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Disciplina | Introdução www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA CRISTIANISMO Cristianismo | Sumário www.cenes.com.br | 2 Sumário Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------- 3 2 O Início de Tudo -------------------------------------------------------------------------------------- 4 3 Contexto histórico e geográfico ----------------------------------------------------------------- 8 4 O Cristianismo Primitivo -------------------------------------------------------------------------- 17 5 A Igreja na Idade Média -------------------------------------------------------------------------- 27 5.1 Guerras Santas e Cruzadas ----------------------------------------------------------------------------------- 33 5.2 Arte e Arquitetura Religiosa --------------------------------------------------------------------------------- 36 6 Reforma e Surgimento do Protestantismo -------------------------------------------------- 39 6.1 Os Massacres como Consequência do Protestantismo ----------------------------------------------- 47 7 Cristianismo na Modernidade------------------------------------------------------------------- 47 8 Teologia Cristã -------------------------------------------------------------------------------------- 52 8.1 Doutrinadores Cristãos ---------------------------------------------------------------------------------------- 59 8.2 Fé X Razão -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64 8.3 Problema do Mal e a Natureza de Deus ------------------------------------------------------------------ 66 9 Aprofundamento ----------------------------------------------------------------------------------- 68 9.1 Oficialização da Igreja ----------------------------------------------------------------------------------------- 68 9.2 Santo Agostinho e a Ponte entre a Idade Antiga e a Idade Média -------------------------------- 69 9.3 O Cristianismo no Século XX --------------------------------------------------------------------------------- 69 10 Referências ---------------------------------------------------------------------------------------- 71 Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. Cristianismo | Introdução www.cenes.com.br | 3 1 Introdução Com mais de 2 bilhões de seguidores, o cristianismo é uma das maiores religiões do mundo, cuja figura central é Jesus Cristo, pregador judeu que alegou ser o filho de Deus, executado pelos romanos por supostamente desafiar a autoridade imperial. A partir de sua morte e ressurreição, sua mensagem começou a ser propagada por seus seguidores, formando a base da religião cristã. Sua origem remonta ao século I, na região da Palestina, então parte do Império Romano. Ao longo dos séculos, o cristianismo se espalhou por todo o mundo e passou por diversas transformações e divisões, dando origem a várias denominações e vertentes e a uma história complexa e multifacetada, envolvendo questões teológicas, políticas, sociais e culturais. A compreensão da história do cristianismo é fundamental para entender muitos aspectos da cultura ocidental e da civilização global como um todo e continua a exercer uma influência significativa em muitos aspectos da vida moderna, desde a política e a moralidade até a arte e a literatura. Marcada por uma série de eventos importantes, como a Reforma Protestante, a Inquisição, o surgimento das primeiras universidades, a Revolução Industrial na religião. Além disso, o cristianismo tem desempenhado um papel importante em muitos movimentos sociais e políticos, como o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, a luta contra o apartheid na África do Sul e a defesa dos direitos dos trabalhadores em muitos países. Apesar de sua longa história e grande importância, o cristianismo, muitos críticos argumentam que a religião é responsável por conflitos e injustiças, enquanto outros apontam para o papel do cristianismo na história da escravidão e da colonização. Ao mesmo tempo, muitos cristãos continuam a encontrar significado e propósito em sua fé, e a igreja continua a desempenhar um papel importante em muitas comunidades em todo o mundo. Segundo aponta Elaine Pagels, há muitas visões diferentes sobre a figura de Jesus cristo e a mensagem por ele transmitida, daí a importância de examinar textos antigos, como os evangélicos apócrifos e outros escritos gnósticos, para entender as diferentes visões que surgiram no início do cristianismo. O Cristianismo tem muitas doutrinas, que apesar das diferenças de culto e de regras, dialogam em nome do que as une: a fé em Jesus Cristo, um judeu em raça, cultura e religião. Seus antepassados eram tradicionalmente conhecidos como hebreus, devido ao seu estilo de vida nômade. Para os judeus, independentemente de sua localização geográfica, Jerusalém é vista como um lugar sagrado, devido à sua Cristianismo | O Início de Tudo www.cenes.com.br | 4 importância religiosa e política. A cidade tornou-se o local do Grande Templo, o centro da religião judaica, após ser capturada pelos hebreus liderados pelo Rei Davi, por volta de 1000 a.C. Esse templo foi construído pelo Rei Salomão, filho de Davi. O Templo era considerado um local sagrado, onde os fiéis podiam oferecer orações e sacrifícios a Deus, e onde palavras sagradas eram lidas em voz alta pelo Sumo Sacerdote e seus auxiliares. Por acreditar em um único Deus, os judeus consideravam o Templo de Jerusalém como seu único santuário, o que impregnou o local de um respeito reverente. Foi lá que ocorreu a crise final da vida de Jesus, culminando em sua morte. Ao longo de sua história, os judeus sofreram diversos infortúnios e desastres, como a conquista de Jerusalém pelos babilônios em 587 a.C., que resultou na deportação de muitos judeus influentes para a Babilônia. No exílio, muitos judeus refletiram sobre suas desventuras e questionaram se haviam ofendido a Deus para justificar o castigo que receberam. Menos de meio século depois, os persas tomaram a Babilônia, permitindo que a maioria dos judeus retornasse à sua terra natal. Em torno de 520 a.C., a reconstrução do Templo começou, mas os judeus continuaram sob regimes estrangeiros até que, em 142 a.C., recuperaram sua terra e desfrutaram de independência por quase 80 anos, antes de perdê-la novamente e, somente no século XX, recuperá-la definitivamente. 2 O Início de Tudo O Cristianismo surgiu como uma seita judaica no primeiro século, mas com o passar do tempo, houve uma ruptura com o Judaísmo. Foi pelo Concílio de Jerusalém em 52 d.C. que o Cristianismo se desvinculou do Judaísmo de vez e surgiu definitivamente como uma nova religião. Nos primeiros séculos, os romanos perseguiram o Cristianismo, ocasionando a morte de milhares de mártires e dificuldades para a expansão cristã (BOGAZ, 2014). Inicialmente, os cristãos foram vistos como "judeus fervorosos", mas com o passar do tempo, a pregação cristã, que enfatizava Jesus Cristo como filho de Deus, fez com que os judeus os proibissem de pregar. Tal medida não foi suficiente, e os cristãos foram expulsos das sinagogas judaicas. Os cristãos, diferentemente dos judeus, passaram a adotar os livros do Novo Testamento, escrito após o advento de Jesus Cristo por seus apóstolos e que relata a Sua vida e dos primeiros acontecimentos da comunidade cristã nascente (BOGAZ, Cristianismo | O Início de Tudo www.cenes.com.br | 5 2014). A aproximação entre a Igreja e o Estado aconteceu porque o Cristianismo se propagou muito. Assim, perseguir os cristãos acabousendo prejudicial ao próprio Império Romano, que vivia uma crise religiosa e social e encontrou no Cristianismo apoio e respostas (BOGAZ, 2014). O Cristianismo começou a se espalhar a partir de Jerusalém, e depois em todo o Oriente Médio, acabando por se tornar a religião oficial da Armênia em 301, da Etiópia em 325, da Geórgia em 337, e depois a Igreja estatal do Império Romano em 380. Tornando-se comum em toda a Europa na Idade Média, ela se expandiu em todo o mundo durante a Era dos Descobrimentos (BOGAZ, 2014). A história do Cristianismo está repleta de perseguições, desde a época do imperador Nero até a destruição do Templo de Jerusalém. Os cristãos foram acusados de incendiar Roma em 64 d.C., o que levou Nero a perseguir e matar muitos cristãos (CURTIS, 2003). Os cristãos não escolheram lado e fugiram de Jerusalém, evitando a batalha que destruiu o Templo de Jerusalém, um símbolo e centro de poder religioso e político dos judeus. A destruição do Templo constituiu um elemento determinante para a religião cristã, que se separou cada vez mais de suas origens judaicas (CURTIS, 2003). Os apóstolos Pedro, Tiago e João foram os líderes da Primeira Comunidade Cristã de Jerusalém. Eles foram considerados as colunas da comunidade e receberam a graça de pregar tanto aos gentios quanto à circuncisão (Carta aos Gálatas 2, 9). A comunidade cristã cresceu rapidamente após a morte e ressurreição de Jesus. A primeira aparição de Jesus ressuscitado relatada na Bíblia cristã ocorreu em Mateus 28: 19-20, quando Jesus apareceu aos seus discípulos após a ressurreição, na região da Galileia, na atual Israel. Ele ordenou que seus discípulos fossem e fizessem discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que ele havia ordenado. Esse episódio é considerado uma comissão missionária, em que Jesus envia seus discípulos para espalhar a mensagem do Evangelho por todo o mundo. No início, o cristianismo era visto como uma seita do judaísmo, e havia um certo grau de continuidade entre as duas religiões. No entanto, como mencionado por van Inwagen (2006), houve uma ruptura gradual entre