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Resumo - 02 Operações fundamentais

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OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS 
DIÉRESE: significa divisão, separação, toda manobra cirúrgica que separe tecidos, órgãos ou regiões anatômicas e que 
resulte em -tomia, -ectomia, exérese ou biópsia. 
TIPOS DE DIÉRESE: A separação dos tecidos não é realizada de forma aleatória. É necessário um bom conhecimento 
anatômico para escolher o melhor caminho até a área doente. O caminho mais curto pode não ser o ideal, pois pode ser 
até mais lesivo a outras estruturas que precisam ser obrigatoriamente preservadas. Determinadas artérias e veias não 
podem ser lesadas impunemente. 
• Incisão: manobra básica de corte ou secção realizada com bisturi. Está reservada para o corte do chamado tecido 
mole, ou seja, de pele, tela subcutânea, aponeuroses, músculos das paredes abdominal e torácica, órgãos 
parenquimatosos (baço, fígado, pâncreas, adrenal, rim, pulmão), órgãos tubulares (trato digestório, vias urinárias, 
trato circulatório). 
• Secção: pode ser realizada por bisturi (em suas 
múltiplas modalidades), tesoura ou serra. 
Exemplos: secção do istmo da glândula tireoide na 
realização de uma traqueostomia; 
• Serração: a secção de tecido ósseo, na grande 
maioria das vezes, só é possível com o uso de 
serras ou fios denteados, em razão da natureza 
mineral do osso. A perfuração do osso com brocas 
para a fixação de parafusos ou fios metálicos não 
deixa de ser também uma manobra de diérese. 
• Divulsão: separar à força, esgarçar, romper, rasgar. Em cirurgia, está reservada para a separação romba de 
tecidos, ou seja, sem secção ou corte. Grosseiramente, em algumas situações de difícil acesso aos instrumentais 
de diérese, taticamente a divulsão pode ser realizada com os dedos do cirurgião (com o indicador e o polegar em 
pinça) 
• Punção: os cateteres endovasculares (Jelco, Abocath, Intracath, Butterfly) são exemplos de instrumentos que 
permitem a punção não só de vasos, mas também de outras cavidades. 
• Dilatação: uso de instrumentos metálicos, plásticos ou balões infláveis em orifícios ou trajetos naturais 
estenosados ou trajetos fistulosos com a finalidade de aumentar o calibre do orifício/trajeto e facilitar a drenagem 
ou injeção de líquidos. 
• Curetagem: uso de instrumental com aspecto similar a uma colher com as bordas afiadas e cortantes e que, por 
movimentos de raspagem, coletam material para exame ou retirada terapêutica da lesão. São exemplos a 
curetagem uterina para diagnóstico de doenças endometriais, remoção de aborto retido, remoção de restos 
placentários, curetagem de tecido ósseo nas neoplasias osteoblásticas. 
• A diérese pode ser auxiliada por técnicas de dissecção mediante emprego de pinças de dissecção, gaze montada 
em pinças e manobras digitais, com o objetivo de poupar estruturas nobres como nervos e vasos. 
Deve haver secções de tecidos com bordas regulares e simétricas, o que facilitará o processo da síntese. Incisões oblíquas 
ou compostas (em duas direções ou mais) levam à desvitalização dos tecidos, prejudicando a cicatrização e favorecendo 
a infecção. O afastamento dos tecidos dissecados deverá ser firme, porém delicado, de modo a não prejudicar a irrigação 
e a inervação. A incisão na pele e nos outros planos anatômicos deve ser feita em movimento único, retilíneo, constante e 
deixando as bordas da ferida operatória de modo regular, sem “dentes”. A incisão nos planos subsequentes deve ter a 
mesma extensão da ferida na pele e tecido subcutâneo, evitando a formação de um túnel em funil. Os planos anatômicos 
devem ser preferencialmente afastados e divulsionados. A secção deve ser parcimoniosa e cortar o estritamente 
necessário para o acesso cirúrgico adequado. Vasos de maior calibre devem ser identificados de antemão, ocluídos com 
pinças hemostáticas e, em seguida, seccionados e ligados ou cauterizados. A secção de aponeuroses musculares deve 
ser retilínea e com bordas regulares, o que facilitará a síntese e posterior cicatrização dos tecidos. 
