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SUMÁRIO
	1. INTRODUÇÃO	3
	2. CONCEITO DE DIREITO PENAL	4
3. CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO PENAL E SUAS RELAÇÕES COM 
	 OUTROS RAMOS	4
	 I. Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo	4
	 II. Direito Penal Comum e Direito Penal Especial	5
	 III. Direito Penal Fundamental e Direito Penal Complementar	5
	 IV. Caráter Dogmático	5
	 IV. Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo	6
	4. CRIME – Conceito	6
	 4.1 Conceito Material de Crime	6
	 4.2. Conceito Formal de Crime	6
	5. ANÁLISE E CARACTERES DO CRIME SOB O ASPECTO FORMAL	7
	 5.1. Caracteres do crime sob o aspecto formal	7
	 5.2 Fato Típico: Conduta,Resultado, Nexo Causal e Tipicidade	 7
	6. ANTIJURIDICIDADE	12
	7. CULPABILIDADE	13
	 7.1 Grau de Culpabilidade	 13
	 7.2 Elementos da Culpabilidade	 14
	8. SUJEITOS: ATIVO E PASSIVO	14
	 8.1 Sujeito ativo	14
	 8.2 Sujeito passivo 	15
	9. CAPACIDADE PENAL	16
	 9.1 Da Capacidade Penal das Pessoas Jurídicas	16
	 9.2. Da Capacidade Especial do Sujeito Ativo	16
	 9.3. Da Capacidade Penal em Face das Normas Permissivas	17
	 9.4. Do sujeito passivo do crime	17
 9.5 A Questão do Incapaz, da Pessoa Jurídica, da Morte, dos Animais e 
	 Coisas Inanimadas	17
	 9.6 Sujeito Passivo e Prejudicado Pelo Crime	18 
	 9.7 Do Objeto do Delito	19
	 9.8 Do Título do Delito (nomen juris)	19
	10. OBJETOS DO CRIME	19
	 10.1. Objeto Jurídico	19
	 10.2. Objeto Material	19
	11. TIPO PENAL	20
	11.1. Conceito e Importância do Tipo	20
	11.2. Da Adequação Típica e suas Formas	20
	11.3. Elementos do Tipo	21
	12. CONCLUSÃO	22
REFERÊNCIA
 1. INTRODUÇÃO
O Direito Penal passou por várias fases de evolução, sofrendo influência do direito romano, grego, canônico, e também de outras escolas como a clássica, positiva, etc., e essas influências servem de base para o nosso Direito Penal, justificando procedimentos atuais dentro do Direito Penal moderno , como a criação dos princípios penais sobre o erro, culpa, dolo, etc., o que resulta na importância do conhecimento histórico.
Tradicionalmente, entende-se que o Direito Penal visa a proteger os bens jurídicos fundamentais (todo valor reconhecido pelo direito). No crime de furto, por exemplo, o resultado é representado pela ofensa ao bem jurídico "patrimônio"; no homicídio, há lesão ao valor jurídico "vida humana"; na coação, uma violação à liberdade individual. Essa seria a tríade fundamental de bens jurídicos tutelados coativamente pelo Estado: vida, liberdade e propriedade.
Além de tentar proteger os bens jurídicos vitais para a sociedade, normalmente entende-se que o direito penal garante os direitos da pessoa humana frente ao poder punitivo do Estado. Esta forma de encarar as funções do direito penal vem da velha tradição liberal, muito bem explicitada pelo penalista espanhol Dorado Montero. Ainda que se duvide dessa função garantista, deve ela ser levada em conta na formulação das normas penais, a fim de poder evitar que o Estado de Polícia se manifeste e se sobreponha ao Estado de Direito. Como diz Zaffaroni, em toda ordem jurídica, ainda que democrática, o Estado de Polícia está sempre presente e pode conduzir, a qualquer momento, a um regime autoritário em detrimento das liberdades humanas.
 2. CONCEITO DE DIREITO PENAL
O Direito Penal, também chamado de Direito Criminal, é o conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de segurança e é o ramo do Direito Público dedicado às normas emanadas pelo legislador. Direito Penal visa a proteger os bens jurídicos fundamentais (todo valor reconhecido pelo direito)
O direito penal tem um caráter fragmentário, pois não encerra um sistema exaustivo de proteção aos bens jurídicos, mas apenas elege, conforme o critério do “merecimento da pena”, determinados pontos essenciais. Pode-se dizer que o fim do direito penal é a proteção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patrimônio, etc.).
Além de tentar proteger os bens jurídicos vitais para a sociedade, normalmente entende-se que o direito penal garante os direitos da pessoa humana frente ao poder punitivo do Estado. Ainda que se duvide dessa função garantista, deve ela ser levada em conta na formulação das normas penais, a fim de poder evitar que o Estado de Polícia se manifeste e se sobreponha ao Estado de Direito.
 3. CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO PENAL E SUAS RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS
 I. DIREITO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO
As noções de Direito Objetivo e Subjetivo decorrem do fato de o Direito, através da determinação de normas, regular as condutas humanas e outorgar a alguém o poder de exercê-lo.
O Direito Penal Objetivo, é o próprio ordenamento jurídico-penal, correspondendo à sua definição. De notar-se que o Direito Penal Subjetivo - o direito de punir do Estado - tem limites no próprio Direito Penal Objetivo.