o cristianismo e o judaísmo, culminando no Concílio de Jerusalém, em 52 d.C, que desvinculou o cristianismo do judaísmo de vez. A partir daí, o cristianismo se estabeleceu como uma religião independente, com suas próprias crenças, práticas e tradições. No entanto, os primeiros cristãos enfrentaram muita perseguição por parte dos Cristianismo | O Início de Tudo www.cenes.com.br | 6 romanos, como descrito por Meister (2013). Os cristãos eram vistos como uma ameaça à estabilidade social e política do Império Romano e, por isso, foram perseguidos e martirizados. Muitos cristãos foram mortos em arenas de gladiadores, usados como tochas humanas ou crucificados, como Pedro e Paulo. A perseguição aos cristãos só diminuiu após o imperador Constantino se converter ao cristianismo e torná-lo a religião oficial do império no século IV. A mensagem cristã enfatizava a figura de Jesus Cristo como o filho de Deus, e sua vida e ensinamentos são registrados no Novo Testamento, que é a base das Escrituras cristãs. Como mencionado por Bogaź (2014), o cristianismo começou a se espalhar a partir de Jerusalém, no Oriente Médio, antes de se tornar a religião oficial da Armênia, Etiópia e Geórgia. Durante a Idade Média, o cristianismo se espalhou por toda a Europa e, durante a Era dos Descobrimentos, se expandiu pelo mundo todo. O problema do mal é uma questão que tem sido discutida pelos teólogos cristãos ao longo dos séculos, como observado por Sung (2003). A ideia de que um Deus onisciente, onipotente e benevolente permitiria a existência do mal é um paradoxo que tem sido objeto de muitos debates teológicos. Como o Livro de Jó e outras passagens das Escrituras cristãs mostram, o sofrimento humano e a dor são parte da experiência humana, mas os cristãos acreditam que Deus é capaz de trazer bem do mal e usar o sofrimento para cumprir os próprios propósitos. De fato, uma crença central do Cristianismo é que Deus pode trazer bem do mal e usar o sofrimento para cumprir Seus propósitos. Isso pode ser visto em diversos trechos da Bíblia cristã. Por exemplo, em Romanos 8:28, é dito que "Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus". Em outras palavras, mesmo que o mal e o sofrimento possam estar presentes na vida de um cristão, Deus pode usá- los para trazer um bem maior. Além disso, a própria morte de Jesus na cruz é vista pelos cristãos como um exemplo de como Deus pode usar o sofrimento para cumprir Seus propósitos. Em Filipenses 2:8, é dito que Jesus "se humilhou a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz". A morte de Jesus na cruz é vista pelos cristãos como um ato de amor supremo, no qual Jesus sofreu para redimir a humanidade dos seus pecados. Essa ideia de que Deus pode usar o sofrimento para cumprir Seus propósitos pode ser vista também na vida de diversos personagens bíblicos. Por exemplo, a história de José, filho de Jacó, em Gênesis 37-50, mostra como Deus usou a inveja e a traição de seus irmãos para colocá-lo em uma posição de autoridade no Egito, onde Cristianismo | O Início de Tudo www.cenes.com.br | 7 ele pôde salvar sua família da fome. Da mesma forma, a história de Jó, em Jó 1-42, mostra como Deus permitiu que Satanás causasse sofrimento em Jó, mas no final usou esse sofrimento para ensinar a Jó e seus amigos sobre a natureza de Deus e Seus propósitos. No entanto, é importante ressaltar que isso não significa que os cristãos devem buscar o sofrimento ou se alegrar com ele. Na verdade, a Bíblia cristã encoraja os cristãos a buscar a paz e a evitar o mal sempre que possível. Em Romanos 12:18, é dito que "se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". E em 1 Tessalonicenses 5:22, é dito que os cristãos devem "abstêm-se de toda forma de mal". Em resumo, os cristãos acreditam que Deus pode usar o sofrimento para cumprir Seus propósitos, mas isso não significa que eles devam buscar o sofrimento ou se alegrar com ele. Em vez disso, os cristãos devem buscar a paz e evitar o mal sempre que possível, confiando que Deus pode trazer bem do mal. Seguindo, o período de início da Patrística não possui uma data precisa, mas é caracterizado como uma transição a partir da segunda metade do século I, quando o texto bíblico foi escrito, e é marcado pelo surgimento dos pais e mães da Igreja Primitiva. Um marco inicial pode ser a instrução Didaquê, datada aproximadamente do ano 90. Além do tempo histórico, outros elementos caracterizam este período, como a distinção entre a igreja do Oriente e do Ocidente. Os Padres da Igreja exercem uma função perene e todo anúncio e magistério seguinte deve ser confrontado com o ensinamento deles. Os Padres apostólicos, pertencentes à primeira e segunda geração da Igreja após os apóstolos, são considerados cristãos de grande santidade e teólogos místicos. Eles sentiam a necessidade de aprofundar, refletir, registrar e intercomunicar os ensinamentos e rituais das Comunidades Cristãs, além de dar testemunho diante de autoridades e confrontar hereges e adversários das comunidades cristãs. São Jerônimo é considerado autor do primeiro estudo histórico deste grupo de teólogos. No entanto, no sentido da vivência do que significa Patrística, o Grande Apóstolo Paulo é considerado o "pai da patrística", juntamente com Pedro. Paulo é um aprendiz dos Apóstolos, dos quais recebeu a herança da mensagem dos Evangelhos e, a partir dos eventos da vida de Cristo, interpreta sua mensagem para os novos convertidos. Suas pregações e escritos demonstram a verdadeira mística dos cristãos de viver o ideal de Jesus Cristo, mesmo com grande especulação filosófica e teológica. (BOGAZ, Antonio Sagrado. 2014. P. 22)Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 8 3 Contexto histórico e geográfico No ano 63 a.C., as legiões romanas invadiram a Palestina, anexando o território e estabelecendo um controle firme sobre a região. Enquanto a Roma imperial concedia alguma autonomia às suas colônias, desde que fossem submissas, pagassem seus impostos e mantivessem a ordem, os judeus resistiram à presença romana, preservando sua cultura e religião. Herodes, um líder local apoiado pelos romanos, foi coroado rei dos judeus e, em troca, a Roma ofereceu aos judeus considerável liberdade religiosa. O nascimento de Jesus ocorreu durante o reinado de Herodes, por volta do ano 6 a.C. A religião judaica era notável por sua resistência à influência estrangeira, mantendo-se em grande parte à parte do mundo romano. Os judeus recusavam-se a adorar os deuses romanos e, embora respeitassem formalmente o imperador, sua devoção estava voltada a um só Deus. A religião era baseada em tradições antigas e rigorosas, incluindo a circuncisão dos meninos pouco tempo após o nascimento, a abstenção de certos alimentos e a observância rigorosa do sábado como um dia de descanso e oração. Devido ao rigor religioso, muitos judeus tinham dificuldade em servir no exército romano, embora alguns tenham servido. A cultura e religião judaicas eram distintas e únicas, e a persistência de sua identidade cultural e religiosa sob a dominação romana foi notável. A herança cultural e religiosa de Jesus era aquela da tradição judaica da época. Para compreendermos o contexto histórico dos fatos que envolveram o nascimento do Cristianismo, precisamos compreender o contexto social, político e geográfico desse período. O mundo judaico permaneceu como uma entidade cultural e religiosa distintiva dentro do vasto Império Romano. Dificilmente outra região do império sobreviveu como uma entidade tão diferente. Esta é a "miraculosa" tenacidade da religião judaica, que persistiu ao longo dos séculos. Essa cultura e religião, herdadas por Jesus, tinham Deus como sua força motriz. Deus era considerado "O Eterno", invisível, imortal, poderoso e conhecedor, com uma capacidade imensa de sentir amor e raiva. O ser humano foi criado à imagem de Deus, dotado de livre-arbítrio e o direito de escolher entre o bem e o mal. A obediência às leis de Deus seria recompensada com ajuda divina. Os judeus eram considerados filhos de Deus, e os hinos que eles cantavam, chamados salmos, expressavam sua confiança em Deus como sua força e refúgio. Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 9 Segundo os hebreus, Deus estava em toda parte, presente no "templo sagrado" e no céu, com sua presença e conhecimento capazes de estarem em 10 mil lugares simultaneamente. A crença hebraica na perfeição e no poder divino coexistia com a compreensão da condição humana como imperfeita, capaz de praticar tanto o bem quanto o mal. A palavra "pecado" era usada para descrever a desobediência à vontade de Deus, não apenas em preceitos morais, mas também em regras formais e culturais formuladas por Moisés e registradas nos livros do Antigo Testamento. A descrença em Deus, incluindo o ateísmo e o agnosticismo, também era considerada um pecado. Embora alguns possam considerar a atitude dos judeus em relação a Deus subserviente, eles acreditavam que Deus era justo. Sua noção de justiça não se assemelhava a nada sobre a face da Terra. Deus recompensaria abundantemente aqueles que eram bons e justos, e seu amor ilimitado e eterno era citado duas dúzias de vezes no salmo 136. Por outro lado, a vingança justa de Deus recairia sobre aqueles que desobedecessem gravemente ou infringissem as regras sem se arrepender. Os judeus não aceitavam a ideia de um Deus injusto. Seu mundo seria destruído por um desastre natural ou por um conquistador estrangeiro que invadisse sua terra, acreditando terem merecido esse destino. Essas crenças judaicas foram absorvidas por Jesus desde a infância. Embora algumas delas tenham sido reformuladas por ele no final de sua curta vida, ele aceitou e sinceramente seguiu a maior parte dessas crenças. No período em que Jesus viveu, a Palestina era dividida em diversas províncias, sendo a Judeia, a Samaria e a Galileia as principais localizadas a oeste do Jordão, na região conhecida como Cisjordânia, e a Peréia e a Decápolis a leste do rio. O governante da Palestina na época era Herodes, o Grande, que obteve do Senado Romano o título de Rei dos Judeus, embora fosse conhecido por ser um homem ambicioso e cruel. Apesar disso, conseguiu conquistar a confiança dos imperadores romanos e o respeito dos judeus, sendo responsável por restaurar o Templo de Jerusalém (GALBIATTI.H. (Sup.). 