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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXX ESTADO DO XXXX. MEMORIAIS Processo nº XXXX PAULO, já qualificado nos presentes autos, por intermédio de seu defensor constituído, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, oferecer suas ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS em razão da presente ação penal movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO XXX, instaurada com o objetivo de apurar a suposta prática da infração penal contida no artigo 157, “caput”, c/c o seu § 2º, incisos I, II, e V, do Código Penal, fazendo-as nas seguintes razões. I. DA SÍNTESE PROCESSUAL: O Ministério Público da Comarca de XXX, no dia 01 de janeiro de 2021, ofereceu denúncia contra o Acusado, por, em tese, ter cometido o crime descrito no artigo 157, “caput”, c/c o seu § 2º, incisos I, II, e V, do Código Penal. Consta dos presentes autos que, no dia XXX de XXX, por volta das XXhXXmin, o acusado, subtraiu importância em dinheiro de José, utilizando se de um revólver de brinquedo. Por conta da gravidade dos fatos, o Ministério Público requereu a prisão preventiva do Acusado. Desta feita, o MM. Juiz desta Comarca recebeu a exordial acusatória no dia 01 de janeiro de 2021, determinando a citação dos Acusados para apresentar defesa da acusação que lhe foram imputadas, bem como acolheu o pedido do parquet e decretou a prisão preventiva deles. O Juiz o ouviu no dia 25 de janeiro de 2021, sem a presença de defensor, ocasião em que ele confessou, com detalhes, a prática delituosa, descrevendo a vítima e afirmando que o dinheiro fora utilizado na compra de drogas. Afirmou, ainda, que havia sido internado várias vezes para tratamento. O defensor nomeado arrolou três testemunhas na defesa prévia. A vítima, ao ser ouvida, confirmou o fato e afirmou que não viu o rosto do autor do crime porque estava encoberto e, por isso, não tinha condições de reconhecê-lo. Os dois policiais afirmaram que ouviram a vítima gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram; contudo, no dia seguinte, houve, no mesmo local, outro roubo, sendo o acusado preso quando estava fugindo e, por isso, ligaram o fato com o do dia anterior; o acusado, por estar visivelmente “drogado”, não teve condições de esclarecer o fato. As testemunhas de defesa nada disseram sobre o fato; confirmaram que o acusado tinha problemas com drogas e, por isso, era sempre internado. Na fase do 402 CPP, nada foi requerido pelas partes. O Promotor de Justiça pediu a condenação, alegando que a materialidade estava provada e que a confissão do acusado, pelos informes que continha, mostrava ser ele o autor do crime. II. DAS PRELIMINARES DE MÉRITO: II. 1 DA NULIDADE DA AUDIÊNCIA Excelência, a ordem do interrogatório do acusado e oitiva da vítima e das testemunhas, descrita no Art. 400, caput, do CPP, foi desrespeitada, já que o réu foi o primeiro a ser interrogado, e não o último, como deveria ser. Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Tal fato acarreta graves prejuízos ao acusado, tendo em vista que ele não pôde se defender de todos os fatos que a ele estavam sendo imputados. Isso, por si só, viola o princípio do contraditório e, principalmente, o da ampla defesa, devendo toda a audiência ser declarada nula, nos termos do Art. 5º, LV da Constituição Federal e do Art. 564, IV Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. I.2 DA NULIDADE DO INTERROGATÓRIO E DA CONFISSÃO Caso Vossa Excelência, não entenda em anular a audiência, requer-se a declaração da nulidade do interrogatório do réu, tendo em vista ter sido ele interrogado sem o seu defensor. Isso porque, de acordo com o Art. 185, caput e a Art. 261 ambos do CPP, deve o acusado ser interrogado na presença do seu defensor. Sem dúvida, tal fato viola, mais uma vez, o princípio da ampla defesa que garante ao réu, entre outros aspectos, o direito irrenunciável à defesa técnica. Portanto, deve o interrogatório, de acordo com o Art. 564, III, c, ser declarado nulo. Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos; Ademais, a confissão obtida neste interrogatório, a qual serviu de fundamento o pedido de condenação do Ministério Público deve ser desentranhado do processo, pois se trata de uma prova ilícita (Art. 157, CPP), já que produzida sem a presença do advogado do réu, sendo inadmissível nos presentes autos, conforme o Art. 5º, LVI da Constituição Federal. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008); Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; III – DO MÉRITO Caso Vossa Excelência, não entenda em acolher as nulidades requeridas, requer-se que, no mérito, seja o acusado absolvido por insuficiência de prova da condenação, nos termos do Art. 386, VII. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: VII - não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Isso porque a vítima não reconheceu o réu e os policiais, em seu depoimento, disseram “(...) que ouviram a vítima gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram; contudo, no dia seguinte, houve, no mesmo local, outro roubo, sendo o acusado preso quando estava fugindo e, por isso, ligaram o fato com o do dia anterior”; Ora, Excelência, percebe-se que houve presunção de culpa, o que é proibido terminantemente no processo penal. Cabe ressaltar que o acusado, por estar visivelmente “drogado”, não teve condições de esclarecer o fato e nem de roubar qualquer pessoa. Saliente-se, inclusive, que o réu, por várias vezes, já esteve internado por conta das drogas, sendo um depende químico e necessitando, portanto, de proteção do Estado, podendo, inclusive, ser absolvido com base no Art. 45 da Lei 11.343/06, por se tratar de pessoa inimputável, tendo a sua culpabilidadeexcluída, portanto.] Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. IV – DA DESCLASSIFICAÇÃO Por fim, Excelência, a despeito dos argumentos anteriores, se, ainda assim, Vossa Excelência, insistir na condenação do acusado, requer-se a desclassificação do delito de roubo qualificado, para roubo simples. Tal pedido se dá, porque o roubo supostamente praticado ocorreu com arma de brinquedo, e esta não enseja a qualificado do Art.157, §2º, I, do CP, pois a Súmula 174 do STJ tendo sido cancelada. V – DO PEDIDO Diante do exposto, requer que Vossa Excelência, se digne do Seguinte: a) Declarar nula a audiência, por inversão da ordem do Art. 400 do CPP ou, subdiarimente do interrogatório do acusado, por ter sido este ouvido sem seu defensor, determinando ainda o desentranhamento da confissão por ele feita, nos termos do Art. 157 do CPP; b) Caso assim não entenda, que absolva o acusado por insufiência de prova para a condenação, nos termos do Art. 386, VII do CPP. c) Por fim, se não entender em conformidade com os pedidos anteriores, pede-se a desclassificação do roubo qualificado para roubo simples, condenando o acusado no mínimo legal. Nestes Termos, Pede Deferimento. Local/data ADVOGADO OAB/UF
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