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autora OSANA NAZARÉ VENANCIO 1ª edição SESES rio de janeiro 2019 HISTÓRIA DO CRISTIANISMO Sumário Prefácio 5 1. Jesus Cristo: humano e divino 7 O que significa Cristianismo? 8 Contexto histórico e geográfico 10 Contexto Religioso 15 Jesus anuncia o reino de Deus 25 Jesus é condenado, morto e ressuscitado e um dia voltará. 26 2. De Pentecoste a Constantino 33 De Pentecoste a Constantino 34 Pentecoste 35 Entendendo os significados de Pentecoste 35 Constantino 38 A divisão da história do Cristianismo 40 Idade Antiga 41 Jesus Cristo, no ano 1 d.C. até o ano de 476 d.C. 41 Idade Média 42 Idade Moderna 42 Idade Contemporânea 43 Fundação do Cristianismo 44 A separação do Cristianismo e do Judaísmo 45 As primeiras comunidades cristãs 46 Pedro e Paulo e os outros apóstolos 47 Os Padres/Pais da Igreja/Padres do Deserto e a Patrística 53 Quem é pai da Patrística? 54 Apóstolo Paulo: sua história e de seus escritos 55 Os padres apostólicos 56 3. De Constantino à Reforma 61 De Constantino à reforma 62 4. Da Reforma à proposta da razão ateísta do Iluminismo 95 Da Reforma à proposta da razão ateísta do Iluminismo 97 A Reforma Protestante 97 5. Da razão ateísta do iluminismo às teologias contemporâneas 129 Da razão ateísta do iluminismo às teologias contemporâneas 131 5 Prefácio Prezados(as) alunos(as), Na história da humanidade, houve muitos fatos que marcaram para sempre. Fatos que ligam passado, presente e futuro e que traduzem a esperançosa busca de sentidos para a nossa condição de peregrinos neste mundo. Para os Cristãos, o Cristianismo é um desses grandes fatos. Nisto consiste a importância de estudar a História de uma das maiores religiões do mundo. Jesus Cristo, é filho de Deus, que se tornou homem e veio ao mundo a fim de pregar o amor a Deus e ao próximo. Contudo, foi perseguido e morto pelos que não aceitavam os seus ideais. O seu mandamento era o amor. “amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos”. (João 15, 12-15) Jesus nasceu em Belém, cidadezinha a 100 quilômetros de Nazaré, para onde José teve que viajar com Maria por causa do senso que estava acontecendo. Jesus nasceu numa manjedoura, pois não houve lugar para Ele e para os seus pais em ne- nhuma pensão. A viagem para Belém fazia parte do Plano de Deus, pois a Profecia de 700 anos AC já anunciava que lá nasceria o Messias, conforme podemos con- ferir em Miqueias 5,2: "Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel”. Jesus veio para uma Missão diferente e ameaçava o que já estava constituído. Ele incomodou ao começar sua vida pública, aos 30 anos. Ele arrebanhou multi- dões. Era um pequeno grupo no começo, mas logo a notícia se espalhou e todos queriam conhecer Jesus para ouvi-lo, para tocá-lo e buscar de milagres. Jesus falava de um Reino que não era desse mundo, um Reino que era o de Deus. Neste sentido, mexeu com questões muito sérias: poder religioso e poder político. Deus era somente o do Imperador! Jesus estava ganhando fama e levando consigo multidões que antes só admiravam o rei. Ele “transgrediu costumes” e inaugurou um novo modo de convivência e de um Deus de amor. Ao longo deste livro, você terá oportunidade de aprofundar essa história e conhecer o contexto do nascimento do Cristianismo e como o mesmo, ao longo de mais de 2000 mil anos passou por muitos obstáculos, mas superou a persegui- ção. Fará uma jornada de revisitação aos Primeiros Cristãos até Cristianismo na contemporaneidade. Bons estudos! Jesus Cristo: humano e divino 1 capítulo 1 • 8 Jesus Cristo: humano e divino Você está começando uma jornada de estudo sobre a História do Cristianismo. Como não poderia deixar de ser, antes de qualquer coisa, é preciso dar espaço ao principal personagem da história que iremos contar: Jesus Cristo! Neste capítulo você terá a oportunidade de conhecer ou revisar fatos da vida de Jesus Cristo: nas- cimento, vida pública, morte e ressurreição. Vamos começar nossos estudos com duas orientações iniciais: 9 Lembre-se de que ter a Bíblia ao seu lado, possibilitará o desenvolvimento do conhecimento. 9 Não deixe de analisar, contemplar e acessar as fontes indicadas (ima- gens, vídeos, canções, áudios, sites...), pois abrirão os horizontes. Você pode buscar muitas outras. Exerça sua condição de pesquisador. OBJETIVOS • Conhecer ou revisitar fatos da vida de Jesus Cristo: nascimento, vida pública, morte e ressurreição, compreendendo o contexto histórico e de fé do nascimento do Cristianismo; • Reconhecer Jesus Cristo, como cidadão de seu tempo, mas também sua condição Divina, compreendendo que Jesus é 100% homem e 100% Deus. O que significa Cristianismo? É a Religião dos seguidores de Jesus Cristo. Existem várias Religiões e entre elas: o Judaísmo, o Cristianismo, o Islamismo, o Budismo, O Hinduísmo. Cada Religião tem sua mística, sua história e suas crenças. Para os Cristãos, Jesus Cristo é o Salvador e Senhor. O Cristianismo tem mui- tas doutrinas, que apesar das diferenças de culto e de regras, dialogam em nome do que as une: a fé em Jesus Cristo. O Cristianismo é feito também de muitos conflitos e divisões. capítulo 1 • 9 A sua ambição era reformar a fé de Israel, simbolizada pelo círculo dos doze íntimos que o seguiam. Estes homens representam simbolicamente o povo das doze tribos, o Israel com que Jesus sonha. Ele queria reformar a fé judaica, mas fracassou. Por quê? Jesus era um místico, dotado de uma forte experiência de Deus. A seus olhos, Deus estava próximo dos humanos, tão próximo que, para lhe orar, bastava chamar-lhe "papá" ou "paizinho" (abba em aramaico). As suas palavras e os seus gestos estão marcados por um sentimento de urgência inadiável. (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135) Saiba Mais Este vos batizará com espírito santo e com fogo.” (Mateus 3,11) Vamos escutar sobre João Batista e sobre o nascimento de Jesus e o contexto histórico da época. Também vamos “viajar” por vários lugares e situações da vida de Jesus. Cid Moreira - (Bíblia em Áudio) https://www.youtube.com/watch?v=WEpoSIGIHXA Cide Moreira – (Bíblia em Áudio): https://www.youtube.com/watch?v=5PyanOqI4M8 As origens do Cristianismo estão nos últimos séculos da Idade antiga (3.500 a.C. até 476 d.C). Na época do nascimento de Jesus, o Império Romano tinha grande poder. Gaio Júlio Cesar Otaviano Augusto era o Imperador. Foi um dos mais importantes, pois foi o primeiro imperador romano. Ficou conhecido como Cesar Augusto. (27 a.C a 14 d.C). CURIOSIDADE Todos os imperadores eram chamados de “César”. Não era um nome, mas um título. César, Kaiser e czar. Estes dois últimos são títulos imperiais, o primeiro da Áustria-Hun- gria e Alemanha e o segundo da Rússia. Ambos derivam de Caius Julius Caesar, o imperador romano cujo nome passou a significar “imperador”. E esse nome vem de caesaries, “cabelei- ra”, pois o iniciador de sua linhagem teria nascido com um revestimento completo de cabelo. O que não deixava de ser irônico, pois César era careca. E não gostava nada disso. Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/czar/>. Acesso em: 06 nov. 2017. capítulo 1 • 10 Veja só como aparece no relato bíblico: “Naqueles dias César Augusto pu- blicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano” (Lc 2,1). Que tal começar ouvindo o relato dos Capítulos 1 e 2 do Livro do Evangelista Lucas? Uma narrativa que nos faz compreender que Jesus, o Messias, já estava sendo esperado e era o cumprimento das Promessas de Deus. Antes dele, veio João Batista, o Profe- ta do Deus Altíssimo, para preparar o caminho para Jesus. João Batista anuncia a Salvação. O Deus Misericordioso e bondoso. Não era o Deus guerreiro e vingativo como queria o imperador. "O que vem depois de mim é mais forte do que eu, não sendo eu nem apto para tirar-lhe as sandálias" Contexto históricoe geográfico Herodes, o Grande, que se intitulava rei dos judeus. Ficou assim conhecido como “O Grande”, para diferenciar do nome do filho, que se chamou Herodes e também se intitulava como rei e levou Jesus à condenação e à morte. A Palestina era governada por Herodes, o grande, que obtive do senado romano o título de Rei dos Judeus. Homem ambicioso e Cruel soube cativar a confiança dos imperadores e o respeito dos judeus mandou restaurar o Templo de Jerusalém. E tentou matar Jesus ainda criança ordenando a matança dos Inocentes. (GALBIATTI.H. (Sup.). 