1969, p.23). Este mesmo homem, foi quem ordenou a matança dos Inocentes na tentativa de eliminar Jesus ainda quando criança. As Principais cidades na narração evangélica são: • Na Judeia: Jerusalém (a Cidade Santa), Belém (onde nasceu Jesus) Ain Karin, Emaús Arimatéia, Efrém, Jericó, Betânia (a terra de Lázaro Marta e Maria); • Na Samaria: Samaria e Sicar; Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 10 • Na Galileia: Nazaré (terra de Nossa Senhora e infância de Jesus), Canaã (onde Jesus fez o primeiro milagre) Tiberíades, Magdala e Cafarnaum (terra de São Pedro). O mapa a seguir mostra a localização de cada cidade e ilustra sua importância como berço do Cristianismo na época de Herodes, o Grande, e de seu filho, Herodes Antipas, que ficou conhecido por mandar cortar a cabeça de João Batista a pedido de sua esposa Herodias. Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 11 De acordo com o evangelho de Mateus, três homens sábios ou magos que viviam em uma terra distante viram uma luz muito brilhante no céu noturno, que parecia chamá-los na direção da Palestina. Eles acreditavam que isso era um sinal do nascimento de uma criança muito importante e, por isso, recolheram alguns presentes e seguiram a estrela com a esperança, na verdade, a certeza de encontrar esse bebê extraordinário. "Vimos a estrela no Oriente e viemos adorá-lo", declararam (MATEUS, 2:1-6). Essa história foi registrada por escrito e contada e recontada ao longo dos séculos, mas com a repetição, houve algumas alterações. A criança nascida tornou-se ainda mais importante e os personagens, mais prestigiados. Assim, os três sábios transformaram-se em três reis. Somente cerca de quinhentos anos depois, eles receberam nomes. Não se sabe ao certo o local do nascimento de Jesus. Marcos, autor do primeiro evangelho sobre a vida de Jesus, não o retrata. Outros autores se referiram a Belém, uma cidadezinha que ficava a uma manhã de caminhada de Jerusalém. Como a terra natal de Davi, herói da história dos judeus, Belém representava um local apropriado para o nascimento de alguém que seria aclamado como o salvador de seu povo. O livro de Lucas relata os pais de Jesus viviam em Nazaré, mas foram obrigados a ir para Belém por causa de um censo que estava para acontecer (LUCAS, 2:1-11). Diversos estudiosos e historiadores discutem a narrativa do censo em Lucas e outras questões relacionadas à historicidade da Bíblia, parte deles concordam que a narrativa do censo em Lucas é improvável do ponto de vista histórico. Por exemplo, o historiador romano Tácito, que escreveu sobre a história da Judeia no primeiro século, não mencionou nenhum censo que poderia ter afetado a região na época do nascimento de Jesus. Além disso, é improvável que as autoridades romanas tenham exigido que as pessoas viajassem grandes distâncias para serem recenseadas, já que o objetivo de um censo era coletar impostos e não incomodar as pessoas com viagens desnecessárias. Alguns estudiosos sugerem que a narrativa do censo em Lucas pode ter sido uma tentativa de conectar Jesus à linhagemde Davi, uma vez que Belém era a cidade natal de Davi. Outros argumentam que a história pode ter sido usada para destacar o papel de Jesus como salvador do povo judeu, nascido em um lugar simbolicamente importante. Em qualquer caso, a narrativa bíblica do censo é vista por muitos estudiosos como uma representação simbólica, em vez de um relato histórico preciso. Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 12 A cidade de Nazaré, situada na região da Galileia, é considerada por alguns como um possível local de nascimento de Jesus. O termo "nazareno" era utilizado para se referir aos seguidores de Jesus, e o próprio Jesus é descrito no Novo Testamento como "o Nazareno". Apesar de muitas pesquisas, os estudiosos modernos da Bíblia ainda não chegaram a um consenso sobre o local exato de seu nascimento. Os pais de Jesus eram José e Maria, embora Maria tenha se destacado mais na tradição cristã ao longo dos séculos. Além disso, diversas passagens bíblicas apontam que Jesus tinha irmãos, [...] Nisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo. Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora à tua procura” (MARCOS 3:31;32; MATEUS 12:46;47; LUCAS 8:19;20). [...] Depois disto, desceu ele para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias” (JOÃO, 2:12). [...] Dirigiram-se, pois, a ele os seus irmãos e lhe disseram: Deixa este lugar e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele (JOÃO, 7:3-5). Embora alguns estudiosos argumentem que essas passagens não necessariamente se referem a irmãos biológicos de Jesus, mas sim a parentes mais distantes ou amigos íntimos da família, a maioria concorda que a linguagem usada no texto sugere que os irmãos mencionados eram de fato irmãos de sangue de Jesus (BAUCKHAM, 2017; BLOMBERG, 2012; BOCK, 2002). Desde cedo, Jesus frequentou a sinagoga e aprendeu os principais ensinamentos dos livros do Antigo Testamento. Ele também aprendeu a ler e escrever, habilidades que não eram muito comuns entre a população de Nazaré. Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 13 Aos doze anos, viajou com seus pais até Jerusalém para celebrar a Páscoa, a data mais importante do calendário judaico. Na cidade, ele teve a oportunidade de ouvir ensinamentos de vários rabinos e a leitura de textos sagrados no templo. Seus pais o perderam de vista, mas o encontraram mais tarde "sentado entre os mestres, escutando-os e fazendo perguntas" com notável autoridade, explicando seu desaparecimento com a frase: "Não sabiam que eu deveria estar na casa do meu Pai?" (LUCAS, 2:41-52). Jesus trabalhou como carpinteiro e provavelmente aprendeu a trabalhar com pedra também. Presume-se que tenha produzido artigos de madeira para uso doméstico e equipamentos agrícolas como cangas, arados, portas, portões, cercas e celeiros espaçosos para os agricultores da região. Seu trabalho artesanal em pedra e madeira provavelmente lhe rendeu mais dinheiro do que a maioria dos trabalhos comuns da época (ALVAREZ, 2017; ORTEBERG, 2016; BLAINEY, 2012). Por volta dos anos 27 e 28 d.C., Jesus já estava profundamente envolvido com questões religiosas e políticas da época e logo pessoas que compartilhavam suas ideias começaram a segui-lo. Após algum tempo, ele tinha doze discípulos – remetendo às doze tribos de Israel. A maioria desses seguidores vivia perto do Mar da Galileia e alguns deles haviam sido discípulos de João Batista, que pregava ao longo do rio Jordão, que pregava uma antiga profecia segundo a qual Deus enviaria um novo rei Davi para libertar a Palestina do domínio estrangeiro. Essa profecia era mencionada no Antigo Testamento, que contém várias referências esparsas a grandes expectativas sobre a vinda de um salvador. Os evangelhos sinóticos relatam que Jesus também foi batizado por João Batista, provavelmente por imersão total no rio Jordão, enquanto bênçãos sagradas eram proferidas (MATEUS, 3:13-17; MARCOS 1:9-11; LUCAS 3:21-22). Esse episódio foi um marco na vida de Jesus, pois estava declarado que ele, e não seu primo João, era o filho de Deus. Não se sabe ao certo o local exato do batismo de Jesus, mas esse evento seria lembrado por muito tempo e, com o avanço do cristianismo, em poucos séculos o rio Jordão se tornaria o mais famoso dos rios no imaginário ocidental. Os registros das palavras proferidas por Jesus revelam claramente a história da vida rural na Palestina, da qual repetidamente retira parábolas que refletem ensinamentos morais e religiosos. A oração do Pai Nosso, proferida durante o Sermão da Montanha, apresenta um dos principais conceitos abordados por Jesus: “um reino governado pelo amor e pela misericórdia de Deus. A ideia já existia no coração de Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 14 muita gente, tanto na Palestina como em outros lugares, mas representava também um tempo que estava por vir” (BLAINEY 2015, p. 23). A sua transgressão do repouso sabático também se destaca nas escrituras. Por várias vezes, Jesus cura em dia de sábado, reivindicando a necessidade imperiosa de salvar vidas (Mc 3,4). Quando Jesus comenta a Torá (a Lei), a coletânea das prescrições divinas, o imperativo do amor ao outro desvaloriza todas as outras prescrições; até o rito sacrificial no Templo de Jerusalém deve ser interrompido perante a exigência de se reconciliar com o seu adversário (Mt 5,23-23). Em suma: tanto as curas como a leitura da Tora participam num estado de urgência provocado pela iminência da vinda de Deus. Jesus está convencido de que, dentro de pouco tempo, acontecerá a vinda de Deus que, com o seu julgamento, suprimirá todas as causas de sofrimento e reunirá os seus à sua volta, nada mais importa senão chamar à conversão. Os Evangelhos e o Talmude judeu falam concordantemente da tolerância chocante de Jesus quanto às suas atitudes e amizades. Tornou-se solidário com todas as categorias (CORBIN, 2009, p. 138) Para