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Trauma Pélvico Anatomia: -O anel pélvico é um compartimento ósseo fechado, que contém órgãos urogenitais, nervos e vasos importantes. -Visão ósteo ligamentar: -Vascularização e Inervação: -Lesões de pelve costumam ter repercussão na artéria ilíaca interna e seus ramos, e na artéria glútea posterior. Características: -O TP é uma das situações mais complexas de ser conduzida, entre pacientes vítimas de traumas. -Representam 3% das lesões esqueléticas. -Possui altas taxas de mortalidade, principalmente entre os pacientes com instabilidade hemodinâmica, com rápida perda sanguínea, dificuldade de restabelecer a hemostasia e lesões associadas. -A mortalidade em geral em pacientes com todos os tipos de fraturas pélvicas variam de 5 a 30%. -A mortalidade aumenta de 10 a 42% em pacientes com fraturas fechadas e hipotensão. -Em fraturas pélvicas expostas a mortalidade é aproximadamente 50%. -A hemorragia é a maior causa de óbito. -Rápida estabilização ou fixação combinada com abordagens com tamponamento pré-peritoneal e angioembolização diminuíram significativamente a mortalidade nos últimos anos. -Balão oclusivo endovascular de aorta para ressuscitação (REBOA). Lesões Associadas: -Fraturas do anel pélvico são frequentes após trauma contuso (9%), variam de insignificantes a lesões com riscos de morte. -Geralmente envolvem energia significativa: ❖ Queda de altura (30%). ❖ Trauma direto - atividades esportivas (10%) ❖ Acidentes de trânsito (60%) -Compressão ântero-posterior e cisalhamento vertical estão associados a sangramento. -Origem de sangramento despercebido e insidioso em pacientes politraumatizados. Fontes de Sangramento: Podem ocorrem por: ❖ Lesão Venosa (80%) ❖ Lesão Arterial (20%) Estruturas Venosas: -Plexo Pré-sacral -Veias Pré-vesicais Estruturas Arteriais: -Ramos da artéria ilíaca interna (anterior). -Artéria pudenda (anterior). -Artéria obturatória (anterior). -Artéria glútea superior (posterior). -Artéria sacral (posterior). Outras fontes: fraturas ósseas. Fraturas Ósseas: -Fraturas pélvicas associadas a hemorragia geralmente envolvem ruptura dos ligamentos posteriores: sacro-ilíaco, sacro-espinhoso, sacro- tuberoso e assoalho pélvico. -Evidenciado por fratura pélvica, sacro-ilíaca ou luxação da articulação sacro-ilíaca. Trauma Pélvico: Características: -Pacientes com fratura pélvica: -10 a 15% são admitidos nas salas de emergência em choque. -32% evoluem para óbito. -As altas taxas de mortalidade, principalmente entre aqueles com instabilidade hemodinâmica. Classificação: -Tipo de trauma: penetrante, contuso. -Cinética do trauma: alta ou baixa energia. -Estabilidade do complexo sacro-ilíaco e hemodinâmica (WSES classification). -Mecanismo de lesão -Fechadas e abertas. TIPO DE TRAUMA: -Traumas penetrantes não iatrogênicos: ❖ Arma Branca (FAB) ❖ Arma de Fogo (FAF) ❖ Explosões (lesões complexas → penetrantes, contusas e por sobrepressão). -Traumas Contusos: -Compressão Ântero-posterior: acidentes automo- bilísticos com impacto frontal e acidentes de moto (rotação externa da hemipelve, abrindo o anel pélvico). -Pode causar sangramento por lesão do plexo venoso e dos ramos da artéria ilíaca interna. -Compressão Lateral: é o mecanismo mais comum em acidentes automobilísticos (rotação interna da hemipelve, reduzindo o volume e a pressão intrapélvica). -Pode causar lesão da uretra (compressão pela sínfise púbica) e instabilidade hemodinâmica por hemorragias em idosos (> 60 anos). -Cisalhamento Vertical: lesão de alta energia cinética, por força aplicada em um plano vertical, como quedas de mais de 3,6 metros. -Há rotura e luxação do ligamento sacro-espinhoso, sacro-tuberoso, articulação sacro-ilíaca e ramos púbicos. CINÉTICA DO TRAUMA: -Baixa Energia: quedas da própria altura (cuidado com idosos). -Alta Energia: acidentes automobilísticos, traumas esportivos e quedas de altura. ESTABILIDADE: Young and Burgess Classification: -Compressão Ântero-posterior (CAP): -Compressão Lateral (CL): -Cisalhamento Vertical (CV): Compressão Lateral (CL): ❖ Sem comprometimento do anel - CL1 ❖ Fratura em crescente (asa ilíaca) ipsilateral - CL2. ❖ Lesão grau I ou II ipsilateral + lesão contralateral em “livro aberto” (CAP) - CL3 Compressão Antero Posterior (CAP): ❖ Afastamento < 2,5 cm da sínfise púbica - CAP1. ❖ Afastamento > 2,5 cm da sínfise púbica + lesão de ligamento (exceto sacro-ilíaco) - CAP2. ❖ Afastamento > 2,5 cm da sínfise púbica + lesão de todos os ligamentos, com abertura posterior (livro aberto). - CAP3. Cisalhamento Vertical (CV): -Diástase da sínfise púbica ou desvio vertical anterior e posteriormente, usualmente através da articulação SI, ocasionalmente através da asa ilíaca e/ou sacro. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES DO ANEL PÉLVICO PROPOSTA PELA WSES: -World Society of Emergency Surgery. -Menor (WSES I): -Hemodinamicamente estáveis. -Lesões mecanicamente estáveis. (CL1) (CAP1) -Moderada (WSES II): -Hemodinamicamente estáveis. -Lesões mecanicamente instáveis. -Moderada (WSES III): -Hemodinamicamente estáveis. -Lesões mecanicamente instáveis. (CV) -Moderada (WSES IV): -Hemodinamicamente instáveis. -Independente da estabilidade mecânica da lesão. PA < 90 mmHg FC > 120 bpm Taquipneia -Evidência de vasoconstrição (esfriamento, sudorese, diminuição do enchimento capilar). -Alteração do nível de consciência. Diagnóstico: -Inspeção: -Verificar a presença de sinais de uretrorragia. -Sinal de Destot: hematoma em escroto / grandes lábios. -Sangramento vaginal. -Hematomas em pelve, lacerações em períneo. -Encurtamento de membro, rotação lateral. -Palpação: -Deve ser firme, porém gentil (não impor uma pressão forte). -Compressão lateral e anterior nas cristas ilíacas. -Palpar o meato uretral, períneo. -Palpar reto: tônus do esfíncter, integridade da mucosa, fraturas palpáveis e posição da próstata. -Palpar a vagina: laceração, presença de tampões vaginais. -Palpar glúteos: presença de hematomas e laceração. -Exames Complementares: -Raios-X: radiografia anteroposterior; é rápido e permite a classificação para início de tratamento em pacientes instáveis com Glasgow rebaixado. Importante para avaliar as luxações de quadril. -Tomografia: atualmente pacientes estáveis; é considerada padrão-ouro (alta S e E para fraturas ósseas). Possibilita a avaliação de outros órgãos. -Angiografia: tratamento ligada a lesão arterial -FAST: avalia a presença de líquido intraperitoneal. Tratamento: -Estabilização Hemodinâmica: ❖ Estabilização da fratura ❖ Diminuição dos sangramentos ❖ Tratamento das lesões associadas. ❖ Tratamento definitivo da fratura e diminuição das sequelas. ❖ Profilaxia de fenômenos tromboembólicos. ABCDE do trauma: ❖ Traumas de alta energia podem estar associados a múltiplas lesões. ❖ Determinar a estabilidade hemodinâmica do paciente. ❖ FAST-RX-CT ❖ Uretrografia retrógrada se houver suspeita de lesão de uretra. Enfaixamento Provisório: -Lençol ou cinta pélvica sobre os trocânteres maiores e a sínfise púbica. -Evitar a posição alta, pois aumenta a pressão abdominal sem estabilizar a pelve. -Evitar comprimir demais, pois pode piorar lesões por compressão lateral e causar isquemia da pele. -Mante no máximo por 24 horas, pois também há risco de isquemia da pele. -Raios-X deve ser realizado antes e depois, a fim de verificar se o enfaixamento foi satisfatório. Fixação Externa: C-Clamp: fixação de fraturas de arco posterior com pinos de fixação nos acetábulos. -Fixadores Externos: crista ilíaca superior, com 2 pinos em cada hemipelve. -Fixadores internos. Tamponamento Pré-Peritoneal Pélvico: Compressas colocadas no espaço pré-peritoneal, ao lado da bexiga e dentro da pelve, para tamponamento de sangramentos venosos e de fraturas. -Complementar a fixação externa e a angiografia para controle de sangramentos. -Permanência por 24 a 48 anos. Arteriografia e Embolização Arterial: -Indicação: extravasamento de contraste na fasearterial da tomografia ou paciente hemodinamicamente instável e a fixação externa na bacia. -Embolização bilateral de ilíacas internas com gelfoam para controle de sangramento profusos: bons resultados com pouca isquemia relatada. Fratura Expostas: -Desafiadoras. -Representam 20 a 50% dos óbitos. -Pior são as lacerações perineais. -Conduta: compressão externa e tamponamento das lacerações. Se necessário realizar o tamponamento pré-peritoneal pouco eficaz e angioembolização.
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