1969, p.23) Para compreendermos o contexto histórico dos fatos que envolveram o nas- cimento do Cristianismo, precisamos compreender o contexto social, político e geográfico desse período, que não é curto, mas muito longo e intenso. É necessário situar no tempo, no espaço físico e no contexto histórico, os personagens dessa grande história de amor que marcou a humanidade. A história de Jesus, 100% homem e 100% Deus, assim professado pelos Cristãos. capítulo 1 • 11 No tempo de Jesus, a Palestina estava dividida em províncias: a oeste do Jordão (Cisjor- dânia), encontram-se a Judeia, a Samaria e a Galileia. A leste do Jordão (Transjordânia) a Peréia e a Decápolis. As Principais cidades que têm importância na narração evangélica: Na Judeia: Jerusalém (a Cidade Santa), Belém (onde nasceu Jesus) Ain Karin, Emaús Arimatéia, Efrém, Jericó, Betânia (a terra de Lázaro Marta e Maria). Na Samaria: Samaria e Sicar. Na Galileia: Nazaré (terra de Nossa Senhora e infância de Jesus), Canaã (onde Jesus fez o primeiro milagre) Tiberíades, Magdala e Cafarnaum (terra de São Pedro). Você verá no mapa a localização de cada cidade. Elas são berços do Cristianismo. Este mapa apresenta as mesmas na época de Herodes, o Grande e de seu filho, o também Herodes que ficou conhecido como Heródes Antipas. Esse, o filho, foi quem mandou cortar a cabeça de João Batista, induzido pela mulher de seu irmão, mulher Herodia. (Confira o relato Evangelho de Mateus, capítulo 14,1-12). Por aquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu os relatos a respeito de Jesus e disse aos que o serviam: "Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos! Por isso estão operando nele poderes milagrosos". Pois Herodes havia prendido e amarrado João, colocando-o na prisão por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, porquanto João lhe dizia: "Não te é permitido viver com ela". Herodes queria matá-lo, mas tinha medo do povo, por- que este o considerava profeta. No aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou diante de todos e agradou tanto a Herodes que ele prometeu sob juramento dar-lhe o que ela pedisse. Influenciada por sua mãe, ela disse: "Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista". O rei ficou aflito, mas, por causa do juramento e dos convidados, orde- nou que lhe fosse dado o que ela pedia e mandou decapitar João na prisão. Sua cabeça foi levada num prato e entregue à jovem, que a levou à sua mãe. Os discípulos de João vieram, levaram o seu corpo e o sepultaram. Depois foram contar isso a Jesus. ATENÇÃO 9 Você se recorda quem é João Batista? Já falamos dele, não é mesmo? Ele foi o Profeta enviado por Deus para preparar o caminho de Jesus. João Batista batizou Jesus. “O que vem depois de mim é mais forte do que eu, não sendo eu nem apto para tirar-lhe as sandálias. Este vos batizará com espírito santo e com fogo.” (Mateus 3,11) capítulo 1 • 12 Figura 1.1 – Leonardo da Vinci – O Batismo de Jesus. Disponível em: <http://www. dominiopublico.gov.br/download/imagem/uf000002.jpeg>. O autor do livro “História do Cristianismo”, Alain Corbin, elucida a situação e o contexto: Jesus nasceu numa data desconhecida, que poderia ter sido o ano 4, antes de o Grande. Foi batizado no Jordão por João Batista, de quem se tornou nossa era (antes da morte de Herodes) discípulo, antes de fundar o seu próprio círculo de aderentes. À maneira de João, Ele espera a vinda iminente de Deus à história; também partilha a convicção de que, para ser salvo, não basta pertencer ao povo de Israel: é indispensável praticar o amor e a justiça. Pelos trinta anos, Jesus é um pregador popular que alcança algum sucesso na Galileia. CORBIN, Alain (org.). (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135) capítulo 1 • 13 Voltando a Herodes Antipas, foi ele também que ordenou condenar Jesus. Ele honrou o seu pai, o temido Herodes o Grande. Agora sim, veja o mapa: 0 50 km IDUMÉIA N A B AT E U S JUDÉIA SAMARIA DECÁPOLIS PERÉIA GALILÉIA GA UL AN ITI S BATANÉIA TRACONITES S Í R I AITURÉIA F E N Í C I A AURANITES Damasco Cesaréia de Filipe Gamala Rafana Monte Hermom Monte Tabor Ptolomaida Kanatha Tiro Séforis Tiberíades Geba Cesaréia MAR MEDITERRÂNEO DionGadara Hipos PelaCitópolis (Bete-Sea)Sebaste (Samaria) Sicar (Siquém) Gerasa (Jeras) Filadélfia (Rabate-Amom) Esbus (Hesbom) Livias Alexandrium Antipátride Faselis Arquelis Chipre Jope Jamnia Azoto Ascalom Gaza Marisa Jerusalém Hircânia Heródio Hebrom Masada Machaerus M ar M or to Jo rd ão Jo rd ão Mar da Galiléia Lago Huté Filipe Capital Fronteira do reino de Herodes, o Grande Terra dada a: Herodes Antipas Arquelau Província da Síria Cidades da Decápolis Fortaleza de Herodes, o Grande Rota principal Herodes, o Grande, governava toda a Palestina, onde estava situada a cidade da Galileia na época do nascimento de Jesus: (...) tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém (Mt 2,1) capítulo 1 • 14 Figura 1.2 – Leonardo da Vinci - Adora- ção dos Magos. Disponível em: <http:// www.dominiopublico.gov.br/download/ imagem/uf000003.jpg>. Herodes, o Grande, foi um dos mais terríveis e cruéis dos reis. Ele mandou matar a esposa e os três filhos. Seu governo foi marcado pela violência. Também foi um rei de grandes obras, o que fazia aumentar ainda mais o seu poder. Herodes, o Grande, dividiu a Palestina em três reinos e distribuiu entre os seus filhos, aqueles que ele não matou. Podemos conferir no relato: Aliás, ele não se contentou com perpetuar a lembrança e o nome de seus amigos por meio de edifícios: seu zelo chegou ao ponto de criar cidades inteiras. Na Samaria, construiu uma cidade cercada de muralha magnifica, com extensão de 20 estádios, aí instalou seis mil colonos, a quem distribuiu lotes de terra bem rica. No meio dessa fun- dação, mandou construir um templo imenso cercado de jardim sagrado de três meios estádios consagrado a César. Denominou cidade de Sebaste e concedeu aos seus habitantes uma constituição privilegiada. (JOSEFO. Flávio 1986, p.57) Uma história que começa com muita dor, não é mesmo? Jesus foi perseguido da Infância à morte. Há muito para descobrir sobre os que escolheram ser Cristão, pois esses, assim como Jesus, também sofreram, sofrem e sofrerão perseguição. O consolo dos Cristãos vem de Jesus no Sermão da Montanha: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, por- que é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. (Mt 5,10-12) capítulo 1 • 15 Seguir e imitar Jesus não são escolhas fáceis! Contexto Religioso © W IK IM E D IA .O R G Figura 1.3 – Este é o ícone mais antigo de Jesus e se encontra no Monastério de Santa Cata- rina no Monte Sinai. Para os cristãos, Jesus Cristo, é filho de Deus, que se tornou homem e veio ao mundo a fim de pregar o amor a Deus e ao próximo. Contudo, foi perseguido e morto pelos que não aceitavam os seus ideais, disse Jesus. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o quefaz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. (João 15, 12-15) capítulo 1 • 16 Que tal fazer uma parada para meditar o que está estudando? Se você é um Cristão, renovará sua fé. Se você não é, vale conhecer mais de perto o Cristianismo em suas origens. É assim, os Cristãos acreditam. Reflita e medite com a letra da canção e tam- bém com as imagens: Ouça e veja: REAVIVA A TUA IGREJA: O martírio dos primeiros cristãos Mara Lima REAVIVA A TUA IGREJA Da firmeza e vontade, da fé e devoção Da igreja do tempo de Paulo, de Pedro e João Que enfrentaram a fúria de Roma Mas nunca negaram sua fé de cristãos É um exemplo pra mim, verdadeira lição Eu queria ver a bravura dos santos em plena arena Enfrentando os leões Quanto mais a fogueira queimava Mais se ouvia o louvor dos nossos irmãos Sob o sangue, tombavam nas ruas Chegavam no céu com a vitória nas mãos É um exemplo pra mim, verdadeira lição Oh, meu Deus, reaviva tua igreja de novo Faz a chama arder nesse povo Como foram os primeiros cristãos Oh, meu Deus, reaviva tua igreja de novo Faz a chama arder nesse povo Começando em meu coração Começando em meu coração Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=x69syp25VZ0>. Vamos continuar nossa jornada de estudo sobre a História do Cristianismo através da análise de outra canção, que vai ao encontro direto do nosso centro de interesse: Jesus Cristo! É uma Canção de autoria de Padre Zezinho: “Um cer- to Galileu”. capítulo 1 • 17 CONEXÃO Escute a canção. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gAz9VMIXE6Q>. Passagens Bíblicas das situações destacadas na canção: Mateus 4, 18: Andando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chama- do Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores. João 2,1: E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus Um certo Galileu Um certo dia, a beira mar Apareceu um jovem Galileu Ninguém podia imaginar Que alguém pudesse amar do jeito que ele amava Seu jeito simples de conversar Tocava o coração de quem o escutava E seu nome era Jesus de Nazaré Sua fama se espalhou e todos vinham ver O fenômeno do jovem pregador Que tinha tanto amor Naquelas praias, naquele mar Naquele rio, em casa de Zaqueu Naquela estrada, naquele sol E o povo a escutar histórias tão bonitas Seu jeito amigo de se expressar Enchia o coração de paz tão infinita Em plena rua, naquele chão Naquele poço e em casa de Simão Naquela relva, no entardecer capítulo 1 • 18 O mundo viu nascer a paz de uma esperança Seu jeito puro de perdoar Fazia o coração voltar a ser criança Um certo dia, ao tribunal Alguém levou o jovem Galileu Ninguém sabia qual foi o mal E o crime que ele fez; quais foram seus pecados Seu jeito honesto de denunciar Mexeu na posição de alguns privilegiados E mataram a Jesus de Nazaré E no meio de ladrões puseram sua cruz Mas o mundo ainda tem medo de Jesus Que tinha tanto amor Vitorioso! Ressuscitou! Após três dias à vida Ele voltou Ressuscitado, não morre mais Está junto do Pai Pois Ele é o Filho Eterno Mas ele vive em cada lar E onde se encontrar Um coração fraterno Proclamamos que Jesus de Nazaré Glorioso e Triunfante, Deus Conosco está! Ele é o Cristo e a razão da nossa fé E um dia voltará! Após ouvir a canção e consultar as citações bíblicas, que fundamentam a mes- ma ainda por ela, vamos continuar nossa jornada de estudo. As palavras e as frases que foram destacadas continuarão sendo nosso foco. São pontos importantes para compreendermos sobre a vida de Jesus Cristo, o Galileu. Vamos buscar as referências da canção para continuar o estudo da História do Cristianismo. capítulo 1 • 19 Primeiro bloco de frases e de palavras destacadas Um certo dia, à beira mar Apareceu um jovem Galileu E seu nome era Jesus de Nazaré Naquelas praias, naquele mar, naquele rio, naquele poço. CONTEXTUALIZANDO • A cidade de Nazaré se tornou famosa porque o anjo Gabriel anunciou o nascimento de Jesus neste lugar (cf. Lc 1,27) à uma Virgem chamada Maria, pro- metida em casamento a um jovem chamado José (cf. Mt 1,18). Em Nazaré a Santíssima Virgem disse “sim” ao anúncio do Arcanjo. Foi onde também a Sagrada Família composta por Jesus, Maria e José – viveu. Foi ali que Jesus Cristo viveu toda a vida oculta até que desse início à vida pública. Figura 1.4 – Anunciação – Leonardo da Vinci. Disponível em: <http://www.dominiopublico. gov.br/download/imagem/uf000001.jpeg>. capítulo 1 • 20 O Papa Paulo VI fez uma Alocução pronunciada em Nazaré a 5 de janeiro de 1964 intitulada: As lições de Nazaré. Uma bela declaração de amor: Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evan- gelho. Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão pro- fundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-lo. Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua permanência entre nós: os luga- res, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo de que Jesus se serviu para revelar-se ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem um sentido. CONEXÃO Abra o link e continue lendo: <http://w2.vatican.va/content/paul-vi/es/speeches/1964/ documents/hf_p-vi_spe_19640105_nazareth.html>. • Jesus nasceu em Belém, cidadezinha a 100 quilômetros de Nazaré, também conhecida como “Belem Efrata”. © K IK K | S H U TT E R S TO C K .C O M capítulo 1 • 21 • José era da família do Rei Davi, e por isso teve que ir para lá com Maria para fazer o recadastramento do senso. (Belém hoje se localiza na Palestina). • Belém ficava em Judéia. Era um povoado e saíam de Belém para irem para Jerusalém para as Festas. Nazaré era uma cidade da Galileia. O relato do Nascimento pelo relato do Apostolo Lucas (Lc 2,1-7) Naqueles dias, César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano. Este foi o primeiro recenseamento feito quando Quirino era governador da Síria. E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se. Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galileia para a Judeia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia a casa e à linhagem de Davi. Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho. Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Observe com atenção a cena do Nascimento de Jesus. Pela Arte, temos a pos- sibilidade de entrar na cena. © W IK IM E D IA .O R G Figura 1.5 – The Adoration of the Magi - ANTONIO VIVARINI (Murano, 1440-1480) - Gemäldegalerie, Berlin. • A viagem para Belém fazia parte do Plano de Deus, pois a Profecia de 700 anos AC já anunciava lá nasceria o Messias, conforme podemos conferir em capítulo 1 • 22 Miqueias 5,2: "Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado". • Depois que o Rei Herodes morreu, José, Maria e Jesus voltaram para Nazaré. Herodes era o Rei que mandou matar todos os meninos para tentar matar o Menino Jesus. Confira o Relato do Apostolo Mateus sobre a Matança dos Inocentes: (Mt 2, 16,18) Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: Em Ramá se ouviu uma voz. La- mentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, E não quer ser con- solada, porque já nãoexistem. Observe com atenção a cena do “Massacre dos Inocentes”. A Arte nos ajuda entrar na história, compreendê-la e senti-la. Figura 1.6 – Matteo di Giovanni - 1482 Massacre dos Inocentes. capítulo 1 • 23 "O Massacre dos Inocentes”, um óleo sobre tela, datado de 1482 e pertencente à Gal- leria Nazionale di Capodimonte, em Nápoles, é considerado a obra-prima de Matteo di Giovanni di Bartolo, um pintor renascentista italiano também conhecido por Matteo di Siena, por se ter radicado nessa cidade. Nascido em Borgo Sansepolcro, cerca de 1430, foi viver para Siena quando a sua família para ali se mudou, e aí faleceu em 1495. Entre as suas obras principais contam-se também um retábulo datado de 1477, para o Ora- tório da Igreja de Nossa Senhora da Neve, em Siena e o retábulo de Santa Bárbara, de 1478/9, para a Igreja de San Domenico. Disponível em: <http://tulacampos.blogspot. com.br/2012/12/massacre-dos-inocentes.html>. Acesso em: 05 nov. 2017. • Ao voltarem para Nazaré, Jesus cresceu e, anos mais tarde, cumpriu a Missão para qual havia sido enviado por Deus: Ele é o Salvador do mundo!; • Em Nazaré, Jesus passou a Infância Durante o seu Ministério Jesus mora também em Cafarnaum à beira do Mar, por isso, muitas vezes, encontramos cenas no mar e sobre o Mar da Galileia; • Em Samaria havia o Poço onde Jesus encontrou a Samaritana, quando Jesus saía da Judéia e ia para a Galileia e precisava passar por Samaria, que tinha con- flitos com os outros povos de Israel. Havia mudança na forma de adorar a Deus e evitava os demais povos. A Região da Galileia era uma região mais pobre. Mais simples. Nazaré estava na Galileia, onde Jesus passou a infância; • Em Jerusalém estava o tempo de Salomão: Os Sacerdotes cuidavam do tem- po. Conhecimento da Lei e da Religião Judaica. Segundo bloco de palavras e frases destacada Um certo dia, ao tribunal Mexeu na posição de alguns privilegiados E no meio de ladrões puseram sua cruz. Vitorioso! Ressuscitou! Ele é o Cristo e a razão da nossa fé E um dia voltará! CONTEXTUALIZANDO capítulo 1 • 24 Lembra-se de Herodes, o Grande? Ele já foi apresentado neste estudo, não é mesmo? Ele mandou matar três filhos e a esposa. Foi um dos reis mais violentos da história do Cristianismo. Fez cair o sangue dos inocentes para tentar matar Jesus. Tivemos a oportunidade de contemplar a obra da “Matança dos Inocentes”. Herodes, o Grande, deixou muitas heranças do mal para o mundo e entre elas, um de seus filhos, o também chamado Herodes. O filho continuou a tentativa de colocar em prática o projeto do pai: perseguir e matar Jesus. Um no início, quando Jesus era uma criança. O outro, quando Jesus estava em pleno desenvolvimento de sua Missão como Filho de Deus, como o Messias. Jesus é o Messias enviado por Deus! Essa verdade sempre desagradou ao poder romano. Desde criança Jesus já compreendia a sua Missão e já ensinava nos tem- plos admirando a todos os que ouviam. A fama de Jesus foi se espalhando e todos queriam ver o “Jovem Pregador” Jesus ensinava nas Sinagogas. Como assim? As Sinagogas não são templos dos Judeus? Sim! Jesus era um judeu e assim como qualquer cidadão, por sua condição 100% humana, seguia as leis de seu povo e frequentava as sinagogas. Ele foi apresentado ao nascer em uma Sinagoga. Confira o relato do Evangelista Lucas sobre a apresentação de Jesus no Templo (Lc 2,22-35). Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusa- lém para apresentá-lo ao Senhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2); e para ofere- cerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cum- prirem a respeito dele os preceitos da lei, tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os po- vos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel. Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de que- da e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma. A apresentação do menino Jesus, no templo, evidencia as Promessas de Deus que estavam se concretizando na história da humanidade. São Profecias que foram capítulo 1 • 25 feitas pelos Profetas e entre eles. O Profeta Isaias, sete séculos antes da vinda do Salvador, do Messias, já profetizava: 9 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel. (Isaías 7,14) 9 O povo que andava em trevas viu uma grande luze sobre os que habitavam nas regiões da sombra da morte resplandeceu a luz. (Isaías 9,2) 9 Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está so- bre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso. (Isaías 9,6-7) Jesus anuncia o reino de Deus Conforme o menino crescia e compreendia cada vez mais sua missão, crescia também a desconfiança e a insatisfação dos que não aceitavam o aceitavam. Aos 12 anos, Jesus, mais uma vez protagoniza uma cena no Templo. Acompanhe o relato do Apostolo Lucas, 4, 41-52: De ano em ano, seus pais costumavam ir a Jerusalém para a Festividade da Páscoa. E, quando ele tinha 12 anos de idade, subiram segundo o costume da festividade. Quan- do a festividade terminou e eles começaram a viagem de volta, o menino Jesus ficou em Jerusalém, mas seus pais não perceberam. Pensando que ele estivesse no grupo que viajava junto, percorreram a distância de um dia e então começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Mas, visto que não o acharam, voltaram a Jerusalém e o procuraram cuidadosamente. Pois bem, depois de três dias, eles o acharam no templo, sentado no meio dos instrutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas. Mas todos os que o escutavam ficavam admirados com o seu entendimento e suas respos- tas. Assim, seus pais ficaram espantados quando o viram, e sua mãe lhe disse: “Filho, por que você fez isso conosco? Olhe, seu pai e eu estávamos desesperados procu- rando você.” Mas ele lhes disse: “Por que estavam procurando por mim? Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai?” No entanto, não compreenderam o que ele estava lhes dizendo. Então ele desceu com eles e voltou a Nazaré, e continuou a estar sujeito a eles. Também, sua mãe guardava cuidadosamente todas essas declarações no coração. E Jesus progredia em sabedoria e em desenvolvimento físico, e no favor de Deus e dos homens. capítulo 1 • 26 Figura 1.7 – Disponível em: <http://joseinacioh.blogspot.com.br/2015/12/evangelho-sao -lucas-241-52-festa-da_20.html>. Acesso em: 06 nov. 2017. Jesus é condenado, morto e ressuscitado e um dia voltará. Na Canção “Um certo Galileu” diz que Jesus “mexeu na posição de alguns pri- vilegiados”. Jesus não agradou ao poder romano. Ao começar sua vida pública, aos 30 anos, Jesus foi arrebanhando muitas pessoas. Era um pequeno grupo no começo, mas logo, multidões seguiam Jesus para ouví-lo, para tocá-lo e também em busca de milagres. Jesus falava de um Reino que não era desse mundo, mas um Reino que era de Deus. Jesus mexeusim com questões muito sérias: poder religioso e poder políti- co. O Deus era o do Imperador! Não havia outro para os que dominavam. Além de tudo, Jesus estava ganhando fama e levando consigo multidões que antes só admira- vam o rei. Jesus “transgrediu costumes” e inaugurou um novo modo de convivência. A sua transgressão do repouso sabático também chocou. Por várias vezes, Jesus cura em dia de sábado; para se justificar, reivindica a necessidade imperiosa de salvar uma vida (Mc 3,4). Quando Jesus comenta a Tora (a Lei), que é a coletânea das prescrições divinas, o imperativo do amor ao outro desvaloriza todas as outras prescrições; até o rito sacrificial no Templo de Jerusalém deve ser interrompido perante a exigência de se reconciliar com o seu adversário (Mt 5,23-23). Em suma: tanto as curas como a leitura da Tora participam num estado de urgência provocado pela iminência da vinda de Deus. Jesus está convencido de que, dentro de pouco tempo, acontecerá a vinda de Deus que, com o seu julgamento, suprimirá todas as causas de sofrimento e reunirá capítulo 1 • 27 os seus à sua volta. Já nada importa senão chamar à conversão. Opções chocantes de solidariedade social. Os Evangelhos e o Talmude judeu falam concordantemente da tolerância chocante de Jesus quanto às suas atitudes e amizades. Tornou-se solidário com todas as categorias. CORBIN, Alain (org.). (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 138) Para os judeus, o Messias não seria um Deus de amor, mas deveria ter lideran- ça política. Eles esperavam um restaurador que lutasse contra a opressão, mas seria um líder terreno e não Divino. Os judeus esperavam um messias que reconquis- tasse o esplendor de Israel. Não foi a revolução que queriam, pois Jesus pregava a conversão, o amor, a paz e um novo tempo em Deus. Muitos queriam segui-lo, mas nem sempre aceitavam as condições, assim como o jovem rico que ficou encantado e desejo, mas não teve coragem de aceitar a proposta. Eis que alguém se aproximou de Jesus e lhe perguntou: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?” Respondeu-lhe Jesus: “Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom. Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos”. “Quais?”, perguntou ele. Jesus respondeu: “‘Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe’[a] e ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’[b”. Disse-lhe o jovem: “A tudo isso tenho obedecido. O que me falta ainda?” Jesus respondeu: “Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois, venha e siga-me”. Ouvindo isso, o jovem afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas. (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135) Claramente a proposta de Jesus é espalhada. Todos já sabiam qual era o Reino que Ele buscava e a serviço de quem Ele estava. Jesus ampliava, por um lado, a admiração, mas por outro o ódio daqueles que mais tarde seriam seus algozes. O apelo para seguir Jesus começa a quebrar as sociedades mais intocáveis: já não há necessidade de despedir-se dos seus nem de cuidar das exéquias do seu pai (Lc 9,59-62). Este atentado aos escritos funerários e aos deveres familiares deve ter sido considerado totalmente indecente, escandaloso. Outro sinal de urgência: a necessi- dade de anunciar o Reino de Deus é tão imperiosa que os seus discípulos recebem a ordem de ir dar testemunho sem levar alforge nem sandálias nem saudar ninguém pelo caminho (Lc 10,4). CORBIN, Alain (org.). (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 136) Não somente para os judeus, mas também para os romanos, Jesus causava es- panto. Logo perceberam que Jesus estava mexendo com o cotidiano de todos, pois capítulo 1 • 28 não tinha medo de defender os que sofriam por causa dos poderosos. Neste sen- tido, toda elite econômica e religiosa estava buscando caminhos para calar Jesus. E foi nestes fatos que eles conseguiram levar Jesus a julgamento. Jesus foi colo- cado como inimigo dos judeus e também um grande inimigo do império romano. Jesus mexeu na posição de alguns privilegiados, não é isso que diz a canção? Jesus ensinava, curava, amava, corrigia e anunciava o Reino: Ao contrário dos rabinos (doutores da Lei) da época, Ele ensina com uma linguagem simples; as suas parábolas retomando quadro familiar dos seus ouvintes (o campo, o lago, as vinhas) para falar surpreendentemente de um Deus próximo e acolhedor. Sim- plifica a obediência à Lei, centrando-a, como outros rabinos antes dele, no amor aos outros. Os seus numerosos atos de cura revelam que Ele era um curador talentoso e apreciado. Com o seu grupo de aderentes, leva uma vida itinerante; vão-se aumentan- do e alojando nas aldeias onde param. Além de um círculo próximo de doze galileus, há outros homens e mulheres que o acompanham e partilham o seu ensino diário. CORBIN, (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 137) Jesus ensinava com paciência, amor e com o método da parábola para que seus en- sinamentos pudessem ser aprendidos de forma significativa. No entanto, em algumas situações, Jesus percebia que precisava apresentar sua autoridade diante das coisas que passavam dos limites. Um dos comportamentos que Jesus corrigia, se relacionava ao uso do Templo. O mesmo não podia ser profanado pelo pecado do homem. Por isso mesmo, certa vez, Jesus expulsou os vendilhões com um chicote. Não é a imagem de um Jesus rude que esta citação nos apresenta, mas a imagem de um Jesus que se man- tem fiel à sua Missão e para isso age energicamente com os que insistiam em profanar a Casa de seu Pai. Jesus estava cada vez mais próximo de sua condenação e morte. Como já citado, buscaram argumentos para levá-lo ao julgamento. Acompanhe o relato de Jesus expulsando os vendilhões do Templo: Jo 2,13-25 Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas. Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam as pombas: Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes. Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa me consome (Sl 68,10). Perguntaram-lhe os judeus: Que sinal nos apresentas tu, para procederes deste modo? Respondeu-lhes Jesus: Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias. Os judeus replicaram: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levantá-lo em três dias?! Mas ele falava do templo do seu corpo. capítulo 1 • 29 Depois que ressurgiu dos mortos, os seus discípulos lembraram-se destas palavras e creram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus celebrava, em Jerusalém, a festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, à vista dos milagres que fazia. Mas Jesus mesmo não se fiava neles, porque os conhecia a todos. Ele não necessitava que alguém desse testemunho de nenhum homem, pois ele bem sabia o que havia no homem. © W IK IM E D IA .O R G Figura 1.8 – Jesus expulsa os vendilhões do Templo, de Giotto (sec. XIV), Capela Scrovegni. Já estava claro, Jesus veio para uma Missão diferente e ameaçava o que já es- tava constituído. Ele precisava ser parado. Ele estava incomodando, ameaçando e perturbando a ordem pública. A subida a Jerusalém irá causar a sua morte. Comete no Templo um gesto profético que atrai a hostilidade da elite política de Israel: derruba as bancas dos vendedores de animais de sacrifício, talvez para protestar contra a multiplicação dos ritos que se interpõem entre Deus e o seu povo. Então, por instigação do partido saduceu, decide-se denunciar Jesus ao pre- feito Pôncio Pilatos por causa da agitação popular. Pressentindo que a hostilidade iria apa- nhá-lo, Jesus despedira-se dos seus amigos durante uma última refeição (a Ceia), em que instaurou um rito de comunhão no seu corpo e no seu sangue: o pão partido e a taça de quetodos bebem simbolizavam a sua morte futura e relembrariam a sua memória. Depois da sua detenção, facilitada por um discípulo, Judas, Jesus foi levado perante o prefeito, condenado à morte e entregue aos legionários que o pregaram numa cruz. A sua agonia durou apenas algumas horas, facto que espantou Pilatos; o homem de Nazaré devia ter uma constituição fraca. (CORBIN, Alain (org.). 2009, p. 134-135) capítulo 1 • 30 © JO R G E M E JI A | E V E R YS TO C K P H O TO .C O M E a história não acaba aqui. Ele Ressuscitou! A vida venceu a morte e as pro- messas de Deus se cumpriram. Jesus vive. "Ele não está aqui, mas ressuscitou" (Lucas 24, 6) Ele havia dito: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá”. (João 11,25). Os Apóstolos também falaram: Vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós somos testemunhas disso. (A.T 3, 15) Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele jazia. Vão depressa e digam aos discípulos dele: Ele ressuscitou dentre os mortos e está indo adiante de vocês para a Galileia. Lá vocês o verão. Notem que eu já os avisei.