os judeus, o Messias não seria um Deus de amor, mas deveria ter liderança política. Eles esperavam um restaurador que lutasse contra a opressão, mas seria um líder terreno e não Divino. Os judeus esperavam um messias que reconquistasse o esplendor de Israel. Não foi a revolução que queriam, pois Jesus pregava a conversão, o amor, a paz e um novo tempo em Deus. Todos já sabiam qual era o Reino que Ele buscava e a serviço de quem Ele estava. Jesus ampliava, por um lado, a admiração, mas por outro o ódio daqueles que mais tarde seriam seus algozes. O apelo para seguir Jesus começa a quebrar as sociedades mais intocáveis: já não há necessidade de despedir-se dos seus nem de cuidar das exéquias do seu pai (Lc 9,59-62). Este atentado aos escritos funerários e aos deveres familiares deve ter sido considerado totalmente indecente, escandaloso. Outro sinal de urgência: a necessidade de anunciar o Reino de Deus é tão imperiosa que os seus discípulos recebem a ordem de ir dar testemunho sem levar alforge nem sandálias nem saudar ninguém pelo caminho (Lc 10,4) (CORBIN, 2009, p. 136). Não somente para os judeus, mas também para os romanos, Jesus causava espanto. Logo perceberam que Jesus estava mexendo com o cotidiano de todos, pois não tinha medo de defender os que sofriam por causa dos poderosos. Neste sentido, toda elite econômica e religiosa estava buscando caminhos para calar Jesus. E foi nestes fatos que eles conseguiram levar Jesus a julgamento, colocando-o como inimigo dos judeus e também do império romano. Jesus mexeu na posição de Cristianismo| Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 15 alguns privilegiados, pois ensinava, curava, amava, corrigia e anunciava o Reino, ao contrário dos rabinos da época. Segundo Blainey (2015), Jesus foi um líder político e religioso. Alguns consideram que ele defendia os pobres contra os ricos, a Galileia rural, contra a elite de Jerusalém e o povo judeu, contra os invasores romanos. O que se percebe claramente é que tanto as autoridades judias quanto as romanas o viam como um perigo para seu prestígio ou sua autoridade, e uma possível ameaça à governabilidade nas respectivas esferas. Pôncio Pilatos, o governador romano que condenou Jesus à morte por crucificação, sabia que a Palestina era um lugar potencialmente turbulento. Cerca de 35 anos depois, uma séria revolta realmente ocorreu (BLAINEY, 2015, p. 32). Os Evangelhos sinóticos relatam a aparição de Jesus aos seus discípulos na Galileia após sua ressureição marcando a perpetuação de seus ensinamentos (Mt 28:19-20; Mc 16:15-18; Lc 24:44-49): Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mt 28:18-20). Com base no primeiro relato de aparição de Jesus Cristo em Mateus 28:19-20, podemos explorar o contexto histórico e geográfico em que a cena ocorreu. Este trecho é conhecido como a "Grande Comissão", quando Jesus dá instruções finais a seus discípulos antes de sua ascensão aos céus. O versículo 19 começa com as palavras "Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações...", que se tornaram uma das mais conhecidas e citadas passagens da Bíblia. Para entender o contexto histórico e geográfico da Grande Comissão, é importante saber que a Palestina, a região onde Jesus viveu e realizou sua pregação, era parte do Império Romano na época. No ano 63 a.C., o general romano Pompeu Cristianismo | Contexto histórico e geográfico www.cenes.com.br | 16 conquistou Jerusalém, e a partir daí, os romanos exerceram controle sobre a região, incluindo a nomeação de governadores. Durante o ministério de Jesus, ele pregou principalmente na Galileia, uma região no norte da Palestina que fazia fronteira com a Síria. Na época, a Galileia era habitada principalmente por judeus e era considerada uma região menos importante do que a Judeia, onde ficava Jerusalém, o centro religioso e político do judaísmo. No entanto, mesmo com a aparente falta de importância da Galileia, Jesus escolheu muitos de seus discípulos de lá, incluindo Pedro, Tiago e João. Após sua morte e ressurreição, Jesus se encontrou com seus discípulos novamente na Galileia, conforme descrito em Mateus 28:16: "Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha designado." Foi neste momento que ocorreu a Grande Comissão. Jesus instruiu seus discípulos a fazerem discípulos de todas as nações e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa instrução indicava que o evangelho não era apenas para os judeus, mas para todas as pessoas de todas as nações. O trecho também enfatiza a importância do batismo na fé cristã. O batismo era uma prática comum entre os judeus, mas a instrução de Jesus de batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo é uma indicação clara da doutrina da Trindade, que se tornou um dos principais pilares da teologia cristã. Além disso, o trecho também enfatiza a importância de ensinar e obedecer aos mandamentos de Jesus. Ele diz: "Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado." Isso indica que o evangelismo não é suficiente; os convertidos devem ser discipulados e instruídos nos ensinamentos de Jesus. O contexto histórico e geográfico do primeiro relato de aparição de Jesus em Mateus 28:19-20 é crucial para entender a mensagem central da passagem. Jesus instruiu seus discípulos a fazerem discípulos de todas as nações, enfatizando a universalidade da mensagem do evangelho e a importância do batismo e do ensino dos dogmas cristãos. Em resumo, a história da aparição de Jesus aos discípulos em Mateus 28:19-20 é um dos eventos mais significativos na tradição cristã. A partir deste relato, os discípulos foram encarregados de levar a mensagem do evangelho a todo o mundo, uma tarefa que continua até hoje para os cristãos em todo o mundo. Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 17 Além disso, este evento também é importante no contexto histórico e geográfico do tempo de Jesus. A Judeia era então uma província romana, governada por Pôncio Pilatos, e a região estava dividida entre diferentes grupos religiosos e políticos, como os fariseus, saduceus, essênios e zelotes. O judaísmo era a religião dominante e os romanos eram vistos como opressores estrangeiros pelos judeus. Jesus foi crucificado pelos romanos por sua mensagem de amor e compaixão, mas sua morte não foi o fim. Seu retorno triunfal aos discípulos e sua mensagem de paz e redenção continuam a influenciar os cristãos em todo o mundo. A mensagem central de Mateus 28:19-20 é a Grande Comissão, que é a tarefa de levar o evangelho a todas as nações e batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa mensagem foi cumprida pelos apóstolos e seus seguidores, e continua a ser uma missão importante para os cristãos hoje. Muitas denominações cristãs enviam missionários para outros países e muitos cristãos participam de missões em suas comunidades locais. Essa mensagem também tem implicações para a compreensão da natureza de Deus. A doutrina da Trindade é claramente expressa em Mateus 28:19-20, com a menção do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa doutrina afirma que Deus é uma unidade de três pessoas distintas, cada uma com sua própria personalidade e vontade, mas uma em essência. Essa doutrina tem sido alvo de debates e discussões ao longo da história cristã, mas continua sendo uma crença central para a maioria das denominações cristãs. Em conclusão, a história da aparição de Jesus aos discípulos em Mateus 28:19- 20 é uma parte fundamental da tradição cristã. Esse evento foi importante tanto no contexto histórico e geográfico do tempo de Jesus quanto para a compreensão da natureza de Deus. A Grande Comissão continua a ser uma tarefa importante para os cristãos em todo o mundo, e a doutrina da Trindade continua a ser uma crença central para a maioria das denominações cristãs. A mensagem de amor e compaixão de Jesus continua a inspirar os cristãos em todo o mundo, e sua influência continua a ser sentida em muitos aspectos da sociedade e da cultura ocidental. 4 O Cristianismo Primitivo Foi na língua aramaica que o Evangelho foi espalhado oralmente. O Cristianismo Primitivo, que aconteceu após Ressurreição de Jesus, ficou conhecido pelo mundo pelo testemunho dos Apóstolos e de todos os que haviam convivido com Jesus. Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 18 Oralmente e em aramaico, a mensagem foi espalhada. Na época de Jesus o Hebraico já não era mais usado, por isso o aramaico ganhou força e se estabeleceu como língua principal. O Cristianismo, religião que teve sua origem na Palestina, foi fundado por Jesus Cristo e seus discípulos, notadamente Pedro, Paulo e os 12 apóstolos. Na época, a Palestina pertencia ao Império Romano, que dominava a política e possuía um poderoso exército. A região não possuía um Estado judaico independente desde a tomada de Jerusalém por Pompeu em 63 a.C. Apesar de Augusto ter deixado o território de Herodes, após a morte deste em 37-4 a.C., para seus filhos, a Palestina era uma região desprezada, assim como seu povo. O imperador romano possuía poder ilimitado, o governo era moderadoe as províncias tinham autonomia. Durante o período do Cristianismo primitivo, que compreende os séculos I, II, III e parte do IV, os primeiros cristãos viveram sob o Império Romano e deram continuidade à obra de Jesus Cristo, fundando a Igreja e promovendo comunidades cristãs em todo o mundo. Esse período é caracterizado pela expansão do Cristianismo, apesar da oposição de líderes religiosos e do próprio Império Romano. Os primeiros cristãos enfrentaram perseguições e dificuldades em sua missão de propagar a mensagem de Jesus Cristo. Apesar disso, a religião se espalhou por todo o Império Romano, ganhando cada vez mais adeptos. As comunidades cristãs eram formadas por pessoas de diferentes classes sociais, e possuíam uma organização própria, com líderes religiosos e regras de conduta que buscavam seguir os ensinamentos de Jesus. (GONZALEZ, 2011) No final do século III, o Imperador Constantino se converteu ao Cristianismo e, a partir daí, a religião passou a ser tolerada e até mesmo incentivada pelo Estado romano. Em 325 d.C., ocorreu a abertura do Concílio de Niceia, que marcou o início de uma nova fase na história do Cristianismo, conhecida como a Idade Média. Nesse período, o Cristianismo se consolidou como a religião oficial do Império Romano e se tornou uma das principais forças políticas e culturais da Europa. A Igreja Católica passou a desempenhar um papel central na vida das pessoas, influenciando não só a religiosidade, mas também a política, a economia e a cultura em geral. Em resumo, o Cristianismo primitivo foi um período marcado pela expansão e consolidação do Cristianismo, apesar das perseguições e dificuldades enfrentadas pelos primeiros cristãos. Esse período foi fundamental para a formação da Igreja e para a propagação da mensagem de Jesus Cristo, que continua a ser seguida por Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 19 milhões de pessoas em todo o mundo até os dias de hoje. O Cristianismo, uma das religiões mais influentes do mundo, teve sua origem na Palestina do século I, onde Jesus Cristo, Pedro e Paulo foram figuras fundamentais na sua fundação e disseminação. Para entendermos melhor esse contexto, é necessário conhecer as circunstâncias históricas e geográficas em que o Cristianismo surgiu e se desenvolveu. A Palestina, onde ocorreu a primeira aparição do Cristianismo, estava sob o domínio do Império Romano desde o ano 63 a.C., quando foi conquistada pelo general romano Pompeu. No período em que Jesus viveu, a região era governada por Herodes, um rei judeu nomeado por Roma. A Palestina era uma região periférica do Império Romano, com pouca importância econômica e política. A sociedade era dividida em classes, com uma pequena elite dominante e uma grande massa de camponeses e trabalhadores pobres. O povo judeu era monoteísta e a religião judaica era a principal referência cultural e religiosa da região. Foi nesse contexto que Jesus nasceu e iniciou seu ministério. Ele foi um pregador e líder religioso que percorreu a Palestina, ensinando a mensagem de amor e justiça de Deus. Ele atraiu uma grande quantidade de seguidores, que o reconheciam como o Messias, o salvador prometido pelo Deus de Israel. Jesus foi executado pelos romanos em Jerusalém, no ano 30 ou 33 d.C., acusado de sedição e blasfêmia. Após a morte de Jesus, seus seguidores continuaram a pregar sua mensagem e formaram uma comunidade religiosa. Pedro, um dos discípulos de Jesus, se tornou o líder dessa comunidade. Paulo, um judeu convertido ao Cristianismo, foi um dos mais importantes missionários e pregadores do Evangelho. Ele viajou por várias regiões do Império Romano, fundando comunidades cristãs e escrevendo cartas que se tornaram parte do Novo Testamento. Os apóstolos, doze discípulos escolhidos por Jesus, também tiveram um papel importante na disseminação do Cristianismo. (ENGELS e LUXEMBURGO, 2011) O Cristianismo primitivo, como ficou conhecido esse período, foi marcado pela perseguição aos cristãos por parte das autoridades romanas, que consideravam a nova religião como uma ameaça ao império e à ordem estabelecida. Apesar das perseguições, o Cristianismo continuou a crescer, atraindo cada vez mais adeptos. Entre os séculos I e IV, o Cristianismo passou por uma série de transformações e debates teológicos. As primeiras comunidades cristãs se organizaram em torno de líderes locais, como bispos e presbíteros. Surgiram divergências entre essas Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 20 comunidades, especialmente em relação à natureza de Jesus e à sua relação com Deus. Esses debates culminaram na convocação de concílios, como o Concílio de Niceia, em 325 d.C., que definiu os dogmas e a organização da Igreja. A disseminação do cristianismo primitivo não foi um processo fácil e foi muitas vezes marcado por perseguições e conflitos com outras religiões e sistemas políticos da época. Ainda assim, o movimento conseguiu se expandir e se consolidar como uma das principais religiões do mundo, com mais de 2 bilhões de seguidores em todo o planeta. Para entender melhor a origem e os primeiros passos do cristianismo primitivo, é importante examinar o contexto histórico e geográfico em que ele surgiu, bem como as figuras centrais envolvidas em sua fundação. Como já mencionado, a Palestina do século I era uma região dominada pelo Império Romano, que havia conquistado a região em 63 a.C. Embora os judeus mantivessem sua identidade cultural e religiosa, não havia mais um Estado judaico independente desde a tomada de Jerusalém por Pompeu. Além disso, a região era vista com desdém pelos romanos, que a consideravam culturalmente atrasada e pouco importante. Foi nesse contexto que Jesus Cristo surgiu e começou a pregar sua mensagem de amor, justiça e salvação. Embora haja divergências entre os estudiosos sobre a vida e a obra de Jesus, é amplamente aceito que ele nasceu na região da Judeia por volta do ano 4 a.C. e começou a pregar por volta dos 30 anos. Jesus atraiu um grande número de seguidores, que acreditavam em sua mensagem de que o Reino de Deus estava próximo e que todos deveriam se arrepender de seus pecados para serem salvos. (GONZALEZ, 2011) Entre os seguidores mais próximos de Jesus estavam seus discípulos, incluindo Pedro e Paulo. Pedro era um pescador da Galileia que se tornou o principal líder dos discípulos após a crucificação de Jesus. Paulo, por sua vez, inicialmente perseguiu os cristãos, mas depois se converteu após uma visão de Jesus ressuscitado e se tornou um dos principais líderes da Igreja primitiva. Ambos desempenharam um papel fundamental na difusão do cristianismo primitivo, fundando comunidades cristãs em várias partes do mundo romano. Pedro, também conhecido como Simão, foi um dos discípulos mais próximos de Jesus e considerado um dos líderes da Igreja Primitiva. Ele era pescador e foi chamado por Jesus para ser um de seus seguidores. Durante a vida de Jesus, Pedro teve momentos de fé forte, mas também negou Jesus três vezes, conforme registrado nos Evangelhos. Após a ressurreição de Jesus, Pedro tornou-se uma figura central na Igreja Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 21 Primitiva e pregou o evangelho em muitos lugares, incluindo a Palestina, a Ásia Menor e Roma. Ele foi considerado o primeiro bispo de Roma e é considerado pelos católicos romanos como o primeiro papa. Pedro foi martirizado em Roma durante a perseguição de Nero, por volta de 64 d.C., e muitas tradições afirmam que foi crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido. Paulo, também conhecido como Saulo de Tarso, era originalmente um perseguidor dos cristãos, mas teve uma experiência de conversão após uma visão de Jesus Cristo. Ele tornou-se um ardente defensor da fé cristã e pregou o evangelho em muitos lugares, incluindo a Ásia Menor, a Gréciae Roma. Paulo escreveu muitas cartas que se tornaram parte do Novo Testamento e que oferecem importantes orientações teológicas e práticas para a Igreja Primitiva. Ele foi preso em várias ocasiões por sua pregação e, segundo a tradição, foi martirizado em Roma durante a perseguição de Nero. Embora Pedro e Paulo tenham trabalhado juntos em algumas ocasiões, eles tiveram algumas divergências teológicas. Por exemplo, a carta de Paulo aos Gálatas descreve um conflito com Pedro sobre o papel da lei judaica na vida cristã. Apesar dessas diferenças, ambos foram figuras importantes na formação da Igreja Primitiva e na disseminação do cristianismo. Além disso, suas mortes também tiveram um impacto significativo na história da Igreja. A morte de Pedro em Roma e a subsequente tradição de sua liderança da Igreja de Roma ajudaram a estabelecer Roma como um centro importante do cristianismo primitivo. A morte de Paulo em Roma também teve um impacto significativo, já que ele era uma das figuras mais importantes da Igreja e suas cartas se tornaram uma parte fundamental do Novo Testamento. Em resumo, Pedro e Paulo são duas figuras importantes do Cristianismo primitivo, que desempenharam um papel fundamental na disseminação da fé cristã e ajudaram a estabelecer as bases teológicas e práticas da Igreja Primitiva. A disseminação do cristianismo primitivo não foi um processo linear, e foi muitas vezes marcada por conflitos e perseguições. A religião cristã era vista com desconfiança pelas autoridades romanas, que viam nela uma ameaça à estabilidade política e social do Império. Muitos cristãos foram perseguidos, presos e executados, incluindo Pedro e Paulo, que foram mortos durante o reinado do imperador Nero. Apesar dessas dificuldades, o cristianismo primitivo conseguiu sobreviver e se expandir. A partir do século IV, tornou-se a religião oficial do Império Romano, e a Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 22 Igreja Católica se tornou uma das instituições mais poderosas e influentes do mundo ocidental. Hoje, o cristianismo é a religião com mais seguidores em todo o mundo e continua a exercer um impacto significativo na cultura e na sociedade em todo o mundo. O contexto histórico e geográfico da época em que o cristianismo teve suas primeiras aparições é fundamental para entender como a religião se desenvolveu. A Palestina estava sob domínio romano desde 63 