O Direito Penal Subjetivo, por outro lado, é o direito que tem o Estado resultante de sua soberana competência de punir aquele que praticou um crime, com base nas normas penais ou nos limites do direito penal objetivo. Esse direito de punir é denominado de ius puniendi. Tão somente o Estado, pelos seus órgãos competentes, poderá punir. A ninguém é lícito fazer justiça pelas suas próprias mãos, sendo permitido ao cidadão apenas invocar a aplicação da lei penal quando se sentir prejudicado.
 II. DIREITO PENAL COMUM E DIREITO PENAL ESPECIAL
Os autores diferenciam o Direito Penal Comum do Direito Penal Especial. O primeiro se aplica a todos os cidadãos, ao passo que o segundo tem o seu campo de incidência adstrito a uma classe de cidadãos, conforme sua particular qualidade.
Zaffaroni e Pierangeli mencionam que “o Direito Penal Comum ou Ordinário é o que se completa com o Código Penal e com as leis especiais que se remetem às disposições da parte geral do Código Penal; direitos penais especiais aqueles que, sem deixar de ser direito penal, modificam os princípios da parte geral em razão de exigências especiais da matéria punível, como, por exemplo, o direito penal militar e o contravencional” (Manual, p. 123). Assim, normas penais especiais são àquelas que prescindem da aplicação das regras gerais do Código Penal, pois possuem regras próprias para seus institutos.
Deve-se apenas observar que a justiça comum possui varas especializadas, como, por exemplo, vara da infância e juventude, e isso, pelo presente critério, não significa que as normas do código dos menores sejam especiais
Porém, entendemos que a diferenciação deva restar fundada na direção de aplicação das normas comuns e especiais, isto é, será Comum o Direito Penal quando dirigido à generalidade das pessoas e, Especial, quando direcionado a um grupo que carece de um direito diferenciado, como, por exemplo, os militares e os menores.
 III. DIREITO PENAL FUNDAMENTAL E DIREITO PENAL COMPLEMENTAR
O Direito Penal Comum pode ser Fundamental (contido no próprio Código Penal) ou Complementar (aplicação dada por leis extravagantes, estando representado pelas leis que complementam o Código Penal), sendo o primeiro subsidiário ao segundo (art. 12, do CP). 
 IV. CARÁTER DOGMÁTICO
O Direito Penal, como ciência jurídica, tem natureza dogmática, uma vez que as suas manifestações têm por base o direito positivo. Expõe o seu sistema através de normas jurídicas, exigindo o seu cumprimento sem reservas. A adesão aos mandamentos que o compõem se estende a todos, obrigatoriamente.
 O método do Direito Penal é o técnico-jurídico, que permite a "pronta realizabilidade do Direito", no dizer de Hermes Lima". Segundo assinalou Jhering, o Direito existe para realizar-se, pois a sua realização é a vida e a verdade do Direito. Chama-se método técnico-jurídico o conjunto de meios que servem para a efetivação desse objetivo.
 V. DIREITO PENAL SUBSTANTIVO E DIREITO PENAL ADJETIVO
Substantivo ou Material é o DireitoPenal propriamente dito, ou seja, o conjunto de leis que define condutas proibidas e comina suas respectivas sanções (penas ou medidas de segurança). Em sentido diverso, Direito Penal Adjetivo, Instrumental ou Processual elenca a forma de aplicação do Direito Penal Substantivo, nomeadamente por meio da investigação e da valoração judicial do crime.
 4. CRIME - Conceito
Existem quatro sistemas para a conceituação de crime: Formal; Material; Formal e material; Formal, material e sintomático.
Predominam dois sistemas: o formal e o material.
 4.1 CONCEITO MATERIAL DE CRIME
O conceito material do crime é de relevância jurídica, uma vez que coloca em destaque o seu conteúdo teleológico, a razão determinante de constituir uma conduta humana infração penal e sujeita a uma sanção. É certo que sem descrição legal nenhum fato pode ser considerado crime. 
Todavia, é importante estabelecer o critério que leva o legislador a definir somente: alguns fatos como criminosos. É preciso dar um norte ao legislador, pois, de forma contrária, ficaria ao seu livre alvedrio a criação de normas penais incriminadoras, sem esquema de orientação, o que, fatalmente, viria lesar o jus libertatis dos cidadãos.
 No sentido substancial, para Manzini, delito é a ação ou omissão, imputável a uma pessoa, lesiva ou perigosa a interesse penalmente protegido, constituída de determinados elementos e eventualmente integrada por certas condições, ou acompanhada de determinadas circunstâncias previstas em lei.
 Como se nota, sob o ponto de vista material, o conceito de crime visa aos bens protegidos pela lei penal. Desta forma, nada mais é que a violação de um bem penalmente protegido.
4.2. CONCEITO FORMAL DE CRIME
Crime é um fato típico e antijurídico. A culpabilidade constitui pressuposto da pena. 
 5. ANÁLISE E CARACTERES DO CRIME SOB O ASPECTO FORMAL
5.1. CARACTERES DO CRIME SOB O ASPECTO FORMAL
Conceituamos o crime como sendo o fato típico e antijurídico. Para que haja crime, é preciso uma conduta humana positiva ou negativa. Nem todo comportamento do homem, porém, constitui delito, em face do princípio da reserva legal. Logo, somente aqueles previstos na lei penal é que podem configurar o delito. Pode-se dizer, portanto, que o primeiro requisito do crime é o fato típico. Não basta que o fato seja típico, pois é preciso que seja contrário ao direito: antijurídico. Isto porque, embora o fato seja típico, algumas vezes é considerado lícito (legítima defesa etc.). Logo, excluída a antijuridicidade, não há crime.