( Mateus 28,6-7). E ele prometeu que também nós Ressuscitaremos: Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados. (João 5,28-29) capítulo 1 • 31 Jesus Ressuscitado no 3º dia Figura 1.9 – Disponível em: <http://hdwallpaper.info/wallpaper-jesus>. ATIVIDADES 01. O povo de Jesus era dividido em vários grupos (saduceus, fariseus, essênios e zelotes). Alguns destes grupos acreditavam na vinda de um Messias. No entanto esperavam um Mes- sias bem diferente de Jesus que dizia ser o “Filho de Deus”. Quais características de Jesus definem essa diferença? 02. Alguns ensinamentos de Jesus não agradaram ao poder político e ao poder religioso. Jesus foi condenado por mexer na posição dos mesmos. Explique o motivo ou os motivos da condenação de Jesus. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bíblia Sagrada Online: https://www.bibliacatolica.com.br/ CORBIN, Alain (org.). História do Cristianismo: para compreender melhor nosso tempo. Trad.: Eduardo Brandão. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. De Pentecoste a Constantino 2 capítulo 2 • 34 De Pentecoste a Constantino Vamos para mais um passo na jornada de estudo sobre a História do Cristianismo? Não se esqueça de que o principal e essencial personagem dessa história é Jesus Cristo! Neste capítulo, vamos fazer uma longa viagem no tempo. Vamos relembrar a História do Cristianismo de Pentecoste a Constantino, especificamente dos sé- culos de 1 a 3. Estamos nos referindo à Igreja Primitiva. O início da Igreja, o Testemunho dos Atos dos Apóstolos, a expansão da Igreja, ao Didaquê (Primeiro Catecismo), aos Padres da Igreja ou Pais da Igreja: Os Apostólicos (Aqueles que viveram com os Apóstolos) e os Apologistas (aqueles que produziram literatura cristã). Vamos estudar a perseguição aos Cristãos, tornando-se implacável com o incêndio de Roma. O martírio foi o preço para quem não negou Jesus. São muitos acontecimentos, fatos e situações que constituem a história do Cristianismo nestes séculos, por isso é muito importante que você pesquise e aprofunde. Vá em frente! OBJETIVOS • Conhecer a História do Cristianismo no tempo de Pentecoste a Constantino, especifica- mente dos séculos de 1 a 3 percebendo o sofrimento, mas também a resistência dos que decidiram seguir Jesus; • Compreender que os três primeiros séculos fazem parte da Igreja Primitiva e se situa na Idade Antiga. De Pentecoste a Constantino Iniciando os estudos neste capítulo, vamos partir dos dois pontos do título: Pentecoste e Constantino. Pentecoste, por ser o início do Cristianismo e da Igreja. Constantino por ter sido o imperador romano que concedeu a liberdade de cul- to aos cristãos e também aos adeptos de quaisquer outras crenças pelo Édito de Milão. Ele tornou o Cristianismo a religião oficial do Império Romano. Vamos aprofundar sobre ele no capítulo 3 e neste capítulo já iremos ter algumas pistas de quem foi este imperador. capítulo 2 • 35 Pentecoste “Pentecostes”: palavra grega (pentekosté) que significa “quinquagésimo”. Para os Cristãos, é a memória do dia em que os Discípulos estavam reunidos no cenáculo e também estava Maria, a Mãe de Jesus, quando receberam o Espírito Santo pela primeira vez. Jesus já havia subido aos céus, a Ascensão. Em Pentecoste Jesus apresenta sua Glória e plenifica a Páscoa. Ele venceu a Morte! Está Vivo! Entendendo os significados de Pentecoste No antigo testamento: • Quinquagésimo dia após a Páscoa judaica cada família oferecia os seus dons derivados da colheita. Conferir em: Ex 19, 1-16: Três vezes por ano celebrarás uma festa em minha honra. Observarás a festa dos Ázi- mos: durante sete dias, no mês das espigas, como o fixei, comerás pães sem fermento (foi nesse mês que saíste do Egito). Não se apresentará ninguém diante de mim com as mãos vazias. Depois haverá a festa da Ceifa, das primícias do teu trabalho, do que semeaste nos campos; e a festa da Colheita, no fim do ano, quando recolheres nos campos os frutos do teu trabalho. (Êxodo 23, 14-16) © W IK IM E D IA .O R G capítulo 2 • 36 • Dia em que os judeus comemoravam com uma grande festa a entrega das tábuas da Lei a Moisés sobre o monte Sinai. Jerusalém ficava repleta de estrangei- ros, judeus vindos de todas as partes do mundo. A “Diáspora”: deslocamento do povo, de todos os lados, tendo Jerusalém como destino, para celebrar a festa. Conferir em Êxodo 19,16-18 Na manhã do terceiro dia, houve um estrondo de trovões e de relâmpagos; uma es- pessa nuvem cobria a montanha e o som da trombeta soou com força. Toda a multidão que estava no acampamento tremia. Moisés levou o povo para fora do acampamento ao encontro de Deus, e pararam ao pé do monte. Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor tinha descido sobre ele no meio de chamas; o fumo que subia do monte era como a fumaça de uma fornalha, e toda a montanha tremia com violência. © W IK IM E D IA .O R G No novo testamento • Quinquagésimo dia após a Ressurreição de Cristo. Jesus havia prometido aos Discípulos que enviaria o Espírito Santo. Eles estavam temerosos, pois com a subida de Jesus aos Céus (Ascensão) havia a insegurança, pois seriam perseguidos, mas precisavam manter o testemunho sobre o que viram, ouviram e experimenta- ram estando ao lado de Jesus. capítulo 2 • 37 Depois da Ascensão, os discípulos não tinham mais a presença física do Mestre. Por isso Jesus prometeu “outro Consolador”: “Se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-Lo enviarei” (João 16.7) Conferir Atos dos Apóstolos 2,1-3: Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. © B IB LI O TH ÈQ U E - LE S C H A M P S L IB R ES - R E N N ES | E V E R YS TO C K P H O TO .C O M ATENÇÃO O Novo Pentecostes marca o nascimento da Igreja e definitivamente do Cristianismo. Por todas as nações e em todas as Línguas, pela ação do Espírito Santo, o nome de Jesus deve ser proclamado para sempre. Todos os povos e nações devem saber que Jesus é o Salvador, o Messias enviado que morreu e ressuscitou. Afirma o Apostolo Paulo: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo” ( 1Co. 12.13). capítulo 2 • 38 Veja no Mapa Conceitual os pontos, que marcam a história do Cristianismo a partir de Pentecoste pela ação dosApóstolos Pedro e Paulo: Pedro toma a palavra em Pentecostes Pedro age em nome de Jesus é testemunha de Jesus Inicia a Evangelização dos pagãos(Anos 10). Dá passos em direção a Eles. Pedro anuncia Jesus aos pagãos batiza Cornélio e todos os presentes. E.S. desce sobre eles. 2° Pentecostes Testemunho Igreja centrada em Pedro História do Cristianismo Atos dos ApóstulosTeologia de Atos dos Apóstolos Anuncio Catequese Proposta de um caminho acontece de maneira narrativa Anuncio: tradução do Kerigma. Valoriza a Pessoa que se anuncia Boa nova NT, é o novo jeito de ser, agir, pensar. Em uma sociedade de morte. Anuncio do Ressuscitado é possibilidade de vida, caminho de esperança de Salvação Pedro e Cornélio Atos 10, 1-33 Completa e preenche o anuncio Ação apostólica de Paulo. Atos 16, 11-13 Estar no caminho é se identificar com o Senhor 4ª Viagem vai a Roma centro do mundo, pode testemunhar vida nova em Cristo. Testemunho em Roma. Sereis minhas testemunhas, em toda Judeia, Samaria e até os Confins do mundo (AT 1,8) 03 Viagens missionárias para difundir o Evangelho entre os pagãos que o Evangelho se desenvolve Decisão importante os Apóstolos deixam de ouvir e segura TORAH e fazem as próprias decisões “DIDAQUÊ” Igualdade nos chamados Controvérsia a respeito da circuncisão Concilio ou Assembleia de Jerusalém Problemas de convivência entre judeus de origem pagã e judaica Fatos e atividades de Paulo sua ação missionária. Conversão de Saulo/Paulo determina caminho em direção aos pagãos. Declara fiél a Cristo Através dele Deus ampliou os horizontes da Salvação, fazendo aliança com a humanidade não apenas com o judaísmo Sete representantes do povo pagão indica para onde vai a Igreja. Igreja nascente: centrada na ação de Jesus, no que Ele fez até partir desse mundo. Teofania de Pentecostes entre judeus e pagãos Escolha dos 7 Diáconos e martírio de Estevão que dá testemunho supremo de Fé Figura 2.1 – Mapa Conceitual construído pelo Profa Osana Nazaré Venancio. Constantino Para início de conversa é preciso saber que Constantino foi um Imperador Romano, proclamado Augusto pelas suas Tropas em 306. Ele é também conheci- do como Constantino Magno ou Constantino, o Grande. CURIOSIDADE Augusto significa (Augustus, plural: augusti, Latim para "majestoso", "o exaltado", ou "venerável"). capítulo 2 • 39 Foi um Imperador que venceu muitas batalhas e entre elas Magêncio e Licínio durante as guerras civis. Lutou contra os francos e alamanos, os visigodos e os sármatas. Construiu a Nova Roma, uma nova residência imperial em lugar de Bizâncio que ficou conhecida como Constantinopla, que se tornou a capital do Império Romano do Oriente por mais de mil anos. Por isso que ele é considerado como um dos fundadores do Império Romano do Oriente. Estamos apenas come- çando a conhecê-lo, mas no 3º Capítulo poderemos conhecer melhor suas ações. Antes de voltar