HEMOSTASIA: É o termo médico usado para conceituar as manobras ou processos envolvidos na coibição de 
sangramento normalmente provocado pela diérese ou trauma. A diérese é acompanhada da inevitável secção de vasos e 
consequente extravasamento de sangue. 
O controle da hemostasia começa no pré-operatório, pela avaliação da capacidade do indivíduo de coibir a hemorragia 
naturalmente. A determinação do tempo de sangramento e tempo de coagulação são exames de rotina em qualquer 
tratamento cirúrgico. Devem ser identificados comportamentos hematológicas congênitas (p. ex., hemofilia) ou adquiridas 
pelo uso de diversos tipos de medicação para tratamento de comorbidades e, a partir disso, traçadas estratégias de 
suspensão prévia e temporária delas. Atos operatórios de risco devem ser precedidos de tipagem e reserva de sangue para 
eventual transfusão pré, intra ou pós-operatória. 
A hemostasia operatória pode ser temporária, em que as manobras de impedimento da corrente sanguínea duram um 
tempo determinado, o qual, dependendo da natureza dos tecidos, será breve ou longo. Por sua vez, a hemostasia definitiva 
implica interromper a corrente sanguínea de modo permanente. 
MEDIDAS PARA HEMOSTASIA TEMPORÁRIA 
• Garroteamento: interrompida para um segmento corporal pela compressão do feixe vascular na raiz do membro 
com a aplicação de garrote ou faixas elásticas (Esmarch). 
• Oclusão endovascular: aplicação de cateter provido de um balão inflável que fará a oclusão da luz vascular acima 
do local da intervenção. Está reservada principalmente para intervenções sobre artérias em que o pinçamento 
externo está contraindicado ou o acesso é difícil ou impossível. 
• Hipotensão arterial controlada: uso de drogas anestésicas que promovam uma hipotensão arterial controlada 
pode ser considerado uma manobra de hemostasia, já que seu objetivo é diminuir a perda sanguínea. 
• Hipotermia: aplicação restrita, além de proteger os tecidos da hipóxia, diminui a perda sanguínea decorrente da 
vasoconstrição. 
MEDIDAS PARA HEMOSTASIA DEFINITIVA: A hemostasia definitiva implica a obstrução definitiva da luz do vaso. Isso 
significa que o território irrigado por ele deve ter circulação colateral que supra sua ausência definitiva. 
• Ligadura: dissecado, isolado e pinçado a montante e a jusante com duas pinças hemostáticas, seccionado no 
intervalo entre elas, e posteriormente amarram-se os cotos com fio cirúrgico apropriado. Quando não houver a 
possibilidade de identificação prévia, os vasos devem ser pinçados imediatamente após a identificação do local 
do sangramento e ligados definitivamente. 
• Grampeamento: clipes metálicos de titânio ou aço cirúrgico para a ligadura definitiva em vez da amarradura com 
fios. O procedimento é mais rápido, embora mais custoso, e aplicável em vasos que possam ser identificados e 
grampeados antes da secção. 
• Eletrocoagulação: passagem de uma corrente elétrica na ponta do eletrodo libere energia térmica que coagula 
as proteínas teciduais e, com isso, faça a obstrução da luz do vaso. 
• Fotocoagulação: liberação de energia térmica provocada pela aplicação de raio laser. 
• Obturação: procedimentos ortopédicos. A hemostasia é conseguida pela aplicação de cera de abelha ou de 
resinas que polimerizam em curto espaço de tempo, tamponando os vasos de encontro aos orifícios do tecido 
ósseo esponjoso. 
• Compressão: Manobras de tática operatória para uso em casos excepcionais em que se aplica o pinçamento do 
vaso entre o indicador e o polegar para coibir a hemorragia abundante no território a jusante. Uma manobra típica 
é a de Pringle (pinçamento do pedículo vascular hepático), para diminuir o sangramento resultante de um trauma 
sobre o parênquima hepático. 