5.2. FATO TÍPICO
Fato Típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca um resultado (em regra) e é previsto na lei penal como infração. Assim, fato típico do homicídio é a conduta humana que causa,a morte de um homem.
 A. Elementos do fato típico- são quatro:
 * Conduta humana: dolosa ou culposa. 
É toda a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, voltada a uma finalidade. A omissão é uma abstenção de movimento, é um não fazer. A ação é um comportamento positivo, é um fazer. 
A conduta é, portanto, uma exteriorização de um pensamento por meio de uma ação ou uma omissão. Podem existir condutas ou fatos que se compõem de um único ato, havendo uma coincidência entre ato e fato (unisubsistentes). Em contrapartida, existem fatos ou condutas compostas de diversos atos (plurisubsistentes). 
Somente a pessoa pode praticar fato típico, visto que este pressupõe vontade e somente os seres humanos possuem vontade. Quanto à pessoa jurídica, embora haja divergência, grande parte da doutrina sustenta que não poderá praticar o fato típico por não possuir vontade. Hoje, no entanto, em relação aos crimes ambientais e crimes contra a ordem financeira, a pessoa jurídica pode praticar fato típico, sendo possível ser responsabilizada criminalmente. 
Não haverá conduta sem vontade. Existem algumas conseqüências: 
• o caso fortuito ou força maior eliminam a vontade, inexistindo a conduta e, por conseqüência, o fato típico;
• os reflexos não são fato típico, visto não haver vontade;
• a conduta praticada mediante coação moral, ainda que seja irresistível, não exclui a vontade;
• a conduta praticada mediante coação física elimina a vontade.
 * Conduta omissiva
Existem duas teorias a respeito da omissão:
• Teoria Naturalista da Omissão: a omissão é um fazer, é perceptível no mundo natural como algo que muda o estado das coisas, ou seja, a omissão dá causa ao resultado;
• Teoria Normativa da Omissão: quem se omite não faz nada e o nada não causa coisa alguma, não tem relevância causal. Excepcionalmente, porém, embora não tendo produzido o resultado, o omitente responderá por ele quando a norma lhe impuser o dever jurídico de agir.
São três as hipóteses de dever jurídico de agir:
• Dever Legal: ocorre quando o agente tiver por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (ex.: os pais têm o dever legal de cuidar dos filhos; caso aconteça algo com os filhos, os pais responderão por isso);
• Dever do Garantidor: hipótese do agente que, por lei, não tem nenhuma obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, no entanto assume essa obrigação por meio de um contrato (ex.: uma babá contratada para tomar conta de uma criança responderá pelo resultado caso aconteça algo com a criança). O garantidor também pode advir da liberalidade, ou seja, alguém que assume livremente a obrigação, independentemente de contrato;
• Ingerência Dentro da Norma: agente que, com seu comportamento anterior, criou o risco para a produção do resultado. No Direito Penal brasileiro, quando estiver presente qualquer uma dessas hipóteses, o omitente responderá pelo resultado. Não havendo nenhuma dessas hipóteses, o agente responderá apenas pela omissão de socorro.
 * 	Espécies de crimes omissivos
Existem duas espécies de crimes omissivos:
• Crime Omissivo Próprio ou Puro: quando não há dever jurídico de agir. Nesse caso, o omitente responderá por sua própria conduta e não pelo resultado;
• Crime Omissivo Impróprio, Espúrio, Promíscuo ou Comissivo por Omissão: é uma verdadeira ação que se pratica por meio da omissão, ou seja, quando estiver presente o dever jurídico de agir, a omissão se equipara a uma ação.
 * Resultado: salvo nos crimes de mera conduta.
Para grande parte da doutrina, não há diferença entre resultado e evento, entretanto se entende que evento é qualquer acontecimento (ex.: um cachorro latindo) e resultado é a conseqüência de uma conduta humana.
 * Resultado jurídico
É a conseqüência jurídica do crime. Todo crime fere o bem jurídico, suscitando conseqüências nessa ordem, portanto todo crime produz um resultado jurídico.
 * Resultado Naturalístico
É a modificação que o crime provoca no mundo natural, no mundo concreto (ex.: antes do furto, a vítima tinha posse do seu patrimônio). É possível que um crime exista sem um resultado naturalístico.
 Existe uma classificação que divide os crimes em três espécies, de acordo com a existência ou não do resultado naturalístico:
• Crimes Materiais: são crimes que somente se consumam com a produção do resultado naturalístico, ou seja, o resultado naturalístico integra o próprio tipo penal, sendo imprescindível para a consumação do crime (ex.: homicídio, furto, seqüestro etc.);
• Crimes Formais: são crimes em que a ocorrência do resultado naturalístico, apesar de admitida, não é relevante, pois se consumam antes desta (ex.: extorsão mediante seqüestro: o resultado naturalístico visado é a diminuição do patrimônio da vítima, a obtenção de vantagem econômica; no entanto, o crime se consuma no momento em que se seqüestra a vítima, independentemente do recebimento ou não do dinheiro);
• Crimes de Mera Conduta: o resultado naturalístico é impossível, ou seja, não existe (ex.: crime de desobediência).
 * Nexo causal: salvo nos crimes de mera conduta e formais.
É o elo de ligação que se estabelece entre a conduta e o resultado naturalístico. O nexo causal é uma relação ditada pelas leis da causa e do efeito. Dizer que existe nexo causal é dizer que, por meio das leis da física, a conduta provocouo resultado.