ao começo, ainda sobre Constantino, não nos prenderemos às questões que envolvem os muitos questionamentos sobre sua conversão e sobre os interesses que o levaram a proteger o Cristianismo, mas situaremos o Cristianismo a partir do governo do mesmo: Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino, o fato é que ele educou seus filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença institucional no Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local, a episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um processo como tribunal arbitral em lugar do tribunal da cidade[25]). E quanto às suas profissões de fé pública, num édito do início de seu reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele tratava os pagãos com desdém, declarando que lhes era concedido celebrar "os ritos de uma velha superstição". (Código Teodosiano, 2003, pg. 74) Figura 2.2 – Constantino e sua mãe, Helena (Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0). capítulo 2 • 40 Neste capítulo, teremos a oportunidade de situar o Cristianismo, como elu- cida o título: de Pentecoste até o Constantino, por isso, a partir daqui, voltare- mos ao começo da história, em Pentecoste e viajaremos pelos fatos até chegar Constantino, quando encerramos o 2º capítulo e passaremos para o 3º capítulo: De Constantino a Reforma. No capítulo I você teve a oportunidade de estudar sobre aquele que é a essên- cia do Cristianismo. Teve a oportunidade de conhecer ou revisar fatos da vida de Jesus Cristo: nascimento, vida pública, morte e Ressurreição pela dimensão da fé. Esse estudo foi importante para que, nos próximos capítulos, você possa situar o Cristianismo, que é o seguimento a Jesus Cristo, nas dimensões históricas, sociais, políticas e também de fé. O Cristianismo está marcado pelas perseguições, mas resiste ao longo dos séculos como uma das principais religiões da humanidade. Dedique-se à construção de seu conhecimento e olhe para a História como um processo humano e divino, pois a história do Cristianismo é feita por homens, mas que creram na ação de Deus sobre os fatos, por isso que estudar Teologia en- volve essencialmente a dimensão de fé. CONEXÃO Visite o Portal do Cristianismo. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/ Portal:Cristianismo>. A divisão da história do Cristianismo Para que você se localize na história do Cristianismo, é muito importante que conheça a divisão dos períodos da história situando-se nos mesmos: A divisão do tempo recebe o nome e periodização clássica e divide a História em cinco grandes períodos. Vamos nos dedicar aos quatro após a Pré-História. ATENÇÃO Não se esqueçam de que o nosso foco é o Cristianismo em cada período da História. Neste capítulo estamos situados na Idade Antiga. capítulo 2 • 41 HISTÓRIA Pré-História Teve início com o aparecimento do homem há cerca de 4 milhões de anos. Esse longo período costuma ser dividido em Paleolí�co, Neolí�co e Idade dos Metais. Nascimento de Jesus Cristo a.C /d.C Contagem dos séculos: • Se o ano não termina com dois zeros, �ramos os dois úl�mos algarismos e somamos 1 ao número que restou: 1808/18 + 1: séc. XIX 1654/16 + 1: séc.XVII • Se o ano termina com dois zeros, �ramos o zero e encontramos o século: 1700 – séc. XVII 2000 – séc. XX Idade An�ga Idade Média IdadeModerna Idade Contemporânea Para os historiadores, a invenção da escrita, por volta de 4.000 a.C, marca a passagem da Pré- História para a História. Idade Antiga Jesus Cristo, no ano 1 d.C. até o ano de 476 d.C. Roma foi invadida pelos povos germânicos e eslavos que ficou conhecido pelos romanos como os “bárbaros”. Caracteriza-se pelo nascimento e expansão inicial do Cristianismo. Houve muitas crises provocadas pelas rupturas com o Judaísmo e muitas perseguições dos Romanos aos Cristãos. A sociedade, neste tempo, estava marcada pela existência de grandes impérios e pelo escravismo. capítulo 2 • 42 Idade Média Abrange um longo (quase dez séculos). Vai do século V ao século XV. Teve iní- cio com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e o fim, pela tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, culminando com o declínio do poder temporal dos papas até o início da reforma protestante, em 1517. Foi um Período de crescimento e expansão do Cristianismo, que ficou conhe- cido como “Cristandade”. O Cristianismo torna-se uma grande força no mundo ocidental, sendo assim, toda a vida social girava em torno da vida cristã. Os historiadores dividem a Idade Média em duas partes: Alta Idade Média, meados do século V até o fim do século X e do século XI e a Baixa Idade Média (meados do século XV). Idade Moderna Período compreendido entre os séculos XV e XVIII. Foram os europeus desse tempo que se autodenominaram modernos. Um período que começou com a to- mada da cidade de Constantinopla pelos Turcos-Otomanos, em 1453, e encerrou- se com a queda da Bastilha e a Revolução Francesa, em 1789. Também é o Período da crise eclesial no renascimento, da Reforma Protestante Luterana e formação de novas igrejas: Luterana, Calvinista eAnglicana. Também foi um período de trans- formações paradigmáticas, a invenção da imprensa, o desenvolvimento marítimo e pelo modo de produção capitalista. ATENÇÃO Apesar de ficar conhecido como Idade Moderna, este período não se refere aos dias atuais, mas ao que era novo após a Idade Média. CONEXÃO Verifique os principais fatos da Idade Moderna. Disponível em: <https://www.suapesquisa. com/historia/idade_moderna.htm>. capítulo 2 • 43 Idade Contemporânea Teve início em 1789 e continua até nossos dias. Período marcado por trans- formações profundas na sociedade e também por conflitos mundiais. A adoção da Revolução Francesa como ponto inicial desse período da história remete ao im- pacto de seus efeitos em diversos locais do mundo. Tempo de novas perseguições aos Cristãos, inclusive com genocídios. A rejeição ao religioso toma força a partir do século XVIII. O Cristianismo tornou-se a Religião mais perseguida. Pesquisas apontam que no tempo presente “a cada cinco minutos morre um Cristão no Oriente Médio”. Gabriel Nadaf (2016) afirma: O que acontece no Oriente é um genocídio e está acontecendo hoje, agora (...). A cada cinco minutos um cristão morre no Oriente Médio e os líderes mundiais sabem. Levo anos gritando isso enquanto o mundo se cala (...) o Oriente Médio está esvaziando-se de cristãos e foi lá onde a sua fé nasceu. (NADAF. Gabriel 2016. P 34) As Religiões tentam encontrar caminhos para sobreviverem no mundo pós-mo- derno. A Igreja Católica Apostólica Romana a partir do Concílio Vaticano II, pelas tentativas bem-sucedidas de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, amplia sua ação evangelizadora. As Igrejas Protestantes também se lançam no novo tempo de diálogo e de ecumenismo. Dessa forma, há mais pontos que unem do que pontos que separam. Agora, que recordamos a periodização da História, vamos situar o Cristianismo ao longo da mesma utilizando a estruturação de BIHLMEYERTUECHLE (1964): capítulo 2 • 44 a) Idade Antiga 1º período (1-313): marcado pela atuação da Igreja no Império Romano pagão (per- seguições dos mártires). 2º período (313-692): marcado pela atuação da Igreja no Império Romano cristão (oficialização do Cristianismo e dos grandes concílios). b) Idade Média 1º período (692-1073): marcado pela atuação da Igreja na formação da Europa (cris- tandade medieval). 2º período (1073-1303): em que se deu o apogeu do poder temporal dos papas (auge da cristandade). c) Idade Moderna 3º período (1303-1517): marcado pelo clamor pela reforma (crise eclesial pré-luterana). 4º período (1517-1648): marcado pelas Reformas Protestante e Católica (renovação e fechamento tridentino). d) Idade Contemporânea 5º período (1648-1789): estendeu-se até a Revolução Francesa (silêncio eclesial e críticas modernistas). 6º período (período após 1789): marcado pelas revoluções sociais (intransigência católica, diálogo com modernidade e abertura pós-vaticana) (BIHLMEYERTUECHLE, p.16-17) Fundação do Cristianismo O Cristianismo tem como berço a Palestina e foi fundado por Jesus Cristo e teve continuidade com seus discípulos, com destaque inicial para Pedro, Paulo e os apóstolos. © W IK IM E D IA .O R G capítulo 2 • 45 Quando o Cristianismo foi fundado, os romanos tinham muito poder e domi- nava a política e tinha grande exército de batalhas. Os Romanos viviam o apogeu. Como estudado no primeiro capítulo, a Palestina pertencia ao Império Romano. Depois da tomada de Jerusalém (Pompeu no ano 63 a.C.) não existiu mais um Estado judaico independente. Depois da morte do idumeu Herodes (37–4 a.C.), Augusto deixou o seu território aos filhos. A Palestina era uma região desprezada, assim como também o seu povo Judeu. O imperador possuía poder ilimitado; o governo era moderado, e as províncias tinham autonomia. Fazendo memória Volte ao capítulo I e relembre quem foram os Herodes que marcaram a História do Cris- tianismo. Eles foram os grandes perseguidores de Jesus. Foi no Império Romano que os primeiros cristãos viveram e deram continui- dade à obra de Jesus Cristo e fundaram a Igreja e promoveram as comunidades cristãs por todos os lados. Esse período classifica-se como Cristianismo primitivo (séculos I, II, III e par- te do IV). Vai da Ressurreição de Jesus e depois com Pentecostes, até a abertura do Concílio de Niceia. De 30 d.C. 325, que veremos