a.C., e a religião judaica era uma das religiões que coexistiam na região. A religião judaica, no entanto, tinha uma relação complexa com o Império Romano. A região era governada por um rei judeu, que exercia o poder com o aval dos romanos, e havia uma tensão constante entre a liderança judaica e o domínio romano. (GONZALEZ, 2011) Foi nesse contexto que Jesus nasceu e iniciou seu ministério. Ele pregou a mensagem do Reino de Deus e reuniu seguidores que se tornariam seus discípulos. Ele foi crucificado pelos romanos sob a acusação de sedição, mas seus ensinamentos continuaram a ser propagados pelos discípulos, que acreditavam que ele havia ressuscitado dos mortos. O cristianismo primitivo se desenvolveu em meio a um contexto de tensão entre os seguidores de Jesus e as autoridades romanas. Os primeiros cristãos eram frequentemente perseguidos e muitos foram martirizados por sua fé. No entanto, a religião continuou a crescer, e com o tempo se tornaria a religião oficial do Império Romano sob o imperador Constantino. Em resumo, a origem do cristianismo se deu na Palestina no século I, tendo sido fundado por Jesus e seus discípulos, notadamente Pedro e Paulo. A religião se desenvolveu em meio a um contexto de tensão com as autoridades romanas, e se espalhou pelo mundo greco-romano graças ao trabalho dos apóstolos. A compreensão do contexto histórico e geográfico é fundamental para entender como o cristianismo primitivo se desenvolveu e se tornou a religião que conhecemos hoje. Nesse contexto, os primeiros cristãos viveram em um contexto histórico e social marcado pela diversidade de culturas, religiões e sistemas políticos. A maioria deles era de origem humilde e trabalhava como artesãos, pescadores, agricultores e outros ofícios modestos. Essa diversidade social é destacada por Paulo quando ele diz que Deus não escolheu muitos sábios, poderosos ou nobres, mas preferiu os fracos, os humildes e os menosprezados do mundo para serem seus seguidores (1 Coríntios 1:26-28). Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 23 Esses primeiros cristãos foram perseguidos e marginalizados pela sociedade romana, que os considerava uma seita perigosa e subversiva. Os cristãos eram acusados de ateísmo, já que não adoravam os deuses pagãos, e de canibalismo, já que supostamente comiam o corpo e o sangue de Jesus durante a celebração da Eucaristia. Além disso, o cristianismo era visto como uma ameaça à ordem social estabelecida, já que pregava a igualdade entre os homens e a submissão somente a Deus. Os primeiros cristãos também enfrentaram conflitos internos. Desde o início, houve divergências teológicas e doutrinárias entre os apóstolos e os líderes das diversas comunidades cristãs. Por exemplo, Paulo teve que enfrentar a oposição dos judeu-cristãos, que acreditavam que a adesão ao cristianismo exigia a observância estrita das leis e tradições judaicas, incluindo a circuncisão (Gálatas 2:11-21). Apesar dessas dificuldades, o cristianismo cresceu rapidamente, especialmente nas cidades cosmopolitas do Império Romano. Os primeiros cristãos eram conhecidos por sua solidariedade e generosidade, e muitos pagãos foram atraídos para o cristianismo por causa desses valores. Além disso, a mensagem cristã de amor, perdão e salvação pessoal era altamente atraente para as pessoas que viviam em um mundo violento, injusto e incerto. No entanto, a realidade dos primeiros cristãos era complexa e multifacetada. Embora a maioria dos cristãos vivesse em comunidades modestas e humildes, alguns eram membros da elite social e política. Por exemplo, a mãe de Constantino, o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo, era uma cristã devota, e muitos dos primeiros cristãos eram soldados, funcionários públicos ou comerciantes ricos. Esses cristãos ricos e influentes muitas vezes se envolviam em conflitos e disputas por poder e influência dentro da igreja. Ademais, apesar da rápida propagação do cristianismo pelo mundo, o processo de desenvolvimento da fé cristã e sua disseminação não foram uniformes, uma vez que houve divergências teológicas e políticas que levaram à formação de diferentes vertentes cristãs. A história do desenvolvimento do cristianismo é extremamente complexa e multifacetada, mas podemos identificar alguns marcos importantes. O primeiro deles é a vida e obra de Jesus de Nazaré, cuja pregação do Reino de Deus e a convocação para a conversão foram o ponto de partida para o movimento cristão. Após a morte de Jesus, seus discípulos continuaram a pregar sua mensagem e a formar comunidades de fiéis. Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 24 A vida e obra de Jesus de Nazaré é um tema central para a compreensão do desenvolvimento da fé cristã. Jesus foi um judeu que viveu na Palestina no século I d.C. e sua pregação do Reino de Deus e a convocação para a conversão foram fundamentais para o início do movimento cristão. Ele rejeitou muitos dos ensinamentos e práticas do judaísmo contemporâneo e, em vez disso, enfatizou a importância do amor e da misericórdia. Após a morte de Jesus, seus discípulos continuaram a pregar sua mensagem e a formar comunidades de fiéis. Essas comunidades, conhecidas como igrejas, eram frequentemente lideradas por um bispo ou presbítero, e tinham como objetivo ensinar e praticar os ensinamentos de Jesus. Os primeiros cristãos enfrentaram muitos desafios, incluindo perseguição e discriminaçãopor parte do Império Romano e de outras religiões. No entanto, a fé cristã se espalhou rapidamente durante os primeiros séculos, principalmente por meio da pregação dos apóstolos e de seus seguidores. A partir do século IV, o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, o que contribuiu significativamente para sua disseminação. No entanto, é importante ressaltar que, embora os cristãos compartilhassem a mesma fé em Jesus Cristo, havia muitas diferenças entre as comunidades cristãs em termos de crenças e práticas. Por exemplo, os cristãos orientais, como os coptas e os nestorianos, possuíam crenças distintas daquelas dos cristãos ocidentais, como os católicos e os protestantes. Além disso, houve muitas disputas e divisões ao longo da história da Igreja, incluindo o Cisma do Oriente e do Ocidente em 1054 e a Reforma Protestante no século XVI. Mesmo hoje, há muitas denominações cristãs diferentes, cada uma com suas próprias tradições e crenças. (VERDETE, 2009) Em resumo, o desenvolvimento da fé cristã foi um processo complexo e multifacetado, que envolveu a vida e obra de Jesus de Nazaré, a pregação dos apóstolos e seus seguidores, e a disseminação por meio de igrejas e comunidades cristãs em todo o mundo. Embora houvesse diferenças significativas entre essas comunidades, todas compartilhavam a mesma fé em Jesus Cristo como Salvador. Um segundo marco importante na história do cristianismo é a conversão do imperador romano Constantino, no início do século IV. A partir desse momento, o cristianismo deixou de ser uma religião marginal e passou a ser protegido e fomentado pelo poder imperial. Esse processo culminou no Concílio de Niceia, em Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 25 325, que definiu a doutrina da Trindade e estabeleceu a base teológica para o cristianismo ortodoxo. Outro marco importante na história do cristianismo foi a Reforma Protestante, no século XVI, liderada por Martinho Lutero. Esse movimento questionou a autoridade da Igreja Católica Romana e promoveu uma volta às escrituras sagradas como a base da fé cristã. A Reforma culminou na formação de diversas igrejas protestantes, que se espalharam pelo mundo, mas isso é assunto para outra hora, pois estudaremos à frente. No processo de disseminação do cristianismo pelo mundo, houve diferentes formas de propagação. Alguns foram por meio do comércio, como os missionários portugueses que levaram a fé cristã às Américas e África, enquanto outros foram por meio de conquista militar, como os espanhóis na América Latina. Além disso, houve também o trabalho de missionários, como São Francisco Xavier no Japão, que tentou converter os japoneses ao cristianismo. No entanto, a difusão da fé cristã não foi uniforme, pois houve resistência e oposição em muitas partes do mundo. Na Índia, por exemplo, onde havia uma rica tradição religiosa e filosófica, o cristianismo enfrentou dificuldades em se estabelecer. O mesmo ocorreu em países de tradição islâmica, onde a conversão ao cristianismo era vista como uma traição. Além disso, a própria diversidade teológica do cristianismo levou à formação de diferentes vertentes. As principais são o cristianismo ortodoxo, o catolicismo romano e o protestantismo, que possuem diferenças doutrinárias e litúrgicas significativas. Mesmo dentro dessas vertentes, há variações e diferenças regionais que tornam a fé cristã um fenômeno multifacetado. Em resumo, o desenvolvimento e disseminação do cristianismo foram processos complexos e multifacetados, que envolveram fatores políticos, sociais e religiosos. Essas diferenças teológicas e práticas, muitas vezes relacionadas à interpretação das Escrituras, geraram conflitos e divisões entre os cristãos, e foram abordadas em concílios ecumênicos como o Concílio de Niceia (325 d.C.), o Concílio de Éfeso (431 d.C.) e o Concílio de Calcedônia (451 d.C.). Esses concílios procuraram estabelecer uma doutrina cristã unificada e reconhecer a autoridade de líderes religiosos como o Papa em Roma e o Patriarca de Constantinopla. Apesar desses esforços para estabelecer uma ortodoxia cristã, ainda existiam muitas diferenças entre as igrejas cristãs ao redor do mundo. Alguns dos fatores que Cristianismo | O Cristianismo