 * Teoria da equivalência dos antecedentes
O Código Penal adotou a teoria da conditio sine qua non. Essa teoria prega que toda e qualquer causa que tenha contribuído, ainda que minimamente, para o resultado ingressa na cadeia causal. Não se pode, portanto, desconsiderar como causa nenhum fato, ainda que seja ínfimo para a eclosão do resultado. 
A teoria da conditio sine qua non não leva a nenhum absurdo punitivo. Estabelece-se um nexo físico, havendo uma relação de causalidade. É necessário, também, fixar o nexo normativo, ou seja, deve haver dolo ou culpa. O critério da eliminação hipotética pode ser chamado como o critério do “finja que não ocorreu”, ou seja, se o desaparecimento da causa fizer com que desapareça o resultado, significa que a causa não provocou o resultado.
 * Teoria da imputação objetiva
Essa teoria é adotada por alguns doutrinadores. Segundo ela, não basta a relação causal para que se estabeleça o nexo causal, devendo haver um ingrediente normativo. Para a existência do nexo causal, é necessário que o agente crie uma condição de risco excepcional. Não basta a pessoa contribuir casualmente para o resultado, deverá haver um risco anormal.
 * Concausa
É uma causa que concorre paralelamente à conduta, contribuindo para a produção do resultado. A reforma penal de 1984 abandonou totalmente o conceito de concausa. Se foi adotada a teoria da conditio sine qua non, não há por que fazer diferenciação entre causa e concausa, tendo em vista que tudo o que acontecer para a produção do resultado será considerado causa.
 * Espécies de causa
São duas as espécies de causa:
• Causa Dependente: é aquela que se encontra dentro da linha de desdobramento normal da conduta. É aquela que será uma decorrência lógica da conduta, encadeamento causal previsível e esperado. As causas dependentes jamais rompem o nexo causal (ex.: o agente atira na vítima, ocorre a perfuração do tórax, o rompimento de artérias, a hemorragia interna, a morte);
• Causa Independente: é aquela que se encontra fora da linha de desdobramento causal da conduta. É uma conseqüência imprevisível, inesperada, da conduta. Por essa razão, a causa independente, por si só, poderá produzir o resultado. A causa independente se destaca da conduta, ou seja, não se sabia que, ao praticar a conduta, haveria a causa.
Existem duas espécies de causas independentes:
• Causa Absolutamente Independente: além de produzir sozinha o resultado, tem uma origem completamente diversa da conduta, ou seja, ocorreria ainda que a conduta nunca tivesse sido praticada (ex.: o agente planeja a morte da vítima; quando esta está passando, antes de o agente atirar, a vítima sofre um ataque cardíaco e vem a falecer. Independentemente da conduta, o resultado aconteceria);
• Causa Relativamente Independente: produz por si só o resultado, contudo se origina da conduta, ou seja, a causa apareceu por conta da conduta e após, inesperadamente, produziu o resultado. As causas independentes podem atuar antes, depois ou durante a conduta. Quando a causa ocorre antes da conduta, chama-se “preexistente”. Quando ocorre ao mesmo tempo que a conduta, chama-se “concomitante”. Quando ocorre após a conduta, chama-se “superveniente”.
 * Tipicidade 
O tipo é o modelo descritivo da conduta contido na lei. O tipo legal é composto de elementares e circunstâncias.
 * Elementar
Vem de elemento, que é todo componente essencial do tipo sem o qual este desaparece ou se transforma em outra figura típica. Justamente por serem essenciais, os elementos estão sempre no caput do tipo incriminador, por isso o caput é chamado de tipo fundamental. Existem, no entanto, algumas figuras típicas descritas em parágrafos; essas figuras, chamadas de figuras equiparadas, são as únicas exceções.
 * Circunstância
É aquilo que não integra a essência, ou seja, se for retirado, o tipo não deixa de existir. As circunstâncias estão dispostas em parágrafos (ex.: qualificadoras, privilégios etc.), não servindo para compor a essência do crime, mas sim para influir na pena. O crime será mais ou menos grave em decorrência da circunstância, entretanto será sempre o mesmo crime (ex.: furto durante o sono noturno; o sono é circunstância, tendo em vista que, se não houver, ainda assim existirá o furto).
Espécies de Elemento
São três as espécies de elemento:
• Elementos Objetivos ou Descritivos: são aqueles cujo significado depende de mera observação. Para saber o que quer dizer um elemento objetivo, o sujeito não precisa fazer interpretação. Todos os verbos do tipo constituem elementos objetivos (ex.: matar, falsificar etc.). São aqueles que independem de juízo de valor, existem concretamente no mundo (ex.: mulher, coisa móvel, filho etc.). Se um tipo penal possui somente elementos objetivos, ele oferece segurança máxima ao cidadão, visto que, qualquer que seja o aplicador da lei, a interpretação será a mesma. São chamados de tipo normal, pois é normal o tipo penal que ofereça segurança máxima;
• Elementos Subjetivos: compõem-se da finalidade especial do agente exigida pelo tipo penal. Determinados tipos não se satisfazem com a mera vontade de realizar o verbo. Existirá elemento de ordem sempre que houver no tipo as expressões “com a finalidade de”, “para o fim de” etc. (ex.: rapto com fim libidinoso etc.). O elemento subjetivo será sempre essa finalidade especial que a lei exige. Não confundir o elemento subjetivo do tipo com o elemento subjetivo do injusto, que é a consciência do caráter inadequado do fato, a consciência da ilicitude;
 • Elementos Normativos: é exatamente o oposto do elemento objetivo. É aquele que depende de interpretação para se extrair o significado, ou seja, é necessário um juízo de valor sobre o elemento. São elementos que trazem possibilidade de interpretações equívocas, divergentes, oferecendo um certo grau de insegurança. São chamados de tipos anormais porque possuem grau de incerteza, insegurança.