no capítulo 3, mas você pode começar a pesquisa. A separação do Cristianismo e do Judaísmo O Cristianismo Surgiu como seita judaica surgida no século 1º, mas pouco a pouco houve a ruptura com o Judaísmo. Foi pelo Concílio de Jerusalém, ano 52, que o Cristianismo se desvincula do Judaísmo de vez. Surge definitivamente uma nova religião. Nos primeiros séculos, os romanos perseguiram o Cristianismo ocasionando a morte de milhares de mártires e dificuldades para a expansão cristã. Inicialmente, os cristãos foram vistos como "judeus fervorosos", mas, com o passar do tempo, a pregação cristã, que enfatizava Jesus Cristo, como filho de Deus, fez com que os judeus os proibissem de pregar. Tal medida não foi suficiente e os cristãos foram expulsos das sinagogas judaicas. Os cristãos, diferentemente dos judeus, passaram a adotar os livros do Novo Testamento, escrito após advento de Jesus Cristo por seus apóstolos e que relata a Sua vida e dos primeiros aconte- cimentos da comunidade cristã nascente. capítulo 2 • 46 © W IK IM E D IA .O R G Figura 2.3 – Jesus ensinando na Sinagoga. A aproximação entre a Igreja e o Estado. A aproximação entre os cristãos e o Estado, o Império Romano, se deu por que o Cristianismo se propagou muito. Assim, perseguir os cristãos acabou por ser prejudicial ao próprio império, que vivia uma crise religiosa e social e encontrou no Cristianismo apoio e respostas. O cristianismo começou a se espalhar a partir de Jerusalém, e depois em todo o Orien- te Médio, acabando por se tornar a religião oficial da Armênia em 301, da Etiópia em 325, da Geórgia em 337, e depois a Igreja estatal do Império Romano em 380. Tor- nando-se comum em toda a Europa na Idade Média, ela se expandiu em todo o mundo durante a Era dos Descobrimentos. (BOGAZ, Antonio Sagrado. 2014. P. 22) As primeiras comunidades cristãs Os Cristãos são perseguidos e sendo expulsos das Sinagogas passam a se es- conder nas catacumbas para viverem o testemunho da Fé Cristã. Esta era a Igreja de Jesus Cristo. Ela é ao mesmo tempo Divina e Humana, pois é um fato histó- rico, mas um fato revelado. A Igreja, traduzida pelo Cristianismo é fato divino e humano. capítulo 2 • 47 © I, S A IL K O | W IK IM E D IA .O R G Figura 2.4 – As catacumbas. Pedro e Paulo e os outros apóstolos Os Atos dos Apóstolos: expansão e perseguição ao Cristianismo Pedro foi a grande coluna da fundação do Cristianismo. Por isso é conhecido como uma das colunas da Igreja. O Testemunho dos Atos dos Apóstolos e a ex- pansão da Igreja, Os primeiros cristãos, ou eram judeus ou eram gentios converti- dos ao judaísmo, conhecidos pelos historiadores como judeus-cristão. O Cristianismo se espalha e a Igreja é fundada, a princípio, pela liderança de Pedro. Após, é possível verificar no livro dos Atos dos Apóstolos a formação de uma comissão. Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária. 2.Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus, para administrar. 3.Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. 4.Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra. 5.Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pár- menas e Nicolau, prosélito de Antioquia. 6.Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhesas mãos. (Atos dos Apóstolos 6,1-6) capítulo 2 • 48 Dessa forma, o Cristianismo se consolidou e se expandiu e foi perseguido. Da comissão dos eleitos, Estevão se tornou o primeiro Mártir, pois pregava o Evangelho de forma explícita, clara e segura. Fato que causava espanto, medo, rancor e ódio. Estevão se tornou o líder dos sete diáconos eleitos. Ele não temia e atacava a prática religiosa dos judeus que não se converteram. Estevão externou que já não era possível nenhuma identificação do Cristianismo com o Judaísmo. Definida a separação. Evidente que isso não agrada as autoridades religiosas. Estevão não se intimidava e era incisivo em sua pregação. Por isso foi perseguido. No livro dos Atos dos apóstolos podemos conferir: 7.Divulgou-se sempre mais a palavra de Deus. Multiplicava-se consideravelmente o número dos discípulos em Jerusalém. Também grande número de sacerdotes aderia à fé. 8.Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo. 9.Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandri- nos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se para disputar com ele. 10.Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito que o inspirava. 11.Então subornaram alguns indivíduos para que dissessem que o tinham ouvido proferir palavras de blasfê- mia contra Moisés e contra Deus. 12.Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escri- bas e, investindo contra ele, agarraram-no e o levaram ao Grande Conselho. 13.Apre- sentaram falsas testemunhas que diziam: Esse homem não cessa de proferir palavras contra o lugar santo e contra a lei. 14.Nós o ouvimos dizer que Jesus de Nazaré há de destruir este lugar e há de mudar as tradições que Moisés nos legou. 15.Fixando nele os olhos, todos os membros do Grande Conselho viram o seu rosto semelhante ao de um anjo. (Atos dos Apóstolos 6,7-15) Estevão não se calava. Sua pregação, cada vez mais, incomodava os poderosos. Estevão era conhecedor das Escrituras e tinha profunda segurança ao denunciar o pecado contra elas. Em Atos dos Apóstolos, no capítulo 7, 1-60- Pegue sua Bíblia e leia – podemos acompanhar a pregação de Estevão e seus ensinamentos que tanto incomodaram e o levaram ao martírio. Estevão foi apedrejado até a morte: Confira: 51Homens de dura cerviz, e de corações e ouvidos incircuncisos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo. Como procederam os vossos pais, assim procedeis vós também! 52.A qual dos profetas não perseguiram os vossos pais? Mataram os que prediziam a vinda do Justo, do qual vós agora tendes sido traidores e homicidas. 53.Vós que rece- bestes a lei pelo ministério dos anjos e não a guardastes... 54. Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele. 55.Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus: capítulo 2 • 49 56. Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus. 57.Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele. 58.Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá -lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo. 59.E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. 60.Posto de joelhos, exclamou em alta voz: Senhor, não lhes leves em conta este pe- cado... A estas palavras, expirou. (Atos dos Apóstolos 7, 51-60) © M A N U E L A N A S TÁ C IO | W IK IM E D IA .O R G Figura 2.5 – Estevão em serviço. O Incêndio de Roma A Perseguição aos Cristãos aumentava dia após dia e se tornou implacável. Os Cristãos passaram a conhecer o medo, a dor, a tortura e o martírio. Foram acusados do Incêndio em Roma em 64 d.C.. Muitas versões são levantadas pelos pesquisadores, inclusive que podia ter sido o próprio Imperador. Em outras ver- sões são os moradores os acusados. O fogo se alastrou rápido, pois as casas eram de madeira. Dois terços da cidade foram destruídos, além de templos e outras construções oficiais. Conta a história que Nero, tocava violino enquanto apreciava o fogo destruir a cidade. Também há versões históricas de que Nero não estaria em Roma e vol- tou por causa do incêndio, mas foi indicado como incendiário por ser aproveitar, capítulo 2 • 50 posteriormente, para comprar propriedades oferecendo baixo valor aos que já es- tavam sofrendo com as perdas. Nero queria construir um palácio. Os Cristãos pa- garam caro e com o próprio sangue a ira do poder romano. Dessa forma inicia-se a sangrenta fase do Cristianismo. A lenda diz que o imperador romano Nero "dedilhava" um instrumento musical, enquanto Roma era destruída pelas chamas. Muitos de seus contemporâneos achavam que Nero fora o responsável pelo incêndio. Quando a cidade foi reconstruída, mediante o uso de altas somas do dinheiro público, Nero se apoderou de grande uma extensão de terra e construiu ali os Palácios Dourados. O incêndio pode ter sido a maneira rápida de renovar a paisagem urbana. Objetivando desviar a culpa que recaíra sobre si, o imperador criou um conveniente bode expiatório: os cristãos. Eles tinham dado início ao incêndio, acusou o imperador. Como resultado, Nero jurou perseguir e matar os cristãos. A primeira onda da perseguição romana se estendeu de um período pouco posterior ao incêndio de Roma até a morte de Nero, em 68 d.C. Sua enorme sede por sangue o levou a crucificar e queimar vários cristãos cujos corpos foram colocados ao longo das estradas romanas, iluminados, pois eram usados como tochas. Outros vestidos com peles de animais, eram destroçados por cães nas arenas. De acordo com a tradição, tanto Pedro quanto Paulo foram martirizados na perseguição de Nero: Paulo foi decapitado, e Pedro foi crucificado de cabeça para baixo. (CURTIS, A. 2003. P.11) © W IK IM E D IA .O R G Figura 2.6 – Incêndio de Roma, 18 de julho de 64 d.C. óleo de Hubert Robert, no Museu de Arte Moderna André Malraux, em Le Havre. capítulo 2 • 51 O Incêndio do Templo de Jerusalém Em 70 d.C, as Tropas do General Tito, invadiram a cidade de Jerusalém e incendeiam o templo. Os Judeus, que antes eram protegidos pelo império, são também perseguidos, maltratados e vendidos como escravos. Os Judeus queriam independência a qualquer custo e lidera um massacre contra os romanos, mas Vespasiano nomeou seu filho, Tito, para conduzir a guerra contra