Primitivo www.cenes.com.br | 26 contribuíram para essa diversidade incluem as diferenças culturais, linguísticas e políticas entre as diversas regiões do mundo, bem como as diferentes interpretações das Escrituras e a influência de filósofos e pensadores locais. Algumas das igrejas cristãs que surgiram fora do Império Romano incluem a Igreja Ortodoxa Oriental, a Igreja Copta, a Igreja Etíope e a Igreja Armênia. Ao longo dos séculos, a fé cristã continuou a se espalhar por todo o mundo, influenciando a cultura, a política e a sociedade em muitos lugares. Hoje, existem cerca de 2,4 bilhões de cristãos no mundo, pertencentes a várias denominações e tradições cristãs. A diversidade teológica e cultural entre esses cristãos continua a ser um tema importante de discussão e debate, e muitos esforços estão sendo feitos para promover a unidade e a compreensão mútua entre as diversas tradições cristãs. De fato, o desenvolvimento da fé cristã foi um processo complexo e que envolveu diversos fatores históricos, políticos e culturais ao longo dos séculos. Desde os primeiros cristãos até os dias de hoje, houve muitas mudanças na forma como a religião foi praticada e interpretada, e a diversidade de crenças e práticas entre os cristãos em diferentes épocas e regiões do mundo é notável. No início, a propagação da fé cristã era feita principalmente por meio da pregação dos apóstolos e seus seguidores. Eles se reuniam em comunidades cristãs, que se espalhavam por diferentes regiões do Império Romano, muitas vezes enfrentando perseguição e hostilidade das autoridades romanas e da população pagã. Através dessas comunidades, a fé cristã se espalhou rapidamente para outras partes do mundo, e a mensagem de amor e salvação que Jesus Cristo pregou encontrou ressonância em muitos corações. Com o tempo, a Igreja cristã começou a se estruturar e a estabelecer suas próprias instituições e hierarquia. Em 313 d.C., o imperador Constantino legalizou o cristianismo e o tornou a religião oficial do Império Romano, o que permitiu que a Igreja se expandisse ainda mais e se tornasse uma instituição poderosa. No entanto, essa institucionalização também levou a conflitos internos e disputas teológicas, que culminaram em cismas e divisões entre os cristãos. Um dos principais cismas na história do cristianismo foi o Cisma do Oriente, em 1054, que resultou na separação entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental. Mais tarde, no século XVI, ocorreu a Reforma Protestante, liderada por figuras como Martinho Lutero e João Calvino, que questionaram a autoridade e a doutrina da Igreja Católica e iniciaram novas correntes religiosas, como o luteranismo e o calvinismo. (VERDETE, 2009) Cristianismo | A Igreja na Idade Média www.cenes.com.br | 27 Hoje em dia, existem muitas denominações cristãs diferentes, cada uma com suas próprias tradições e interpretações teológicas. Algumas das principais denominações são a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa, as igrejas protestantes, como os batistas, presbiterianos e metodistas, e as igrejas pentecostais e carismáticas. Apesar das diferenças entre as denominações, todos os cristãos acreditam em Jesus Cristo como o Filho de Deus e o Salvador do mundo. Eles seguem seus ensinamentos e procuram seguir seu exemplo de amor e compaixão. Embora haja diferenças na interpretação da Bíblia e na prática religiosa, a fé cristã é baseada em valores comuns, como a bondade, a justiça e o amor ao próximo. “[...] amar a Deus de todo o meu coração, de todo o meu entendimento e com todas as forças, e amar o próximocomo a mim mesmo, é mais importante do que oferecer toda espécie de sacrifícios e ofertas.” (MARCOS 12: 33) 5 A Igreja na Idade Média A Idade Média, também conhecida como período medieval, foi um período da história que se estendeu aproximadamente entre os séculos V e XV. Durante essa época, o cristianismo se tornou a religião dominante na Europa Ocidental e influenciou profundamente a cultura e a sociedade da região. Neste texto, discutiremos o contexto histórico do cristianismo na Idade Média e as mudanças sociais que ocorreram durante esse período. O cristianismo desempenhou um papel fundamental na história da Idade Média, influenciando as instituições sociais, a cultura e a política da época. A Igreja Católica Romana era a instituição religiosa mais poderosa e influente da época, tendo se tornado uma força política importante na Europa Ocidental. A hierarquia da igreja incluía o Papa, os bispos, os padres e os monges, cada um com um papel importante na vida religiosa e social da época. Durante a Idade Média, a Igreja Católica Romana desempenhou um papel fundamental na organização da sociedade. Por exemplo, as catedrais e as igrejas serviam como centros de educação, cultura e arte, além de fornecerem assistência social aos pobres e necessitados. Além disso, a Igreja Católica Romana estabeleceu um sistema legal e judicial para resolver disputas e crimes entre os membros da Cristianismo | A Igreja na Idade Média www.cenes.com.br | 28 sociedade. No entanto, nem todos os aspectos do cristianismo na Idade Média eram positivos. A igreja frequentemente usava sua influência política e religiosa para controlar a sociedade e limitar a liberdade individual. Além disso, a igreja frequentemente usava a ameaça de punição eterna para manter os fiéis sob controle e promover sua agenda política. Ao longo da Idade Média, houve mudanças significativas na sociedade e na economia que afetaram a posição e o papel da Igreja Católica Romana. Por exemplo, o crescimento do comércio e do artesanato no final do período medieval levou ao surgimento de uma nova classe social, a burguesia. Essa classe emergente desafiou a hegemonia da nobreza e da Igreja Católica Romana, o que levou a conflitos e disputas em toda a Europa. Além disso, o Renascimento, que começou no século XIV, trouxe uma nova onda de pensamento crítico e humanismo à Europa. Os artistas, cientistas e filósofos do Renascimento desafiaram a autoridade da igreja e exploraram novas ideias sobre a natureza humana e o universo. Também durante a Idade Média, houve uma série de reformas na igreja, incluindo o movimento reformista monástico liderado por São Bento e o movimento franciscano liderado por São Francisco de Assis. Essas reformas buscavam combater a corrupção e o luxo excessivo dentro da igreja e promover uma vida mais simples e ascética. Em resumo, a Idade Média foi um período de grande importância na história do cristianismo e da Europa Ocidental. O contexto histórico da Idade Média foi caracterizado por mudanças significativas nas estruturas sociais, políticas e econômicas da época. A partir do século V, com as invasões bárbaras e a queda do Império Romano do Ocidente, houve uma fragmentação política na Europa. Com isso, as instituições romanas foram gradualmente substituídas por estruturas feudais, baseadas no controle de terras e na lealdade pessoal entre senhores e vassalos. (BOUDIN, 2012) Além disso, o período foi marcado por grandes transformações sociais, como o crescimento das cidades e a emergência de uma nova classe social, a burguesia. A economia feudal baseada na agricultura cedeu lugar para uma economia de comércio e manufatura, o que possibilitou o surgimento de novas atividades econômicas e maior mobilidade social. Nesse contexto, a Igreja Católica desempenhou um papel importante na Cristianismo | A Igreja na Idade Média www.cenes.com.br | 29 manutenção da ordem social e política. A igreja era responsável por oferecer assistência espiritual às pessoas, além de prestar serviços sociais e educacionais. Ela também exerceu influência política, sendo um dos principais poderes institucionais na época. Os papas tinham grande autoridade, não apenas dentro da Igreja, mas também na sociedade em geral. Muitas vezes, eles atuavam como mediadores em conflitos políticos e religiosos, e a Igreja era frequentemente convocada para resolver disputas entre senhores feudais. Durante a Idade Média, houve também grandes mudanças no próprio cristianismo. O período foi marcado por debates teológicos, controvérsias e cismas dentro da Igreja Católica. Um dos episódios mais marcantes foi a separação entre a Igreja do Oriente e a Igreja do Ocidente, que culminou no Grande Cisma do Oriente, em 1054. Outra disputa importante foi a Reforma Gregoriana, liderada pelo papa Gregório VII no século XI, que buscou reformar a igreja e combater a simonia e o nicolaísmo. (BOUDIN, 2012) Além disso, a Idade Média viu o surgimento de diversas ordens religiosas, como os beneditinos, os franciscanos e os dominicanos, que desempenharam um papel importante na expansão do cristianismo pelo mundo. Essas ordens se dedicavam à pregação, ao ensino, à assistência social e à conversão de não-cristãos. Eles se espalharam por toda a Europa, mas também chegaram a outras partes do mundo, como a África e a América Latina. Em resumo, o contexto histórico do cristianismo na Idade Média foi marcado por mudanças significativas nas estruturas sociais, políticas e econômicas da época, bem como por mudanças e controvérsias dentro da própria Igreja Católica. Outro aspecto que impactou profundamente o contexto histórico do cristianismo na Idade Média foi a expansão do Islã, que surgiu no século VII e se espalhou rapidamente pelo Oriente Médio e Norte da África. Com a conquista árabe da Síria, Palestina e Egito, a Igreja perdeu sua posição privilegiada e muitas igrejas e mosteiros foram convertidos em mesquitas. Além disso, as Cruzadas, que ocorreram entre os séculos XI e XIII, foram uma resposta da Igreja Católica à expansão islâmica, e tiveram