Existem duas espécies de elementos normativos:
• Elemento Normativo Jurídico: é aquele que depende de interpretação jurídica (ex.: funcionário público, documento etc.);
• Elemento Normativo Extrajurídico ou Moral: é aquele que depende de interpretação não jurídica (ex.: mulher “honesta”).
 6. ANTIJURIDICIDADE
É a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico. A conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for expressamente declarada lícita. Assim, o conceito de ilicitude de um fato típico é encontrado por exclusão: é antijurídico quando não declarado lícito por causas de exclusão da antijuridicidade (CP, art. 23, ou normas permissivas encontradas em sua parte especial ou em leis especiais).
 Presente a causa de exclusão o fato é típico, mas não antijurídico, e, em conseqüência, não se há de falar em crime, pois lhe falta um requisito genérico.
OBS: Antijuridicidade x ilicitude – a doutrina costuma se utilizar do termo antijuridicidade como sinônimo de ilicitude. Entretanto, segundo o Prof. Capez, seu emprego é impróprio, pois não traduz com precisão o vocábulo alemão “rechtwidrigkeit” (contrariedade ao direito). Além disso, a Parte Geral do CP adotou o termo “ilicitude” (ex.: arts. 21 e 23 CP).
 7. CULPABILIDADE
É o juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Em outras palavras, é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Não se trata de elemento do crime, mas de pressuposto para imposição de pena, porque sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente. Ora, para censurar quem cometeu um crime, a culpabilidade deve estar necessariamente fora dele. 
 Há, portanto, etapas sucessivas de raciocínio, de maneira que, ao se chegar à culpabilidade, já se constatou ter ocorrido um crime. Verifica-se, em primeiro lugar, se o fato é típico ou não; em seguida, em caso afirmativo, a suailicitude; só a partir de então, constatada a prática de um crime (fato típico e ilícito) é que se passa ao exame da possibilidade de responsabilização do autor.
 Na culpabilidade, afere-se apenas se o agente deve ou não responder pelo crime cometido. Em hipótese alguma será possível a exclusão do dolo e da culpa ou da ilicitude nessa fase, uma vez que tais elementos já foram analisados nas etapas precedentes. Por essa razão, culpabilidade nada tem a ver com o crime, não podendo ser qualificada como seu elemento.
7.1 GRAU DE CULPABILIDADE 
Integra a fase posterior, relativa à dosagem da pena. Uma vez constatada a reprovabilidade da conduta, o passo seguinte será a verificação da intensidade da resposta penal. Quanto mais censurável o fato e piores os indicativos subjetivos do autor, maior será a pena. Para tanto, será imprescindível uma análise do grau da culpabilidade com duplo enfoque: autor e fato. Assim é que, por exemplo, o art. 59 CP determina que, na dosagem da pena, sejam levados em conta o grau de culpa, a intensidade do dolo, a personalidade, a conduta social, os antecedentes e os motivos do crime, todos aspectos subjetivos relacionados ao autor, assim como as conseqüências do crime e o comportamento da vítima afetos à parte objetiva, isto é, à ação.
7.2 ELEMENTOS DA CULPABILIDADE 
Segundo a teoria adotada pelo CP, são três os elementos da culpabilidade (IMPOTEX):
I- Imputabilidade
II- Potencial consciência da ilicitude
III- Exigibilidade de conduta diversa
OBS: Causas dirimentes – são aquelas que excluem a culpabilidade, diferentemente das excludentes, que excluem a ilicitude.
 8. SUJEITOS: ATIVO E PASSIVO
8.1. SUJEITO ATIVO
É aquele que realiza o fato descrito na norma penal incriminadora. É aquele cuja atividade é subsumível ao tipo legal incriminador. 
Questão polêmica é sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Até a Constituição de 1988, prevalecia, de forma unânime, o entendimento de que apenas o ser humano, pessoa física, isoladamente ou associado a outros, tinha capacidade para delinqüir. A pessoa jurídica não podia ser sujeito ativo de crime, em face da máxima societas delinquere non potest.
Com a constituição de 1988, e, em especial, a redação dos arts. 173, §5o, e 225, §3o, abriu-se a discussão sobre a possibilidade de pessoas jurídicas serem sujeito ativo de delito, autores defendendo a possibilidade, outros defendendo, ainda assim, a impossibilidade de responsabilizar penalmente a pessoa jurídica. 
Com o advento da lei 9.605/98 (lei de proteção ao meio ambiente), o legislador ordinário adotou a hermenêutica que permite a incriminação da pessoa jurídica nos crimes contra o meio ambiente, prevendo, no art. 3º da sobredita lei, a responsabilidade penal da pessoa jurídica.
Numa perspectiva legalista-dogmática, então, pode-se afirmar que, em regra, pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de crime, salvo nos casos de crime contra o meio ambiente (Lei 9.605/98), por expressa disposição legal e permissivo constitucional, em que é cabível a punição da pessoa jurídica. 