os judeus. Tudo se concentrava em Jerusalém. O cerco estava fechado e a fome e a miséria toma- vam conta. As doenças aniquilavam as pessoas. Os romanos desenvolviam má- quinas para arremessar pedras contra as cidades. Os romanos foram avançando e romperam os três muros de proteção do templo. Os Judeus foram se refugiar dentro do Templo, mas os soldados provocaram um grande incêndio pondo fim ao Templo de Jerusalém e aos judeus. Os Cristãos não quiseram enfrentar a batalha. Não escolheram lado e fugiram de Jerusalém. Tendo sido destruído o Templo de Jerusalém, também os Cristãos ficariam vulneráveis, pois o império não mais podia defender o judaísmo. Fato que permitia os Cristãos se esconder da perseguição dos romanos. O Templo, construído por Salomão em 970 a. C. e reconstruído por Herodes em 19 a. C., era o símbolo e o centro do poder religioso e político dos judeus. Somente o muro ocidental de sustentação da esplanada do Templo permaneceria em pé. Seria cha- mado mais tarde de “O Muro das Lamentações”. A destruição do Templo constitui de resto um elemento determinante para a religião cristã, que se separa então, cada vez mais, de suas origens judaicas. (CURTIS, A. 2003. P.15) Os Apóstolos Pedro, Tiago, João foram os líderes da Primeira Comunidade Cristã de Jerusalém: E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão. (Carta aos Gálatas 2, 9) capítulo 2 • 52 CURIOSIDADESaiba como morreram os Apóstolos. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=cO0cfKyzDOE>. Somente o Apóstolo João morreu de morte natural, na velhice, mas foi torturado sendo jogado em um caldeirão fervente, mas se salvou. Foi na língua aramaica que o Evangelho foi espalhado oralmente O Cristianismo Primitivo, que aconteceu após Ressurreição de Jesus, ficou conhecido pelo mundo pelo testemunho dos Apóstolos e de todos os que haviam convivido com Jesus. Oralmente e em aramaico, a mensagem foi espalhada. Na época de Jesus o Hebraico já não era mais usado, por isso o aramaico ganhou força e se estabeleceu como língua principal. CONEXÃO O ARAMAICO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DZ2k0isPZ-0>. Aprenda sobre o Alfabeto Aramaico. Disponível em: <http://www.nyudraa.com.br/ download/EBOOK_Aprenda_Aramaico_Facil.pdf>. A Didaquê (Primeiro Catecismo): 90 dC Didaquê ( em grego clássico) ou Instrução dos Doze Apóstolos do grego Didache kyriou dia ton dodeka apostolon ethesin. (DI BERARDINO, 2002. pp. 404, 405) É do Século I. São 16 capítulos de instrução para os Cristãos. Quem qui- sesse seguir Jesus Cristo precisava seguir esta Doutrina. A Didaqué apresenta o "O Caminho da Vida e o caminho da morte". O Cristão deve conhecer e seguir sempre o caminho da vida. capítulo 2 • 53 A Didaché. Este texto, fundamental para a história da liturgia, da disciplina eclesiás- tica, da moral e da doutrina cristã, foi descoberto em 1863 em Constantinopla, dentro de um código de 1056. Os materiais que o compõem provavelmente datam do mesmo período em que foram escritos os sinóticos, embora o texto atual seja certamente re- dacional, mas não para além do séc. I, e a área da composição terá sido a Síria. O que é a Didaché? Didaché, significa “doutrina” e no texto descoberto em Constantinopla a obra tem dois títulos, talvez adicionados por algum copista: “Doutrina dos doze apósto- los” e “Doutrina do Senhor às nações por meio dos doze apóstolos”. É “uma espécie de regra para a comunidade cristã” (LONGOBARDO, 2007, p.145). CONEXÃO Saiba mais Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=8_Dfhmm4RuE&t=28s>. Disponivel em: <http://www.ofielcatolico.com.br/2001/05/o-didaque-instrucao-dos- apostolos.html>. Disponivel em: <http://www.familiasemcristo.com.br/2010/10/didaque/>. Os Padres/Pais da Igreja/Padres do Deserto e a Patrística O início da patrística não é definido como um marco cronológico, mas como um pe- ríodo de passagem se considerarmos que o texto bíblico está escrito no período da segunda metade do século primeiro consideramos que nesta passagem inicia-se o período dos padres e mães da Igreja Primitiva. Esta passagem está no final do primei- ro século da era cristã podemos apresentar a instrução Didaquê como marco inicial. Neste período datado aproximadamente do ano 90 consideramos ainda que temos textos bíblicos canônicos posteriores a esta data e isso nos faz pensar que além do tempo histórico outros elementos caracterizam este inscritos que estudamos para de- limitar a finalização deste período consideramos duas áreas geográficas culturais e eclesiásticas da igreja naquele século o Oriente e o ocidente cristão. (BOGAZ, Antonio Sagrado. 2014. P. 22) capítulo 2 • 54 Papa João Paulo II, na carta apostólica Patres ecclesiae afirmou: Em favor da Igreja de todos os séculos, exercem uma função perene. De maneira que todo o anúncio e magistério seguinte, se quer ser autêntico, deve pôr-se em confronto com o anúncio e o magistério deles; todo o carisma e todo o ministério deve beber na fonte vital da paternidade deles; e toda a pedra nova, acrescentada ao edifício santo que todos os dias cresce e se amplifica, deve colocar-se nas estruturas já por eles postas e a elas soldar-se e ligar-se. (SANTA SÉ. 1980) Os que pertencem à primeira e segunda geração da Igreja, depois dos apósto- los, recebem o nome de Padres apostólicos e mostram como começa o caminho da Igreja na história. Seus escritos refletem diretamente o ensinamento dos apóstolos: Os padres da Igreja são teólogos místicos nos seus primeiros séculos muitos eram epís- copos, presbíteros, diáconos outros eram leigos entre eles temos muitos monges e már- tires. São considerados cristãos de grande santidade. Os padres sentiram necessidade de aprofundar refletir registrar e Intercomunicar os ensinamentos e rituais das Comuni- dades Cristãs. Outra função importante era o testemunho Cristão diante de autoridades e mesmo. O Confronto e o combate dos hereges e dos adversários das comunidades cristãs. Consideramos São Jerônimo como autor do primeiro estudo histórico deste gru- po de teólogos embora a distinção entre heréticos e ortodoxos seja posterior a ele. Uma vez que esta distinção é atribuída ao autor dos escritos, após a consagração ou conde- nação de suas afirmações. (BOGAZ, Antonio Sagrado. 2014. P. 22) Quem é pai da Patrística? No sentido da vivência dos sentidos do que significa Patrística, foi o Grande Apóstolo Paulo. Aquele que passou de perseguidor, a defensor do Cristianismo. Uma das grandes colunas junto com Pedro. Paulo é um aprendiz dos Apóstolos, dos quais recebeu a herança da mensagem dos Evangelhos. No entanto partindo dos eventos da vida de Cristo, interpreta sua men- sagem para os novos convertidos. Depois de partir das comunidades que fundara, escreve epístolas que se tornaram patrimônio mais precioso da Teologia Cristã. Suas pregações e seus escritos nos fazem perceber que Paulo argumenta, com lógica dos Mestres de Israel, e como exegeta, ultrapassa a herança tradicional judaica e se insere no universo religioso dos pagãos. Mesmo sendo um pregador com grande especula- ção filosófica e teológica, demonstra a verdadeira Mística dos cristãos viver o ideal de Jesus Cristo. (BOGAZ, Antonio Sagrado. 2014. P. 22) capítulo 2 • 55 Apóstolo Paulo: sua história e de seus escritos Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro. Se encontrei misericórdia, foi para que em mim primeiro Jesus Cristo manifestasse toda a sua magnanimidade e eu servisse de exemplo para todos os que, a seguir, nEle crerem, para a vida eterna" (I Tm 1, 15-16). Paulo é o Apóstolo. O responsável pela expansão do cristianismo entre o mun- do conhecido a sua época. O único chamado Apóstolo, que não fazia parte dos doze. Sem conhecer pessoalmente Jesus, mas que O conheceu pela Graça. Como nós podemos fazê-lo! É preciso que como ele, falemos: "Senhor, que queres que eu faça?" (At 9, 6). Através de seus escritos (tendo iniciado a literatura neotestamentária) foi capaz de expor o pensamento cristão de forma clara e objetiva: ou se segue o Evangelho (do Xto crucifixado) ou não se pode ser considerado cristão. É quase impossível apresentar a importância de Paulo em uma resposta simples... Sem Ele, não conheceríamos a proposta do Reino que Jesus trouxe. "A linguagem da Cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que foram salvos, para nós, é uma força divina" (I Cor 1, 18). Suas viagens fizeram com que o Cristianismo ficasse conhecido. No capítulo 3, ao aprofundar a Patrística, aprofundaremos também sobre esse grande Cristão. Buscando as origens da criação da Patrística como área de estudo, o conceito foi criado pelo Teólogo Luterano João Gerhardh, em 1563. Também são responsáveis como guardiões da fé e fazem parte dos Padres da Igreja, os Padres do Deserto. Eles foram fundamentais no desenvolvimento do Cristianismo. Os Padres do Deserto ou Pais do Deserto foram eremitas, ascetas, monges e freiras que viviam majoritariamente no deserto da Nítria (Scetes), no Egito, a partir do século III. O mais conhecido deles foi Santo Antão (ou Santo Antônio, o Grande), que mu- dou-se para o deserto em 270-271 e se tornou conhecido tanto como o pai quanto o fundador do monasticismo no deserto. Quando Antão morreu em 356, milhares de monges e freiras tinham sido atraídos para a vida no deserto seguindo o exemplo do grande santo. Seu biógrafo,
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