nenhuma atividade contra P. aeruginosa e Acinetobacter. 35 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB • Efeitos colaterais: agitação, complicações venosas resultantes da infusão, diarreia. - IMIPENÉM + CILASTATINA: • Antibiótico bactericida de amplo espectro não deve ser associado a outros. • Ativo contra grande variedade de bactérias G+ e G- aeróbios. • Mistura no mesmo frasco ou recipientes com a aminoglicosídicos pode inativar ambos. • Uso em septicemia e endocardite. • Cilastina (função): efeito potencializados e nefroprotetor do imipeném. - O Imipenem sofre rápida hidrólise por uma desidropeptidase presente na borda em escova do túbulo contorcido proximal (TCP). - Quando administrados concomitante, cerca de 70 % do imipeném é recuperado na urina na sua forma ativa. Ou seja, sofre reabsorção tubular, aumentando o tempo de meia vida desse fármaco com a associação dele com a Cilastatina. - É uma estratégia para não eliminar esse fármaco através do rim. - MEROPENÉM: • Possui maior resistência a desidropeptidade-I (na borda de escova do túbulo contorcido proximal). • Maior atividade contra P.aeruginosa e outras bactérias G-. • Menor atividade contra P.aeruginosa e outras bactérias G-. • Microorganismo de crescimento rápido são mortos de 2 a 8 horas. • Não associar comprobenecida: competição pela excreção tubular. - Quando a probenecida compete ela ganha diminuindo a liberação do meropeném. - Interações medicamentosas dos carbapênicos: • Probenecida diminui secreção de carbapênenicos. • Uricosúricos diminuem secreção de carbapênenicos. • Imipenem pode aumentar neurotoxicidade da ciclosporina sem mecanismo esclarecido. ASSOCIAÇÃO DA PENICILINA AOS INIBIDORES DE BETA LACTAMASE: • Ampicilina + Sulbactam. • Amoxicilina + ácido clavulânico. • Ticarcilina + Ácido clavulânico. • Piperaciclima + tazobactam. ‣ Inibidor de beta lactamase inibe a enzima bacteriana proporcionando uma melhor ação do antibiótico contra a bactéria. Polipeptídeos (glicopeptídeos): inibidores da síntese da parede celular. Características gerais: - Apresentam estrutura polipipeptidica geralmente complexa, sendo predominantemente cíclica. - Espectro de ação para os gram +. - MECANISMO DE AÇÃO: na sua maioria impedem a formação da parede celular da bactéria. 36 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB Fármacos disponíveis: - BACITRACINA: • Não é ativa contra a P aureuginosa. • Altamente nefrotóxica. • Utilizada por via tópica em associação (corticosteroides, neomicina ou polimixina). - Para ampliar o espectro de ação. - FUNSAFUNGINA: • Exerce atividade estritamente local. • Utilizada no tratamento de infecções do trato superior e dos brônquios. • Forma de aerosol. - QUINUPRISTINA + DALFOPRISTINA: • Utilizados no tratamento das infecções causadas por enterococcus faecium resistentes a vancomicina. • Bacteriostáticos contra enterococcus fecium e bactericidas contra cepas de estafilococos tanto sensíveis como resistentes a meticilina. • Mecanismo de ação: quinupristina inibe a fase inicial da sintese proteica no ribossomo e a dalfopristina inibe a fase final. - TEICOPLAMINA (importante): • Tem duração mais longa e pode ser administrada pelas vias IM e IV. • Utilizada no tratamento das infecções graves causadas por bactérias G+ e como alternativa a vancomicina. - Usada quando a bactéria for resistente à vancomicina. • Efeitos adversos: febre, otoxidade, tontura, tromflebite no local da administração. - VANCOMICINA (importante): • Ativa contra cocos G+ sendo altamente eficaz contra Staphylococcus aureus e S. epidemidis. Atua também contra estreptococccos, enterococcos, clostridium difficile e corynebacterium sp. • Não tem atividade contra bacilos G- e micobacterias. • Por não apresentar relação química com outros antibióticos, não ocorre resistência cruzada. • É um glicopeptídeo tricíclico produzido pelo Streptococos orientalis. • Mecanismo de ação = bactericida. - Inibe a síntese da parede celular de bactérias sensíveis. - Resistência dos enterococos decorre da alteração da molécula de D-alanil da parede. • Indicações terapêuticas: para tratamento de infecções graves e resistentes a outros antibióticos: osteomielite, endocardite, pneumonia, abcessos. • Farmacocinética: administração IV por infusão lenta (60 mins) ; t½ de 6hs., ampla distribuição , 30% ligada a proteínas plasmáticas; excreção glomerular. • Efeitos adversos: - Principal efeito: nefrotoxididade —> excreção glomerular - rins (se faz uma relação direta com o clearance de creatinina em relação com a dose de vancomicina que se pode para dar ao paciente). • Se faz uma correção da dose cada vez que o clearance diminui. - Hipersensibilidade, flebite. - Infusão venosa rápida pode causar síndrome do pescoço vermelho (libera histamina, prurido, angioedema,eritema, congestão e raramente choque). - Urticária. - Hipotensão. - Taquicardia. - Leucopenia, eosinofilia. - Ototoxicidade. 37 Farmacologia Catarina Alipio XXIIB Interações medicamentosas: ‣ Reação sinérgica à nefro e ototoxicidade quando utilizados polipeptídeos com aminoglicosídeos. (1+1=10) - alta potencialização. ‣ Sem mecanismo definido, pode ocorrer um aumento na T ½ de diversos AINEs na quando associado o uso de Vancomicina, portanto podendo aumentar seus efeitos tóxicos. ‣ Reação sinérgica à atividade antimicrobiana quando comparada com o uso isolado de aminoglicosídeos e Vancomicina. ‣ Nefro e ototoxicidade quando uso conjunto (a investigar): Polimixina, anfotericina, cefalosporinas, platinas e mostardas. ‣ Diminuição da atividade intrínseca de digitálicos (a investigar). 38
Compartilhar