Todavia, numa hermenêutica constitucional, em face dos princípios da proporcionalidade, culpabilidade, da responsabilidade penal subjetiva, dos fins da pena, a responsabilidade penal da pessoa jurídica não seria passível de aplicação concreta e imediata, pois faltam instrumentos hábeis e indispensáveis para sua aplicação. 
A maior parte dos crimes pode ser praticada por qualquer pessoa, sendo necessário apenas a capacidade geral – crimes comuns; todavia, determinados crimes exigem de seu sujeito ativo uma capacidade especial, uma certa posição jurídica (funcionário público, médico) ou de fato (gestante, mãe, ascendente) – crimes próprios ou especiais. 
Às vezes, faz-se necessária a capacidade especial do sujeito ativo para se valer de normas permissivas de exclusão de crime ou isenção de pena – exs: médico para praticar o aborto quando a gravidez resulta de estupro, parte ou procurador da parte para gozar da imunidade judiciária, ascendente ou descendente em certos crimes contra o patrimônio.
8.2. SUJEITO PASSIVO
É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado de lesão pelo comportamento criminoso. Há possibilidade de existirem dois ou mais sujeitos passivos em um mesmo crime, e, às vezes, um imediato e outro mediato, como em vários crimes contra a Administração Pública.
Sujeito passivo formal ou constante: titular do mandamento proibitivo – Estado. Sujeito passivo material ou eventual: titular do interesse penalmente tutelado – homem, pessoa jurídica, Estado, coletividade destituída de personalidade jurídica. 
Também quanto ao sujeito passivo, em alguns casos, é preciso possuir uma qualidade ou condição especial para poder ser vítima – exs: recém-nascido, mulher, descendente, menor em idade escolar. No tocante à pessoa jurídica, entende-se que pode ser sujeito passivo de certos crimes, como furto, dano, difamação; se se entender que pode cometer crimes, em face da Lei 9.605/98, então também poderia ser vítima de calúnia. Os mortos, animais ou coisas inanimadas não podem ser sujeito passivo de delitos, podendo ser seu objeto material. 
Pode o sujeito ativo de um crime ser também seu sujeito passivo? Entende-se que não, visto que quando se define como crime condutas ofensivas à própria pessoa é porque elas lesam interesses ou bens de terceiros, como na autolesão para receber indenização ou valor de seguro. No crime de rixa, plurissubjetivo, o rixoso não é sujeito ativo da própria ação, mas da dos outros. 
Por fim, impende destacar a diferença entre sujeito passivo e prejudicado, pois este é qualquer pessoa a quem o crime haja causado prejuízo, pecuniário ou não, podendo ser ressarcido, enquanto que aquele é o titular do bem jurídico violado, que também poderá ser ressarcido (há exceções).
 9. CAPACIDADE PENAL
É o conjunto das condições exigidas para que o sujeito possa tornar-se titular de direitos ou obrigações no campo de direito penal. Difere da imputabilidade por se referir ao momento anterior ao crime, enquanto a imputabilidade constitui momento contemporâneo ao delito.
9.1 DA CAPACIDADE PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Há algumas teorias que tentam explicar esse assunto. Duas prevalecem:
• Teoria da ficção: a pessoa jurídica não tem consciência e vontade própria. É uma ficção legal. Assim, não tem capacidade penal e não pode cometer crime, sendo responsáveis os seus dirigentes;
• Teoria da realidade (teoria organicista): vê na pessoa jurídica um ser geral, tendo vontade própria. Assim, pode ela delinqüir. 
Com a CF de 1988, inovou-se no sentido de reconhecer a admissão da responsabilidade penal da pessoa jurídica. (arts. 173, § 5.º e 225, § 3.º). A lei ambiental também assim o faz (arts. 3.º e 21 a 24).
9.2. DA CAPACIDADE ESPECIAL DO SUJEITO ATIVO
Há crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa. Outros, porém, exigem determinada posição jurídica ou de fato do agente para sua configuração (ex.: funcionário público). Estes últimos recebem denominação de crimes próprios. 
O fenômeno da capacidade especial do sujeito ativo se reveste de relevante interesse na questão do concurso de agentes. Assim, embora sejam próprios os crimes de infanticídio e peculato, respondem por eles não somente a mãe ou o funcionário público, mas também o estranho que dele por ventura participe. 
Diferentes são os crimes de mão-própria, que são aqueles que somente podem ser praticados pelo autor em pessoa. Ex.: crime de falso testemunho.
 A diferença entre os crimes próprios e os crimes de mão-própria reside no fato de que os primeiros podem ser cometidos por pessoas a mando do autor, enquanto nos segundos ninguém os comete por intermédio de outrem. Há, todavia, quem pense diferente. Prevalece a posição defendida por Damásio Evangelista de Jesus.
9.3. DA CAPACIDADE PENAL EM FACE DAS NORMAS PERMISSIVAS
Em determinados casos de exclusão da pena ou do crime, a lei penal exige capacidade especial do agente. Ex.: aborto só será legal se praticado por médico.
9.4. DO SUJEITO PASSIVO DO CRIME
Sujeito passivo é o titulardo interesse, cuja ofensa constitui a essência do crime. Para que seja encontrado, é preciso indagar qual o interesse tutelado pela lei penal incriminadora.
 * Espécies
• Sujeito passivo geral, constante ou formal: é o titular do mandamento proibitivo não observado pelo sujeito ativo – é o Estado).
• Sujeito passivo eventual, particular, acidental ou material: é aquele que sofre a lesão do bem jurídico, do qual é titular –é o homem, o Estado, a pessoa jurídica e a coletividade.
