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Michael F. Shapiro, “Textualizing Global Politics”. International/Intertextual Relations. Ed. James Der Derian and Michael Shapiro. (Washington D.C.: Lexington Books, 1989), 11. Back to Text. Linguagem e Texto O mundo social que nos é dado pela narrativa moderna resulta de meios característicos de representar o gênero, família e relações sociais. Essas práticas de representação novelística são governadas pelas normas/regras - as quais evoluem - de representação característica desse gênero novelístico, ou seja: essas práticas não são simplesmente comandadas por um contexto social imediato. Em relação à certo aspecto da realidade social O significado é sempre imposto, não descoberto, pois o mundo familiar não pode ser separado das práticas interpretativas por meio das quais esse mundo é feito. A percepção dessa realidade social esta sujeita à pressões do ambiente cultural/lingüístico. Considerar o mundo das RI como um texto é questionar o estilo de sua escrita, buscando mostrar o modo como é impactado por scripts históricos específicos que governam as interpretações que possibilitaram que esse mundo emergisse dessa forma (idéia de que a forma como o mundo das RI é representado está ligada à modos específicos de “escrita”, análise) O “Político” Considerando que nossa percepção de conflitos, guerra ou o próprio meio no qual a política internacional se desenrola é sempre mediada por modos de representação e, nesse sentido, pelos mecanismos envolvidos na construção de textos – gramática, retóricas, narratividade - devemos buscar uma visão da política que seja sensível à textualidade. Nossa atenção deve estar voltada para o aspecto do processo político no qual os limites para a constituição de significado e valor são construídos. Processos Políticos São disputas sobre as compreensões alternativas imanentes nas práticas de representação que implicam as ações e objetos que alguém reconhece e os vários espaços – lazer, trabalho, político, privado, púbico – e dentro dos quais pessoas e coisas assumem suas identidades. A separação do mundo em tipos de “espaço” é, talvez, o mais significativo tipo de prática para o estabelecimento de sistemas de inteligibilidade dentro dos quais compreensões das políticas globais são forjadas. Politizando o texto do mundo Quando reconhecemos de forma adequada os textos pelos quais o mundo emerge e, além disso, pautados por um entendimento de política focado nas imposições de significado e valor, podemos perceber a relação direta entre práticas textuais e política. São as práticas textuais sobreviventes e dominantes que dão origem aos sistemas de significado e valor a partir dos quais ações e políticas são direcionadas e legitimadas. Uma perspectiva política crítica é aquela que questiona as formas privilegiadas de representação cujo domínio tem levado à aceitação não problematizada de sujeitos, objetos, atos, e temas por meio dos quais o mundo político é construído. Textualizar um domínio de análise é reconhecer, em primeiro lugar, que qualquer “realidade” é medida por um modo de representação e que, além disso, reconhecer que representações não são descrições de um mundo de fatos, mas sempre são maneiras de fazerem fatos. A preocupação com a textualidade deve, necessariamente, levantar questões sobre a textualidade (os efeitos do significado e do valor) da linguagem da própria investigação/análise. Modos textuais ou pos-estruturalistas de análise enfatizam o “discurso” ao invés da linguagem, porque o conceito de discurso implica uma preocupação com as práticas produtoras de significado e valor na linguagem, ao invés do simples relacionamento entre expressões e seus referentes. Nas abordagens mais comuns aos fenômenos políticos (incluindo a empirista) a linguagem é tratada como uma ferramenta transparente, utilizada como uma ligação (que não interfere) entre pensamentos/idéias, conceitos e coisas. Já uma abordagem discursiva trata a linguagem como sendo opaca e encoraja uma análise tanto das práticas lingüísticas dentro de vários fenômenos – político, econômico, social, etc. – quanto da linguagem da própria investigação. (Importante perceber a intertextualidade) Quando passamos da metáfora da linguagem transparente para a opaca, a análise torna- se linguisticamente reflexiva e serve como um meio para superar a ilusão que a visão da linguagem como comunicação transparente cria. As “políticas externas” dos Estados-nação são baseadas no que tem sido demonstrado ser práticas de representação por meio das quais variadas formas de “otherness”/outro tem sido criadas. Seria apropriado analisar debates como os do campo de segurança como um tipo de discurso que representa estruturas de autoridade e controle. Para adotarmos essa perspectiva, temos que superar a visão do discurso como comunicação transparente entre sujeitos e a respeito de coisas. O DISCURSO NÃO É UMA COMUNICAÇÃO TRANSPARENTE ENTRE SUJEITOS A RESPEITO DE COISAS! Entender o mundo como sendo mediado por meio de práticas textuais é encorajar modos de questionamento e investigação pouco comuns nas abordagens interpretativas e empíricas tradicionais. O que as abordagens pós-estruturalistas mostraram é que as ortodoxias de nossos mundos político e social são recriadas no processo de escrita, no estilo de textos por meio dos quais nossas compreensões dominantes do mundo têm sido construídas. A maioria das formas de análise política tradicionais ajudam a naturalizar interpretações que já reinam, ao invés de registrar os efeitos de significados e valores que constituem (esses são modelos de análise não-reflexivos)
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