impacto significativo na Europa Ocidental, com a abertura de rotas comerciais e culturais entre o Oriente e o Ocidente. Nesse contexto de mudanças sociais e religiosas, o cristianismo também passou por transformações significativas na Idade Média. A Igreja Católica se consolidou como uma das principais instituições da Europa, detendo grande poder político e econômico. A religião era um aspecto central da vida das pessoas, e as práticas Cristianismo | A Igreja na Idade Média www.cenes.com.br | 30 religiosas e a devoção aos santos eram uma parte fundamental da cultura popular. Porém, a Igreja também enfrentou desafios internos, como o cisma do Oriente, que dividiu a Igreja entre a Igreja Católica no Ocidente e a Igreja Ortodoxa no Oriente. Além disso, a Reforma Protestante, iniciada no século XVI, trouxe uma série de mudanças na doutrina e nas práticas religiosas, e levou à criação de novas igrejas e à fragmentação do cristianismo ocidental. Em resumo, o contexto histórico do cristianismo na Idade Média foi marcado por profundas mudanças sociais, religiosas e políticas. O cristianismo se desenvolveu a partir de uma religião minoritária no Império Romano, e se tornou a religião dominante da Europa Ocidental. No entanto, a Igreja enfrentou desafios internos e externos ao longo desse período, e passou por transformações significativas que moldaram a história do cristianismo até os dias de hoje. Desde seus primórdios, a Igreja Cristã desenvolveu uma hierarquia para sua organização e administração. A palavra "hierarquia" vem do grego "hierarchia", que significa "governo sagrado". A hierarquia eclesiástica consiste em uma série de cargos e funções que se concentram em torno do bispo, que é o líder de uma diocese. Essa hierarquia inclui papas,cardeais, bispos, padres e diáconos, cada um com suas funções e responsabilidades específicas. (BOUDIN, 2012) A hierarquia da Igreja Católica tem suas origens no Novo Testamento, onde Jesus Cristo escolheu seus apóstolos para liderar sua Igreja. O papel de liderança foi dado a São Pedro, a quem Jesus deu a responsabilidade de ser o "rocha" sobre a qual a Igreja seria construída. Pedro se tornou o primeiro bispo de Roma e, posteriormente, o primeiro papa da Igreja Católica. Ao longo dos séculos, a hierarquia eclesiástica evoluiu e mudou, especialmente durante a Idade Média, período que se estendeu do século V ao século XV. Durante esse período, a Igreja Católica tornou-se uma das instituições mais poderosas e influentes da Europa. O Papa, como líder da Igreja, exerceu grande autoridade política e religiosa, tendo uma enorme influência sobre a sociedade e a política europeia. A hierarquia eclesiástica da Idade Média era altamente estratificada e hierárquica. O Papa era o líder máximo da Igreja Católica e exercia grande autoridade sobre bispos e clérigos. Os bispos eram responsáveis por liderar as dioceses, e os padres eram responsáveis por liderar as paróquias. Além disso, havia os diáconos, que ajudavam os padres nas suas funções e os subdiáconos, que auxiliavam os diáconos. Durante a Idade Média, a hierarquia eclesiástica também incluía os monges e os Cristianismo | A Igreja na Idade Média www.cenes.com.br | 31 frades, que viviam em comunidades religiosas. Esses homens eram responsáveis pela oração e pela contemplação, além de fornecer assistência aos necessitados. Eles eram liderados por abades e priores. A hierarquia eclesiástica da Idade Média era complexa e altamente organizada. A Igreja Católica controlava uma grande parte das terras europeias, e seus líderes exerciam um grande poder político e religioso. No entanto, essa hierarquia também era vulnerável à corrupção e ao abuso de poder. (BOUDIN, 2012) Durante a Idade Média, a Igreja Católica enfrentou muitos desafios e mudanças. A Reforma Protestante do século XVI, liderada por Martinho Lutero, questionou a autoridade da Igreja e levou à criação de muitas denominações cristãs. A Igreja Católica também enfrentou o desafio do Iluminismo do século XVIII, que promoveu o pensamento científico e racional em vez da autoridade da Igreja. Hoje, a hierarquia eclesiástica da Igreja Católica é composta por várias ordens distintas, cada uma com suas funções e responsabilidades específicas. No topo da hierarquia está o Papa, seguido pelos cardeais, arcebispos, bispos e padres. Cada um desses cargos tem suas próprias funções, que variam desde a administração de uma paróquia até a liderança de toda a Igreja. O Papa é considerado o líder espiritual da Igreja Católica, o sucessor de São Pedro e o Vigário de Cristo na Terra. É responsável pela governança da Igreja como um todo e tem autoridade sobre todos os outros cargos na hierarquia. O colégio dos cardeais, por sua vez, é responsável por aconselhar e apoiar o Papa em suas funções. A posição de cardeal é geralmente concedida a bispos e arcebispos que se destacam por seu serviço à Igreja e por sua liderança em suas dioceses. Eles são responsáveis por ajudar o Papa a governar a Igreja e, em alguns casos, são escolhidos para suceder o Papa como líder da Igreja. A posição de arcebispo é geralmente concedida a bispos que lideram dioceses importantes ou que têm uma posição de liderança em uma região geográfica específica. Os bispos, por sua vez, lideram dioceses menores e são responsáveis por administrar e liderar as paróquias em sua jurisdição. Os padres, por fim, são responsáveis por liderar e administrar as paróquias da Igreja. Eles são ordenados para o ministério sacerdotal após um longo período de estudo e formação e são responsáveis por oferecer os sacramentos, pregar o evangelho e liderar a comunidade da Igreja em sua área. Cristianismo | A Igreja na Idade Média www.cenes.com.br | 32 No entanto, a hierarquia eclesiástica nem sempre foi tão estruturada como é hoje em dia. Na Idade Média, a Igreja Católica era muitas vezes vista como uma das principais instituições de poder na Europa, com muita influência sobre a política e a cultura da época. Naquela época, a hierarquia eclesiástica era composta por várias ordens distintas, incluindo monges, frades e outros clérigos que trabalhavam em várias funções em toda a Igreja. Os monges, por exemplo, viviam em mosteiros e eram responsáveis por trabalhos manuais e intelectuais, como copiar manuscritos e produzir alimentos para a comunidade. Os frades, por sua vez, eram membros de ordens religiosas que trabalhavam nas comunidades, pregando o evangelho e oferecendo serviços de caridade. Eles também tinham um papel importante na educação e na produção de livros e outros materiais religiosos. Ao longo do tempo, a hierarquia eclesiástica mudou e evoluiu, mas a Igreja Católica permaneceu uma das principais instituições de poder na Europa e em todo o mundo. A hierarquia eclesiástica da Igreja continua a evoluir e mudar, mas a Igreja permanece uma das principais vozes morais e espirituais do mundo. Através dos tempos, a hierarquia da Igreja tem desempenhado um papel importante na organização e direção da Igreja. A hierarquia é composta por bispos, padres e diáconos, cada um com suas funções e responsabilidades específicas. A hierarquia eclesiástica da Igreja na Idade Média foi extremamente influente e moldou a sociedade e a cultura da época. (BOUDIN, 2012) A hierarquia na Idade Média foi composta por papas, bispos, arcebispos, padres e monges. O papa era o líder máximo da Igreja, tendo poderes espirituais e temporais. Os bispos e arcebispos eram responsáveis por governar dioceses e arquidioceses, respectivamente. Os padres e monges eram responsáveis pela realização de sacramentos e pregação do Evangelho. A hierarquia eclesiástica da Idade Média exerceu grande influência sobre a sociedade medieval, já que a Igreja era a principal instituição em muitos aspectos da vida, desde a educação até a assistência aos pobres. A Igreja possuía vastas propriedades e recursos, controlando grande parte da riqueza e da terra do período. Além disso, a Igreja exercia uma grande influência sobre as decisões políticas e sociais da época. No entanto, a hierarquia da Igreja na Idade Média não estava isenta de corrupção Cristianismo | A Igreja na Idade Média www.cenes.com.br | 33 e abusos de poder. O papado foi muitas vezes objeto de disputas políticas e o poder da Igreja foi frequentemente mal utilizado em benefício próprio. As cruzadas e a Inquisição são exemplos de momentos em que a hierarquia da Igreja na Idade Média agiu com violência e crueldade. Apesar das falhas da hierarquia eclesiástica na Idade Média, a Igreja continuou a desempenhar um papel importante na sociedade e na história europeia. A Reforma Protestante do século XVI trouxe mudanças significativas na estrutura da Igreja, mas a hierarquia e a influência da Igreja Católica permanecem até os dias atuais. 5.1 Guerras Santas e Cruzadas Durante a Idade Média, a Europa Ocidental viveu uma época de intensa devoção religiosa, especialmente no cristianismo. Em meio a essa fervorosa atmosfera, surgiu um fenômeno que marcaria profundamente a história do continente: as guerras santas e cruzadas. As guerras santas, também conhecidas como "jihads" no islamismo, são conflitos armados que têm como objetivo defender ou expandir o território e a fé religiosa de uma determinada comunidade. Já as cruzadas foram expedições militares organizadas pela Igreja Católica com o intuito de reconquistar a Terra Santa (Jerusalém e regiões adjacentes) das mãos dos muçulmanos. O contexto social e religioso da época das cruzadas era extremamente complexo e marcado por tensões. Em primeiro lugar, havia o fato de que Jerusalém, considerada
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