Os crimes em que os sujeitos passivos são coletividades destituídas de personalidade jurídica, como a família, o público ou a sociedade, são denominados vagos.
 * Posições do Estado
O Estado pode figurar nas seguintes posições:
• sujeito passivo formal;
• sujeito passivo material;
• sujeito passivo único;
• sujeito passivo junto a outro sujeito passivo.
9.5 A QUESTÃO DO INCAPAZ, DA PESSOA JURÍDICA, DA MORTE, DOS ANIMAIS E COISAS INANIMADAS 
Todo homem vivo pode ser sujeito passivo material de crime, quaisquer sejam suas condições. Dessa forma, é inegável que o incapaz possa ser sujeito passivo do delito, tais como no infanticídio, homicídio, abandono intelectual etc. Em resumo, o incapaz pode ser sujeito passivo do delito porque é titular de direito, como a vida, a integridade física etc.
 Quanto à pessoa jurídica, esta pode ser sujeito passivo do delito, desde que a descrição típica não pressuponha uma pessoa física. Assim, pode ser vítima de furto, dano etc. 
Dúvida surge quanto à possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito passivo dos crimes contra a honra. Damásio de Jesus entende que a pessoa jurídica não pode ser vítima de calúnia quanto aos crimes comuns, podendo ser sujeito passivo da calúnia quando lhe imputarem a pratica de um crime ambiental. Ainda, como não possui honra subjetiva, não pode ser vítima de injúria, podendo ser sujeito passivo da difamação por possuir honra objetiva (reputação, boa fama etc.).
No caso de injúria, pode ocorrer ofensa à honra subjetiva das pessoas que dirigem a empresa. O morto não pode ser sujeito passivo de delito, pois não é titular de direito, podendo ser objeto material do delito.
O art. 138, § 2.º, do CP dispõe ser punível a calúnia contra os mortos, pois a memória dos mortos reflete na pessoa de seus parentes, que são os sujeitos passivos. O homem pode ser sujeito passivo mesmo antes de nascer, pois o feto tem direito à vida.
Os animais e coisas inanimadas não podem ser sujeitos passivos de delito, podendo ser objetos materiais. Neste caso, os sujeitos passivos serão seus proprietários, em certos casos a coletividade (art. 64 da LCP). 
P.:A pessoa pode ser ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo do delito, em face de sua própria conduta?
R.: Não. O homem não pode cometer crime contra si mesmo. As condutas ofensivas contra a própria pessoa, quando definidas como crimes, ofendem interesses jurídicos de outros.
 Aspecto interessante oferece o crime de rixa, em que os rixosos são, a um tempo, sujeitos passivos e ativos. Não se trata de exceção à regra, pois ele é sujeito ativo em relação a sua própria conduta e sujeito passivo em relação a participação dos outros.
 A contravenção no art. 62 do CP (embriaguez) que dispõe: “Apresentarse publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia.” O sujeito passivo é o Estado, pois ela se encontra no capítulo das infrações relativas à Polícia de Costumes. 
No auto-aborto, a gestante é o sujeito ativo; o feto, o passivo. Ela não é sujeito passivo porque não se pune a autolesão.
9.6 SUJEITO PASSIVO E PREJUDICADO PELO CRIME
Geralmente, confundem-se na mesma pessoa, mas não necessariamente, como no crime de moeda falsa em que o sujeito passivo é o Estado e o prejudicado é a pessoa a quem se entregou a moeda. Prejudicado é qualquer pessoa a quem o crime haja causado um prejuízo material ou moral.
9.7 DO OBJETO DO DELITO
É aquilo contra ao que se dirige a conduta humana que constitui o delito.
Pode ser:
• Objeto jurídico: é o bem ou interesse tutelado pela norma penal;
• Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do sujeito ativo. 
Às vezes, o sujeito passivo se confunde com o objeto material. A ausência ou a impropriedade absoluta do objeto material faz surgir a figura do crime impossível ou quase-crime (objeto material imprópria). 
Pode haver crime sem objeto material, como no caso do falso testemunho e do ato obsceno.
9.8 DO TÍTULO DO DELITO (NOMEN JURIS) 
É denominação jurídica do crime, que pressupõe todos os seus elementos. Pode ser:
• Genérico: quando a incriminação se refere a um gênero de fato, o qual recebe título particular. Ex.: crime contra a vida
• Específico: o art. 30, in fine, do CP, que trata da comunicabilidade das elementares de natureza subjetiva, só se aplica ao título do crime, não incidindo sobre os tipos privilegiados e qualificados.
 10. OBJETOS DO CRIME
10.1. OBJETO JURÍDICO
É o bem-interesse protegido pela norma penal, é o que se visa tutelar quando se erige certa conduta como infração penal. Exs: vida, integridade física, honra, patrimônio, etc. Foi o critério escolhido pelo legislador pátrio para dividir em capítulos a Parte Especial do CP. Não há crime sem objeto jurídico, pois, em face do princípio da lesividade, não há crime sem lesão ou perigo de lesão a bem jurídico.
10.2. OBJETO MATERIAL
É a coisa ou pessoa que é atingida pela ação delituosa, aquilo sobre o que recai a conduta. Exs: coisa alheia móvel, alguém, documento. Por vezes, o sujeito passivo do delito pode se confundir com o seu objeto material, como no crime de lesões corporais. De notar-se que existem infrações que não possuem objeto substancial, como o crime de ato obsceno e o de falso testemunho.