• Tamponamento: hemorragias capilares ou venosas de superfície cruenta podem ser de difícil controle. A 
compressão dessa superfície com gaze ou compressa durante alguns minutos (tempo de coagulação) é um 
recurso que pode resolver a situação ou permitir uma posterior abordagem com o leito sangrante mais seco. 
SÍNTESE: reunião,fusão e composição. Entende-se por síntese cirúrgica o conjunto de métodos usados para a coaptação 
(aproximação) das bordas de uma ferida traumática ou cirúrgica, com o objetivo de reconstituir a continuidade do tecido 
lesado, facilitando a cicatrização e a posterior restituição da função. 
Sutura: aplicada a tecidos moles e que tem como característica fundamental a utilização de fios cirúrgicos que perfuram 
o tecido e nele se apoiam para manter aproximadas as bordas de uma ferida. 
Rafia: similar à sutura e engloba o sentido de união de reparação. É frequentemente usada para indicar o fechamento de 
uma cavidade, como laparorrafia, toracorrafia, cervicorrafia e colporrafia. 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA SÍNTESE CIRÚRGICA 
A sutura é um tempo operatório básico que está incluído no processo geral da cirurgia, e seu resultado satisfatório depende 
das condições adequadas dos tempos operatórios anteriores (antissepsia, assepsia, diérese e hemostasia) e posteriores 
(curativos, repouso, mobilização adequada do paciente e em tempo hábil). Bordas de feridas regulares, dissecação por 
planos, manobras delicadas, afastamentos sem tensão excessiva, ligadura de vasos sem englobar grande massa tecidual 
ao redor, são princípios que facilitarão a síntese dos tecidos. 
Highlight
As bordas da ferida devem ser aproximadas e mantidas sem tensão na linha de sutura. Deixando a aproximação muito 
frouxa, o processo cicatricial será mais longo para poder preencher o espaço entre as bordas, sem contar com a 
possibilidade de extravasamento de líquidos ou gases em se tratando de órgãos tubulares, resultando em fístulas e/ou 
abscessos. Por outro lado, uma aproximação com tensão excessiva acarretará isquemia tecidual com retardo de 
cicatrização e, eventualmente, necrose e deiscência da sutura. 
A aproximação entre tecidos diferentes implica linhas de tensão na linha de sutura e dificuldades de integração entre 
tecidos diferentes, influenciando diretamente o resultado do ato operatório como um todo. É necessário evitar que na 
aproximação dos diferentes planos sejam deixados “espaços mortos” (cavidades reais ou virtuais) entre eles, uma vez que 
poderá ocorrer acúmulo de secreções ou abscessos. 
Na realização de uma sutura, são utilizados os seguintes instrumentos cirúrgicos: agulhas (retas e curvas), porta-agulhas 
(Hegar, Mayo, Mathieu) e pinças de preensão (anatômicas e dente de rato). 
As agulhas podem apresentar o fio já encastoado (“montado”). São as agulhas ditas agulhas atraumáticas, são 
recomendadas para suturas de vísceras ocas, tendões, nervos e pele. 
As agulhas curvas possuem raio de curvatura variável, e o tamanho da agulha a ser utilizado é determinado pelo espaço 
proporcionado pelo campo operatório e pela espessura do tecido a ser transfixado. As agulhas retas são usadas com a 
mão, sem o uso de porta-agulhas, mas sofrem a limitação de espaço. As pinças anatômicas permitem uma preensão 
menos traumatizante, porém sem muita firmeza, ao passo que a pinça dente de rato permite uma apreensão firme, embora 
traumatizante. 
CONDIÇÕES DE UMA BOA SÍNTESE: 1. Assepsia e antissepsia local 2. Bordas nítidas 3. Hemostasia 4. Afrontamento 
anatômico 5. Tração moderada 6. Material adequado 7. Boa técnica 
MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SÍNTESE: 
Sutura mecânica: utilização dos grampeadores; 
Fitas adesivas: utilização de fitas adesivas é um método simples para aproximação das feridas superficiais sem tensão. 
Adesivo Tópico: adesivo tecidual é um método eficiente para o reparo de feridas pequenas, principalmente em crianças. A 
aplicação é rápida, acompanha-se de desconforto mínimo, não demanda retirada de pontos e produz bons resultados 
estéticos.

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