 11. TIPO PENAL
11.1. CONCEITO E IMPORTÂNCIA DO TIPO
O tipo legal é um dos postulados básicos do princípio da reserva legal. A CF consagra expressamente que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (art. 5.º, inc. XXXIX), deixando à lei a tarefa de definir, descrever, os crimes. Importante destacar a teoria do tipo, concebida no ano de 1907, por Ernest Beling, segundo a qual o tipo legal realiza e garante o princípio da reserva legal. Consiste na descrição abstrata da conduta humana feita, pormenorizadamente, pela lei penal e correspondente a um fato criminoso – também chamado de tipo incriminador. O tipo é, então, um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos, sendo que alguém cometerá um delito se realizar uma conduta idêntica à constante no modelo legal. O conceito de tipo é expresso pelo Professor Fernando Capez como “o modelo descritivo das condutas humanas criminosas, criado pela lei penal, com a função de garantia do direito de liberdade”.
11.2. DA ADEQUAÇÃO TÍPICA E SUAS FORMAS
Adequação típica é o enquadramento do fato ocorrido concretamente ao tipo legal. Trata-se de conceito idêntico ao de tipicidade. Alguns doutrinadores, porém, diferenciam, considerando a tipicidade mera correspondência formal entre o fato humano e o que está descrito no tipo, enquanto a adequação típica implica um exame mais aprofundado do que a simples correspondência objetiva, investiga-se se houve vontade, para só então efetuar o enquadramento.
• Adequação típica de subordinação imediata: é o ajuste integral, perfeito entre a conduta e o tipo legal, sem que para a sua subsunção se exija o concurso de qualquer outra norma.
• Adequação típica de subordinação mediata ampliada ou por extensão: o fato não se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora, exige para isto o concurso de outra disposição, p. ex., tentativa (art. 14, inc. II, CP) e concurso de agentes (art. 29) – há necessidade de se combinar a norma contida na Parte Geral com o dispositivo da Parte Especial para que ocorra a exata modelagem da conduta à norma. As normas que ampliam o tipo penal funcionam como um elo, evitando que o fato fique sem enquadramento típico – são também chamadas de norma de extensão ou ampliação da figura típica.No caso da tentativa, a extensão ocorre no tempo, pois o modelo descritivo alcança o fato momentos antes de sua consumação – a conduta só deveria subsumir-se no tipo penal com a consumação, mas a norma que trata da tentativa faz com que retroceda no tempo e alcance o fato antes de sua realização completa. É norma de extensão ou ampliação temporal da figura típica. No caso da participação, também não ocorre correspondência entre o fato e o tipo, pois o partícipe é aquele que não pratica o núcleo descrito na norma, decorrendo daí a impossibilidade de adequação direta. O art. 29, do CP liga a conduta do partícipe ao modelo legal. A extensão opera-se de uma pessoa (autor principal) para outra (partícipe), denominando-se norma de extensão ou ampliação espacial da figura típica. 
11.3. ELEMENTOS DO TIPO
• Núcleo: designado por um verbo, p. ex., matar, subtrair, constranger, expor etc.
• Sujeito ativo, em alguns casos: mãe, funcionário público etc.
• Sujeito passivo: alguém, recém-nascido etc.
• Objeto material: coisa alheia móvel, documento etc. No homicídio, confunde-se com o próprio sujeito passivo (“alguém” é objeto material e sujeito passivo).
• Referências ao lugar, tempo, ocasião, modo de execução, meios empregados e, em alguns casos, ao fim especial visado pelo agente: durante o repouso noturno, com emprego de veneno, para obter vantagem ilícita etc.
 12. CONCLUSÃO
O Direito Penal de urgência perde o cerne de seus fundamentos, deixa de ser um instrumento de proteção do cidadão para tornar-se um mero instrumento de contensão social e gestão de riscos. Por certo que os problemas sociais devem ter solução, porém o Direito Penal não é o melhor e o único caminho para tanto. O aumento de tipos penais e o enrijecimento das penas são resultados de um Direito Penal simbólico, que tenta transmitir segurança a sociedade, e a idéia de que o Estado está atento ao avanço da criminalidade
Enfim, o desafio que se coloca na sociedade pós-moderna é como se construir um sistema – não necessariamente um direito penal - que atenda às demandas da sociedade mundial do risco, sem descurar das garantias constitucionais conferidas aos cidadãos em um Estado Democrático de Direito.
REFERÊNCIA
 * JESUS, Damásio de. COMPLEXO JURÍDICO: A Excelência do Direito. São Paulo. (Apostila do CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA). Disponível em: www.damasio.com.br
 * JESUS, Damásio de. Código de Processo Penal Anotado. 14.ª ed. São Paulo: Saraiva 
 * JESUS, Damásio de. DIREITO PENAL: Parte Geral , 1°Volume, 21ª edição, revista e atualizada. 1998. Editora Saraiva
 * MIRABETE,Júlio Fabbrini. MANUAL DE DIREITO PENAL.Ed. Atlas, 1998 São Paulo - 13a edição
 * Profº CAPEZ, Fernando. DIREITO PENAL: Parte Geral.( Apostila )
 * Dra. OLIVEIRA, Fernanda Alves de. DIREITO PENAL – Parte Geral. (Apostila) Disponível em: www.direitoria.net
 * FERIGATO, Marcelo Martin. APOSTILA DE DIREITO PENAL. Disponível em: www.ResumosConcursos.hpg.com.br
 * http://www.resultadoconcursos.net/direito-penal-1-conceitos-em-resumo-para-estudar/

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